Praga - o novo mundo - Capítulo 2 - Um presente de Praga

Um conto erótico de T.B
Categoria: Homossexual
Contém 2305 palavras
Data: 15/11/2016 19:32:13

Capítulo 2 - Um presente de Praga

Andar durante tantos anos sem um destino certo não é nada agradável. Ter uma cama para descansar e um chuveiro com água quente era um desejo doentio… haaa água quente. Mas essas são as opções: ou você vira um andarilho ou morre.

Sempre quando caminhamos, Bob vai “abrindo caminho” e eu apenas acompanho, afinal de contas depois de tantos dias de caminha os assuntos acabam. Sem contar que falar freneticamente, além de acabar com a energias, deixa o Viking sem paciência.

-Sente falta de algo específico, nobre cavalheiro? - digo tentando chamar a atenção do Bob que agora se encontrava a cinco passos a frente.

-Do silêncio… - responde ele.

Você provavelmente está sentindo que Bob me odeia, não? Eu também pensaria assim se não o conhecesse.

-Na verdade sinto falta de algo alcoólico, bem forte… - continuou Bob com os olhos brilhando, como os de uma criança quando almeja um brinquedo na loja - Algo que me faça cair na cama e esquecer tudo isso.

-Tudo mesmo? - digo eu tentando o fazer perceber que, com TUDO, ele acabou me incluindo.

-Claro… não tudo. Eu ainda amo esse céu quando anoitece.

Você percebeu? Não me diga que não? Esse é o jeito de Bob falar que me ama, nunca falando Hahahahaha. E quem pode culpá-lo por isso, depois que o mundo se tornou um caos mostrar o seu amor por uma pessoa acaba sendo uma desvantagem.

Colônias e vilarejos isolados se tornaram a única forma de sobrevivência para grandes grupos. Foi uma forma de encontrar sossego após a criação de Praga.

Eu estudei todas as grandes guerras que os seres humanos criaram no passado, antes de sua evolução de ideal. A segunda guerra mundial, assim como outras, mostrou o lado mais selvagem dos seres humanos e sua ações me deixaram de estômago virado - para alguém que estava vivendo em um esplendor de mundo na época.

Um senhor de idade avançada uma vez me contou uma história dos campos de concentração da segunda guerra mundial. Mulheres e crianças judias eram colocadas em uma fila à espera de seu terrível destino oculto. Enquanto aguardavam, as mães - muitas vezes - tinham seus bebês retirados dos seus braços.

Uma alma inocente, uma criança que não se quer tinha a capacidade de resistir, nem se quer correr. Os soldados apanhavam aqueles pequenos seres tomando a força de suas progenitoras, os gritos de dor já nesse momento eram agonizantes.

Os soldados usavam os espetos de suas armas para apunhalar os pequenos e jogavam para seus colegas como em um jogo doentio, como se aquilo lhes dessem um prazer enorme.

Pelos Deuses, sinto-me culpado apenas por pensar nisso, malditas lembranças que surgem sem aviso.

Agora, em um mundo sem lei, esses eventos não mais se encontram extintos, e infelizmente parece que os humanos de hoje encontraram suas inspirações no passado. A poucos meses atrás passando por um grupo de andarilhos - sendo que a maioria era de idosos e doentes, um grupo não muito cobiçado pelos saqueadores - ouvimos histórias de uma colônia que foi exterminada durante a noite, usaram a filha do líder para adentrar o local.

Eles alegavam que só queriam participar do grupo… pobres coitados, dizem até que seus corpos foram pendurados onde era a colônia e depois tudo fora incendiado.

O amor de seu pai trouxe a ruína não só a menina mas a todos que a conheciam. Talvez Hollywood tenha deixado essas cenas no pós crédito, não é mesmo?

Deve ser por isso que Bob nunca havia gritado aos quatro cantos que me amava, mas isso não escondia o verdadeiro fato… ele sempre irá me amar.

-Sabe de uma coisa…- digo eu correndo e abraçando Bob por trás - você anda muuuuuito tenso ultimamente.

Bob poderia ser o mais carrancudo o possível, viver dando coices e patadas… mas eu sabia exatamente qual era seu ponto fraco - andar tantos anos com uma pessoa nos faz descobrir fatos excitantes dos outros.

-Eu aprendi muitas coisas na guerra - enquanto falo e me aproximo de sua orelha direita minhas mãos envolvem sua cintura e o aperta. -Principalmente quando um colega grita por ajuda.

Olhando seu rosto por trás eu vejo que Bob fecha seus olhos, ele havia relaxado. Aquilo sim era excitante, ver um deus irado se render apenas com um abraço apertado - o fim do mundo nos deixa sedento por um alívio.

Apenas para confirmar eu sussurro em seu ouvido como se não me restasse ar o suficiente para duas palavras “Quer?”, mordendo os lábios inferiores Bob apenas consente. Com apenas uma mão eu levo a cabeça do deus grego em meu ombro enquanto seu pescoço fica amostra.

Que cena, encher aquele pescoço de beijos se tornou uma obrigação e como resultado eu obtenho pequenos suspiros… sem chance, meu membro se torna rígido. Antes era só para provocar mas agora eu me interessei em continuar.

De forma inocente eu retiro sua mochila e deixo ao lado, juntamente com a minha - nada de empecilhos, eu estava gostando do rumo.

Com delicadeza eu seguro sua cintura novamente mas dessa vez eu deixo ele sentir meu entusiasmo.

-Que isso soldado… - responde Bob em resposta a saliência.

Como se quisesse demonstrar interesse Bob segura minha mão e desce até sua virilha indo de encontro ao seu volume… e que volume. Porém o que mais me atraia nele era a sua região de tórax e abdômen. Parece que a falta de comida e as horas de treino para auto defesa valeram a pena afinal.

Levo um susto quando Bob se vira repentinamente me agarrando com força, um limiar entre o excitante e o cruel, levando os seus lábios sedentos até meu ouvido e sussurra:

-Até que não é uma má ideia… pra mim.

Aquele homem sabia ser provocante em pleno apocalipse, e sua barba raspando na lateral do meu rosto fazia com que cada pelo do meu corpo se arrepiasse. A seguir me beija com tanto empenho que em poucos instantes me falta o ar.

Nossos corpos anseiam para que nos toquemos. Tiro minha camisa sempre encarando Bob, como se o estivesse desafiando para um combate - e quem sabe isso não aconteça.

Para ser mais interessante eu me afasto, cubro o asfalto e deito.

Aquela visão daquele predador me olhando de cima era quase o suficiente para alcançar o orgasmo.

De forma lenta e sedutora ele começa a tirar a sua regata branca que antes mesmo já desenhava seu cerne irresistível.

Caminha até meus pés e se aproxima, sobe de forma a ficar entre as minhas perna. Com pequenos beijos ele trilha meu abdômen, segue até meu pescoço e em frente aos meu lábios ele para.

-Talvez eu não tenha dito isso com muita frequência, mas… você é tão gostoso.

Nós dois caímos na risada.

-Estava tão excitante, porque acabar com isso? - digo expressando minha decepção com um pouco de charme.

Bob, sem avisar desce sua mão por dentro da minha calça e começa a apertar com desejo meu membro.

-Não seja por isso, eu posso compensar - responde com uma voz ofegante de quem ainda possuía o desejo em suas veias.

Era mais do que excitante, era o auge do prazer. Eu conseguia sentir sua mão explorando cada parte da minha animação, seus beijos eram tão intensos que eu sentia que iria perder todas a minhas forças - foi até uma boa ideia deitar antes de tudo, desmaiar não era parte dos planos.

Nesse momento Bob retira a sua mão e se ajusta de forma a ficar sentado em cima de mim, montando de forma sensual, se não fosse aquelas roupas seria uma posição ideal.

Que visão, aquele tórax e abdome já reluzentes causados pelo suor do momento.

Em meio a todo aquele cenário de uma estrada deserta e escura, com nuvens cinzas de forma a aliviar o sol, aquela beleza contrastava de forma imperativa me transportando ao olimpo.

Descendo a mão pelo tórax como se desenhasse um caminho reto com destino a virilha ele coloca a mão dentro de suas calças, apertando o seu membro com vontade. Sua outra mão explorava seu peito e ainda olhando para mim ele morde seu lábio inferior e levanta sua cabeça dando um alto urro de prazer.

-Isso sim é covardia… - digo me sentindo seduzido e conquistado.

-Você não viu nada, eu também aprendi algumas coisas soldado…

Sem aviso Bob avança segurando as duas mãos acima da minha cabeça e forçando um beijo mais do que violento, no estilo Bob - se é que eu posso dizer.

Eu senti meu coração disparar enquanto o predador executava pequenos movimentos com o quadril fazendo com que nossos membros se tocassem de forma delirante.

A pressão que seu corpo fazia sobre o meu era a melhor sensação, aliada a agressividade que Bob aplicava sobre seus movimentos… era o paraíso.

Consigo soltar uma de minha mãos levando a sua costas e agarrando com a unhas como um animal protegendo sua caça.

Arranho com uma certa força, não para tirar sangue mas o suficiente para chamar a atenção dele.

Bob para e olha sorridente para mim, como se aprovasse o gesto sensual e doloroso.

Desço minha mão seguindo sua coluna até chegar ao seu glúteo… - mais uma vez, obrigado fim do mundo.

Eu via no olhar dele o desejo para o próximo passo e aquele meu último movimento foi a gota d'água. Ele queria mais, e a partir daquele ponto não havia como pará-lo, era como uma máquina de sedução e te puxava para junto dele sem deixar frestas para escape.

Então eu resolvi me entregar ao prazer e relaxei. Bob já planejava os passos seguintes, mas ainda mantendo a posição como forma de agrado. Era puro êxtase, prazer e paz. Bob era tão feroz nos beijos e carícias que só de imaginar a próxima cena eu aperto com força o seu glúteo másculo em sinal de que iria acabar por ali mesmo.

-Vai com calma, não vai querer que acabe agora - Bob chama a atenção sorrindo.

Algo me tira das minhas imaginações e desejos para o futuro. Imagens excitantes que eu planejava realizar a daqui alguns minutos foram rasgadas e eu abri meus olhos interrompendo meu eterno beijo com o Bob.

Os gritos dos saqueadores eram a última coisa que eu desejava ouvir naquele momento.

Os sons de suas motos e carros eram acompanhados de algazarra e zombaria.

Eu segurei o rosto de Bob que insistia em continuar a beijar meu pescoço, levanto meu olhar de forma a visualizar a retaguarda… não deveria ter imaginado a paz, parece que isso os atrai.

-Inferno… - digo eu tentando me levantar.

-Calma, eu não cheguei no auge ainda amor - disse Bob tentando me colocar de volta no chão sem ter percebido o que estava acontecendo.

-Droga Bob… levanta - grito com ele empurrando-o, e que percebe rapidamente a situação.

Ambos pegam a suas mochilas que já se encontravam a alguns passos de distância enquanto os zumbidos dos tiros passam entre nós dois. Tudo a partir de então foi em câmera lenta.

-Para a floresta, corre… - gritou Bob me puxando.

-Ei… eu também quero participar, esperem - gritou um dos arruaceiros mirando para atirar.

Era uma virada repentina, em um minuto estávamos no mais altos níveis de prazer e agora estamos correndo pela nossas vidas. Parece que é isso que Praga nos oferece em um dia “normal”.

Os saqueadores atiraram contra a floresta e alguns desceram de seus carros para tentar nos cercas. Aqueles sons, tiros e gritarias despertavam uma lembrança que insistia em aparecer, mas esse não era a hora.

Tudo acontecia tão devagar mas ao mesmo tempo tão rápido… aquilo não deveria estar acontecendo, não poderia.

Meu coração estava batendo tão forte que eu senti que não iria conseguir respirar em questão de minutos.

Um fato havia chamado minha atenção, Bob estava sem camisa, parece que no desespero pela vida ele havia esquecido e eu surpreendentemente estava vestido - como isso aconteceu, não me pergunte.

Continuamos a correr sem parar, olhando rapidamente para trás eu vejo que havíamos nos distanciado da estrada porém um lunático com uma pistola nos perseguia incessantemente, seus gritos eram perturbadores e sua insanidade era aparente.

-Ei… esperem, eu tenho algo para vocês também safadinhos.

Agora tudo se silenciou. E apenas um barulho fez se ouvir, tão evidente e tão alto que ecoou em minha mente por uma eternidade. Uma parte de mim parecia saber o que acontecera.

Mais uma vez um presente de Praga.

Olho para o lado e vejo o Bob ficando para trás e caindo.

Eu sinto como se o mundo desabasse sobre meu peito, como se eu fosse jogado em um mar gelado e - como uma criança que não sabe nadar - começasse a me afogar enquanto a água gelada paralisa todos músculos do meu corpo.

Por algum motivo eu ainda continuava a correr. Olhar para Bob sendo deixado para trás foi a pior sensação que eu já senti. Meu corpo queria desistir, minha mente recusava a realidade e cada segundo imprimia a pior dor do mundo.

-Haaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa…

Um grito a distância. Meu corpo diminuiu o ritmo, como se soubesse o próximo passo. Um tiro. Desconfiança que agora eu tinha certeza. A realidade doi, mais não avisaram que era tão forte. Sabendo o que havia acontecido eu paro de correr. Não havia mais energia dentro de mim, aquilo não deveria estar acontecendo. Por fim eu caio de joelhos, sem aparentar motivos para correr ou ficar de pé.

-Por favor, Bob, por favor…- eu digo entre as lágrimas e o soluço.

Pouco me importava se o lunático iria me alcançar, não sentia nada… nada.

Apenas dor, não física, emocional. Todo aquele peso, a falta de ar e o choro me fazia sentir um misto de leveza e inferno.

Tudo começa a ficar escuro, eu não sinto mais controle dos meus músculos e antes de desmaiar eu ainda tenho um suspiro final… “Bob…”.

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Comentários

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Que triste cara! Será que o Bob morreu mesmo? Espero quê td fique bem .

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