17h15 “Oi”
Oi? Número desconhecido. Na dúvida, não respondi. Cinco minutos depois…
17h20 “Não vai responder? É o Caíque.”
17h21 “E como descobriu meu número?”
17h21 “:)”
17h22 “Descobrindo ha ha”
17h22 “¬¬”
17h23 “Para de graça, viadinho haha”
17h23 “Viadinho? Que eu me lembre, quem te comeu fui eu :)”
17h23 “E comeu muito bem.”
Ual.
17h24 “Tá mais soltinho, agora né?”
17h45 “Olha, desculpa. Sério. Ninguém sabe de mim, fiquei com medo, encanado, fui um otário. Deveria ter dito isso na sua casa, enquanto a gente tomava banho… mas, cara, merda, eu vou me arrepender, eu sei, mas vá lá: eu adorei você. Muito. Desde a hora que te vi no clube. Fiquei louco. Sério. Mal acreditei quando me chamou para ir na sua casa. Desculpa”
Porra. Fiquei sorrindo para o teto, relembrando daquela manhã, sem saber o que pensar. Me distraí tanto que esqueci de responder.
17h58 “É, não deveria ter dito nada. Desculpa”
17h58 “Não”
17h58 “Espera”
18h01 “Eu te adorei. Foi maravilhoso. VOCÊ é maravilhoso. E sim, é um otário ha ha ha”
18h01 “Isso quer dizer que vai rolar de novo?”
18h02 “Talvez”
18h02 “VAI SE FODER, VIADINHO hahahaha tenho que ir agora, minha irmã tá querendo trazer unas amigos para cá. A gente se fala depois. Beijos.”
18h03 “Beijos, seu lindo”
18h04 “Haha”/ “<3”
Eu mal podia acreditar. MERDA! Minha cabeça estava mais confusa do que nunca. Fabrício. Luís. E agora Caíque. Resolvi tomar um banho frio para refrescar as ideias. Mal tinha entrado no banheiro e meu celular tocou.
- Opa, Pedro, beleza cara? Tá sumido, hein.
- Fala Marcelo, sussa fio?
- Tranquilo… hein, bora colar lá na casa da Bá agora?
- Bá, que Bá cara?
- Porra, a Barbara Trentin, loira, magra, gostosa pra cacete. Tô querendo pegar ela hoje. Vai mó galera.
- Porra mano, e a Jéssica?
- Ah, cansei ferinha. Muita enrolação. Mas bora lá, leva a Fer.
- Ah cara, tô mais com ela não.
- Shi muleque, melhor ainda. Vai uns caras, mas a maioria é mina da Bá. A maioria barangada, haha, mas tem umas gostosinha fácil. Bora, os pais dela foram viajar.
Bom, não tinha nada para fazer e não tava nem um pouco afim de ficar em casa sozinho esquentando a cabeça pensando nos problemas que tinha arranjado. Beber um pouco e pagar de hétero ia me ajudar a espairecer as ideias.
- Fechô. Cê passa aqui?
- Tá, uns 20 minuto tô aí.
- Falow.
Terminei o banho rapidão e fui me vestir. Calça jeans clara, camisa polo verde, corrente de prata, boné e sapatênis. Fechei a casa e fiquei esperando o Marcelo no portão. Uns cinco minutos esperando e ele apareceu em um HB20 preto. Entrei e tive que me esforçar para lembrar que era hétero perto dele. O Marcelo era bombadinho, pele caramelo, cabelo preto curto. Tava bermuda caqui e sem camisa, só de chinelo. Meu pau ficou duro na hora e tentei esconder. Fomos falando besteira até chegar na casa da guria. Ficava do outro lado da cidade, um sobrado enorme, com um quintal gigantesco. O portão tava aberto, dois carros parados na garagem. O Marcelo entrou e estacionou atrás de um sedan dourado que me lembrava alguém. Não consegui lembrar quem era.
Umas vinte pessoas estavam na sala. O rádio ligado, três litros de vodkas, dois whiskeys, um energético e um monte de long neck de Smirnoff estavam numa mesa de centro. Todo mundo já parecia meio bêbado. Fiquei ali por algum tempo, até que precisei ir no banheiro.
- Final do corredor, subindo a esada. - uma menina me respondeu quando perguntei onde ficava.
A casa era enorme. A sala ocupava metade do andar térreo. A escada era larga e pelo menos umas sete portas estavam fechadas no corredor do primeiro andar. Pela janela de vidro, pude ver a piscina iluminada no jardim atrás da casa. Estava seguindo para o banheiro quando uma porta à direita se abriu e alguém saiu, trombando de frente comigo.
- Pô, desculpa…
- Imagina, eu que… Pedro?
Fiquei de queixo caído. Ali, na minha frente, usando apenas um calção e nada mais, sim, ele, Caíque em pessoa.
- Caíque?
- Merda, Pedro, o que você tá fazendo aqui?
Out. Ele parecia verdadeiramente irritado. E isso me magoou mais do que seria saudável admitir.
- Meu amigo me trouxe, uma tal de Bárbara o chamou.
- Ah, merda.
- Peraí – finalmente entendi – ela é sua irmã?
- Touché.
Mas que maravilha. Eu tentando fugir das minhas preocupações correndo direto para os braços delas – ou assim eu esperava rs. Caíque estava verdadeiramente constrangido. Coçava a cabeça e olhava para os lados. Porém, não pude deixar de notar a ereção de formando por baixo do calção. Melhor ainda foi notar que eu não era o único a evitar o uso de cuecas em casa.
- Bom… - comecei – deixa eu ir no banheiro, to apertadasso.
Abri a porta sem esperar uma resposta do Caíque. Deixei a porta aberta e me coloquei atrás do vaso, de costas para o blindex e de frente para o corredor. Caíque ficou vermelho, olhou para trás e parecia que ia protestar quando tirei meu pau duro de dentro da calça e pus para fora. Comecei a me punhetar levemente, estimulando o mijo. Caíque ficou ali, parado, sem acreditar, sua rola pulsando na barraca armada.
- Ah, Pedro… - ele gemeu baixo.
Terminei de mijar, sacudi minha rola mais do que o necessário e guardei de volta na calça, o volume marcada no jeans apertado.
- Puta que pariu, viu… - disse o Caíque olhando para trás e apertando o caralho quando saí do banheiro.
- Que foi?
- QUE FOI? Cê ainda pergunta.
Eu ri.
- Ah, você ri, né viado.
- Ué, o que quer que eu faça?
Ele sorriu. Tirou o pau para fora e e começou a punhetar.
- Você escolhe.
Não perdi tempo. Me abaixei e abocanhei a rola de Caíque. Chupei ele por alguns minutos enquanto ele gemia baixo, agarrando meu cabelo e forçando minha boca no seu pau. Só parou quando ouvimos o barulho de passos na escada. Ele me empurrou, pos o pau para dentro e entrou correndo no quarto.
Era uma menina que eu não conhecia. Ela subiu cambaleante a escada enquanto eu fingia lhar pela janela o jardim lá fora e falar no telefone. A música foi aumentada lá embaixo e assim também o barulho das conversas. A guria correu para o banheiro e se trancou lá. Ouvi o barulho de vômito e pensei comigo que essa não voltaria para a festa tão cedo.
- Vem cá.
Caíque tinha saído de novo e me puxou para dentro do seu quarto fechando a porta.
- E se alguém me procurar?
- Não vão. Tá todo mundo bebendo desde as 4 da tarde. A uma hora dessas esqueceram até o próprio nome. Nem vão lembrar que você veio.
Ele me abraçou, beijando meu pescoço e apertando a minha bunda. Droga. Minhas pernas tremeram e meu pau explodia na calça apertada.
- Para, olha essa mão. Não vim preparado.
Ele riu e continuou.
- É sério – eu disse, empurrando-o e olhando-o sério. Era verdade. Mas eu não estava preparado emocionalmente para aquilo e isso surpreendia até a mim mesmo. Ser pego de surpresa, depois daquela troca de mensagens, ali, no quarto dele. Meu pau gritava por sexo mas alguma coisa dentro de mim me impedia de continuar.
Caíque sorria a princípio mas algo transpareceu no meu rosto porque ele ficou sério também.
- Ah, tudo bem… se quiser descer…
- Não! Desculpa, não… é só que…
- Tudo bem, sério.
Ele deitou na cama, olhando para cima e eu fiquei parado de pé. Percebi que ele estava chateado pelo volume cada vez menor no seu shorts. Droga, viu. Me virei para sair do quarto.
- Ei, ei, onde você vai?
Virei de volta para ele.
- Eu não quero transar e você está de pau mole, dá para ver que ficou chateado.
- Ah, vei, para com isso. Vem aqui.
- Quê?
Ele revirou os olhos.
- Anda, deita aqui.
Tá, aquilo era estranho vindo daquele menino que horas mais cedo estava cheio de dedos. Ele se apertou perto da parede e eu deitei do seu lado, olhando para o teto. Ficamos em silêncio por algum tempo. Quando ameacei olhá-lo, vi que estava deitado de lado, me encarando.
- O que foi? - eu perguntei.
- Você é lindo.
Meu coração bateu forte e depois pareceu parar por uma eternidade. Senti meu rosto arder. Ele sorriu. Então se aproximou de mim, a mão segurando meu rosto e me beijou. Fiquei sem ar e precisei respirar forte mais alguns instantes mesmo depois dele se afastar rindo.
- Definitivamente, você é lindo.
Então pulou para cima de mim, esfregando a bunda no volume na minha calça e me beijando. Estávamos assim, nos sarrando, quando uma batida na porta nos fez pular.
- Puta merda – eu falei baixo.
- Relaxa… O QUE FOI?
- Vey, tem banheiro aí?
Era o Murilo.
- Não, mano. Na outra ponta do corredor, a única porta. Tem um banheiro lá.
Então ele se levantou e abriu uma fresta na porta.
- Pronto, tá livre – ele falou para mim.
Pulei da cama e fui para sair do quarto.
Ele me empurrou contra a parede, os braços nos lados do meu rosto, e não contive a sensação de deja vu.
- Quando vou te ver de novo?
- Quando quiser – eu soltei.
Ele sorriu.
- Me manda mensagem?
- Sim…
Ele me beijou então, deu um aperto na minha rola e me empurrou para fora.
- Tchau viadinho – e riu.
Eu sorri de volta e voltei pelo corredor. Estava perto da escada quando o Marcelo apareceu.
- Porra, cê tá aí véi
- É. Cara, tô indo, falow?
- Pô, por quê?
- Tá tarde, melhor eu ir.
- Pow, falow então.
Descemos juntos a escada. Saí pelo quintal e liguei para um táxi enquanto ia para fora, esperar na calçada. O taxista chegou rápido e em menos de meia hora estava virando a esquina da minha rua. Ainda estava meio bobo lembrando de tudo o que acontecera naquele dia, quando olhei para frente da minha casa e meu coração pulou no peito. O carro do Luis.
Paguei o taxista e desci do taxi. Luis estava encostado no carro, os braços cruzados e, puta merda, vestindo um uniforme de futsal: meião branco, chuteira preta, calção branco e camisa laranja. O cabelo soado, tudo indicava que acabara de sair de um jogo. Aquilo ia ser mais difícil do que se estivesse vestindo jeans e camiseta. Tentei esconder minha ereção, sem sucesso, quando falei:
- O que você tá fazendo aqui?
- Ué, ferinha, você não responde minhas mensagens, resolvi passar para ver se te encontrava.
- Mas cê tá louco? E se minha mãe aparece…
- Você me falou que ela só volta domingo, esqueceu?
Merda.
- Mesmo assim…
- Cara, não vou ficar te perseguindo, só quero saber: se não curtiu a aventura, se não tá mais afim, se eu fiz alguma coisa, okay, eu entendo.
“Sim, é isso, adeus”.
- Não, não é isso – eu não conseguia me controlar.
Ele ergueu as sobrancelhas, esperando. Notei a ereção no calção, contida por, talvez, uma cueca. Pelo menos isso.
- Vamos entrar, eu te explico lá dentro.
Destranquei o portão, abri a porta e deixei ele passar na minha frente. Segui-o, e fechei a porta. Acendi a luz. Ele já estava sentado no sofá, os braços atrás da cabeça, as pernas esticadas.
- E então?
Okay. Eu não podia esconder dele o que descobrira. Fosse o que fosse acontecer, ele precisava saber que… saber que… saber que era meu pai.
- Espera aqui.
- Tá.
Saí para o quarto da minha mãe buscar a caixa de fotos. Quando voltei, ele tinha tirado a camiseta e as chuteiras.
- Desculpa, estava com calor – e sorriu.
Balancei os ombros. Procurei na caixa a foto que queria, fechei a caixa, pus no hack e me virei para ele. Respirei fundo e estendi a foto. Ele pegou-a, sem entender muito bem, e olhou. Sua boca se abriu em surpresa e então virou a carta para ler o que estava atrás. Virou-a a novamente, olhando para mim e para a carta.
- Você…
Tirei a carteira do bolso de trás da calça, peguei meu RG e entreguei para ele.
- Puta merda!
Ele se levantou e começou a andar pela sala. Parecia desnorteado, possesso.
- Eu não sabia…
- É claro que você não sabia! Nem eu… PUTA MERDA! Pedro, eu tenho que ir… eu… eu…
Ele me olhou, então pegou as chuteiras, a camiseta e saiu. Sentei no sofá e fiquei ouvindo o carro indo embora… meu pai indo embora. Deitei no sofá, tirando o tênis com os pés e ficando por ali mesmo. O que mais faltava acontecer.