Primeiro, gostaria de pedir desculpas pela demora em postar o conto, mas, o final de semana foi complicado.
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- Voltando ao passado -
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Eu e Caio sempre fomos muito ligados desde pequenos, até pq, éramos primos, vizinhos e tínhamos a mesma idade, ou seja, estudávamos juntos. Nossa amizade se tornou mais forte quando o pai de Caio faleceu, nós tínhamos 15 anos. Tio Vitor era muito engraçado, as lembranças que tenho dele era apenas sorrindo ou contando alguma piada, porém, ele faleceu devido a um câncer que foi descoberto tardiamente. Com isso, Caio passou por um período de reclusão, não queria conversar com ninguém, mas eu não queria vê-lo daquele jeito, até pq, havia escutado minha mãe dizendo que tia Luiza temia uma depressão por parte dele.
Então, todos os dias eu ia até sua casa, enchia sua paciência para que ele saísse de casa, e com o tempo ele foi voltando ao normal. Quando não era o videogame, estávamos na rua andando de bicicleta. E assim, nossa amizade aumentou muito, tínhamos um ao outro como irmão.
O tempo foi passando, e tudo ia tranquilamente, saíamos juntos para pegar as meninas, isso sempre de forma conjunta. Teve uma vez, em um aniversário de quinze de anos de uma garota, fomos convidados apenas por sermos da sala do irmão da aniversariante. Eu e Caio pegamos duas irmãs, elas pensavam que éramos irmãos, não eram da mesma escola que a gente.
Mas aí chegou o terceiro ano, Caio já estava se tornando um garoto mais definido, ele gostava de jogar bola (coisa que não sou muito chegado), então seu corpo estava se desenvolvendo com mais rapidez. Eu, não ficava muito a trás, até pq compensava com as voltas de bicicletas que dava pela cidade. Passei a olhar Caio de uma forma diferente, algo que hoje entendo bem. Na realidade, não era apenas ele que me despertava certos sentimentos em mim, porém, com ele era mais intenso.
Em um certo dia do terceiro ano.
Sergio (um antigo colega do ensino médio, mudou de cidade) – Vocês vão no aniversário da Milena?
Caio: Vamos sim. – Ele até respondia por mim kkkkkkk.
Sergio: Milena chamou não só todas as meninas da turma, como disseram que ela chamou algumas de outra escola.
Caio: Bom que teremos mais variedades.
Eu só observava, aquela festa era aguardada por todos. Milena era uma garota linda, filha do prefeito, eu já fiquei com ela no primeiro ano. E seu aniversário seria algo grandioso.
Aniversário de Milena.
Na festa, todos estavam bem animados, até pq, o pai de Milena contratou uma equipe de profissionais para fazerem os drinks, o que deixou a todos empolgados (Festa, menores de 18 e bebida liberada). Lembro que Milena me chamou para dançar, então eu fui. Caio dançava com a prima. Como ele estava lindo. Uma camisa polo azul, aquele olhar, o que eu estava sentindo estava saindo do controle. Não conseguia desviar o olhar dele.
Foi nesta festa que conhecemos a responsável por destruir nossa amizade.
Quando estava voltando do banheiro, Milena me apresenta a sua prima, uma garota loira, com um sorriso lindo no rosto, olhos azuis, ela estudava em outra escola.
Milena: Luiz, quero te apresenta minha prima, Pamela.
Pamela: Oi, prazer – disse me dando um beijo no rosto.
Eu: Oi - digo ainda desconcertado, o sorriso daquela garota era lindo.
Milena: Luiz, você podia fazer companhia a minha prima, eu tenho que tirar algumas fotos.
Eu: sem problemas, pode ir lá.
Milena saiu, deixando eu e Pamela ali, mal sabia que aquela garota me traria grandes problemas.
Pamela: Então, finalmente conheci o namorado de minha prima – Ao escutar aquilo eu até engasguei, mesmo que com nada.
Eu: Não somos namorados.
Pamela: desculpe-me kkkkkkkk
Eu: já ficamos, mas tem um tempo já. Hoje somos apenas amigos.
Pamela: Amizade colorida? Minha prima não me contou esses detalhes.
Juro que fiquei sem ar e ao mesmo tempo vermelho.
Pamela: kkkkkkkkkkkk não precisa ficar vermelho.
Somos interrompidos pelo Caio.
Caio: demorou, achei que estava morto no banheiro.
Eu: Não, ainda não – digo voltando ao normal – Milena me apresentou a prima dela, Pamela, e me pediu para fazer companhia.
Pamela: Prazer – disse ela ao Caio.
Caio: prazer é meu.
Depois daquilo, ficamos conversando por um bom tempo, como Pamela era direta em suas falas, aquilo me assustou kkkkk. Depois do aniversário, todo churrasco que minha turma organizava, Milena levava Pamela. Não vou mentir, ela era linda, mas me assustava, quando estávamos a sós, ela era de um jeito, atirada em suas falas, mas, na presença dos outros, era um doce de pessoa. Com esta presença de Pamela em nosso grupo, percebi que Caio estava se aproximando dela, até que ficaram e a partir daí, repetiram com mais frequência. Com o tempo, eles não diziam ser namorados, apenas ficantes.
No final do Terceiro ano, estávamos organizando um churrasco no sitio da família de Milena e uma festa de formatura (baile), tudo como parte da comemoração. O churrasco foi no meio de novembro e o baile no início de dezembro.
Churrasco
Saindo de casa, encontro com Caio na porta, iriamos juntos para casa de Milena, mas quase que fiquei sem ar, ele estava muito gato, com uma bermuda branca e uma camisa preta, fora o perfume, que cheiro era aquele. Meu pai nos levaríamos até o sítio.
Quando chegamos lá, Pamela veio ao nosso encontro, estava com um short curto e uma camisa amarela, estava até muito bonita por sinal. Ela se aproxima e dá um beijo em Caio. Confesso que aquilo me deixou com ciúmes, lembro que fiquei com uma cara um pouco fechada durante aquele dia.
Os dois não se desgrudavam e aquilo me deixava desconfortável. Minha amizade com Caio não foi abalada, até pq ele não sabia de meus sentimentos, porem nossa proximidade se resumia a quando ele não podia se encontrar com Pamela.
Milena: Está tudo bem com você? – Perguntou me surpreendendo.
Eu: Está sim, pq? – Respondi ainda surpreso, não notei ela chegando perto.
Milena: te conheço kkkkk, está com o pensamento em outro lugar.
Eu: que isso, claro que não kkkkk – Tinha que disfarçar, ou se não poderiam perceber meu ciúme.
Milena: Então vamos curtir. – Puxou me para o meio da galera que estava dançando.
Enquanto dançávamos, pude ver que Pamela não tirava o olho de nós, aquilo me deixou inquieto. Depois de umas músicas, sai dali, fui até a cozinha pegar mais uma bebida. Tinha muita vodka naquele dia. Enquanto preparava meu copo, sou surpreendido por Pamela que diz:
Pamela: Prepara um para mim?
Eu: Claro, você quer mais fraco ou mais forte?
Pamela: Gosto de bem forte – Ela disse aquilo enfatizando a palavra forte. Pronto, ali percebi que ela na ausência dos outros era diferente.
Eu: ok – Respondi, ignorando-a, até pq ela estava com Caio.
Enquanto preparava nossas bebidas, percebi que ele não parava de me encarar.
Eu: algum problema? Você não para de me encarar?
Para que fui perguntar aquilo, aquela garota se aproximou e me deu um beijo. Só lembro que foi muito rápido, foi quando escutei:
Caio: Que porra é essa?
Caio estava na porta, com um olhar furioso. Eu já ia explicar, quando não acreditei no que ouvi;
Pamela: Ele que me agarrou, eu vim buscar uma bebida e ele veio para cima de mim.
Não estava acreditando no que aquela garota estava dizendo. Como ela conseguia mentir daquele jeito? Uma raiva veio em mim, mas eu não consegui responder. Até que sinto meu rosto arder, um soco, Caio havia me dado um soco. Eu e ele nunca havíamos brigado, em todo este tempo desde pequenos. Eu não estava acreditando no que ele fez.
Eu: Você vai acreditar nela? – Olhava para ele pasmo – Eu estava quieto no meu canto, ela que me agarrou – Eu dizia aquilo com muita raiva.
Pamela: Mentira, eu te amo Caio, ele me agarrou. – Eu juro que estava com muita raiva daquela garota.
Caio puxou Pamela para fora da cozinha, Milena chegou perto e me perguntou o que houve. Contei tudo a ela, que me olhava com uma cara de não acreditando muito no que eu dizia.
Milena: Pamela não faria uma coisa dessa. Ela gosta do caio.
Eu: Será mesmo? Chega, vou embora.
De tanta raiva, liguei para meu pai e pedi para que me buscasse. Não demorou muito já estava em casa. Meu pai no caminho perguntou pelo Caio, eu não respondi, fiquei em silencio durante todo o percurso.
Ao chegar em casa, fui direto ao meu quarto, liguei meu notebook, coloquei umas músicas para tocar, deitei em minha cama e chorei o restante do dia, tentando assimilar tudo que ocorreu. À noite, minha mãe perguntou se eu estava bem, respondi que sim. Ela achou que eu estava daquele jeito por causa do álcool, falou com meu pai, e ali escutei meu primeiro sermão relacionado ao assunto. No outro dia, domingo, fiquei praticamente em meu quarto o dia inteiro, assistia tudo que era seriado diferente. Meus pais estranharam o fato de Caio não ter aparecido lá em casa e nem eu ter ido a dele. Karina me perguntou se havíamos brigado, o que fez meus pais me olharem com uma cara de espantados. Respondi que sim, eles queriam saber o motivo, porém, ao invés de explicar, sai de casa, peguei minha bicicleta e fui dar umas voltas.
Durante este passeio de bicicleta, chorei bastante, fui até um parque e ali não parava de pensar em como Caio não confiou em mim, como ele pôde me bater sem ao menos me escutar, e tudo por causa daquela garota.