Continuando...
A imagem do Vitor não saia da minha cabeça,apesar da dor que eu estava sentindo,lá no fundo havia uma saudade enorme,tão grande que me sufocava.Seus beijos,seu sorriso,seu olhar,tudo estava vivo em mim e queimava.
Me virei várias vezes na cama,enquanto apertava sua foto com força,mas o sono não vinha.Então me levantei,e passei a caminhar pelo quarto.Meu deus,isso parecia uma doença.Por mais que eu tentasse matar aquele sentimento,mas ele crescia dentro de mim.
Depois de um longo tempo,me senti cansado e voltei pra cama,caindo em cochilo que acabou rápido.Olhei meu celular,e vi que era cinco da manhã.Me sentei novamente,e passei as mãos pelos meus cabelos.Eu estava destruído,sem animo pra nada.
Me levantei e sai a caminho do banheiro,mas percebi que a porta do quarto da minha mãe estava por uma brecha,e por ela saiam tons de uma conversa.Me aproximei em silêncio e consegui ouvir o que diziam.
-Meu filho tá morrendo,e eu não sei o que fazer.-Minha mãe disse em lágrimas.
-Ver ele em cima daquela cama,também tá acabando comigo.-Pedro disse,com um tom de preocupação.
-O que vamos fazer,amor?-Minha mãe perguntou.
-Não sei,mas vamos tentar conversar com ele de novo.-Pedro respondeu com a voz mais firme.
Me afastei,enquanto tentava não fazer barulho.Meu coração pesado dentro do peito,por estar fazendo eles sofrer daquela maneira.Voltei ao quarto,e guardei a foto,peguei uma toalha e em seguida fui até o banheiro.
Tomei um longo banho,enquanto sentia meu corpo relaxar debaixo da água.Terminei e voltei ao quarto,aonde vesti uma cueca de algodão azul,uma bermuda jeans e uma regata roxa.Estava decidido a lutar e esquecer de vez aquele que um dia foi o D.Pelo meu bem e o da minha mãe,eu tinha que fazer isso.
Penteie os cabelos e fui em direção a cozinha.Lá estavam minha mãe,Pedro,Alana,Júlio e o Juninho,todos em volta da mesa em silêncio.Meu peito se apertou ao ver cada um dos rostos deles,me olhando com preocupação.Preso em minha decepção,nem havia percebido que estava fazendo qualquer um deles sofrer.
Alana,com um sorriso triste,me estendeu a mão.Fui até ela,e a segurei,sentindo emanar carinho de seus olhos castanhos.Me sentei ao lado dela,e logo Pedro trouxe uma tigela com um mingal.Meu estômago revirou,e eu não tinha a mínima vontade de comer,mas como todos me olhavam,me forcei a engolir.
Quando já ia na metade,Henrique surgiu na cozinha,e todos o olharam surpresos.Henrique tinha um corte logo acima do seu olho direito,e por todo seu rosto havia vários arranhões.Sua camisa estava rasgada,e sua mão amarrada com uma faixa de pano,que estava ensopada de sangue.
-Rique,o que aconteceu?-Juninho perguntou assustado.
-Nada demais,só um pequeno acidente.-Ele respondeu,após fazer uma careta.
-Pequeno acidente?Você está todo machucado!-Júlio disse,enquanto o analisava.
-Eu tô vivo,não tô?-Henrique perguntou irritado.
-Porque saiu de casa,no meio da madrugada?-Minha mãe perguntou em tom sério.
-Eu não devo explicação a ninguém.-Ele respondeu ríspido.
-E se você tivesse morrido?O que eu diria a sua mãe?-Minha mãe perguntou irritada.
-Que eu morri,o que mais teria a dizer?-Henrique respondeu com firmeza.
-Não fale assim com sua tia,garoto.Tenha respeito!-Pedro pediu de braços cruzados.
-Que cheiro é esse?-perguntei antes que ele pudesse revidar.
Um cheiro podre,como se algo tivesse morrido ali,subiu e todos taparam o nariz,enojados.A comida no meu estômago revirou,e eu senti vontade de vomitar.
-Gostaram?É meu novo perfume,uma mistura de água de esgoto,lama,álcool,vômito e sangue.-Henrique respondeu sarcástico.
-Nossa senhora,Henrique!-minha irmã disse,desviando o olhar dele.
-Tô passando mal!-Juninho disse com a voz abafada.
-Tá,para com o cu doce e me traz aquele litro de álcool.Preciso de um banho,que lave até a minha alma.-Henrique disse enquanto dava um tapa na cabeça dele.
Juninho levantou e saiu rápido,Henrique nos deu um tchau e foi atrás.Demorou alguns minutos,até que pudéssemos respirar novamente,e eu afastei o prato.Se antes já não tinha vontade de comer,agora e que não tinha mesmo.
Minha irmã se despediu e saiu puxando Júlio pela mão.Dei um beijo na minha mãe e voltei ao meu quarto,onde me deitei na cama,enquanto observava o teto.A noite mal dormida e o pouco que comi,me fez ficar sonolento e eu cai em um sono profundo,sem sonhos.
Não sei quanto tempo se passou,até que acordei e encontrei dois olhos pretos me observando.Abri um sorriso,e me sentei,enquanto esfregava os olhos.
-Quanto tempo você tá aí?-perguntei após um bocejo.
-Faz pouco tempo,mas não quis te acordar.Você,fica tão lindo dormindo,que preferi ficar te olhando.-Ele respondeu com carinho.
-Deixa de ser bobo,Theus.-Disse com um sorriso.
-Não sou bobo,só disse a verdade.-Matheus disse,enquanto acariciava meu rosto.
Eu sorri e olhei pra o lado,onde o Henrique estava deitado.Mas pelo jeito,ele tava em sono profundo e não ia acordar tão cedo.Então toquei o rosto do Matheus,sentindo o contorno dos seus lábios,seu nariz,seus olhos.
-Vamos comigo lá na pista de skate.Uns parceiros vão estar lá,e quem sabe você não se destrai um pouco.-Ele disse após beijar meus dedos,quando passaram por seus lábios.
Minha vontade era negar e continuar ali na cama,mas isso não me ajudaria em nada.Então concordei e me levantei.Fui ao banheiro e lavei o rosto,penteie os cabelos e depois de falarmos com minha mãe e o Pedro,saímos.
Chegamos na pista,e fomos recebidos por uns rapazes.Nós conversamos e logo todos estavam sobre o skate,inclusive o Matheus.E eu fiquei observando animado,alguns se arriscavam em manobras radicais,outros ficavam apenas no básico.Mas eu me diverti,e pela primeira vez em dias,acabei não pensando muito na decepção que havia sentido.
Depois de algum tempo,eles pararam e fizeram uma volta em torno de mim,conversando animados.Nós despedimos,e Alex que parecia ser o mais velho,prometeu que na próxima,me ensinaria a andar,o que concordei sem ânimo.Matheus acenou pra todos e nos afastamos,em direção a uma lanchonete que havia logo mais pra baixo.
-Não gostei de te ver todo animadinho.Eu achei que era o único que te deixava assim.-Matheus disse brincalhão.
-Bobo!...Tava admirando,eles são incríveis.Já você tava todo travado,e ainda levou uma queda.-Provoquei com um sorriso.
-Ei,eu comecei agora.Mas logo vou ser melhor que eles,você vai ver.-Ele disse,enquanto me encarava com uma cara de bravo,se desmanchando em sorrisos,em seguida.
Dei um empurrãozinho nele,e entramos na lanchonete.Matheus escolheu uma mesa próxima da parede de vidro,e eu me sentei.A garçonete veio e anotou nossos pedidos.Ele se levantou e disse que ia ao banheiro,concordei e fiquei olhando pelo vidro,para a rua lá fora.
Um homem surgiu ao lado de uma mulher,e ao olhar pra o lado,pude ver seu rosto.Meu coração quase parou,e eu me senti pregado na cadeira.Era o Vitor,e ele segurava a mão daquela mulher.Desgraçado!
Enquanto eu estava sofrendo por ele,sentindo meu corpo se rasgar em tanta dor.Ele tava saindo com mulheres?
Uma raiva queimou meu corpo,e não consegui despregar o olho,ao vê-lo montar numa moto e a mulher montar em sua garupa.Uma lágrima caiu,e eu apertei a mesa com força.Como aquele miserável fazia aquilo comigo?
Matheus voltou,mas não deixei que ele se sentasse.Inventei uma dor de cabeça e disse que queria ir pra casa,ele tentou argumentar,mas eu me mantive firme e ele me acompanhou.Cheguei em casa,e me despedi dele,sem o olhar direito.E então fui direto pra minha cama,sentindo as lágrimas escorrer e cair no travesseiro.
A imagem que eu tinha visto,parecia ter sido gravada a fogo na minha mente.E a raiva queimava minhas veias.
Depois de algum tempo,sem aguentar ficar deitado,me levantei e fui até a sala,aonde liguei o videogame e comecei a jogar.Não sei quanto tempo havia se passado,até que senti uma mão em meu ombro.Olhei e vi Matheus me olhando com tristeza.
-Você tá melhor?-Ele perguntou após se sentar ao meu lado.
-Tô...me desculpa,ter agido daquele jeito.-Respondi,me sentindo mal por ver ele triste.
-Tudo bem,mas pra me compensar.Vem jantar comigo?-Ele perguntou com um sorriso.
A minha vontade era de dizer não,mas seus olhos me encaram tristes,e eu aceitei.Fomos até o quarto da minha mãe,que estava acordando e avisei que ia pra casa do Matheus.Após responder que eu estava bem,e ouvir as mil recomendações dela,saímos. Ao chegarmos lá,percebi que não havia ninguém.Entramos e ele ascendeu a luz,mostrando uma mesa que estava arrumada pra dois.
-Cadê seus pais?-Perguntei enquanto observava ao redor.
-Casa da minha avó.-Ele respondeu enquanto me encarava.
Sem que eu esperasse,seus braços me envolveram,e eu senti meu peito se encher de carinho.Ele se aproximou mais e logo sua boca tava na minha,em um beijo delicado e suave.Senti como se tivesse flutuando numa nuvem,e então o abracei.
Quando acabou,ficamos um minuto de olhos fechados,abraçados,sentindo os batimentos do coração um do outro.
Matheus então se afastou e me deu um sorriso,pegou na minha mão e me levou até a mesa,onde me sentei a frente dele.Quando íamos começar a comer,a campainha tocou e Matheus se levantou,e abriu a porta.Paty entrou com um sorriso enorme,que não diminuiu ao me ver.Olhei dela pra Matheus,e uma estranha tensão tomou conta do ar.
Continua...
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Olá pessoal,boa noite!
Ontem e hoje tá sendo corrido pra mim,por causa do trabalho e do curso,então o capítulo vai ser pequeno,desculpem.Mas é de coração kkkkk.Prevejo reclamações do Magus kkkkk
Nick Yale continue acompanhando e você terá todas as respostas.
VALTERSÓ não tem nenhuma armação por enquanto,Vitor e Henrique são parentes,tio e sobrinho.
Martines isso mesmo,você descobriu a ligação entre os dois.Eles são tio e sobrinho!
Aos demais obrigado pelos comentários e notas,espero que gostem.
Obrigado a todos que leram e até a próxima.