Klauss - Não fala assim com ele. (disse Klauss abrindo os olhos).
Sr Joseph e eu olhamos para Klauss ao mesmo tempo.
eu - relaxa Klauss, já estou indo nessa cara.
Klauss - você não precisa sair. Essa casa é tanto dele quanto sua.
Sr Joseph - deixe de falar besteiras e vá tomar um banho pra tirar esse cheiro de cachaça.
Klauss - não é besteira papaizinho. O Felipe é dono disso tudo aqui, e se ele quiser ficar o sr não vai poder impedir.
Sr Joseph - Como você tem coragem de brincar com uma coisa tão seria como esta?
Klauss que ate então estava deitado, olhando para o teto, levantou-se com dificuldades e ficou apoiado na cabeceira da cama.
Klauss - não é brincadeira... Felipe é o filho que o senhor tanto procura. (disse Klauss com uma cara de decepção).
Sr Joseph virou-se para mim e me olhou de cima a baixo. O homem tentava falar algo, mas sua voz não saía. Ele veio em minha direção e quando chegou bem próximo de mim, abriu a boca procurando por alguma palavra.
Eu sempre soube, pela minha mãe, que o meu desconhecido pai era um cara muito rico, mas até então eu acreditava que aquilo de o sr Joseph ser meu pai não passava de uma infeliz coincidência.
Sr Joseph- posso ver suas costas? (disse o homem com uma educação surreal).
Fiquei ali parado um tempo refletindo, sem saber o que responder.
Sr Joseph - Posso? (disse ele tentando subir minha camiseta).
eu - tudo bem. (disse calmo).
Levantei minha camiseta e o Homem deu uma volta rápida, e ficou por um tempo alisando minhas costas. Quando tentei abaixar a camiseta ele me impediu.
Sr Joseph - só mais um momento.
O homem passou as mãos em minhas costas e tocou em um sinal que eu tinha. Ele parecia pensativo, tentando lembrar de algo.
Klauss, sem falar nada, acompanhava a cena.
Sr Joseph - qual o nome de sua mãe rapaz?
eu - pra que o sr quer saber o nome da minha mãe? (perguntei curioso).
Sr Joseph - por favor, é muito importante para mim.
Eu - Maria Lúcia.
Sr Joseph - Não ouvi. Você pode repetir por favor?
Eu - O nome da minha mãe é Maria Lúcia. (falei um pouco mais alto e firme).
O homem, sem nada dizer, foi caindo para trás, derrubando alguns acessórios da estante de Klauss. Sr Joseph passava a mão na garganta como se ela tivesse bloqueada o impedindo de respirar.
Eu - sr Joseph? (falei tentando segura-lo).
Klauss - pai. (disse Klauss dando um pulo de cima da cama).
Sr Joseph caiu no chão, mas ainda consciente. Sua pele estava pálida; seus olhos vermelhos.
O homem me apertou com força e tentou falar algo.
Eu - não precisa o sr falar nada. Tenta respirar.
Enquanto eu tentava reanimar o todo poderoso, Klauss usava o telefone que estava no criado mudo para ligar para o irmão.
Sr Joseph não conseguia sossegar e continuava me apertando forte.
Klauss - pai me desculpa coroa, eu não poderia ter jogado essa bomba sem antes preparar o território.
Sr Joseph - meu filho? Meu filho?
O homem tentava acariciar meu rosto, mas suas mãos, tremulas, me machucavam.
Sr Joseph - meu filho. (dizia ele desesperadamente).
Eu não sabia o que falar, nem o que fazer.
Eu - o sr não pode fazer esforço sr Joseph.
O homem parecia não ouvir e continuava tentando um dialogo
- Meu filho, você é meu filho.
A minha ficha ainda não havia caído.
Eu - ligou para o Matthew?
Klauss - sim. Ele já esta vindo.
Klauss não chorava, mas sua aparência estava bem abatida.
Sentei no chão no quarto e sr Joseph apoiou a cabeça em minha coxa.
Eu passava as mãos por sua cabeça, e acariciava seus cabelos.
Klauss sentou a meu lado e tentou conversar com o pai.
Klauss - tenta ficar calmo pai. O Matthew ta vindo pra cá e provavelmente vamos levar o senhor a um hospital.
- Eu não preciso de hospital. ( O homem dizia com a voz extremamente cansada).
Passei a mão por cima do seu coração, e os batimentos já não estavam tão acelerados.
- Me perdoe. (dizia ele me olhando nos olhos).
Naquele momento eu não conseguia pensar em nada. Não saberia dizer se iria perdoa-lo ou não. Queria primeiro saber a historia da minha vida que minha mãe nunca contou por completo.
Sr Joseph segurou em minha mão e apertou com força, era como se fosse uma forma de ele expressar o que sentia.
Matthew chegou junto com a namorada e subiu ao quarto do Klauss as pressas. Após analisar o estado do pai, ele achou melhor leva-lo para ser medicado em um hospital.
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Sr Joseph havia ficado em observação. Otávio, Matthew, Klauss e eu aguardávamos na sala de espera.
Meus olhos estavam arregalados olhando para o teto. Eu me sentia anestesiado, não conseguia nem lembrar como havia conseguido chegar ali.
Matthew veio a mim e chamou-me para conversar em um ambiente fora dali. Eu concordei.
Eu - Eu não demoro mano.
Otávio - beleza vei. Eu te espero.
- Aonde vocês vão? (perguntou Klauss nos vendo se afastar).
Matthew - eu preciso conversar com o Felipe, Klauss, e depois eu quero ter uma conversa bem seria com você.
Klauss não disse nem que sim, nem que não, apenas encostou na parede e passou as mãos na cabeça.
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- Vamos ate a cantina, eu to precisando tomar um café. (disse Matthew).
- Beleza. (respondi).
Matthew pediu dois café's e enquanto aguardávamos ele via uma forma de introduzir aquele assunto.
Eu - você não precisa me enrolar não Matthew, eu só queria entender o porquê fizeram isso comigo.
Matthew - você ta entendendo tudo errado Felipe. (disse ele tocando em minha mão). Eu sabia apenas que o nosso pai havia tido um filho, mas eu não fazia ideia do seu paradeiro, e nem sei a quanto tempo o Klauss descobriu você.
- Você tem certeza que não sabia de nada cara?
- Juro. (disse ele beijando os dedos em formato de x).
- Eu acredito no sr Matthew. Acredito mesmo que o sr não sabia de nada. Mas como o Klauss conseguiu esconder isso de todos?
- Sinceramente eu não sei como e nem pra que.
Nossos cafés chegaram, e nós nem demos fé.
- E eu achando que a raiva que ele sentia por mim era por causa da briga no estacionamento.
- que briga no estacionamento? Não vai me dizer que...
- Foi o Klauss que me atropelou no estacionamento enquanto eu guardava sua vaga.
- Que filho de uma puta cara. Isso me estranha muito. O Klauss não é assim.
- acho que tu não conseguiu perceber Matthew. O Klauss sempre me tratou ruim, sempre me torturou. Foi ele, também, que me queimou com o café.
Matthew parecia não acreditar nas atrocidades que o irmão havia aprontado.
- eu não consigo acreditar que ele fez isso tudo bem embaixo do meu nariz, e eu não o impedi.
- tu não teve culpa cara. Eu que tinha medo de falar. O Klauss sempre me amedrontava dizendo que o sr Joseph poderia me demitir, e eu não podia perder aquele emprego.
- O Klauss ultrapassou todos os limites.
Matthew soqueou a mesa e levantou-se em seguida.
- aonde você vai? (perguntei).
- vou acertar as contas com aquele infeliz.
- Não cara. relaxa. (falei segurando seu braço).
Matthew, furioso, me empurrou e caminhou a passos largos ao encontro do irmão.
- Matthew, me esculta cara. Não é hora e nem lugar. Teu pai ta hospitalizado, e você tem que manter a calma pra poder ajuda-lo. (falei entrando em sua frente e fazendo força com o corpo afim de barrar o meu irmão).
- como você me pede calma Felipe? O Klauss não poderia se comportar assim com você.
- Não poderia mesmo, mas já aconteceu. Não há nada que possa ser feito.
- A sim, e eu vou fazer. ( Matthew, mais uma vez me jogou pro lado e eu não consegui impedir que ele entrasse na sala de espera).
- irmão? ( Perguntou Klauss vendo Matthew parado em sua frente com sangue nos olhos).
- vem aqui Felipe. (disse Matthew com a expressão fechada). Repete tudo o que você falou lá fora, que eu quero ver se esse animal vai ter coragem de desmentir.
- esquece isso Matthew. (falei tentando evitar uma briga entre os dois irmãos).
- Repete Felipe. (disse ele aumentando o tom da voz).
- Não precisa. (disse Klauss). É tudo verdade. (disse ele com a voz de choro).
- Então você admite que fez todas essas maldades com um cara indefeso?
Klauss apenas confirmou com a cabeça baixa.
- Responde porra. (disse Matthew já sem paciência).
- Sim, eu fiz. (disse Klauss, também, aumentando o tom da voz).
- eu não te reconheço. (disse Matthew com a voz um pouco mais calma). Você não é o meu irmão.
- Não fala assim mano. (disse Klauss).
- eu tenho vergonha de você Klauss.
- Não faz isso irmão. Eu não fiz por mal.
Nessa hora Klauss começava a chorar, e eu não sabia o que fazer.
- Você é um animal. Some da minha frente Klauss, antes que eu faça uma loucura com você.
- Por favor irmão, me perdoa.
- Não é pra mim que você deve desculpas. Não foi pra mim que você fez tanto mal.
Nesse momento Klauss olhou no fundo dos meus olhos, e eu senti que ele queria falar algo.
- Eu tive medo. (disse ele pausadamente).
- medo de que cara? (perguntei entrando na conversa).
- O Matthew sabe do que eu estou falando. Eu só queria defender o nosso patrimônio.
- Eu não estou conseguindo me situar. (disse Otávio meio sem jeito).
- Você ta brincando comigo? Você só pode estar de brincadeira com minha cara. (disse Matthew encarando o irmão).
- Não irmão. Eu não brinco com coisa seria.
Matthew acertou um soco em cheio no rosto do Klauss. Tudo aconteceu rápido demais, sem da tempo de impedir.
Klauss tombou no chão e de la não levantou. Matthew sentou em cima da cintura do irmão, e o dominou por completo.
- Matthew não. (eu tentava tirar Matthew de cima do irmão, mas era quase impossível, pois o cara estava furioso).
- Bate irmão. Pode bater que eu mereço. Eu fui um covarde. (dizia Klauss chorando, sem mostrar defesa alguma).
Matthew ficou parado com a mão no ar, enquanto analisava o irmão cansado no chão.
- Como você pode fazer isso cara? ( Matthew também havia cansado).
- Não tem nada que eu fale que possa justificar. (disse Klauss vencido).
- Mesmo assim eu quero entender Klauss. Você fez aquilo tudo comigo, mesmo sabendo que eramos irmãos. Mesmo sabendo que eramos marcados com o mesmo sangue. Por que cara? Por que?
- Irmãos? (perguntou Otávio um pouco atônito).
- Nós nãos somos irmãos. (disse Klauss ainda por baixo do irmão).
- como disse? (falei me abaixando e ficando de frente pra ele).
- isso que você ouviu, Matthew e eu somos adotados. O único herdeiro legitimo do Joseph é você. Agora consegue entender o porquê eu tentei te manter longe da minha família?
Matthew o acertou mais um soco, fazendo respingar sangue em minha camiseta.
Continua...