Não Era Só Uma Noite. #4

Um conto erótico de Caio Alvarez
Categoria: Homossexual
Contém 3728 palavras
Data: 06/11/2016 15:43:45

Abri os olhos preguiçosamente quando tive certeza de que estava acordado. Lá fora um vento forte típico de manhãs litorâneas fazia as cortinas alvas e finas dançarem. Me desvencilhei dos lençóis que cobriam meu corpo e estiquei meu braço para alcançar meu celular sobre uma mesinha de madeira ao lado da cama. O relógio digital me mostrou que não passava das nove da manhã. “Maldita rotina” eu esbravejei para o teto.

Meu cargo dentro da revista me dava algumas vantagens, como por exemplo flexibilizar minhas horas de trabalho, mas isso não era justo. Se todos, independente de suas posições, tinham que estar no escritório logo cedo, eu também estaria. Após a mudança para um apartamento novo e maior, as manhãs pareciam ainda mais solitárias. Quando Alexandre não dormia comigo era impossível permanecer por ali sozinho e só me restava a opção de correr para o escritório. Dessa forma, naturalmente eu sempre acordava antes das nove, mesmo se fosse um sábado no meio de uma viagem em Paraty.

Lembrei que não estava sozinho e lancei meu olhar sobre a cama de Alexandre, notando assim a falta dele. Ri comigo mesmo pensando nas muitas coisas que o fariam cair da cama “tão cedo” e levantei. Me arrastei até o enorme banheiro do quarto e lavei meu rosto, escovei os dentes demoradamente e em seguida arrumei os fios do meu cabelo baixo que insistiam em ficar bagunçados. De volta ao quarto, eu terminava de vestir uma camiseta muito leve alguns números acima da numeração que eu normalmente usava, quando a porta se abriu atrás de mim violentamente. Assustado, girei meu corpo na direção da movimentação que surgiu ali. Alexandre entrou, explosivo e apressadamente puxando o garoto Ícaro pelas mãos. A porta se fechou atrás dele e num segundo vi Alexandre sentar na cama, forçando o garoto a sentar em seu colo, de frente para ele com as pernas abertas sobre suas coxas fortes. Eu sorri muito sonoramente comigo mesmo e só assim eles notaram minha presença no ambiente.

- Caio... – Se apressou Alexandre entre os vários beijos que eles trocavam. – Eu só tenho alguns minutos com ele – se justificou.

Novamente eu girei meu corpo na direção do casal e flagrei os lábios de Alexandre chupando violentamente a pele dos ombros já nus de Ícaro. Seus braços desciam pelas costas do garoto que se contorcia e gemia sensualmente enquanto sentia as duas mãos se enfiarem em seu uniforme, apalpando as nádegas com força. A pressa com que se despiam dizia que realmente só tinham alguns minutos. Eu reconhecia uma curiosidade de ver Alexandre domar a jovialidade do garoto e até participar do que aconteceria em poucos instantes, mas ao mesmo tempo meu cérebro avisava que Vincenzo poderia estar por perto e isso me fazia nutrir um sentimento complexo que me fazia crer que eu devesse algo à ele.

- Talvez você queira experimentar o sabor desse garoto – Alexandre me disse olhando sobre os ombros bronzeados de Ícaro.

- Tentador – eu sussurrei sentindo minhas mãos suarem levemente.

Parecia que a excitação do risco tinha ficado neles enquanto eu herdava o medo daquele instante.

- Depois não me chame de guloso. – Alexandre brincou jogando sua própria blusa em minha direção.

Eu desviei da provocação dele e sorri para os corpos semi-nus sobre a cama enquanto caminhei até a porta. “Apenas tentem não destruir o quarto” eu provoquei antes de fechar a porta atrás de mim.

Realmente o que eles tinham para fazer não demorou muito. Eu estava sentado em uma das inúmeras cadeiras dispostas no jardim quando Ícaro surgiu no final de um dos corredores e seus olhar encontrou o meu. Corado, o garoto terminava de ajeitar sua blusa para logo em seguida passar os dedos pelos cabelos aloirados que mais pareciam queimados de sol. Eu sorri com simpatia e o chamei até minha mesa.

- Foi divertido? – Perguntei quando ele se aproximou da mesa exibindo ainda um leve volume na região sagrada de sua calça.

- É... Eu... Eu diria que sim – disse o garoto com um sorriso quase constrangido.

- Não fique com vergonha. Estou acostumado com as loucuras dele. - Tentei deixá-lo mais confortável.

- E que loucura.

- Ele fode bem, não é?

O garoto riu e levou suas mãos até os olhos enquanto dizia que estava completamente constrangido.

- Vocês já...

- Algumas muitas vezes – eu o interrompi.

- Uau!

- Mas mão foi para lhe deixar desconfortável que eu chamei você aqui – eu disse tomando um gole do meu café. – Consegue descobrir se alguém procurou por mim antes ou depois da minha chegada na pousada?

- Certamente ninguém. Eu saberia, afinal sou o mensageiro particular de vocês na pousada.

- Hmm – eu murmurei sem reação. – Avise na recepção que eu preciso ser informado sobre qualquer coisa, mesmo que peçam sigilo, tudo bem?

Ele franziu as sobrancelhas expressando sua desconfiança e concordou que me passaria qualquer informação fora do habitual. Antes que o garoto terminasse de falar, Alexandre apontou no final do corredor e isso fez Ícaro sair abruptamente, quase me deixando falar sozinho enquanto pedia licença visivelmente desconcertado.

- O que você fez com ele para sair assustado daquele jeito?

Enquanto não me respondia, Alê sentava ao meu lado e exibia um daqueles sorrisos maliciosos que ele mantinha guardado para ocasiões especiais.

- Sabe quando come alguém que era praticamente virgem? – Ele me respondeu devolvendo-me uma pergunta.

- Praticamente? Existe isso?

- Existe. O garoto era tão apertadinho, mas ainda assim aguentou o tranco.

- Eu não acredito que você foi o primeiro daquele moleque.

Eu balançava a cabeça negativamente enquanto falava e Alexandre continuava rindo maliciosamente ao me responder:

- Eu bem queria ter dado um momento especial, mas tínhamos pouco tempo.

- Porra, Alexandre!

- Ah, isso aí eu dei – ele disse soltando uma gargalhada exagerada que fez os outros hospedes que ocupavam as outras mesas nos olhar com reprovação. - E dei com gosto. O garoto está alimentado pelo dia inteiro.

Obrigado, eu me juntei ao riso dele enquanto lhe passava algumas delícias que eu tinha escolhido para o café da manhã.

- O que aconteceu com os outros tantos gatos da cidade?

- Depois de ver aquela coisinha linda sofrendo na minha mão, não sei se quero esses marmanjos exibidos que desfilam por aí.

Nos demos um tempo para mastigar as torradas com geleia de laranja que comíamos.

- Então você vai arrastá-lo outra vez?

- Ciúmes? – Ele me provocou por trás do copo de suco que bebericava.

- Não seja idiota!

- Mas é claro que vou. Eu não posso sair daqui sem dar um bom trato nele – Alexandre disse chupando seu dedo indicador que propositalmente estava untado em geleia.

- Tarado!

- Aliás, você também deveria experimentá-lo. – Ele ignorou minha provocação como quase sempre fazia.

- Longe de mim tratar as pessoas como se fossem o “prato do dia”.

Ao me ouvir falar ele se esparramou na cadeira tombando sua cabeça totalmente para trás em um suspiro longo e barulhento. “Que preguiça de você” ele disse após a cena dramática.

- Espero que essa preguiça não se estenda ao passeio de barco prometido pelo seu amigo – eu disse abocanhando outra torrada coberta pela geléia dourada e cítrica.

.

Abastecidos depois do almoço, seguimos as coordenadas emitidas pelo tal amigo de Alexandre e fomos para a marina onde o barco dele estaria estacionado. No primeiro segundo dentro do local, o alto nível das embarcações era notável. Iates monumentais brilhavam sob a luz forte do começo da tarde. Grandiosos, cada deles era uma arma no que parecia ser uma arena onde duelavam por poder. Acordei dos meus julgamentos quando ouvi Alexandre gritar por Marcelo e caminhar em passos largos e rápidos ao encontro do amigo. Eu o segui e os encontrei um abraço afetuoso.

- Finalmente, não é? – disse o homem com um sorriso largo demais ainda com sua mão na nuca de Alexandre.

- Estive ocupado, mas estou aqui agora. Então nada de broncas – respondeu Alexandre brincalhão como sempre. – Aliás, este é Caio, um grande amigo. – Ele terminou apontando para mim.

Marcelo tomou alguns passos em minha direção e estendeu sua mão forte. Tão forte também era seu corpo. Mais alto que eu e Alexandre, Marcelo era o que chamamos de parrudo. Eles vestia apenas um short apertado com chinelos simples e seu peitoral exageradamente cabeludo e maduramente musculoso chegava antes do seu corpo em si. Para alguém que com certeza passava dos quarenta, ele estava muito bem. Seus lábios inchados pareciam modificados cirurgicamente e sua pele exibia um tom queimado que beirava o artificial. Aparentemente só o castanho claro dos olhos era natural, visto que nem seu sorriso era tão verdadeiro assim.

Eu estendi minha mão e ele a apertou forte demais. Os dedos grossos cobriram os meus de forma que me deixava ansioso pelo afastamento.

- Que prazer, Caio – ele disse arrastando a voz numa tentativa ridícula de parecer sensual. – Chegue mais perto.

Um abraço era inevitável. Seu peitoral grandalhão pressionou o meu por cima do tecido fino da camiseta e suas mãos indecentes se arrastaram indelicadamente por minhas costas, quase chegando ao final de minha coluna. Forcei uma distância entre nossos corpos quando seus dedos indecorosos chegaram em minha bunda por cima do short também levinho. As iniciativas dele me causavam um leve enojo.

- Subam – ele disse de costas para nós, mostrando o caminho para o interior do iate.

Inevitavelmente eu demonstrava uma certa curiosidade sobre o brinquedinho de luxo e isso fazia com que ele se mantivesse próximo demais. Não saímos do interior da embarcação enquanto fazíamos o roteiro que incluía algumas praias da região. Ele se exibia contando sobre as festas que dava e o quão isso o tornara famoso por aquelas bandas. Alexandre se divertia enquanto eu permanecia sentado em uma dos assentos do ambiente luxuosamente revestido em madeira. Inegavelmente, era um brinquedo divertidíssimo. Ele anunciou uma parada e disse que naquele ponto poderíamos dar um mergulho, se quiséssemos. O assisti ancorar a embarcação e do convés observei a praia quase deserta um tanto distante de nós. Outras embarcações menores também estavam ancoradas naquela mesma distância e nossa proximidade fazia as pessoas olharem com curiosidade. O iate era mesmo imponente e causava quando chegava, como narrara o dono com seu entusiasmo chato.

Alexandre vestia sua sunga no banheiro e sozinho, aos olhos do homem, eu parecia uma presa fácil. Ele se aproximou por trás de mim muito quieto e me assustou ao falar com sua voz arrastada por cima dos meus ombros:

- Não vai se trocar?

- Não preciso – eu disse com pressa mantendo distância entre nossos corpos. – Estou usando minha sunga.

- Entendi. E por que você ainda está vestido?

Acostumado com o balanço do mar, a voz lânguida dele é que me causava enjoo. E mesmo acuado, um hora ou outra eu teria que tirar meu short e sabendo disso, ele não se afastaria de mim por nada. Praticamente atendendo ao pedido de Marcelo, eu tirei minha camiseta e deixei sobre o assento do convés, logo em seguida mirei os olhos doentios do predador à minha frente e desci meu short, revelando minha sunga azul claro. Ele umedeceu os lábios de uma forma assustadora e sem cerimônia alguma levou seus dedos grossos ao volume que se formava em seu short. Ele apertou o tecido e a saliência que se formava ali era suficiente para encher sua mão.

- Coisa linda – me disseram aqueles lábios inchados.

Eu quis pular no mar atrás de mim quando o vi se aproximar de mim. Algo nele me paralisava como se eu não fosse um homem formado e estivesse prestes a ser atacado violentamente. Era isso, havia violência em seus olhos. Alexandre saiu da cabine usando sua sunga preta que contrastava de uma forma incrivelmente perfeita com sua pele alva demais e a atenção de Marcelo se voltou para ele:

- Hmn... Meu branquinho continua lindo.

- Você chegou a suspeitar que eu mudaria? – Perguntou Alexandre com uma saliência ensaiada.

- Não mesmo, branquinho.

O homem abraçou o corpo de Alexandre e em um segundo suas mãos fortes e cruéis estavam na bunda dele. Primeiro no finalzinho das costas, mas logo desceram para a divisão das nádegas, precisamente quase no interior das coxas rosadas. Ele apertou aquela região e tal movimento dava a impressão que ele poderia penetrar seu dedo em Alexandre, mas não estava fazendo isso. Rápido, sua boca cochichava desejos sujos no ouvido do meu amigo que retribuía as investidas alisando as costas de Marcelo com as pontas dos dedos. Livre dos braços pesados dele, Alexandre se aproximou de mim com um sorriso tão sem graça que beirava o constrangimento.

- Ele quer um beijo nosso – declarou os desejos ditos em seu ouvido.

- Eu não vim aqui para isso – eu devolvi em outro sussurro.

- Só um. Para o divertimento do velho, vai.

- Eu odeio as situações em que você me mete, seu merda – eu falei rudemente quando ele estava mais próximo de mim. – Satisfaça esse imundo sem precisar de minha ajuda – eu completei antes de senti-lo pousar suas mãos em meus braços.

Nossos rostos estavam tão próximos que Alexandre poderia sentir minha respiração forte em seu rosto. Ele sorriu concordando com minhas palavras e largou alguns beijos rápidos em meus lábios. Eram apenas selinhos e isso me fazia querer beijá-lo, não porque despertava em mim sentimentos profundos, mas por ele ser gostoso e só. Um beijo não custaria minha vida, afinal. Dessa forma pousei minhas mãos na cintura macia e grossa que eu tanto achava bonita e puxei o corpo dele para mim. Ainda mais próximos, ele tocou meus lábios tão suavemente que sua respiração era transferida para interior da minha boca. Não demorou e sua língua procurava a minha com movimentos precisos e deliciosos. Eu me entreguei e deixei que ele a chupasse como quisesse, afinal, aquela troca de carinhos já tinham acontecido tantas outras vezes. Nos beijamos demoradamente e lentamente como se fossemos dois apaixonados em um cenário romântico. Caberia ali até um pedido de casamento. Quando paramos o beijo, ambos olhamos para Marcelo que assistia ao seu pedido realizado com uma das mãos dentro do short que parecia ainda mais apertado. Ele movimentava seus dedos ali dentro e o tecido esticado era uma prova do quão duro ele estava. Alexandre puxou meu rosto e falou quase tocando meus lábios com os seus outra vez:

- Como na cachoeira? – ele disse olhando para o mar sedutor à nossa frente.

- Como na cachoeira – eu concordei antes de segurar a mão dele, subir no arco que servia como proteção da ponta da proa e forçar nosso salto, deixando o homem e seus desejos indecentes para trás.

Nadávamos livres na água de temperatura perfeita, não era gelada mas também não era tão quente. O azul continuava nos cercando em cada mergulho divertido que dávamos ao profundo enquanto o homem nos observando do alto da proa, como um senhor dos mares. Sua imponência não assustava, mas me acuava de forma desconfortável. Alexandre, pelo contrário, parecia muito bem com tudo isso. Marcelo e sua personalidade repugnante representavam uma pequena parcela de tudo que ele tinha vivido na antiga vida, a de garoto de programa.

Não demoramos ali e logo fomos para outro ponto perfeito para mergulhos. Novamente ancorados distante da praia, nos tacamos na água sem demoras sempre sendo vigiados pelo homem como dois troféus. Ele continuava não perdendo uma oportunidade de se manter próximo demais, invadindo todos os limites possíveis dos espaços pessoais. Alexandre o mantinha ocupado e aparentemente satisfeito com carícias e roçadas indecentes. Ele sabia como lidar com homens do tipo.

Do alto de seu trono, Marcelo avisou que prepararia algo para bebermos e assim precisava que voltássemos para a embarcação. Alexandre deitou no convés superior com suas costas para o sol ainda forte e eu, encharcado, fui ao banheiro. No caminho tomei meu celular nas mãos para ver a hora e notei que naquele ponto havia sinal e uma mensagem esperava para ser lida. Visualizei a mensagem de origem desconhecida e as letras garrafais saltaram na tela:

MARCELO MIRALLES. ACUSADO DE SONEGAR IMPOSTOS, ENVOLVIMENTO COM TRÁFICO E CARREGA NAS COSTAS A MORTE SUSPEITA E NUNCA INVESTIGADA DO SOBRINHO DE 16 ANOS. MANTENHA UMA DISTÂNCIA SEGURA DELE.

Reli a mensagem algumas vezes, completamente incrédulo e a paguei. Não tive tempo de pensar sobre ela ao sentir meu corpo ser agarrado por braços fortes e ser pressionado contra uma barriga dura e excessivamente peluda. Lábios úmidos e pegajosos se arrastaram obscenos pelo meu pescoço também molhado.

- Quanto mais você me evita, com mais vontade eu fico, bonitão – disse Marcelo.

Sua voz arrastada e grave penetrou meus ouvidos e me fez arrepiar, mas da pior forma possível. Aquele volume que eu vira ser manipulado por ele, naquele momento guardado apenas pela sunga, se alojava no interior das minhas nádegas. Me desvencilhei daquele abraço perigoso e me afastei dele. Eu precisar ser rápido e pensar em sua saída.

- Não vai esperar anoitecer? – eu falei fingindo naturalidade.

- Anoitecer? – Ele perguntou apertando seu membro por cima da sunga recheada.

- Alexandre não disse? Mais tarde você terá nós dois como entretenimento.

- Ah, espertinho. Ele pretendia fazer uma surpresa. – E então massageou novamente o membro marcado no tecido.

Eu me aproximei e toquei seu peito suado coberto por pelos grossos e emaranhados, enquanto adotava um tom manhoso absurdamente caricato. A mensagem “A MORTE SUSPEITA E NUNCA INVESTIGADA DO SOBRINHO DE 16 ANOS” surgiu em meus pensamentos como uma projeção. Ele podia sentir o tremor de meus dedos se fosse mais observador.

- Eu estraguei a surpresinha, mas ainda assim... – eu engoli seco - você não perde por esperar.

- Pessoas como eu não perdem – ele bradou como um líder ao enfiar sua mão também pegajosa entre minhas nádegas molhadas por dentro da sunga.

Ansioso, novamente me desvencilhei dos braços dele e caminhei para longe, fingindo um sorriso sedutor. Eu estava seguro principalmente porque daquele momento em diante toda recusa teria cara de jogo de sedução, mas ainda assim qualquer passo em falso poderia significar um risco considerável. Mais palpável que o medo do risco que corríamos, era a curiosidade acerca da mensagem. Se aquilo também não fosse coisa da minha cabeça, só poderia significar a presença de alguém que esteve por perto todo esse tempo: Vincenzo.

Na volta ao convés alertei Alexandre sobre o encontro noturno inventado e o deixei ainda mais curioso quando disse que depois, em outro momento menos perigoso, explicaria tudo. Como se aproximava do fim do dia, me apressei em dizer que tínhamos que voltar para a pousada, pois haviam coisas para serem organizadas. Marcelo não desconfiou de absolutamente nada e logo estávamos na Marina novamente.

- Até mais tarde, branquinho.

E enquanto falava, Marcelo fazia questão que Alexandre sentisse suas mãos pegajosas em sua bunda por cima do short. Após o abraço, seus dedos me chamavam maliciosamente e eu me aproximei sem demoras.

- Como você não conhece meu brinquedinho ainda...

Ele olhou para os lados verificando se o local estava vazio como queria e criou um vão entre o tecido e sua barriga dura. Uma camada massiva de pelos surgiu ali. “Vem aqui” ele disse ao abrir ainda mais aquele vão. Aquele era meu último momento com ele e eu não poderia deixar nada no ar além da confirmação falsa do encontro que aconteceria em algumas horas. Eu enfiei minha mão no espaço que ele me oferecia e era absurdamente quente ali dentro. Logo meus dedos sentiram a pele úmida e esticada do membro dele pressionado contra a pele da própria virilha. Era grande e grosso, estava melado e pulsava. Eu deixei ali alguns carinhos e ele fez questão de soltar um gemido grosso ao senti-los.

- Gostou?

- Muito – eu menti com um sorriso ainda mais mentiroso.

- Mais tarde você prova, então. – Disse Marcelo antes de virar e voltar para a embarcação suntuosa.

.

Alexandre saio do banheiro enrolado em uma toalha branca e me encontrou deitado na cama já banhado. Ele foi até sua mala procurando alguma roupa para vestir enquanto perguntava se poderia saber o porque da mentira que sustentávamos durante o final do passeio. Contei tudo de acordo com os acontecimentos: primeiro a mensagem, depois a investida violentada. Contei que aquele poderia ser o primeiro contato de Vincenzo e evitei falar sobre os outros, pois a mensagem tornava aquele último “encontro” o mais real. Ele concordou com minha desconfiança e imediatamente nos colocamos a imaginar os muitos motivos para aquilo ter acontecido.

- Talvez ele esteja esperando o melhor momento para se aproximar – disse Alexandre terminando de vestir sua camiseta.

- Melhor momento? Fala sério, qualquer momento seria um bom momento.

- Mas você me falou sobre a tal despedida.

- Foi como qualquer outra despedida – eu respondi. – Depois de tudo que aconteceu comigo nesses últimos anos, qualquer aproximação seria um recomeço.

Alexandre sorriu ao me ver admitir que eu esperava que nos encontrássemos em algum momento da vida e sacou o celular apressadamente.

- O que você está fazendo?

- Ícaro – ele disse mantendo o sorriso. – Preciso confirmar se nos veremos hoje.

- Mas não esqueça que partimos amanhã cedo. Ainda será domingo, mas não podemos ficar na cidade. Aquele maluco pode nos encontrar e só Deus saber o que pode acontecer.

- Mas seria divertido – Alexandre disse atrás de mim enquanto eu ligava a televisão do quarto.

- Divertido? Por favor, né. Seria no mínimo desastroso - eu conclui.

Até que Ícaro pudesse sair, nada poderíamos fazer além de assistir qualquer coisa inútil na televisão. Algumas horas se passaram e lá fora já tinha escurecido quando o garoto bateu na porta, hesitante. Já pronto para o jantar, eu resolvi sair para o jardim e deixá-los sozinhos por algum tempo antes de sairmos. Eles não só queriam como mereciam isso.

Eu não tinha percebido, mas à noite o jardim era iluminado de forma especial que deixava o ar romântico e muito vele. As cadeiras estavam recolhidas e sobrava espaço para uma caminhada entre os arbustos. Eu parei para observar a silhueta de uma escultura contra uma das luzes baixas e douradas que iluminava um dos arbustos e senti meu celular vibrar no bolso da minha calça. Eu não era como um homem dos negócios que recebia diversas ligações, então receber uma logo no meio de uma viagem era ainda mais inusitado. Tirei o aparelho do bolso e as letras no visor fizeram meu coração pulsar forte uma última vez antes de quase parar. A chamada identificada me entregava outra verdade: cinco anos se passaram e eu não tinha deletado o número de Vincenzo. Paralisado olhando o celular vibrar entre meus dedos, eu era novamente o garoto de vinte e tantos anos e no fundo eu realmente gostava daquela sensação.

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Comentários

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Marcelo é alguém que precisava estar nesse conto. Era a imagem que eu precisava deixar em algum lugar e não mais carregá-la por aí. De vez em quando eu tento esses finais e sempre acho meio bobo quando releio. haha

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bagsy, e como eu estou com essas reações todas? Pulando e gritando. Talvez não com a mesma intensidade de anos atrás, afinal, também queria esses cinco anos a menos aí. hahaha Logo lhe entrego o próximo. Todos os abraços do mundo. Ru/Ruanito, eu vou ver isso positivamente. Jades, seus achismos! haha Você realmente está demais hoje. Não se entusiasme muito, porque eu viajo entre o surreal e o ordinário em questão de segundos. :)

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eita! vamos aos achismos: eu acho que esse Marcelo conhece o Vincenzo ou vice-versa, e o Vincenzo estava aí nesse jogo de gato e rato, mas pareceu de improviso para salvar o belo CAio das garras do malvado! kkkkk

tô demais hoje! Abraços

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Se eu tivesse uns cinco anos a menos eu estaria em festa gritando e pulando com esse final. Hahahahahajaja sempre maravilhoso e instigante essa história, muito obrigado S! Abraço e até a próxima

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AllexSillva, você só me faz rir. Que reação deliciosa. haha Eu adoro que você leve a sério. Vinícius, meus capítulos são realmente curtos e eu peço desculpas por isso. Eu tenho essa mania de não me estender muito nos acontecimentos. Levarei sua dica em consideração no próximo conto. :)

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Seu conto é muito bom, porém eu acho ele muito curto e tu demora a postar mais fora isso é bom demais

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Quase gritei de felicidade e nervosismo com esse final hahahaha acho que eu levo esses contos muito a sério hehehe

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