Continuando...
Após vários selinhos,D encostou a testa na minha e ficou assim por alguns segundos,me apertando forte entre seus braços.E então se afastou,indo em direção a parede,ficando de costas para mim.
-D não pode...não pode.-Ele disse com a voz de um bebê enquanto batia a cabeça na parede.
Aceitar que se gosta de uma pessoa igual a mim não era fácil,mas ver a pessoa que faz meu coração bater mais forte daquele jeito,sentindo nojo e rejeitando o que meu sentimento,o meu carinho,era doloroso.Era mais dor do que eu havia sentido até ali.
Uma lágrima escorreu pelo meu rosto e eu me abracei forte.D se virou e então se aproximou novamente de mim.Sua mão acariciou meu rosto,enxugando as lágrimas que agora escorriam.
-Garoto mal tem que esquecer isso.-Ele disse baixinho.
-Mas...-tentei falar.
-D gosta de você,gosta muito,mas é errado.-Ele interrompeu olhando dentro dos meus olhos.
-Então você vai embora?-perguntei segurando suas mãos com forças.
D balançou a cabeça e então seus braços me envolveram.Coloquei minha cabeça sobre seu peito e mais lágrimas rolaram.
-Você é só uma criança,uma criança grande de quem gosto muito.Eu vou sentir sua falta D!-Disse enquanto me agarrava na camisa dele.
-D também vai de Garoto mal,dos aviõesinhos,dos barquinhos,do escorrega,da gema gigante...D nunca esteve tão livre,tão feliz.-Ele disse com carinho.
E então aconteceu,nois nos afastamos e nos encaramos por um minuto,e em seguida demos as costas um para o outro.Eu segui sem olhar pra trás.
Ainda doía muito e eu não sabia se um dia ia passar,mas não ia me esquecer nunca do beijo que ganhei.Talvez se eu não fosse homem,teria ficado com ele e talvez tivéssemos um futuro juntos.
Até quando a humanidade caminhará assim?Quantos mais iria viver aquele dilema e perder noites e lágrimas?Quantos mais teriam que deixar o que se deseja ir porque ninguém vai aceitar?
Cheguei em casa e fui direto ao meu quarto,disposto a não pensar,comecei uma longa faxina e reorganizei tudo.Mais tarde cai na cama que nem uma pedra e dessa vez sem pesadelos,acordei na manhã seguinte bem disposto.Então me arrumei e tomei café com toda a minha família,que parece que finalmente começaram a ter paz,ao ver que eu estava bem.
Fui para a escola pelo mesmo caminho de sempre,e começou a parecer que tudo tinha voltado a sua normalidade.Mas o rosto do D não saia da minha cabeça,e eu me perguntava se ele estava bem.
As primeiras aulas foram chatas mas me forcei a prestar atenção,quanto menos pensasse no D,menos mal eu me sentia.As últimas aulas pareciam feitas na medida certa para não despertar o interesse de ninguém,e por mais que eu tentasse,meu pensamento ficava voando de volta aquele maluco.
Quando o sinal de saída tocou,arrumei minhas coisas e sai,indo até a biblioteca.Demorei uma eternidade,mas acabei me decidindo por uns temas bem antigos e então sai pelo corredor.
Ao passar na porta do banheiro das meninas,que ficava daquele lado,escutei uma voz e ao me aproximar mais,reconheci imediatamente,era a voz da Paty.O que aquela piranha fazia aquela hora na escola e ainda mais no banheiro das meninas?
Me aproximei mais da porta e tentei escutar o que estava acontecendo lá dentro.
-Então você colocou mesmo um ponto final nessa pesquisa?-Era a voz da Paty.
-Na pesquisa não,apenas decidi recomeçar em outro lugar.-Uma voz masculina de tom grave e timbre forte respondeu.
Meu queixo caiu e eu estava chocado,aquela voz era a mesma da sala do diretor e a mesma que ouvi no dia em que estava com o D.Me aproximei para ouvir mais e entender o que estava acontecendo ali.
-Ele te afetou tanto assim?-Paty perguntou sem emoção nenhuma.
-Um pouco!-a voz respondeu parecendo tensa.
-Um pouco?Me engana que eu gosto!-Paty disse em tom de deboche.
-Vamos esquecer esse fato lamentável por favor?-A voz perguntou em um tom que não dava para reconhecer.
-Há três meses você se enfiou nessa pesquisa,há dois você pediu a transferência do meu colégio para cá,pra ficar de olho nele e agora é fato lamentável?-Paty respondeu parecendo indignada.
A paty tinha vindo ao meu colégio para espionar alguém?Será que esse alguém era o Matheus?Me aproximei o máximo que deu,tomando cuidado para não fazer barulho.
-Desculpe querida,você é maravilhosa.-A voz disse com carinho.
-Então mereço um presente?-Paty perguntou parecendo uma criança.
-Merece quantos você quiser.-A voz respondeu em tom afetuoso.
Querida?Aquela vagaba namorava o Matheus e agora fica pedindo presente para homem em banheiro de colégio?
Eu tava com tanta raiva que acabei me desequilíbrando e ao tentar me manter de pé,fiz um super barulho.A porta do banheiro se abriu e Paty saiu batendo com força.
Ela congelou e ficou palida,como se não esperasse me ver ali.
-Felipe o que você faz aqui?-Ela perguntou após um tempo em silêncio.
-Pergunto o mesmo,você já não devia ter ido para casa?-respondi a encarando sério.
-Eu não devo satisfação da minha vida.-Ela respondeu tentando parecer que tava tranquila.
-Quem é homem que está aí dentro?-Perguntei agora a encarando nos olhos.
-Não tem homem nenhum...Anda ouvindo coisas agora?-Ela respondeu visivelmente nervosa.
-Então não vai se importar,se eu olhar.-Respondi colocando a mão na porta.
Paty deu um pulo e se colocou bem a frente da porta de braços abertos.
-Aqui você não entra!-Ela disse com os olhos faiscando.
Continua...
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Olá pessoal!
Quem mora em cidade pequena sabe a dificuldade de se guardar um segredo.E parece que agora a casa cai!
VALTERSÓ prometo que os próximos capítulos vão ser no tamanho de semaré.
Obrigado a todos que comentaram e leram,espero que gostem desse capítulo é até a próxima.