O domingo amanheceu preguiçoso e ainda mais frio. Caía uma chuva fina e incômoda sobre a cidade. Incômoda para quem estava ali apenas pelas praias e o sol apreciável. As ruas de pedra estavam molhadas, o colorido ainda estava ali, mas não parecia tão vivo como no começo daquele final de semana. Parecia realmente o dia certo para nos despedir da cidade. Os céus estariam acompanhando nossa saga? Coisa do destino? Não importa, era hora de ir embora. Sem a aparição de Vincenzo, talvez a despedida tivesse um pesar desagradável. Mas a verdade é que eu estava indo embora da cidade ainda mais contente do que cheguei nela. Aquele dia marcava um novo passo que eu estava dando. Que estávamos dando, aliás.
Abri os olhos muito lentamente e quase assustei quando mirei os olhos de Vincenzo próximos demais dos meus. Ele esboçava um sorriso calmo e logo movia os mesmos lábios em um silencioso bom dia. Não estávamos na minha casa ou na casa dele, nem na minha cama ou na cama dele, mas ainda assim acordar ao lado daquele homem e olhar seu rosto bonito era a coisa que eu mais queria nos últimos anos. Eu devolvi o sorriso e lhe desejei bom dia sonoramente ao largar um carinho na ponta do queixo dele.
- Você já está arrumado? O sol ao menos já deu o ar da graça?
- Está chovendo e eu já acordei Alexandre também. Só falta você para partimos. Ele disse que arrumou sua mala.
- Arrumou igual a cara dele, eu imagino.
Vincenzo riu e retribuiu o carinho passando a ponta daqueles dedos ossudos por meu queixo. Eu inclinei meu rosto e beijei seu pulso quente antes de levantar da cama.
- Ícaro já está lá na recepção. O garoto é esperto. Até saiu pelos fundo e fingiu chegar na pousada normalmente – Vincenzo falava encostado no arco da porta do banheiro enquanto eu escovava os dentes.
- Tá brincando?
- Não mesmo. Alexandre me contou tudo. Ele disse que tiveram uma noite incrível. Perguntou se ouvimos algo mesmo muito distante do quarto.
- Alexandre é louco de colocar o garoto em risco – eu disse terminando de enxugar meu rosto.
- Não esqueça que ele te colocou em risco também e nessa mesma noite eu pude conhecer você.
Eu me virei sorrindo e não demorei a estar nos braços de Vincenzo, que me segura com a maestria de um homem maduro e seguro.
- O melhor encontro que já tive na vida – eu confessei encostando meus lábios nos deles.
- Você jura? – Ele apertou minha cintura carinhosamente.
- Eu juro.
E nos beijamos tão calmamente que nem parecíamos estar de partida. Mas é claro que interromperiam nosso beijo.
- Francamente! – Disse Alexandre ríspido enquanto atravessava o quarto deixando minha pequena mala no meio do caminho. – Eu arrumo suas coisas pra você ficar de chamego com os machos por aí?
Paramos o beijo em uma gargalhada ridiculamente sincronizada.
- Sente isso, Vincenzo? – Eu dei tempo para eles pensarem sobre o que eu falava. – Parece cheiro de inveja – eu disse por fim ainda aos risos.
- Não me provoque. Estou sob o efeito da despedida daquele Deus paratiense.
- Carregue-o consigo – sugeriu Vincenzo passando entre nós dois.
- Como é? Não diga esse tipo de coisa. Ele é capaz de levar o garoto mesmo – eu o alertei.
- Amo seu esforço em me fazer parecer pior, gracinha – ele me respondeu debochadamente.
Eu ri e o puxei para um afago. Eu beijei seu rosto com violência e depois cheirei o espaço precisamente entre seu olho e a orelha. Ele sorriu e desmontou o personagem rude que mantinha. Eu olhei para minha mala e tratei de cobrar por alguns itens.
- Carregador?
- Sim, está aí.
- Aquela roupa em cima da cama?
- Também.
- O creme do banheiro?
- Aham!
- Você?
- Tô lá na portaria matando a saudade que eu já sinto do meu garotinho.
Brincalhão, Alexandre não perderia a oportunidade de fazer graça.
- Pense no que eu lhe disse – Vincenzo continuou. – Há oportunidades para garotos esforçados na cidade.
- Você está sugerindo que...
Eu comecei antes de ser interrompido por Alexandre:
- O hotel!
- O hotel – completou Vincenzo com o sorriso mais sincero que ele tinha guardado.
- Eu já te amo, Vince! – Exagerou Alexandre antes de correr e beijar o rosto dele de forma barulhenta. – Não agora, não hoje, mas aquele garoto vai viver embaixo da minha asa – ele completou, eufórico.
- Eu lhe prometo um lugar para ele no hotel – disse Vincenzo próximo de mim, penteando meus cabelos com seus dedos longos.
- Ele vai aceitar. Papai aqui tem a pegada que o garoto queria.
Eu revirei os olhos fingindo impaciência e beijei os lábios duros de Vincenzo.
- Temos quatro horas de viagem pela frente e você, Alexandre, vai dirigindo sozinho, afinal...
Eu estava insinuando que faria a viagem de volta no carro de Vincenzo daquela vez.
- Eu já te odeio, Vince – Alê bufou já tomando a mala dele nas mãos.
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O retorno à cidade foi tranquilo. As quatro horas se passaram voando enquanto dilacerávamos todos os assuntos possíveis entre nós. Na pauta o susto na noite do leilão, as muitas viagens de Vincenzo, as minhas, o nosso trabalho e a maneira como levávamos a vida, mesmo pensando quase que diariamente um no outro. Ele confessou ter passado bastante tempo se remoendo por não voltar ao Brasil e me procurar para dizer tudo que queria dizer. Quando ele dizia isso, eu só conseguia sorrir. Tê-lo de volta era um cenário surreal e ao mesmo tempo possível.
No elevador do prédio dele nos colocamos em um silêncio anormal. Nos olhávamos e sorríamos cientes do quão importante era aquele momento. Muita coisa tinha acontecido desde a última vez que nós dois estivemos juntos dentro daquele elevador e todo esse tempo fazia eu me sentir como se estivesse ali, de fato, pela primeira vez. Notando minha ansiedade e uma ponta considerável de nervosismo, Vincenzo esticou seus dedos e tocou os meus, ainda em absoluto silêncio. Eu estava de volta ao mundo dele. Diante da porta aberta, ele deixou que eu fosse o primeiro a entrar, como sempre. À primeira vista tudo estava igual mas com a adição de mais alguns objetos de decoração. O chão escuro pesando o ambiente na medida certa, as paredes sóbrias e todos os tons neutros e escuros da mobília. Era como voltar no tempo de mãos dadas com o presente. Ele notou meu olhar em direção à parede de vidro e as cortinas fechadas.
- Faça isso – adivinhou meus pensamentos.
- Posso?
- Deve! – Ele deu um risinho.
Lentamente me aproximei daquilo que eu mais amava naquela casa e abri as cortinas, deixando o cinza lá de fora compor a minha vista. Estávamos exatamente na transição da manhã para a tarde e para nossa sorte aquele seria um domingo preguiçoso. Eu passeei meu olhar pela sala naturalmente iluminada e quando voltei meus olhos outra vez para a cidade, me surpreendi com o queixo de Vincenzo aninhando-se em meu ombro enquanto ouvia suas palavras pronunciadas calmamente na altura do meu ouvido:
- Está chovendo e ainda assim a cidade é apreciável, não é?
- Preciso dizer que eu prefiro assim – respondi.
- Algum motivo em especial?
- O único possível: se estivesse tipicamente quente, como eu iria me manter em seus braços?
- Ah, então é por isso... – ele constatou terminando de lançar minha cintura com seus longos braços. De novo eu estava em segurança.
- O calor é agoniante e hoje eu não pretendo largar você.
- Faço bobeira e ainda assim só saio ganhando. Fiz bem em voltar.
Vincenzo se mostrava um brincalhão de carteirinha agora que estava seguro e rir com suas tentativas de ser engraçado tinham outro significado. Eu girei meu corpo e pousei delicadamente meus braços em volta do pescoço dele enquanto falava:
- Você fez muito bem em voltar.
Eu só poderia terminar aquele diálogo com um beijo. E assim o fiz. Protagonizamos um beijo calmo que combinava perfeitamente com o ambiente frio e a cidade acinzentada como pano de fundo. Esse poderia ser o take final do filme que, paradoxalmente, começava ali.
Eu quase me envergonhei de adicionar intensidade ao beijo e torná-lo insinuativo demais quando ele parou com alguns selinhos rápidos e sorriu entendendo o que eu queria dizer.
- É isso mesmo que os seus lábios estão dizendo? – Perguntou Vincenzo.
- Parece que sim – eu o respondi num sorriso.
- Espere, acho que ainda não entendi.
E ele me beijou de novo adicionando a intensidade que eu queria. Como pista, pincelei seus lábios com minha língua pegajosa e ele terminou aquele beijo curto com um sorriso.
- Entendi... Você quer exatamente o que eu quero.
Eu conseguia sentir minhas bochechas queimarem. Definitivamente eu parecia um adolescente prestes a fazer algo pela primeira vez. Mas por outro lado eu não era e nem queria ser aquele garoto com todas aquelas questões mal resolvidas. Eu tinha me tornado um homem e a presença de Vincenzo tão segura e madura em meus braços reforçava isso.
Ele não precisou de muita força para me pegar em seus braços e me tirar dos meus próprios pensamentos. No ar, sua mão embaixo da minha coxa dizia que ele me queria entrelaçado ao corpo dele. Não demorei e lacei sua cintura com as coxas que ele segurava. Não precisamos também de muito tempo para chegar ao banheiro, assim como também não precisamos de muito esforço para nos vermos livres de nossas próprias roupas. Ele ligou o chuveiro e a água caiu primeiro sobre meu corpo que era notoriamente menor que o dele. Ele sorria me vendo molhado e eu me esforçava para não me constranger com seu olhar devorador. Seu membro já apontava, duro, em minha direção e o meu forçava o vão entre meus dedos, tentando se livrar da minha mão.
- Velho demais e meu demais para constrangimentos, não acha? – Ele perguntou mantendo aquele olhar que dizia muito enquanto brincava com as palavras.
Eu entreguei um sorriso confortável ao meu homem e liberei meu membro molhado e inchado que quase saltou na direção dele. Seus olhos corriam todo meu corpo enquanto a água escorria por minha pele, satisfeita. Não contive um suspiro pesado quando, tão próximo de mim, ele estendeu sua mão e agarrou meu membro que gritava por ele.
- Meu demais – ele repetiu em um sussurro antes de enfiar seu rosto em meu pescoço.
- Seu demais – eu concordei.
Eu estava literalmente na mão dele. Não havia retorno e se existisse, eu faria questão de não tomá-lo. Se existia um lugar onde eu queria estar, era exatamente nas mãos de Vincenzo.
Sorri excitado quando ele escorregou aqueles dedos espertos pela minha virilha molhada e tão logo chegaram no final do vão entre minhas nádegas. Meu pau era pressionado pelo antebraço dele e seu toque era preciso e carinhoso, mas ainda assim invasivo, pois há tempos ninguém percorria os terrenos que ele redescobria. Eu lacei com força o corpo dele mostrando-o o quanto aquele toque me desmontava.
- Calma – ele sussurrou enquanto lambia meu pescoço. – Eu sei do que você precisa e farei o impossível para ser perfeito.
Eu só consegui soltar um gemido que não significava nenhuma palavra em específico, mas dizia muito do que eu sentia. Agilmente e provocado pelo gemido sofrido, ele girou meu corpo e pressionou minhas costas sobre o corpo dele. Completamente molhados, nosso corpo grudava em uma aderência incrível. Nossas peles tinham a textura perfeita para o encaixe uma da outra. Ele me mantinha ali com força e eu adorava sentir seu pau, violentamente duro, ameaçar invadir meu corpo. Permanecemos assim todo o resto do banho. Com seu próprio sabonete ele esfregou meu pescoço, minhas costas, o interior das minha nádegas, minhas coxas e o sensível interior delas. Nos enxaguamos e eu só pude me virar quando o serviço estava feito. Eu sentia que ele queria fazer isso há tempos. Seu cuidado vinha de outra época, de quando eu era só um garoto curioso. Ao desligar o chuveiro ele me estendeu um roupão de textura tão macia que fazia meus dedos afundarem nele. Já vestindo em seu roupão, ele segurou minha mão e caminhamos para fora do banheiro.
Vincezo voltou da cozinha e me encontrou sentado na cama. Sua aproximação vagarosa me preparava para o que pretendíamos fazer. Em pé á minha frente, ele sorriu e encaixou seus dedos em minha nuca úmida, levando meu rosto para sua virilha. Ele cheirava incrivelmente bem quando meu nariz encontrou o roupão. Eu cheirei e acomodei meu rosto na região do corpo dele que mais pulsava ao mesmo tempo que eu arrastava meus dedos pelas coxas firmes até chegarem em sua virilha quente. Ansioso, agarrei seu membro que era tão meu e apertei sua base, fazendo-o ficar ainda maior. Ele suspirou ali de cima e abriu seu roupão para mim para logo em seguida deixá-lo cair aos seus pés. Naturalmente eu sabia o que precisava fazer. Beijando suas coxas, eu tratava de aproximar muito lentamente do membro que pulsava e beijei a cabeça dele, deixando ainda mais molhada. Ouvi um gemido que claramente pedia por mais. Guloso, eu enfiei aquilo tudo em minha boca deixando minha língua áspera por baixo dele e nesse exato momento as duas mãos de Vincenzo forçavam suavemente meu rosto contra sua pele. Eu estava chupando-o. Eu estava engolindo tudo que eu podia e ele se deliciava com isso. Inevitavelmente intensificamos o que fazíamos e eu o chupava com força, sugando-o com toda minha sede. Minha saliva quente se misturava ao sabor suave dele e não demorei a senti-lo foder meus lábios com um desejo que eu adorava causar. Eu conseguia controlar todas as tentativas do meu corpo de querer expulsá-lo de dentro da minha boca e isso me fazia liberar uma quantidade massiva de saliva. Eu agarrei o saco dele e o chupei com força quando tirei seu pau da minha boca. Ele falava entre gemidos e suspiros:
- Você... – uma pausa para respirar. – Você é muito gostoso!
Antes que eu pudesse responder ao elogio, ele me deitou de bruços sobre a cama e eu o ajudava a tirar meu roupão. Meu corpo limpo e insinuante estava então livre para o uso dele. Entre minhas pernas sensualmente abertas, eu não o senti se mover.
- O que foi – eu disse acomodando minha meu rosto no travesseiro dele.
- Sua bunda – disse num sussurro.
- O que tem minha bunda?
- Ela... Ela é a coisa mais bonita de todos os mundos.
Eu sorri e me empinei um pouco. Eu não perderia a chance de provocá-lo ainda mais.
- Quer ela pra você?
- Você me daria? – ele perguntou pousando suas mãos em meus quadris.
- Tome, ela é sua!
- Toda minha? Todinha?
- Inteiramente sua – eu disse em um risinho sacana.
- Delícia – eu sussurrou antes de enfiar seu rosto entre minhas nádegas.
Num susto, eu estava ainda mais empinado. Rápido, vários beijos foram depositados ali e logo sua língua quente e muito molhada passeava por toda minha entrada, a primeira e única barreira que o separava do meu âmago. Laçando minha cintura, o braço dele fazia meu quadril ir ainda mais alto e de encontro ao seu rosto que estava socado em minha bunda. Ele me chupava com gosto e sem medo de parecer vulgar demais, eu gemia sem vergonha alguma e sem medo se parecer entregue. Era exatamente isso que ele queria de mim: a entrega única que o nosso sexo explicitava.
Somente com aquelas chupadas eu já me sentia suficientemente molhado e aberto para ele, mas não satisfeito, ele me preparava com um e logo em seguida alguns dedos. Ele me penetrava suavemente e causava arrepios em partes do meu corpo que eu nem sabia que existia. Eu aumentava o nível dos meus gemidos em cada investida de sua mão no interior das minhas nádegas. Ciente disso, ele parecia querer enfiar seu braço em mim para que eu gemesse cada vez mais euforicamente.
- Vince... – eu sussurrava. – Eu gosto disso, mas eu quero... eu quero seu pau dentro de mim!
- Você quer, meu Caio?
- Eu preciso – eu disse em um murmúrio sofrido.
- Seu desejo é uma ordem.
- Vem!
Minhas reivindicações foram prontamente atendidas e num segundo ele estava se encaixando sobre meu corpo. Seu peitoral em minhas costas já suadas, suas coxas firmes e duras entre as minhas suaves, seu quadril junto ao meu, sua virilha em minha bunda e seu pau cravado entre minhas nádegas molhadas. O barulho que ele fazia ao roçar minhas barreiras era tão presente que eu parei de respirar para ouvir.
- Assim, meu Caio?
Sua voz saía praticamente dentro do meu ouvido, pois seus lábios estavam colados na minha orelha.
- Exatamente assim – eu o respondi.
- Eu não consigo explicitar o quanto eu sonhei com isso.
A confissão dele me fez rebolar suavemente para ele.
- Seu corpo diz.
- Ele diz... – repetiu em um sussurro.
- Ele me confessa tudo que eu preciso saber. – Minha voz era abafada pelo travesseiro.
- Qual a maior dessas confissões?
Eu virei meu rosto e me esforcei para mirar os olhos dele. Havia nele uma expressão de prazer que poderia me fazer gozar naquele exato momento sem ao menos tocar em meu pau. Eu rocei meus lábios nos dele enquanto falava.
- Ele diz que você quer me foder do jeito que só você sabe.
- Eu quero. – A fala dele era falhada e fraca. Eu gostava daquilo.
- Então me fode. Me coma sabendo que sou seu.
- Inteiramente meu – ele sussurrou enquanto me penetrava calmamente.
E finalmente ele tomou posse do meu corpo que era unicamente dele. Preso entre o lençol macio e o membro invasor de Vincenzo, eu só poderia me abrir e permitir que ele se afundasse em mim. Meu corpo sabia que ele não era um inimigo e permitia que ele fosse tão fundo quanto quisesse ir. E lá estava ele na parte mais quente e profunda. Eu abafei um gemido alto quando sua virilha tocou minha pele avisando que não tinha mais nada do lado de fora. Sem barreiras, tudo doía ao mesmo tempo que queimava. Eu estava tão aberto para ele que sentia meu interior se adaptando ao que permanecia ali dentro. Majestosamente aquilo tudo que pulsava e me machucava saiu para depois entrar novamente, rompendo o que mais estivesse pelo caminho. Eu estava me contorcendo de prazer ao sentir a dor do sexo dele. Somente senti o real tesão quando ele começou a rebolar. Seu corpo inteiro se movia e fazia o meu seguir o ritmo do dele. Seus movimentos eram perfeitos e tão coordenados, que eu precisava intitular aquela como a dança mais bonita que eu já vira. Os pelos do seu peito roçavam minhas costas da mesma forma que os pelos de suas coxas faziam quando estavam entrelaçadas às minhas.
Não demoramos ali naquela posição e logo ele me guiou para outro momento. Entre minhas coxas, meu pau babado e rudemente duro roçava a barriga gostosa de Vincenzo, que forçava ainda mais seu corpo sobre o meu. Eu abracei seu corpo com minhas pernas e me mantive aberto para o membro que tornava a entrar em mim ocupando os espaços que lhe pertenciam. Ele se esforçava para manter os olhos abertos enquanto me olhava e eu soltava gemidos baixos, mas absurdamente sensuais e arrastados. Quando enfim caiu sobre meu corpo, seu rosto foi direto para o calor do meu pescoço. Eu o confortei ali como se ele sofresse ao me penetrar com sua força cuidadosa e infinitamente amorosa. Ele gemia em minha pele como somente um verdadeiro homem pode fazer e eu o abraçava sentindo o quão inteiros e pertencentes um ao outro éramos naquela dança. Com os movimentos viris daqueles quadris firmes, a barriga dele acabava masturbando meu membro e inevitavelmente eu gozei em uma explosão súbita de gemidos graves e indecentes. Isso o forçava a mordiscar a pele dos meus ombros, mas quando não estava fazendo isso, era sua língua molhada e escorregadia que eu sentia.
- Eu vou gozar – ele se apressou entre uma das másculas estocadas.
- Goza pra mim, Vince! Faça isso – eu quase implorei.
Com pressa ele tirou seu músculo das minhas entranhas e imediatamente sofri com a falta que ele fez. Eu quis masturbá-lo, mas seus dedos apertavam o membro com uma violência tão bonita e excitante, que eu preferi assistir ao show e esperar pela explosão magnífica que ele me proporcionaria. Como esperado, ele apertou os lábios e respirava pesadamente quando o primeiro jato daquele líquido divinal atingiu minha barriga. Ao som de gemidos e uma respiração furiosa, os outros jatos saíram em igual pressa e caíram sobre meu corpo, ainda escaldantes. Vincenzo se contorcia intensamente em cima de mim e eu quase gozei novamente, apenas assistindo-o. Sem qualquer força que o segurasse, ele desabou e seu membro ainda ereto foi parar direto entre minhas nádegas outra vez. Seu rosto colado ao meu peito suado e molhado de esperma era a minha realização daquele dia. Ainda suspirando e gemendo baixinho, ele beijou e chupou carinhosamente meus mamilos.
Ao se arrastar pelo meu tronco, seu rosto alcançou a altura do meu e eu sorri quando ele se ajeitou sobre mim. Eu apertei seu queixo, forçando em seus lábios um bico bonitinho para receber meus beijos brincalhões.
- Não morra agora, por favor – eu fingi implorar.
- Nem se os deuses quisessem. – Disse rindo. – A sua intensidade me alimenta. Eu já disse isso?
- Disse agora, mas vou adorar ouvir de novo.
- A nossa intensidade é meu alimento. – Ele repetiu, apaixonado.
Eu o beijei novamente ao mesmo tempo que movia meu quadril permitindo que seu membro ainda incrivelmente duro se alojasse outra vez em mim, agora com mais facilidade.
- Eu ainda sinto saudades suas, acredita?
- Eu continuarei dentro de você até foder essa saudade inteira, e quando isso eu fizer... – ele deu uma pausa para colar seus lábios nos meus antes de continuar - ... Eu a manterei tão longe daqui, que nenhum resquício dessa infeliz ousará permanecer em seu corpo. Ele é meu agora.
Eu sorri guardando cada palavra dentro de mim e me encaixei novamente naquele quadril que fazia minha alegria.
- Você é ridiculamente romântico, sabia?
- Ridiculamente? – Ele riu.
- Ridiculamente – eu reafirmei. – Mas eu amo isso.
Nosso riso, ou o meu especificamente, logo se transformou em um gemido. Variando as posições e a forma como movíamos nossos corpos, nos tornando cada vez mais lentos, transamos mais algumas vezes. A tal intimidade que aparecia sem surpresas, fazia com que ele entendesse quando precisava ir com mais calma e quando poderia pegar mais pesado, ou quando eu deveria apertá-lo com toda minha força e quando cabia lambe-lo carinhosamente. Inacreditavelmente gozamos em todas as transas e somente paramos quando eu não aguentava mais Vincenzo dentro de mim. A dor de afirmar que teríamos que parar conseguia ser mais insuportável que a dor do meu corpo massacrado amorosamente por ele e seu membro insaciável.
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Somente ao sair do banheiro que eu lembrei ter deixado a mala dentro do carro de Vincenzo. Tomei a liberdade de procurar as gavetas onde ele guardava os shorts e vesti exatamente a peça que ele me emprestara da última vez que eu estive em sua casa. Lá fora o dia se despedia e a noite chegava mansinha e só aí eu notei que tínhamos passado o dia na cama entre transas, conversas e carinhos infinitos. Sem dúvidas era uma ótima forma de matar toda a saudade que nutríamos um do outro.
Um cheiro sedutor de carne e legumes invadia o quarto e se misturava ao frescor do meu banho. Isso só poderia ser um convite de Vincenzo. Sendo guiado pelo cheiro como num daqueles desenhos animados, eu descia a escada e ainda na metade dos poucos degraus vi a movimentação dele na cozinha. Eu me preparava para pisar no último degrau quando meu corpo me mostrou que já sofria das consequências da intensidade daquela tarde. Eu reclamei muito sonoramente ao sentir um leve ardor na parte mais íntima das minhas nádegas. Atento e cuidadoso além de todos os limites, Vincenzo me viu vacilar ali ao final da escada e correu ao meu encontro. Suas mãos grudaram em minha cintura e dramaticamente eu me segurei nele apenas para não deixá-lo sem graça.
- Acho que alguém pegou pesado. – Eu ri.
- Ai meu deus, desculpa – ele disse ajeitando meu cabelo molhado com a ponta dos seus dedos.
- Como é? Não peça desculpas. Eu vou adorar sentir todas as dores causadas por isso aqui – eu disse levando minha mão até a virilha dele, tomando seu membro inteiro com meus dedos.
- Não faz isso. Não agora – implorou.
- Nem andar eu consigo, irei eu te provocar pra quê?
Ele riu e segurou meu queixo em um beijo calmo.
- Vem, tem comida pra gente.
- Você na cozinha? – Eu perguntei me aproximando do balcão que separava os ambientes.
- Mas é claro – ele me convenceu.
Em uma frigideira, cubinhos de carne douravam enquanto Vince despejava vinho sobre eles aos poucos. Em outra panela legumes já estavam cozidos e esperavam para serem servidos.
- Parece delicioso – eu presumi.
- Parecem e estão. Porém sabemos quem é mais gostoso aqui.
- Vem aqui, bonitão!
Eu o seduzi e ele se inclinou sobre o balcão para outro beijo rápido.
“Ridiculamente romântico” eu reafirmei antes de vê-lo sair gargalhando para a montagem dos pratos. Não demorou e logo sentou à minha frente nos bancos altos que também estavam dispostos daquele lado do balcão. No prato, uma cama colorida de legumes guardavam pedaços de carne perfeitamente dourados. Ele me serviu uma taça de vinho enquanto eu me perdia na elegância daquela combinação.
- Que sorte a minha!
- Que sorte a minha – ele repetiu sorridente.
Eu provei os primeiros pedaços enquanto ele me observava, nervoso.
- Se não estiver comível, não minta...
- Está perfeito – eu quase o interrompi. – Você é perfeito! – Completei.
- Seu exagero quase me convence.
- Você é perfeito – eu sussurrei mirando os olhos amarelo esverdeados do meu homem.
- Agora estou convencido – ele admitiu em um riso antes de tomarmos um gole do vinho.
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A cama era ainda mais confortável quando estávamos aninhados. Após o jantar e sem condições algumas de “existir”, apenas nos jogamos na cama e vimos um ou outro documentário que passava aleatoriamente em um desses canais sobre bichos selvagens. O cansaço da viagem, do retorno e do que tínhamos feito do nosso dia, fazia com que Vincenzo pescasse enquanto seus dedos afagavam meus cabelos em um carinho delicioso. Eu sentia ele dormir toda vez que seus dedos escorregavam e depois voltavam para o lugar que inicialmente estavam. Eu girei meu corpo e enfiei meu rosto no peito dele. Aquele era meu lugar favorito no mundo.
- Dorme logo, velhote!
Ele riu sonoramente e abraçou meu corpo, entrelaçando nossas coxas e pernas em um nó que só nós sabíamos como desatar.
- Antes eu preciso agradecer.
- Pelo quê exatamente?
- Por você me permitir ficar.
Eu sorri e beijei seu peito que me acomodava tão cordialmente.
- Eu que deveria te agradecer por voltar.
- Não... Não... No fundo só fizemos o que tinha de ser feito, não é? Afinal, se não fosse hoje, seria amanhã ou depois, não sei... Mas um dia nos encontraríamos.
“Porque não era só uma noite” eu o ouvi dizer a mesma frase que eu tinha dito na noite anterior, ainda em Paraty. Era o que eu precisava para deixar mais um beijo no peito dele e fechar meus olhos. A sensação de conforto faria o sono chegar em uma fração minúscula de segundos. Nada de pensamentos impertinentes, nada de sonhos malucos, nada de desassossego. Aquela noite tinha todos os ingredientes necessários para me fazer experimentar a paz que somente outro corpo poderia dar.
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É sério, eu amo os comentários de vocês e adivinha quem já mudou a forma de respondê-los? Isso mesmo, euzinho! Influenciado pelo Jades, percebi que responder ao final dos capítulos é muito melhor. Então lá vai:
AllexSillva, aaaaaaaaaaaaaah! Gostou mesmo do encontro? Então tô satisfeito. Já posso respirar, então.
Ru/Ruanito. oba! ;)
Jades, eu não sei lidar com suas suposições, mas gosto delas. haha Que bom que você gostou do encontro. Ufa! Vem mais coisa por aí? Talvez. Vai ficar aí para acompanhar, né? Espero que sim, moço!
Bagsy, acho que a reconciliação que você queria tá aí. Espero que goste. E Caio foi mole mesmo, mas ele é assim mesmo, fazer o quê. haha Só espero que continue aí para os próximos acontecimentos. Ou não, né? A gente nunca sabe qual será o próximo passo. :O