PRECISAMOS DE AJUDA #4
Então eu herdei um sítio que fica há mais de 90 km de onde construí minha vida ao lado do Emanuel. Já estava totalmente adaptado à Floresta Bela. Não queria ter que sair dali, mas não poderia deixar o sítio Lagoa do Canto totalmente abandonado, ainda mais sendo que, um dos últimos desejos do tio Jonas, era que eu tomasse conta daquele lugar. Estava num dilema: cuidar do sítio e me mudar para aquele lugar ou continuar a minha vida com Emanuel. Estava com medo e receio do que iria fazer se ele decidisse não vir comigo ou que ele quisesse terminar tudo. Eu já havia me decidido: irei cuidar do sítio e da propriedade, Emanuel querendo ou não.
Durante a semana que se seguiu depois que o advogado leu o testamento, este assunto não foi tocado nem por mim nem por Emanuel. Não sei qual era sua opinião, se ele queria se aventurar nessa loucura comigo. Não tinha ideia do que se passava em sua cabeça. Eu nem sequer procurava falar com ele, pois achava que estaria pressionando uma possível escolha. A minha escolha iria mudar a vida dele também. Estava ficando insuportável a nossa convivência. Nós dois nem sequer nos falávamos mais. Até que ele mesmo veio falar comigo num dia qualquer:
Emanuel: João, meu amor, não podemos mais ficar nessa. Eu sei que está sendo difícil pra você escolher entre eu e o desejo de seu tio, mas quero que você veja meu lado também. Eu trabalho aqui, tenho um emprego muito bom, ganho bem o suficiente para que não passemos necessidade alguma. Minha família mora aqui nessa cidade, no bairro ao lado. Você está procurando emprego e vai conseguir rapidinho por que você tem um currículo invejável. Nossas possibilidades de crescer economicamente estão aqui nessa cidade. Sei que aquele sítio é uma lembrança de seu tio Jonas, mas será que você está preparado para deixar tudo isso que construímos para trás?
João: Eu não quero deixar para trás. Quero que você venha comigo. Não posso ir sem você Emanuel. Mas também não quero você venha comigo por não querer. Não quero isso. Eu já me decidi: eu vou cuidar daquele lugar você vindo ou não comigo. – e estava saindo da sala quando ele me puxou pra si e me beijou.
Emanuel: Seu idiota, inconsequente, estúpido. Eu nunca te abandonaria. Por nada nesse mundo eu deixaria você ir pra aquele lugar sozinho. Eu te amo, nunca esqueça disso, enfrentaremos tudo juntos como sempre enfrentamos.
E então tudo se resolveu. Em duas semanas iríamos embora de nosso apartamento em Floresta Bela e partiríamos para Várzea da Cacimba, para o sítio Lagoa do Canto. Eu fiquei tão feliz com as palavras do Emanuel naquele dia, tirando a parte que ele me chamou de idiota e tals. Aquelas outras foram muito importantes pra mim. Acho que ele soube que iria para uma nova vida num interior afastado de tudo e de todos.
Estava tudo preparado para ir. O caminhão da mudança já estava com tudo pronto para partir. Não tínhamos muitos móveis, mas queríamos levar tudo para nos sentirmos mais em casa naquele lugar. Então foi televisão, guardo roupas, panelas, mesinha do computador, som, roupas. Tudo. Ah e a minha nova “aquisição” meu pequeno filhotinho vira-latas. Achei na rua esse pequeno e trouxe pra casa. Estava sendo minha companhia nos dias em que estava “brigado” com Emanuel.
Antes de nós irmos fomos nos despedir dos nossos amigos: Augusto (hétero, cabelos pretos, olhos pretos profundos, malhado, corpo muito bonito mas sem exagero. Ele se assemelhava bastante com Emanuel no físico era contador, era nosso vizinho), Lúcia (hétero, era loira tingida, corpo malhado, super engraçada, baixinha), Silvinho (gay, bem gay, tipo muito afeminado, eu constantemente chamava-o de patricinha, pq ele tinha as mesmas atitudes daquelas garotas de filmes adolescente americano, magro, altura mediana, um amor de pessoa). Estavam lá também a mãe e o pai de Emanuel. Foi triste ver a despedida deles, mas Floresta Bela não ficava tão longe dali, então poderíamos estar sempre os visitando.
Nossos amigos ficaram de ir nos visitar no próximo final de semana. Era divertido saber que eles estavam dispostos a se adentrar no mato só para nos ver. Kkkkkk
Finalmente chegamos na casa do Sítio. Dessa vez não me esqueci de fechar o portão mesmo sendo 10hrs da manhã. O caminhão de mudança veio nos seguindo até o local que era bem escondido da civilização.
Finalmente todas as caixas empacotadas estavam ali na sala. Fomos ajeitar tudo. Trouxe todas as minhas panelas e tudo relacionado à cozinha. Apenas meu fogão não veio, pois já tinha um enorme aqui na casa de meu tio. Emanuel instalou a televisão no antigo quarto do meu tio, que era onde dormiríamos a partir de agora.
Era 15hrs quando terminamos. Tudo estava devidamente instalado. Tudo o que havíamos trazido estava em seu devido lugar. Nem preciso dizer que a casa estava toda suja, então a escrava Izaura aqui foi varrer e passar o aspirador de pó em tudo. Haja paciência e tempo.
Vou descrever a casa do sítio: Ela era grande, mas nada exagerado. Era dividida em dois andares: o térreo e o primeiro andar. No térreo havia uma sala muito grande com uma lareira no centro, ao lado esquerdo havia uma estante com uma TV, DVD, essas coisas, sofás, e no lado direito havia uma mesa de madeira linda e um espaço vazio. Do lado direito dava pra cozinha. Era uma cozinha linda, era minha parte favorita daquilo tudo. Havia um contraste louco: a casa tinha um estilo de 1940 por fora e nos quartos, mas a cozinha tinha um estilo americana com um balcão superando a cozinha da sala de estar. Guarda-louças fixos, fogão grande, uma mesa ao centro branca linda. Tudo na mais perfeita ordem, ainda mais depois que eu limpei tudo kkkkkk
Na parte de cima tem um total de quatro quartos. O maior era o do meu tio, que a partir de agora seria meu e do Emanuel. Os outros eram completos, camas, guarda-roupas e tudo que se tem direito. Apesar de meu tio morar sozinho ele recebia visitas frequentes de suas filhas. Eu mesmo vinha cá algumas vezes, apesar de que esses últimos anos tenha vindo apenas duas vezes, por conta da faculdade que estava tomando todo meu tempo disponível. Havia também um banheiro em frente ao meu quarto. Era uma casa grande e bastante equipada. Com vidraças na frontal e uma pequena sala de estar. Era muito aconchegante.
Bom mais voltando...
A noite chegou e finalmente estava tudo pronto. Tudo que havíamos trazido estavam no seu devido lugar. Decidi preparar algo para comermos. Preparei apenas batata-frita e bebemos com refrigerante. Estávamos cansados da mudança e dormir era tudo que queríamos.
Eram 22hrs, estávamos assistindo algo na televisão quando meu celular tocou e atendi:
João: Alô?... Alô?... – Ninguém respondia do outro lado da linha. – Não sei quem é o engraçadinho que fica ligando pra mim e ainda com numero desconhecido. - Filho de uma mãe. Vai dormir, disse. – o que recebi de volta foram ruídos estranhos. Estática. Apenas sons distorcidos algo como se houvesse alguém falando, mas a linha tivesse cortando. Estranho.
Me assustei com um comentário do Emanuel:
Emanuel: Amor seu celular tá ótimo viu. O meu nem pega sinal aqui. – falava checando.
A minha reação foi olhar se realmente havia sinal da operadora, mas não havia. Estava todo tempo a mensagem “Rede sem Sinal”. Eu não poderia estar sonhando. Fui checar as ligações atendidas e não havia nenhuma. Nem a que recebi há segundos atrás do numero desconhecido. Fiquei aflito. Como meu celular poderia tocar sem sinal. Estava decido a colocar internet nessa casa. Mesmo que o sinal de operadora não chegasse até aqui, ter internet significa manter o contato com o mundo. Não posso ficar refém de nada.
Fomos dormir logo depois daquilo. Estava já prestes a deitar pra dormir quando Emanuel chega atrás de mim.
Emanuel: Não vai achando que vai dormir agora não né!? Temos que inaugurar nosso novo lar!
E começamos a nos beijar. O clima foi esquentando. Não demorou muito para que nós estivemos completamente nus. Emanuel já estava abaixado chupando meu pau. Enquanto acariciava seus cabelos. Estava sentindo muito satisfação. E no momento em que abri os olhos vi um vulto negro passando de um lado pro outro. Eu nem liguei pois pensei que era minha imaginação, pois estava abrindo e fechando os olhos constantemente, bom, acho que todos nós sabemos o que acontece quando alguém chupa nosso pau. É uma loucura boa demais. kkkkkk
Deitamos na cama e ele começou a me penetrar forte. Era um vai e vem fantástico. Estava delirando. Confesso que nunca pensei que seria passivo. Minha vida inteira achei que seria o ativo da relação, mas no momento em que conheci Emanuel ainda na faculdade, eu sabia que, se um dia eu deixasse alguém me foder, seria ele. E assim foi. Jamais me entreguei dessa maneira a outro homem.
Finalmente terminamos. Estávamos cansados e ofegantes. Ele deitou-se em cima de mim e começou a me beijar novamente.
Emanuel: Acho que agora essa casa é da gente, meu amor. – falava me dando selinhos.
João: Sim. – falava rindo.
Tomamos banho e fomos dormir. Acordei na madrugada. Minha garganta estava muito seca, precisava de água. “Ter que ir lá em baixo pra pegar um copo de água?” pensava eu. Nessas horas que sentia falta do nosso pequeno apartamento. Tudo era perto. Não sei, mas bateu um medo súbito. Acabei me lembrando das outras vezes que estive aqui: as batidas na porta, a mulher de preto. Tive receio, mas precisava de água. “Graças a Deus deixei todas as luzes da sala acesas” pensava eu. Jamais iria deixar aquela casa escura. Então desci as escadas bocejando. Olhei fixadamente para a porta da frente e saí pulando até a cozinha.
Estava bebendo calmamente até que fui até a porta da saída na cozinha. Como a metade dela é de vidro fiquei olhando para as plantas lá fora. Era muito calmo, era um bom lugar para gosta de isolamento, para quem gosta de ficar só. Quando ouvi meu pequenino cachorrinho latir do lado de fora. Você deve estar se perguntando por que o deixei lá fora a resposta é simples: compramos uma casinha de madeira pra ele. E deixamos lá fora. Como não há cachorros aqui pelo sítio, não corre o risco de algum querer feri-lo. Fui até a porta da frente pra ver se eu via algo, mas nem sequer via a casinha.
Decidi abrir a porta da frente e olhar o que estava acontecendo. O meu cachorrinho (ainda sem nome) estava latindo para o nada. Ele estava latindo em direção à mata que havia em frente da casa. Mas não tinha nada lá. Então decidi ir lá fora para pegar pegá-lo e trazer pra dentro. Corri até ele e o peguei. Quando virei em direção à porta vi novamente aquela mulher. Uma mulher de preto apenas sem rosto aparentemente. Fiquei paralisado no lugar. E de novamente o cachorrinho começa latir, para a mesma direção de antes. E quando olhei para em direção à mata e vi aquele homem.
Não sabia quem era, mas parecia ser um senhor já com certa idade. Chamei-o, mas nada dele responder. Mesmo com medo resolvi ir até aquele senhor. Ele poderia estar perdido, sei lá. Na hora nem pensei que não existia ninguém que morasse próximo aquele sítio. Eu continuava andando, com receio, com medo, mas continuava indo até ele. Quando estava me aproximando ele parou. Eu também parei. E então começou.
Ouvia os ruídos, sussurros, barulhos estranhos como se algum cachorro bem grande estive rosnando para mim, mas não havia nenhum lá. E então parei e prestei atenção naquele senhor. Ele começou a se contorcer como se estivesse sentindo muita dor. E então se deitou no chão e ainda se contorcendo fazendo barulhos estranhos e rosnando. Eu estava paralisado, não tinha nenhuma reação aquilo a não ser a paralisia por medo. E então ele começou a tirar sua roupa. Tirou a camisa, tirou a calça surrada e ficou totalmente nu. Ainda se contorcendo. E então começou. Simplesmente a coisa mais amedrontadora que já vi. Ele começou a ficar de cotovelos e joelhos no chão. Começou a passar no chão ferindo-se, podia ver o sangue escorrendo e ele não parava. Parecia que estava sentindo prazer na dor. Estava sem reação àquilo. E então começou a se contorcer novamente, se espojando no chão. Aquilo parecia uma cena de um filme de terror, mas não era. Estava vendo tudo aquilo na minha frente.
E então começou: podia ver as unhas de suas mãos crescendo anormalmente. Seus dentes começaram a crescer também, ele começou a morder-se e arranhar-se com as garras, ferindo-se completamente. Eu começava a me desesperar. Eu tentava me mexer, mas apenas milímetros de meus pés mexiam. Todo ensanguentado, rasgado e mordido, ele começou a novamente se espojar no chão. O barulho que ele fazia jamais saiu da minha mente. Era como desespero, agonia, tudo em barulhos que não tinham sincronia, finalidade, sentido. Via seu corpo ensanguentado cobrir-se de pelos. Pelos grandes, pretos como a escuridão, seu rosto desfigurado muito semelhante ao de um cão ou lobo. E então soltou um grito horripilante. Parecia que estava procurando alguém. Aquele ser completamente transformando num misto de homem e uma besta, não havia dúvida, aquilo é um lobisomem. O licantropo que jurava sua alma ao diabo em troca de favores. Ele ficou quieto e começou a olhar em minha direção. Seu olhar era pura maldade. Seus olhos passavam a impressão de morte, carnificina. Sua boca salivava ao olhar pra mim. E com aquelas patas ligeiramente disformes ele começou andar em minha direção. E eu não conseguia reagir. E num rápido movimento chegou até a mim, numa velocidade que não conseguia acompanhar com os olhos. Quando estava se aproximando sumiu novamente. Olhei em minha frente e não vi nada. Mas quando meu corpo cessou a paralisia e eu me virei vi aquela besta de uma forma que não sei nem como dizer: não existia mais pelos escuros como a noite, no lugar dos pelos podia ver sua carne, suas veias, seus órgão internos, mas ele continuava andando em minha direção. Minha reação foi correr. Pedi ajuda ao Divino e tentei correr, mas não consegui escapar. Ele me perseguia, corria e corria até em casa, mas parece que minhas pernas não funcionavam. Caí no chão, minhas lágrimas caiam sem ao menos eu ter vontade de chorar, era apenas desespero. Aquela besta com seu interior pra fora, estava a cara comigo. E soltou um grito horrível cheio de ódio.
*** Histórias e Lendas contam que o Lobisomem pode fazer com que seu corpo passe por mudanças extremas para amedrontar suas vítimas como, por exemplo, fazer com que seu interior passe para fora, enquanto seus pelos ficam para dentro, fazendo com que suas vísceras passem a ser vistas em lugar dos pelos.
E então eu acordei gritando. Desesperado. Aquilo não havia passado de um pesadelo. Emanuel quase cai da cama.
Emanuel: João... João... O que aconteceu – mas eu continuava a gritar, desesperado. Não conseguia parar. Sua reação foi me dar um tapa no rosto.
Depois daquilo eu recobrei a consciência. Consegui me acalmar novamente. E chorei. Chorei tanto que parecia que tinha apanhado (quer dizer, eu apanhei, mas deixa pra lá). Emanuel apenas me acalmou e me abraçou até que eu acalmasse. Ele perguntou diversas vezes com o que eu havia sonhado, mas não consegui descrever a cena para ele. Apenas disse que havia tido um pesadelo.
Com muito esforço consegui me acalmar. Mas não consegui dormir novamente. Quando peguei no sono já eram mais de 5hrs da manhã.
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Continua...
Amigos não sei vocês, mas quando era criança, lobisomem era o meu terror, principalmente quando tinha uma vizinha minha que contava histórias de terror pra mim e meus amigos. E assim como João e Emanuel, quando criança, eu morei num lugar isolado assim como no sítio Lagoa do Canto. Existiam apenas mais três casas onde eu morava com minha família.
Grande parte das histórias de terror descrita é de histórias que meus pais, avós e vizinhos contavam pra mim quando criança. Inclusive essa estrada deserta próxima ao sítio existe realmente, assim como o Sítio Lagoa do Canto, hoje completamente abandonado. Assim como o vizinho suposto lobisomem que morava próximo ao sítio, eu mesmo cheguei a conhecer a mulher dele e frequentei a casa do suposto licantopro. E mais histórias que contarei pela adiante... Ah o vilarejo que será inserido mais a frente também existe na vida real.
Quem acha que tudo é ficção, história inventada da minha cabeça, se engana completamente. Tudo que acontece nesse conto foi tirado de histórias que ouvia quando criança. Existe sim, um pouco de realidade aqui.
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Infelizmente não pude escrever hoje, então não haverá o capítulo 15 do conto "A Vida é pra ser Vivida". Provavelmente uparei amanhã à noite.
Um grande abraço e Valeuuuus. <3