Não Era Só Uma Noite. #5

Um conto erótico de Caio Alvarez
Categoria: Homossexual
Contém 3421 palavras
Data: 08/11/2016 12:09:39
Assuntos: Gay, Homossexual

Um toque.

Dois toques.

“Atenda” eu sussurrei ao vazio do jardim.

Três toques.

“Você quer atender” sussurrei outra vez.

Pressionei a tela do celular e atendi a chamada de Vincenzo.

O silêncio de ambas as partes era tão real que parecia palpável. Eu ouvia a respiração dele do outro lado da linha e ele certamente podia ouvir a minha. Eu conhecia aquele tipo de contato onde telefonam apenas para ouvir a voz ansiosa através do telefone e por motivos que eu não sei descrever, não queria dar esse gosto à Vincenzo. Alguns longos segundos existiram até que sua voz grave atravessou as barreiras e leias existentes e penetrou minha pele como um projétil lançado com uma força precisamente calculada:

- Você está especialmente bonito, hoje.

Eu lhe servi mais alguns segundos de silêncio. Além da voz dele, nenhum outro ruído poderia ser identificado do outro lado da linha.

- É compreensível que você não queira...

- O que é isso? – eu o interrompi bruscamente. – O que você está fazendo?

- Nesse momento? Me deliciando com uma voz que tanto me...

- Você entendeu. – Eu estava impaciente. – O que deu em você?

- Eu estava jogando.

A mesma precisão de sempre estava ali, mas a voz grave era emitida de forma diferente. Havia maciez no jeito de falar. Vincenzo emitia as palavras de forma polida e tão confortável que eu poderia ignorar qualquer acontecido para simplesmente emendar qualquer assunto e ouvi-lo por minutos. Horas. Dias! A saudade piscou para mim e eu sorri enquanto apertava o aparelho em minha orelha.

- Que jogo saudável – eu debochei da resposta dele.

- Não é saudável, mas é instigante.

Falávamos dos encontros que ele provocava e sumia após conquistar minha atenção como um amigo em sua nuvem fictícia de fumaça.

- Qual a recompensa desse jogo?

- Seu interesse – respondeu sem pressa.

E novamente eu sorri para a saudade que se aninhava em meus ombros

- Impressionante. As pessoas continuam pensando que podem brincar com as outras e não afetar a saúde mental delas.

Ouvi uma risada muito suave e levei meus próprios dedos aos cabelos da minha nuca, sentindo minha pele arrepiada sob o efeito das sensações que ele despertava em mim.

- Faça isso de novo.

- Como é?

Eu rodei sobre meus calcanhares observando o ambiente ao redor. Eu tinha certeza que ele não estava ali, como então sabia o que eu estava fazendo? O toque dos meus dedos poderia ter sido sonoro demais e ele deduziu que eu estava afagando meus cabelos. “É isso” eu pensei.

- Leve seus dedos até a nuca novamente. Eu gosto quando você faz isso.

- Chega desse jogo, Vincenzo. Não acha que está bem crescidinho para coisas do tipo? Você não precisa dessa coisa cinematográfica para me manter interessado.

- Eu queria ter certeza de que não seria recusado novamente.

- Recusado? – Eu repeti incrédulo.

- Recusado como na nossa despedida. – Sua voz estava mais baixa e pausada.

- Não foi uma despedida. Qualquer aproximação depois daquilo seria um recomeço. Como não percebeu isso?

- Você me...

- Eu te esperei – eu confessei ao interrompê-lo. – Eu continuo te esperando.

Minha voz também pausada demais saía ao mesmo tempo que eu novamente tocava minha própria nuca. As palavras saíam sem peso e depois de muito tempo eu estava conseguindo falá-las sem que elas me causassem algum tipo de dor em qualquer nível que fosse.

- Eu quase morri de saudades de você – ele disse baixinho em um quase sussurro.

- Não precisava de jogos, Vincenzo. Não precisava montar um roteiro e ensaiar um mistério. Só precisava chegar de vagar com a porra desses olhos e você saberia o quanto continuo interessado em você.

- Que vergonha de mim mesmo.

Ele provou meu riso e também riu, notoriamente aliviado.

- Nós não precisamos de jogos. Não somos assim. Encurte essa distância logo. Eu te espero e você sabe disso agora. – Eu pronunciei cada palavra com calma, como quem lê em voz alta as últimas palavras de um livro.

- Eu estou aqui. Digo, estou tão próximo de você agora.

Novamente a precisão de sua voz munida de uma delicadeza surreal me fez quase parar de respirar. Eu sabia que ele estava ali, mas ouvir a confirmação da própria boca dele era algo que eu não esperava. Não naquele momento. Eu dei alguns passos para trás e vi a silhueta alta de um homem atravessar um daqueles feixes de luz que deixavam os arbustos pintados de um dourado envelhecido. Com a proximidade, seus olhos se iluminaram e brilhantes, me miravam ansiosos. Um sorriso longo mas notavelmente constrangido surgiu em seu rosto e me fez sorrir também. Ele caminhou em minha direção tão hesitante que eu quis correr até ele e me lançar em seus braços longos demais. Perto de mim, a única coisa que ele conseguiu fazer foi se encostar em um dos bancos à minha frente. Alguns centímetros mantinham nossos corpos separados e do meu ângulo eu conseguia ver seu rosto inteiramente iluminado. Era o mesmo Vincenzo de sempre. Era o mesmo ainda mais bonito e maduro. Eu quis beijá-lo inteiro até perder o fôlego.

- Quão idiota é o que eu estava fazendo?

- Não foi idiota – eu sorri, empático. – Foi bobo. Talvez perigoso também – eu completei.

- Perigoso?

- Perigoso – confirmei. – Eu estava enlouquecendo. E novamente, por sua causa. Que irresponsabilidade – eu brinquei ainda sorrindo.

Ele pareceu tomar coragem e encurtava a distância entre a gente com passadas tão curtas que parecia mover-se em câmera lenta.

- Desculpa. – Ele apenas moveu os lábios, esperando que eu pudesse lê-los.

- Seus olhos já fizeram isso – eu o respondi lacônico.

- E agora?

Seus olhos continuavam falando pelo seu corpo. Mesmo com toda a precisão que ele se expressava, havia uma insegurança que não combinava com Vincenzo. Eu não poderia usar isso ao meu favor para diversão própria. Eu não sou esse tipo de ser humano. Eu só poderia fazer o que eu realmente quis o tempo todo, desde a última vez que nos vimos. E fiz isso tão docemente que parecia ensaiado:

- Apenas se aproxime. Eu quis tanto isso!

Cada centímetro da distância que eliminávamos, era uma porcentagem da saudade que eu sentia dele se despedindo. Eu só consegui acreditar que tudo aquilo era real quando, tão próximo de mim, eu consegui sentir o calor do corpo de Vincenzo. Ele estendeu sua mão em minha direção e eu a segurei, como se estivesse resgatando-o de um abismo. Eu é quem precisava ser segurado ali. A vida é mesmo engraçada. Eu o fiz sorrir também docemente quando levei seus dedos aos meus lábios e os beijei para depois cheirar a pele macia que era minha naquele momento. Eu a apertei contra meu queixo e ele pressionou seus dedos contra minha pele em um carinho amoroso. Com esse movimento, eu encostei meus lábios em seu pulso quente e deixei ali alguns beijos. Mais próximos, saltei do seu pulso para a parte interna do seu bíceps e também beijei a pele mais clara, sensível e ainda mais macia daquela região. Ouvi um sorriso sonoro demais e finalmente encontrei seu rosto tão próximo do meu quanto eu desejava. A abertura do sorriso dele provocava linhas expressivas nos cantos dos lábios e queixo e isso era algo novo. A idade tinha presenteado Vincenzo com mais um detalhe precioso e absurdamente apreciável. Toquei seu sorriso com a ponta dos meus dedos e quase fiz o contorno dos seus lábios.

- O que foi? – Ele perguntou mantendo o sorriso que eu admirava.

- Estou te fotografando com o cérebro. Não sei quando você pode partir novamente. Vai que né...

Quase provocativo, eu sorri e ele enfim colocou suas mãos em minha cintura, me puxando muito suavemente para o seu corpo. Estávamos nos tocando mais intensamente e isso me fazia nutrir o desejo de nunca mais sair dali. Independente dos próximos passos, aquele momento era eterno. Eu estava colocando-o no lugar de tantos outros que ocupavam espaço demais na memória.

- Isso não vai acontecer. Só partirei para um lugar se você estiver nele – ele disse fazendo-me sentir seu hálito fresco e quente.

- Com direito a frase de efeito e tudo – brinquei.

Ele gargalhou e eu também memorizei aquela gargalhada deliciosa. “Eu vou te beijar” ele sussurrou e eu li seus lábios sem dificuldade como se fizesse isso com frequência. Havia uma intimidade instantânea que me fazia entender o corpo dele como nunca entendera outro. Eu sabia quando dar um passo para colar minha barriga na dele e senti-la inflar em cada inspiração que tomava, pressionando a minha em um carinho inusitado. Eu sabia quando mover meu tronco e fazia sua mão se encaixar perfeitamente no final da minha coluna, ocupando o espaço que sempre fora dela. Eu sabia quando escorregar minha mão dos ombros dele até os bíceps nada musculosos, mas másculos e gostosos de forma única. Essa mesma intimidade não se aguentou de ansiedade e me fez encurtar o caminho do beijo. Primeiro nossos lábios se tocaram e o calor deles eram transferidos para os meus. Não houve movimento algum e somente nos permitíamos sentir um ao outro. Eu queria e precisava de mais. Num movimento calmo e vagaroso, fiz a boca dele se encaixar perfeitamente na minha e eu pude sentir o quão úmidos estavam os lábios duros do meu homem. Ele entendeu o meu recado e iniciamos um beijo lento, ritmado e ainda assim intensamente apaixonado. Uma de suas mãos estava em minha nuca com os dedos enfiados em meus cabelos enquanto sua língua áspera mas inacreditavelmente doce se fazia presente, procurando ansiosa pela minha. No encontro, eu a chupei sentindo o gosto quente de Vincenzo. Ele me entregou tudo que tinha e ali, naquele jardim tingido de dourado, deixamos toda nossa saudade eternizada nos feixes de luz que atravessavam nossos corpos.

Estávamos juntos novamente. Eu estava completo como há muito tempo não me sentia e o corpo de Vincenzo dizia o quanto estava feliz com aquilo. Outra vez, depois de anos, eu conseguia me sentir seguro como um garotinho nos braços do herói. Contrariei todos os meus pensamentos anteriores àquele momento e enfim tive a certeza de que Vincenzo era tudo que eu precisava.

Sorríamos um para o outro quando ouvi a voz de Alexandre nos flagrar no jardim:

- Então o Caio encontrou... – Sua voz falhou e uma pausa dramática demais se fez presente. – Espera! É isso mesmo que eu estou vendo?

A incredulidade expressada fez Vincenzo parar o beijo e aos risos ele segurou meu rosto, aninhando-me em seu peito. Eu não parava de sorrir e ali, escondido, eu aproveitava para cheirar o tecido macio da camiseta do meu homem. Estar ali era uma das sensações mais gostosas do mundo. A outra era acordar ao lado dele. Essa era uma lembrança que eu não conseguia esquecer.

- Não pode ser. Vincenzo? – Alexandre estava atônito já perto de nós.

Eu saí daquele abraço e senti a falta do cheiro dele. Alê e Ícaro estavam de mãos dadas e eu sorri quando vi isso.

- Qual sua participação no que Vincenzo estava fazendo, Alexandre? – É claro que eu o colocaria “contra a parede”.

Ele gargalhou entregando que sabia demais. Ele só tombava a cabeça para trás quando alguma coisa realmente o divertia.

- Bom... – ele se recuperou do riso. – Talvez eu seja bastante culpado.

- Cuidado, esse aí é perigoso – eu falei para Ícaro que riu mesmo sem entender do que falávamos.

Vincenzo me puxou e abraçou minhas costas. Suas mãos laçaram minha cintura e seus lábios grudaram em meu queixo.

- Obrigado – ele disse soltando uma piscadinha para Alê.

- Obrigado uma ova. Passe-me o cheque prometido. Mas de qualquer forma, de nada!

Cientes da clara brincadeira, todos rimos enquanto eu novamente tinha o queixo beijado por Vincenzo.

.

- Eu não sei se quero saber como vocês fizeram isso – eu disse me referindo ao sexo por telefone que tinha proporcionado à Alexandre e que Vincenzo me surpreendera ao final.

- Como não? Todo mundo faz sexo por telefone.

- Calado, Alexandre – eu o repreendi antes de tomar um gole de cerveja.

Após o flagra no Jardim, saímos todos para jantar, visto que já era o plano inicial. Ocupávamos uma mesa e eu estava sentado ao lado de Vincenzo, obviamente Alexandre e Ícaro ocupavam os dois lugares à nossa frente. Já servidos, demorávamos ali em algumas cervejas.

- Não foi difícil achar Alexandre. – Continuou Vincenzo. – Eu falei que estava disposto a fazer algumas coisas para reconquistar você, mas ele já sabia que você esperava por mim, só não quis dizer. Tarado do jeito que é, foi ele quem deu a dica de fazer aquilo pelo telefone.

- Você não vale nada – eu direcionei minhas palavras para Alê.

- Também te amo. Mas você precisa saber que eu estava fingindo. Seu homem aí não me viu fazendo coisas.

Todos gargalhamos e com isso fazíamos todos ao redor lançarem olhores desconfiados sobre nós. Eu não queria me desgrudar de Vincenzo e não negava beijos ou afagos. Eu tinha passado tempo demais longe dele. Por nada nesse mundo, nem olhos curiosos, me fariam perder mais tempo.

A conversa seguiu noite adentro. Vincenzo me contou sobre os outros encontros e sobre ter decidido ir para Paraty por minha causa. Ele queria permanecer por perto. Contou também que pretendia aparecer na marina quando viu a má peça que nos levava para o passeio de barco, mas que não deu tempo de intervir, sendo o obrigado a me mandar a tal mensagem. Depois do ocorrido, ele não tinha dúvidas de que era o momento certo para realmente aparecer e acabar com a ansiedade que tomava todo o peito dele. Peito que era novamente meu, só pra constar nos arquivos mundiais.

Somente quando retornamos para a pousada quase no fim daquela noite de sábado já consideravelmente fria, que Vincenzo confessou estar hospedado ali. Ícaro que também ocupava o papel de mensageiro particular dele, foi alertado de que ninguém poderia saber da presença de Vincenzo, que cuidou para que o garoto não soubesse o porque dessa invisibilidade provocada. Em outras palavras, era “o mundo contra mim”. Alexandre, esperto, forçara o garoto Ícaro a ir para a pousada, sabendo que Vincenzo me levaria para o seu quarto. Ele realmente não sairia de Paraty sem dar um trato no jovem bonito.

- Cuidado com ele, Ícaro – eu falei para o garoto que riu um tanto corado. – E você, seu cretino... Obrigado! – Eu completei em um sorriso para Alexandre, que retribuiu o gesto com uma piscadinha que beirava a malícia. Ele estava se divertindo com nosso encontro. É claro que ele estava.

Sumimos em um dos corredores paralelo ao que dava acesso ao quarto onde eu estava hospedado e não demoramos a chegar no recanto de Vincenzo. Cordial como sempre fora, ele abriu a porta e deixou que eu entrasse primeiro, entrando em seguida e fechando a porta atrás de nós. O quarto era exatamente igual ao meu. As mesmas cores, o mesmo telhado avermelhado, as mesmas paredes que contavam histórias antigas e as bonitas cortinas leves dançantes ao vento. Não dava pra fechar as janelas e privá-las daquela coreografia encantadora. De uma única vez inspirei o que pude do cheiro de Vincenzo que pairava no ar e sorri com a familiaridade das notas exóticas, ora cítricas, ora amadeiras. Percebi que meu sorriso era sonoro demais quando o senti tão próximo de mim, abraçando minhas costas e ancorando seu queixo em meu ombro enquanto perguntava:

- O que foi?

- Nada em especial – eu menti. Que desnecessário.

- Como assim nada especial? Se te fez sorrir não há dúvidas: é especial.

Sua voz tão próxima da minha orelhava, penetrava grave em meus ouvidos e desencadeava uma marcante onda de arrepios que ia do meu pescoço ao final das costas. Tirando o som confortável do vento atravessando as cortinas, nenhum outro ruído nos atrapalhava naquele momento e eu conseguia ouvir claramente a respiração do meu homem.

- Seu cheiro me desconcerta – eu me entreguei.

- Então estamos na mesma – ele disse cheirando a pele do meu pescoço.

Os toques calmos e amorosos mostravam um desejo em se intensificarem. Sem sair do abraço de Vincenzo, girei meu corpo e abracei o tórax grosseiro dele enquanto ele me forçava a caminhar de costas até a cama. Sob o domínio daquela intimidade, eu sabia que deveria erguer meu queixo naquele exato momento, pois logo em seguida ele enfiou seu rosto em meu pescoço, respirando todas as notas do cheiro que minha pele exalava.

- Espero não destruir expectativas, mas eu não quero fazer nada essa noite.

Eu sorri escorregando meus dedos pelos cabelos também baixos da nuca do meu homem.

- Não precisamos fazer nada. Só tê-lo perto de mim já é suficiente.

- Ficar perto de você? Isso vai ser fácil – ele sorria em minha pele, causando outro onda descontrolada de arrepios.

Dei alguns passos para trás me colocando em uma posição que me permitia ver seu tronco inteiro. Nos livrávamos de nossos tênis com os próprios pés enquanto eu desabotoava a camisa dele muito lentamente. Cada botão fora da casa era uma festa em meu corpo. Ele sorria me deixando despi-lo com meus cuidados e logo sentiu seu peito livre. Eu tirei o resto da camisa que estava enfiado no cós da calça e ele a deixou cair em seus pés. Eu tirei minha camiseta e ele observou cada pequeno centímetro do meu tronco maior e mais grosseiro que eu tinha ganhado nos anos longe dele. Ele arrastou seus dedos pelo minha barriga e eu quase parei de respirar quando os senti no cós da minha bermuda, fazendo a peça descer pelos meus quadris e cair também aos meus pés. Eu estava apenas de cueca em sua frente e eu não conseguia evitar que meu membro, feliz, acordasse naquele instante. Um sorrio surgiu no rosto de Vincenzo e ele tocou a pele acima do cós da minha cueca, sentindo os pelos finos que desciam para a região coberta pelo tecido grosso. Ciente de que também teria que fazer isso, toquei as laterais da cintura do meu homem após desabotoar a calça e forcei a queda da peça, que logo se encontrava nos pés dele, me entregando o seu corpo majestoso inteiro para mim. Eu estava satisfeito em saber que ali embaixo ele ainda era o mesmo. Os mesmos pelos fininhos cobrindo as coxas e acabando no interior delas, os músculos nada exagerados, mas bem definidos, a pele convidativa que se escondia, brincalhona e provocativa, atrás do tecido azulado da cueca. Eu sorri me lembrando do quão adorável era vê-lo quase nu e não demorei em puxá-lo para cama.

Imediatamente após deitarmos eu fiz questão de grudar meu corpo no dele. Eu não perderia um segundo sequer de sentir toda aquela segurança que ele me proporcionava. Eu estava dentro do seu abraço e sentia em meu rosto os pelos macios do peito dele. Eu deixei ali alguns beijos e sussurrei alto o suficiente para que ele escutasse, mesmo que minha voz saísse abafada pelo abraço:

- Então não era mesmo só uma noite?

É claro que ele sabia que eu me referia ao fato de termos nos conhecidos em uma noite de programa, onde eu estava lá para suprir as necessidades dele por pura curiosidade minha e depois ir embora como se nem estivesse de fato ali. Ele sorriu e afagou meus cabelos, deixando seus dedos se estenderem em um toque pela minha nuca.

- Não era só uma noite – ele tratou de confirmar com sua voz doce e tão amorosa que me fez suspirar.

- E o que será do amanhã?

- Será o que a gente fizer dele.

- Estou adorando suas frases de efeito – eu disse rindo em seu peito. Ele me abraçou ainda mais também aos risos.

- Estou sendo influenciado pela sua presença em meus braços.

- É perceptível. Mas não ache que eu vou esquecer a bobeira que você andou fazendo. Na primeira oportunidade eu usarei isso contra você.

-Você não seria capaz disso, Caio – ele fingiu incredulidade.

- Você nem sabe do que eu sou capaz. Você acabou de chegar. Não fique surpreso de me encontrar refeito – eu engrossei minha voz atingindo um tom que não era meu para dizer uma frase que também não era minha.

Ele sorriu ciente do quão falsas eram minhas palavras e forçou um entrelaço bonito entre nossas coxas, me deixando ainda mais aninhado e confortável ao cobrir nosso corpo, deixando-os nos quentinhos.

- Boa noite e agora durma. Amanhã sairemos cedo da cidade. Acho que já aconteceu tudo que tinha para acontecer.

Eu sorri e deixei mais alguns beijos em sua pele. Me ancorei por completo em seus braços e fechei meus olhos. “Não era só uma noite” eu sussurrei para mim mesmo deixando que Vincenzo escutasse as palavras que carregavam mais alívio que qualquer outra coisa.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 3 estrelas.
Incentive Eu, S. a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

J.K., você pegou tudinho. Tudinho! Até eu tive vontade de fazer isso com ele. Bichindo danado, não? E eu sinceramente não sei mais o que falar. Te arrepiar de verdade deu sentido ao ato de contar essa história. Pronto, tô feito.

0 0
Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

Meu Deus! Tive que ler do quarto capítulo até esse não estou satisfeita, quero mais. Pode vir com 500 capítulos que eu leio tudo. Nunca um casal foi tão perfeito e com tanta química!

Narração exemplar e conexão perfeita. Como sempre.

Multiplica esse 10 aqui por 100. Abraços!

0 0
Foto de perfil genérica

Allex mais rápido que eu e já chegou mandando o AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA que tava engasgado na minha garganta. Mas vamos ser sinceros? Acho que o Caio foi meio mole. Eu teria dado uns tapas, feito uma cena antes de dar o braço a torcer e me jogar no Vincenzo. Mas né, Caio num sou eu. E nossa, as minhas expectativas de sexo de reconciliação foram frustradas mas ainda assim adorei o capítulo. Quero mais mais mais e mais, pode mandar que a gente aguenta mesmo num sendo mais adolescente pra festejar assim quando um casal que a gente quer acontece hahahahahaaha abraço!

0 0
Foto de perfil genérica

Ufa, que bom que foi só armação!!! eu já estava com a teoria da conspiração, ou achando que o CAio estava maluco. Capítulo lindo! Esperando por novos acontecimentos!! Abraços

0 0
Foto de perfil genérica

Tu quer me matar ficando dois dias sem postar? Finalmente esse encontro aconteceu, tô mega feliz hahaha

0 0
Foto de perfil genérica

Primeiro de tudo: AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH

0 0