Nota da autora: Oie gente! Resolvi remodelar a Historia da Melissa. Apaguei os seis capítulos antigos e vou publicar a partir de hoje capítulos menores, mais fáceis de ler, retirando alguns problemas de tempo e de continuidade além de expandir a estória. Espero que gostem. Beijus a todos.
Capítulo 13
Na noite anterior ao início das aulas eu nem dormi direito, fiquei pensando o que ia acontecer, morria de medo era de violência física. Pensei em desistir da escola, mas minha mãe nunca autorizaria, ela diria que se percorri aquele caminho agora eu deveria enfrentar os percalços além de colher os frutos bons. Eu sempre pensei de forma positiva, eu poderia ajudar outros garotos que viviam o mesmo dilema que eu vivi e superei, além de ter uma ideia martelando na minha cabeça que acho que poderia dar certo. Minha mãe um pouco mais cedo foi ao meu quarto me desejar boa sorte e pediu para eu ir para escola sem perder minha identidade, mas respeitando o código de postura da escola, usando o uniforme e não exagerando na vestimenta e acessórios, sei que o coração dela estava com tanto medo que o meu.
Acordei das poucas horas de sono, tomei um banho, passei a maquiagem leve que eu estava acostumando a usar, usei a blusa da escola, um jeans de lycra lavado e um colar e duas pulseiras. Arrumei o cabelo com um arquinho de forma que ficou bem fofo. Estava pronta, feminina sem ser vulgar ou muito espalhafatosa. Esperei meus irmãos e no meio do caminho encontrei com a Sara e a Mara, infelizmente o Lisandro não apareceu, mas entendi a posição dele e acho que era uma carga grande para ele.
Chegando na porta da escola minhas pernas bambearam, meu coração bateu mais forte, eu suava frio, ou seja, estava em pânico, mas era uma situação que eu tinha que vencer e pensei que sobre essa exposição o ápice do desconforto seria naquela hora, pois depois daquele dia a notícia seria velha e eu deixaria aos poucos ser o foco das atenções e passaria a ter uma vida normal. Comecei a respirar fundo, pensar em coisas boas, olhar para as pessoas que me amavam e estava comigo e quando eu menos esperava a Sara veio ao meu lado pegou na minha mão e disse "Vamos amiga, você foi tão corajosa, não vai deixar algum babaca atrapalhar seus sonhos." As palavras dela me encheram de força e fui andando no meio de todo mundo e claro, ouvi dezenas de gritos de baitola, viado, bichinha e aquelas palavras que matavam aos poucos a alma da gente. Como era no meio de muitos os covardes se escondiam e não se apresentavam. Ninguém dirigiu a palavra diretamente a mim, a maioria olhava e apresentava uma indiferença de censura, cara de nojo ou simplesmente saía de perto como se eu tivesse alguma doença contagiosa, isso tudo doía muito forte no coração e na alma, era pior que violência física. Meus olhos começaram a marear e Sara apertou minha mão e disse "Força amiga você está se saindo bem!" A Sara era fofa e me ajudou muito, talvez por que ela ter sofrido na pele por se relacionar com a Mara.
Finalmente entrei na sala, consegui o meu lugar de sempre, na fila da parede quarta carteira, não era muito longe do quadro, mas não era no primeiro e também eu podia assentar de lado encostada na parede. Os alunos começaram a chegar e ninguém assentava perto de mim, me senti uma leprosa na idade média só faltou ser apedrejada. O Lisandro entrou na sala, meu coração gelou por ele e por mim. Não queria perder um amigo querido, ele foi forte desta vez e assentou ao meu lado e me cumprimentou me chamando de Melissa. Graças a Deus o mundo não era composto apenas de pessoas preconceituosas e aos poucos foram assentando outras pessoas perto de mim. Quando o Fabinho entrou na sala, o rapaz mais lindo e fofo da sala, ele foi se assentar na minha frente, fila da parede terceiro lugar, e alguém gritou o nome dele e apontou para mim, e vi ele dizendo "Deixa de ser preconceituoso rapaz, se ele é feliz assim deixa ele viver dessa forma." Nossa ele ganhou mais pontos comigo, aquilo que era macho alfa, depois das palavras dele todo mundo ficou mais quieto em relação ao evento principal do dia, no caso eu, e começaram a comentar das férias. Fiquei mais aliviada.
As aulas ocorreram de forma tranquila, os professores não fizeram nenhum comentário, já que a escola era inclusiva e eu já havia visto outros trans por lá, não muitos, mas uns dois e eles já tinham terminado o segundo grau. Percebi que a escola já tinha colocado meu nome social na lista de chamada, sorri na hora que ouvi meu nome e conclui que era trabalho de bastidores da Dona Efigênia, minha heroína, minha mammy.