Continuando...
Aviso:Este capítulo têm dois narradores.
Narrador:Felipe
Aquela noite,foi a pior da minha vida.A dúvida sobre quem era o D e o pedido que o Matheus me fez,se reviravam na minha cabeça,e acabei dormindo só quando tava amanhecendo.
Acordei com o toque do despertardor,mas não tinha vontade de me levantar,então continuei ali,observando o teto.Minha cabeça latejava e sentia um mal estar,que embrulhava meu estômago.
Respostas,era o que eu queria,mas não sabia onde ir buscar.Eu não conhecia a Paty direito,nem sabia aonde ela morava ou se morava com o tutor dela.A única informação que tinha,era que ela estudava no mesmo colégio que eu.
O mesmo colégio!
Me lembrei de algo que o Matheus tinha dito,e me coloquei de pé.Passei por cima do Henrique,e me abaixei perto dele,enquanto dava vários tapinhas em suas costas.Ele resmungou alguma coisa,enquanto se virava pra o outro lado.
-Henrique,acorda!-Disse enquanto batia com mais força.
-Me obrigue!-Ele disse com a voz em um tom pastoso.
Sem paciência,levantei a mão e dei um tapa em suas costas,que estralou forte.Ele então se sentou,me encarando assustado.
-Perdeu a noção do perigo,piralho?-Ele perguntou,seu susto virando raiva.
-Eu preciso saber de uma coisa.-respondi,tentando me manter firme.
-Não me chamo Google,criança.Agora volta pra sua cama,e me deixa dormir.-Ele disse,enquanto se deitava de novo.
-Henrique,é sério!Eu preciso saber se a Patricia,vai a escola hoje.-Disse,enquanto puxava o braço dele.
-Também não sou gps,nem estou pendurado no pescoço dela,pra saber aonde ela vai ou não.-Ele respondeu ríspido.
-Eu sei que você sabe,e se não me contar,não deixo você dormir.-Disse enquanto balançava ele.
-Meu caralho!-Ele disse enquanto se sentava de novo.
Henrique então pegou a calça que tava a um canto,e puxou o celular.Mexeu nele por alguns minutos e confirmou que ela ia.
-Quanto tempo demora,pra ela estar no colégio?-Perguntei pensativo.
-Ela disse que sai daqui a vinte minutos,e de onde ela mora até lá,da mais ou menos quarenta.Então leva em torno de uma hora.-Ele respondeu,após da um longo bocejo.
-Você sabe onde ela mora,então.-disse,curioso.
-Claro,mas isso não te conto,nem se a minha vida dependesse disso.Aliás porque quer tanto saber se a Paty vai ao colégio ou não?-Ele perguntou me encarando.
-Coisa minha,vai dormir que é melhor.-Respondi enquanto me levantava.
Peguei uma calça jeans preta,uma cueca cinza e uma camisa azul escuro,fui ao banheiro e tomei um banho rápido.Escovei os dentes e me vesti rapidamente,em seguida voltei ao quarto,passei um pente e peguei a mochila.
Sai de casa,com o coração na mão.O caminho todo tentava me convencer de que tava errado,e quando estivesse na frente do tutor da paty,ia ver alguém totalmente estranho e passar vergonha.Não era o D,não podia ser.
Me sentei na esquina do colégio,e esperei.Cada segundo que passava,mais meu coração apertava.E eu repetia,que não era o D,mas uma parte de mim,no fundo tinha certeza.
Quando pensei que eles não viriam mais,um carro preto passou na rua de baixo e me levantei decidido,era agora ou nunca.Desci o beco que ligava as duas ruas,e vi o carro estacionado mais na frente.Havia umas caixas ali e me abaixei atrás delas,do carro desceu a Paty e seu tutor,e eles trocaram um abraço.Logo se soltaram e ela veio em minha direção,mas ela passou sem me notar.
Levantei e caminhei depressa em direção a ele,que já estava entrando no carro.Gritei pra que ele me esperrasse e ele parou,e fechou a porta,ficando de costas para mim.Ele usava uma calça jeans e uma camisa branca de capuz,e um tênis branco.
Quando fiquei a poucos passos dele,ele se virou,de cabeça baixa e o capuz ocultando bem seu rosto,deixando apenas seu queixo e sua boca visível.Ele segurava uma rosa nas mãos,e a estendeu para mim,que a apanhei automaticamente.
Meu coração bateu mais devagar,e uma agonia subiu até a minha cabeça,me dando a sensação de que o mundo se abria aos meus pés.Levantei a mão,e em lágrimas,derrubei seu capuz.
Seus olhos verdes escuros,seus cabelos pretos,seu nariz perfeito,e sua boca média rosada.Aquele rosto que era tão especial para mim,e agora só significava dor e decepção.
Dei dois passos para trás,sentindo meu peito se rasgar em dois.Meu coração se partindo,em mil pedaços e aquela rosa apertada na minha mão,fazendo sangrar.
-Felipe,eu posso explicar.-Ele disse,enquanto me encarava triste.
A voz que ouvi no primeiro dia que nois conhecemos,era dele,e eu de idiota não tinha percebido.Todo esse tempo,eu tinha feito papel de palhaço no circo que ele montou.
A raiva me queimou por dentro e se misturou a dor.Então num ato de pura fúria,levantei a mão e acertei seu rosto do lado esquerdo,até que ficasse vermelho.Ele apenas ficou imóvel,sem dar sinal que os tapas que lhe dei,tivessem doido.
-Como você pode fazer isso comigo?-perguntei,enquanto o encarava,com a raiva pegando fogo dentro de mim.
-Deixa eu falar,você vai entender quando eu terminar.-Ele suplicou,com os olhos tristes.
-Eu não quero mais,as suas mentiras sujas!-Disse enquanto apertava a rosa com mais força na minha mão.
-Felipe,eu...-Ele tentou falar,enquanto me olhava desesperado.
-SÓ QUERO SABER O PORQUE?PORQUE ME ENGANOU?PORQUE ME FEZ DE IDIOTA,QUANDO EU CONFIAVA EM VOCÊ?-Gritei,botando pra fora tudo que estava sentindo.
-Eu não tinha essa intenção,eu juro!-Ele disse,sem olhar pra mim.
-E QUAL ERA A SUA INTENÇÃO?...FALA!...QUAL ERA?-Exigi sem me importar que alguém ouvisse.
-O D era um personagem,que criei pra um projeto social.Esse projeto,pedia uma análise sobre como as pessoas enxergavam um doente mental.-Ele respondeu,com os olhos cheios d'água.
-E eu,era só um brinquedo,que você usou,enquanto fingia que era louco,não é?-perguntei,enquanto me aproximava mais dele.
-Claro que não,Felipe...eu...-Ele respondeu deixando que uma lágrima caísse,enquanto tentava pegar na minha mão.
-Não me toca,com essas suas mãos imundas!-Disse com desprezo,enquanto me afastava dele.
-Vamos dar um tempo,até você se acalmar.Aí a gente conversa e você vai me entender.-Ele pediu,deixando que outras lágrimas caíssem.
-Todo esse tempo mentindo pra mim,me enganando e eu de tão trouxa,não vi a verdade.Não vi,que tudo que a gente viveu,era uma mentira.Que quando você dizia que gostava de mim,era apenas uma frase feita.-Disse,ignorando seu pedido.
-Você não sabe,o quanto me machuca falando dessa forma.Falando de mim,como se eu tivesse planejado me envolver com você,o tempo todo.Como se eu fosse,o pior homem desse mundo.-Ele disse,enquanto apertava as mãos uma na outra,de cabeça baixa.
-E você pensou em mim?Pensou,o quanto sofreria,quando descobrisse a verdade?Pensou por algum minuto,a dor que eu sentiria?-Perguntei,enquanto o olhava com raiva.
-Me desculpa!-Ele respondeu ainda de cabeça baixa.
-Desculpa?O que você fez comigo,não tem desculpa.Você não merece,nenhuma dessas lágrimas que estou derramando,não merece nenhum dos beijos que te dei,não merece o que sinto por você.Você é pior que o esgoto mais sujo...Eu tenho nojo de você!-Disse,colocando em cada uma das palavras,o desprezo e a decepção que tava sentindo.
Ele levantou o rosto pra mim,seus olhos cada vez mais escuros e seus lábios vermelhos de tanto morder.As lágrimas escorriam,e ele estendeu a mão para mim.Mas eu a ignorei.
-Nunca mais me procura,nem chegue perto de mim.Apartir de hoje,faça de conta que eu não existo.Esqueça cada um dos momentos que vivemos,e apague da sua mente,cada vez que o idiota aqui,disse que gostava de você.Porque apartir de hoje,eu vou fazer o mesmo.-Disse,enquanto me virava,ignorando suas lágrimas.
Eu sentia como se estivesse pisando,em cacos de vidros.A dor era insuportável,e eu não queria que me vissem daquele jeito,então passei direto pela escola.Sem saber pra onde ir,caminhei pra o único lugar,aonde eu sempre ia,quando o mundo era pesado demais para carregar.A casa do Matheus!
Rezando pra que ele não tivesse ido pra aula,bati e depois do que pareceu uma eternidade ele abriu.Seu olhos estavam bastante inchados,e percebi que ele também andou chorando.
Vim o caminho todo segurando as lágrimas,e então as soltei,e sem mais forças pra nada,cai de joelhos na frente dele.Matheus correu até mim,e passou o braço sobre meus ombros,preocupado.
-O que aconteceu?-Ele perguntou em voz baixa,me olhando assustado.
-Era tudo uma mentira,e eu um completo trouxa.-respondi,sentindo meu peito latejar por dentro.
Ele me levantou e me ajudou a entrar,fechou a porta e me levou até o sofá.Aonde sentou,e me puxou pra colocar a cabeça em seu peito.
-Eu vou morrer de tanta dor,vou morrer.-Disse enquanto molhava a camisa dele,com minhas lágrimas.
Minha mão latejou,e eu percebi que ainda segurava a rosa.Seus espinhos tinham entrado na minha carne,e me faziam sangrar.Assim como o D tinha entrado na minha vida,e com suas mentiras machucado o meu pobre coração.
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Narrador:Eu
O homem ficou ali,observando o garoto ir embora.A sensação que ele tinha,era a de que alguém tinha metido a faca em seu peito e perfurado seu coração.As lágrimas lavavam seu rosto,e ele se sentia impotente.Queria ir até o garoto,e aperta-lo em seus braços,mostrar o que sentia,mas não aguentaria se ele lhe disse,que sentia nojo dele mais uma vez.
O homem então entrou no carro,e pegou o celular.Com muita dificuldade,pois estava tremendo,conseguiu digitar um número.Chamou até cair,e ele repetiu a ligação várias vezes,até que a pessoa atendeu.
-Henrique,sou eu Vitor.Levanta dessa cama agora,que tô indo te buscar.-Ele disse entre pequenos soluços.
Continua...
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Olá pessoal,boa noite!
Felipe finalmente descobriu quem era o D,pelo menos em parte.Vamos ver o que vocês acharam desse capítulo,e como fica a vida sentimental do Felipe,apartir de agora.
Magus voltei o mais rápido que pude kkkk
CeF,Martines,VALTERSÓ, Edu19>Edu15,Ru/Ruanito, Marcos Costa e Greader mais uma vez obrigado,acho que tô ficando repetitivo com isso kkkkk Bem,espero que gostem desse capítulo.
Obrigado a todos que leram e acompanham,e até a próxima.
