O aniversário é dela, mas o presente é meu VIII

Manoela me deixou limpinha e voltou beijando meu corpo, até chegar a minha boca. Ficamos nos beijando, até que ela me puxou, queria ir pra cama continuar seu joguinho, fomos nos abraçando até chegar a porta do seu quarto. Ela empurrou a porta e entramos entre beijos e chupões no pescoço. Ela me jogou em cima da cama, caindo por cima de mim, nos beijamos com mais calma, um misto de desejo e tranquilidade. Parecia que aquele momento não ia acabar nunca, e meu corpo correspondia involuntariamente a cada toque, a cada expressão de Manoela. E era lindo vê-la ali, os nossos corpos se misturando, o cheiro de sexo impregnado no meu corpo. Manoela ainda excitada, buscando aumentar nosso contato enquanto a boca quente perpassava meu pescoço e seios. Mas pra desgraça da minha vida, me lembrei da noite com Helena. Foi o suficiente pra acabar com tudo por ali. Não conseguia mais ceder às vontades de Manoela, se o que eu queria mesmo era reencontrar aquela ruiva. Maldito pensamento. Meu corpo pareceu ter passado por um resfriadouro, e Manoela percebendo isso, parou de me tocar e como que me conhecendo melhor do que eu mesma, perguntou ‘’você não está pensando nela está?’’, não sabia onde enfiar a cara. Era horrível o que eu tinha feito, mas não pude deixar de fazer. Calei, num consentimento mudo. Manoela levantou e se sentou na beira da cama, mandou eu pegar tudo o que me pertencia e sumir o mais rápido possível da frente dela. Não relutei, levantei e peguei tudo o que era meu e saí sem olhar pra trás. No caminho de casa só conseguia pensar em como eu tinha minado minha vida até aquele momento. Helena havia me deixado igual idiota na minha própria casa, e agora devia estar nos braços na namorada sociopata. E pra completar, tinha acabado de foder meu amor da adolescência, mas isso não era nem de longe algo positivo. Cheguei em casa e Zeus já me esperava todo alegre. Passei a porta da sala e dei de cara com Helena sentada no sofá. Levei um susto, apesar de a minha casa estar sempre aberta eu não tinha ideia de como ela tinha passado pela guarita. Eu deixei a chave em cima da estante e perguntei ‘’como você entrou?’’, ela respondeu ‘’falei que era sua namorada, como eles já me viram com você, me deixaram entrar’’, continuei séria‘’o que você veio fazer aqui?’’, então ela disse ‘’conversar com você’’. Me sentei na cadeira de frente pra ela, cruzei as pernas e disse ‘’pode falar’’. Helena começou pedindo desculpas pela forma como deixou a casa na noite passada, depois começou a falar sobre a namorada e do quanto aquilo podia me prejudicar, que a verdadeira intenção dela era me proteger. Eu não respondia, só acenava com a cabeça. Quando ela terminou eu apenas encerrei ‘’Se isso é tudo, você já pode ir’’, ela se levantou e eu também, ela deu alguns passos a frente chegando bem perto e me abraçou, e foi o abraço mais rápido do mundo, ela se desvencilhou e disse ‘’você está cheirando a sexo, onde você estava Ariela?’’, ainda séria respondi: ‘’isso não vem ao caso’’, foi como acender um pavio. Helena ficou furiosa, sua pele branca se avermelhou e ficou quase no tom de seus cabelos. Foi aí que ela começou a disparar várias palavras em minha direção ‘’Não vem ao caso¿ A cama onde a gente dormiu nem esfriou e a primeira coisa que você fez foi se deitar com outra. Eu não estou acreditando que vim até aqui pedir desculpas a você, você é uma cretina.’’ Depois dessa chuva de indelicadezas foi minha vez de ficar com raiva, afinal de contas, ela havia invadido minha casa, me feito de trouxa e ainda se achava no direito de me cobrar alguma coisa, tratei de responder ‘’Eu não te convidei pra vir até aqui, você não tem o direito de me cobrar nada Helena, foi você quem deixou essa casa, foi você.’’ Ela ficou calada, provavelmente assustada pelo meu tom de voz, ficou me encarando, sem se mexer. Depois abaixou a cabeça e pegou a bolsa que estava em cima do sofá, quando passou por mim novamente meu corpo foi mais rápido que minha mente, eu agarrei seu braço e disse ‘’não vou deixar você sair daqui desse jeito’’, ela me olhou, abaixou os olhos e começou a chorar, me senti péssima. A trouxe pra perto de mim, ela resistindo, puxei com mais força e ela me abraçou enquanto chorava desesperadamente. Ficamos assim até que ela parasse. Ela me olhou sem esboçar nenhuma expressão, minha cabeça girava sem saber o que estava acontecendo. Eu não sabia em que parte da história minha vida tinha se tornado aquele caos. Helena perguntou se podia dormir ali aquela noite, eu prontamente concordei. Minha raiva tinha se dissolvido, e meu peito voltava a aquecer a cada olhar daquela ruiva. Ela me pediu pra tomar um banho, disse que não suportava me ver com aquele cheiro de outra. Pra minha sorte não fez nenhuma pergunta. Eu fui para o banho, quando saí Helena estava na cama, lendo meu livro de cabeceira. Mais uma cena bonita pra minha coleção. Seu short jeans apertadinho e aquela camiseta de uma banda de rock que é a mesma de whisky. Completamente linda. Deixei a toalha cair de propósito. Ela olhou como num reflexo e foi se erguendo da cama, deixou o livro no criado mudo e caminhou até onde eu estava. Me abraçou apertado, sentindo o meu cheiro e o meu corpo ainda molhado. Me conduziu até a cama, e se deitou do meu lado, ficamos nos olhando sem falar muita coisa, a não ser comentários do tipo ‘’eu contei e só aqui tem 15 pintinhas’’, enquanto ficávamos detalhando as feições do rosto uma da outra, eu fazia mapinhas com os dedos em suas pintinhas alaranjadas. Ficamos assim por algum tempo, e de novo o cheiro dela ocupava o quarto inteiro. Dei um beijo em sua testa, e depois fui descendo dando beijos leves até chegar a sua boca. Helena fechou os olhos, mas eu não continuei, fiquei ali admirando ela. Até que ela se impacientou e disse ‘’me beija, agora’’, não pude deixar de dar uma risada gostosa, tudo parecia ter se acalmado dentro de mim, mas no fundo eu sabia que aquilo poderia durar só mais uma noite...