O meu garoto estava ali, tão fraco tão vulnerável que eu não consegui sentir nenhum tipo de rancor ou raiva dele, tudo o que eu sentia era que eu o amava e que estaria disposto a esquecer tudo para estar com ele. Felipe começou a se mexer, ele estava acordando, aos poucos ele foi abrindo seus olhos, que estavam sem o brilho que eles tinham. Ainda sonolento Felipe olha para mim, e com a voz fraca e inaudível ele fala.
- Omar? Isso é um sonho? – Sua voz rouca era serena.
- Não Felipe, isso aqui é real – falei segurando em sua mão – Eu voltei por você – falei olhando em seus olhos cor de mel.
- Então você me perdoa? – Perguntou cheio de esperança.
Eu soltei sua mão e virei de costas para ele por alguns segundos, quando me virei novamente ele me olhava firmemente, observando cada movimento que eu fazia, respirei fundo e comecei a afalar.
- Olha Felipe, o que você fez foi realmente uma coisa horrível, eu sofri muito, fiquei trancado em meu quarto durante dias, sem comer, sem falar com ninguém, completamente isolado do mundo porque senão eu iria surtar – Felipe me escutava atentamente – Eu vi naquele castigo do meu pai, uma forma de ficar longe de tudo e esquecer o que a gente tinha, eu só queria esquecer, tentei me relacionar com uma outra pessoa que estava disposta a ficar comigo, mas tinha um problema, eu não o amava e todo o tempo que eu fiquei naquela fazenda eu não consegui te tirar da cabeça. O meu objetivo era nunca mais olhar na sua cara e seguir a minha vida com outra pessoa, eu tentei colocar o meu orgulho em primeiro lugar, o rancor a magoa, esse era o meu objetivo, mas eu não consegui, porque não importa o que eu faça, o meu amor por você é muito maior do que qualquer outro sentimento que há em mim – as lagrimas já caiam de meus olhos, Felipe também chorava – A verdade Felipe, é que eu te amo, e eu resolvi dar mais uma chance para nós dois, eu decide te perdoar em nome do nosso amor, em nome do que nos dois tivemos, em nome de todos os momentos especiais que vivemos juntos – falei isso e sentei na beirada da cama ao seu lado.
- Eu também te amo Omar, eu não tenho palavras para descrever a emoção que eu estou sentindo, eu errei e eu me arrependo amargamente por isso, eu fui fraco e me deixei levar pelo momento, eu estou tão feliz por você ter me dado mais uma chance, eu te amo mais que tudo e minha vida não tem sentindo sem você. – Falou, nós dois já chorávamos.
Ele olhava no fundo de meus olhos, minha mão sob a dele, meu coração acelerado e minha boca seca, fui aproximando meus lábios aos dele e no momento que se tocaram eu pude sentir todos os pelos do meu corpo se arrepiarem e uma descarga elétrica percorrer por todo o meu corpo, aquela sensação era incrível, comecei a movimentar meus lábios devagar, eu segurava em sua nuca controlando seus movimentos, sua mão direita estava repousada em minha bochecha, nossos lábios em perfeita sincronia. Entre mordidas e selinhos terminamos o beijo e logo em seguida o abracei, seu corpo frio devido ao ambiente daquele hospital ficava quente com o meu abraço, nós dois um nos braços do outro, completamente entregues e completamente dependentes daquilo, eu queria estar com ele, queria poder abraça-lo, beija-lo, senti-lo, era só o que eu queria, meu coração estava completamente derretido e a minha felicidade exalava pelos meus poros.
- Você sentiu? – Perguntou Felipe, ainda abrasado comigo.
- Sim, foi incrível – falei em seu ouvido.
- Isso aqui era tudo o que eu mais queria – falou, senti suas lagrimas molharem o meu ombro.
- Eu também, eu só não conseguia ver isso – falei segurando as lagrimas que teimavam em cair.
Ficamos naquele abraço não sei quanto tempo, parecia que o mundo tinha parado e só havia nós dois ali, desfizemos o abraço quando a dona Flora, mãe de Felipe entrou pela porta.
- Desculpem meninos, não queria interromper – falou meio sem graça.
- Pode entrar mãe, só estávamos conversando – falou Felipe tranquilamente.
Dona Flora aproximou-se do filho e começou a chorar.
- O que foi mãe? Eu estou bem – falou Felipe preocupado
- Eu fiquei com tanto medo de te perder, eu não sei o que seria de mim, prometa-me que nunca mais vai me dar um susto desses – falou abraçando-o.
- Eu prometo mãe – respondeu.
...
Já faz uma semana que voltei da fazenda Junqueira, confesso que sinto saudades daquele lugar, as pessoas, o cheiro de grama verde, as arvores que dançavam com os fortes ventos, o som que fazia quando os mesmos tocavam as arvores, os pássaros cantando cedinho, porem devo confessar que de quem sinto mais falta é Felipe, ele era um bom amigo e o que nós tivemos, mesmo que tenha durado pouco foi muito especial, eu espero que ele esteja bem.
Acordei cedo porque disseram que tem alguém esperando por mim, eu realmente não lembro quem veio me chamar, o sono me deixa meio lesado as vezes. Vesti o meu roupão e fui em direção a varanda, com um movimento rápido abri as cortinas, fazendo com que a claridade ofuscante entrasse através das grandes portas de vidro que estavam a minha frente, iluminando o grande quarto por inteiro. Abri as portas de vidro e sai para ver se conseguia avistar quem estava à minha espera. Com os olhos semicerrados devido a claridade observei o grande jardim a minha frete, um largo sorriso se formou em meu rosto quando eu o avistei sentado debaixo da grande arvore com a sua câmera nas mãos fotografando tudo ao seu redor. Felipe estava maravilhoso, com seus óculos escuros e o seu cabelo levemente bagunçado, vestia uma causa skine rasgada nas pernas e uma camisa de mangas compridas que cobriam parte de suas mãos. Seu estilo era inconfundível e seu talento também. Felipe faz curso de fotografia e é realmente muito talentoso no que faz, de longe ele me vê, e sem pensar duas vezes aponta a câmera para mim, depois abre um largo sorriso me mandando um beijo em seguida, eu sorri igual a um bobo, logo depois desci ao seu encontro.
- Fotografando a essa hora? – Falei ao chegar perto dele, devia ser umas 6h30 da manhã. – O que tem aqui de tão especial para ser fotografado? – Perguntei o abraçando por trás.
- “ Pessoas fazem fotos de qualquer coisa bonita... Fotógrafos fazem fotos bonitas de qualquer coisa” – falou virando-se para mim – aqui, como em qualquer outro lugar, à momentos bonitos para serem eternizados, como um pássaro cantando no galho de uma arvore, o céu meio nublado com alguns raios de sol, as gotas de agua sob as folhas resultado do sereno da madrugada, ou o meu namorado na varanda de seu quarto, o sorriso meigo, os cabelos bagunçados e o seu jeito natural quando acordado as 6h30 da manhã – ele sorriu e depois depositou um beijo em minha bochecha.
- É por isso que eu te amo, você vê o mundo de uma forma tão bonita que se faz ter esperança de que realmente possa ser verdade – falei ainda abraçado a ele.
- O mundo é lindo, as pessoas que são ignorantes – falou em meu ouvido me fazendo arrepiar.
- Vamos tomar café? – Falei desfazendo o abraço.
- Vamos, estou morrendo de fome.
Estávamos tomando café quando a campainha toca, a empregada foi atender a porta, enquanto eu e Felipe tomávamos nosso café da manhã, eu com meu suco de laranja e ele com o seu café com leite, ele sempre adorou café, assim como eu sempre adorei suco de laranja.
- Senhor Omar, tem um rapaz chamado Felipe a sua espera na sala – falou e depois se retirou, será que era quem eu realmente estava pensando? Mas o Felipe estrava a muitos quilômetros de distância, lá na fazenda. Resolvi ir logo ver se realmente era ele.
Caminhei em passos largos até a sala, e o avistei sentando em um dos sofás a a minha espera.
- Felipe? O que você está fazendo aqui? – Perguntei surpreso.
- Omar – falou com esperança e logo depois começou a chorar.
Continua...
Olá meninos e meninas, tudo bom? Espero que não me matem por eu ter demorado quase um mês postar, eu estava totalmente sem tempo e só consegui agora voltar, sem contar com alguns probleminhas com o meu notebook que me impediram de escrever. Então é isso, bom final de semana para vocês e boa sorte para quem vai fazer o Enem amanhã.
Beijos no heart! <3