Parte 02
- Fique longe da minha mãe! – Gritei correndo em direção a ela que me jogou na parede com facilidade.
- Lucas! – Ouvi os gritos de minha mãe.
- Deixa ele em paz. – Dênis também correu na direção dela mas foi erguido pelo pescoço.
- Você não tem cheiro de alfa, nem sei por que me preocupei com você.
Levantei do chão e peguei uma cadeira, joguei em suas costas mas pareceu não surtir efeito. Ela me olhou e sorriu irônica, largou Dênis e veio atrás de mim. Corri até uma outra sala, olhei para todas as direções procurando algo para usar em minha defesa, havia uma espada decorativa na parede, peguei ela e corri para a porta; segurei firme o cabo e corri na direção dela.
A desgraçada desviou, acabei quebrando um jarro na mesa. A espada era pesada e não conseguia manuseá-la direito.
- Pare de usar armas querido, você é um lobo use as garras. – Disse ela.
Larguei a espada e dei um soco na cara dela.
- É o mais forte que tem? Patético.
Tentei dar outro mas ela segurou minha mão e torceu, seus olhos estavam vermelhos ela me deu um soco forte que me fez cair.
- Quer ver algo surpreendente? – Ela perguntou tirando o roupão e ficando nua – Agora as coisas ficarão mais divertidas.
Ela começou a se contorcer, seu corpo ficava cada vez mais desfigurado; os cabelos dela caiam dando lugar a uma careca brilhante. Suas garras estavam a mostra e um focinho crescia em seu rosto, ela estava se transformando, sua pele ficava cinza e aos poucos cresciam pelos que ficavam mais densos e compridos.
Seu lobo era grande e assustador, nunca havia visto algo que me desse tanto medo, o lobo veio se aproximando de mim, tentava andar mas meu pé doía, acho que estava torcido. Antes dela me atacar Dênis pulou em cima do lobo fazendo-o cair no chão. O lobo grunhiu e escalou as paredes entrando nos dutos de ventilação.
- Você está bem? – Perguntou ele tocando meu rosto.
- Sim, obrigado.
Ele me ajudou a levantar, me apoiei em seu ombro, olhei para cima achando que o lobo iria nos atacar a qualquer momento. A polícia acabou chegando, vários policiais adentraram no lugar.
- O que está acontecendo? Que tipo de animal é? – Perguntou um policiallobisomem.
Os policiais nos olharam como se estivéssemos brincando.
- Ela pode estar em sua forma humana agora. - Avisei a eles.
- E como é esse lobisomem?
- Ah... bom, ela é loira, GORDA, COM COXAS MAGRAS E CHEIAS DE CELULITE. –
O lobo quebrou uma janela e pulou para sala onde estávamos, ele ficou em duas patas e mostrou o dedo do meio pra mim. Os policiais sacaram as armas e atiraram, o lobo foi fuzilado até cair no chão, um dos policiais se aproximou pra checar se ele havia morrido.
- Chamem o controle de animais. – Disse ele.
- Ela morreu? – Perguntei.
O policial olhou novamente e o lobo grunhiu antes de receber um tiro certeiro na testa.
- É... morreu. – Disse ele.
Saímos do prédio, e me encontrei com a minha mãe, abracei ela forte.
- Acabou, estamos livres da maldição. - Disse ao Dênis.
- É, estamos livres do lobo, mas você não está livre de mim. – Dênis me abraçou e eu me senti confortável em seus braços.
Voltamos pra casa todos juntos incluindo o David, no caminho ficamos em silêncio apenas Dênis que me olhava o tempo todo. Chegamos em casa e sentamos no sofá, David estava ferido no ombro então minha mãe foi arrumar um lugar pra ele passar a noite.
- Tô com uma fome. – Disse Dênis.
- Vou preparar um sanduíche pra você.
Fui a te a cozinha, peguei o pão e o queijo na geladeira; abri a gaveta e fui pegar a faca que queimou minha mão.
- Lucas! – Gritou Dênis preocupado entrando na cozinho
- Queimou... minha mão... – Mostrei minha mão a ele.
- Mas ela está morta. Como ainda estamos com isso?
- A não ser que... ela não fosse o alfa. – Disse.
- David! – Falamos juntos.
Saímos da cozinha e fomos até a sala, mas ele não estava, subimos as escadas e fomos para e o quarto de minha mãe, ele estava parado atrás dela.
- Fique longe dela.
- David! – Minha mãe se assustou com ele – O que faz aqui?
- Você é o alfa, não é.
- Marta e eu tivemos um romance a algum tempo. – Disse ele. – Durante uma noite de foda intensa eu acabei mordendo ela, foi um erro... assim como aconteceu com você e seu amigo.
- Erro?
- Sim, estava caçando quando cruzaram o meu caminho, vocês haviam me visto e eu não queria ninguém atrás do lobo. Então resolvi finalizar o serviço. Mas não funcionou.
- Você queria nos matar?
- Não é nada pessoal Lucas, só não quero testemunhas do que vou fazer. David começou a se transformar, mas diferente de Marta ele não se transformou por completo apenas seu rosto mudou, ele também havia crescido um pouco e estava com poucos pelos.
- Adeus Lucas.
Ele segurou meu pescoço e me ergueu, suas garras estavam penetrando meu pescoço que começava a sangrar, ele era muito forte e mesmo tentado não conseguia me livrar deles.
- Larga meu filho! – Gritou minha mãe pulando nas costas dele.
David me largou e empurrou forte minha mãe contra parede fazendo-a desmaiar. Levantei do caso e corri para o andar de baixo, Dênis havia desaparecido quando o vi na cozinha ele me chamou e eu andei até ele.
- Fica escondido. – Disse ele baixinho.
Dênis estava com um bastão de baseball nas mãos, ele olhava fixo para porta.
- Aqui Luquinhas, eu não quero te machucar... ok talvez só um pouquinho.
Ao virar de costas Dênis bate com toda força fazendo o bastão quebrar.
- Vocês não aprendem mesmo. – Disse David socando o rosto do Dênis.
Ele me viu e veio andando em minha direção. Sai de trás da porta e corri para fora da casa, mas antes de alcançar a porta fui pego por ele. Ele me jogou na mesa fazendo ela quebrar, tentei levantar mas levei um chute na barriga que me jogou na parede; a força dele era incrível não é a toa que ele é o alfa.
- Adoraria ficar com você Lucas, mas você sabe demais e é um garoto bem difícil de se controlar e acabaria me dando problemas.
- Tire as mãos do meu Lucas. – Dênis atravessou um cabo de vassoura na barriga dele.
David virou para Dênis e o segurou forte pelo pescoço.
- Eu sou o alfa moleque, nada me mata. Marta tem razão, você não te cheiro de alfa mas infelizmente, é um perigo para mim.
Ele iria nos matar e nada iria feri-lo exceto algo. Olhei para o chão e vi a faca da qual havia queimado minha mão. Rasteje até a faca que queimou feio minha mão, juntei forças e levantei; dei alguns passos e cravei nas costas dele.
David Gritou de dor, deu um tapa no meu rosto que me fez cair. Seu grito era agonizante, quase infernal. Dênis foi até a gaveta e pegou mais talheres de prata, juntou forças e perfurou a barriga dele.
- Lucas, olha. – Olhei para Dênis que segurava um garfo mas não se machucava.
- Ele está morrendo. – Vasculhei as gavetas a procura de algo maior, e encontrei um cortador de bolos. – Não é nada pessoal David, só que você é um cara muito difícil de se controlar.
Enfiei o cortador na testa dele que caiu no chão, sua carne queimava enquanto seu corpo voltava ao normal. Dênis me abraçou e me deu um beijo no rosto.
- Agora sim acabou.
• Seis meses depois
Depois de toda aquela confusão com os lobisomens Dênis e eu vivíamos uma vida normal, agora sem monstros e talheres que nos queimavam. Começamos a namorar a dois meses, e ele sempre era um amor comigo; no início foi bem complicado, cidade pequena as pessoas falavam e até ficavam com medo, algumas diziam que ainda tínhamos a fera dentro de nós mas isso era bobagem, com a morte do Alfa, estávamos livres da maldição.
- Comprei o seu preferido, hambúrguer de carne com Bacon. - Disse ele me entregando o pacote
- O lanche preferido dos lobisomens.
- Isso já acabou.
- E ainda bem, a lua cheia está próxima.
- Vamos sobreviver, se você virar um monstro eu te coloco na linha.
- Bobão. – Disse dando um beijo nele.
Olhei a mão do Dênis e algo estranho estava nela, havia um pentagrama na palma da mão dele. Olhei para minha que também tinha um:
- Dênis!
- O que foi?
Mostrei nossas mãos a ele, nos olhamos e eu senti que aquilo estava longe de acabar...
