Continuando...
-Eu tô atrapalhando,né?-Paty perguntou,quebrando o silêncio pesado que havia se formado.
-Não...Claro que não...não é Felipe?-Matheus respondeu,enquanto se virava pra me olhar nervoso.
-Não...Você quer jantar com a gente?-respondi tranquilo,afinal ela não tinha como saber que eu estaria ali.
-Bem,se não tem problema...Eu quero sim!-Ela respondeu alegre,enquanto vinha em minha direção.
Matheus fechou a porta e foi em direção a cozinha.Ele logo voltou com uns pratos e arrumou um terceiro lugar.Me levantei e peguei uma cadeira que estava a um canto e coloquei do lado da mesa,aonde ela sentou animada.
-O que temos pra hoje?-Ela perguntou
-Lasanha de frango.-Matheus respondeu após entrar na cozinha e voltar com uma forma.
-Nossa,amo as lasanhas que você faz...São incríveis!-Paty disse enquanto o encarava.
-Então você já comeu aqui antes?-perguntei sem pensar.
-Bem,faz algum tempo que frequento essa casa.-Ela respondeu enquanto amarrava os longos cabelos em coque.
-Minha mãe adora a Paty,é a única que come as comidas dela sem reclamar.-Matheus disse enquanto ia em direção a cozinha.
-A comida dela não é ruim,só um pouco sem gosto as vezes.-Paty disse enquanto cortava a lasanha.
-Eu diria que sempre são sem gosto.-Matheus disse com um sorriso,após voltar da cozinha com uma coca gelada.
-Não seja tão duro,ela faz o melhor que pode.Mas o que eu gosto mesmo daqui,é que sempre comem todos juntos,e isso é divertido.-Paty disse enquanto lançava um olhar sério a Matheus,que ia em direção a cozinha.
-Na sua casa não é assim?-perguntei,tentando não parecer tão interessado.
-Não,lá somos só eu e o meu tutor.E ele trabalha e as vezes chega tarde.Então muitas vezes,como sozinha.-Ela respondeu pensativa.
-E sua família?Onde estão?-perguntei,tentando desviar o assunto dele.
-Ele é minha família!-Paty respondeu,enquanto seus olhos mostraram uma dor profunda,como se o assunto a machucasse.
-Desculpe!-disse sem saber o que fazer,pra melhorar o clima que tinha se formado.
-Não,tudo bem!É só que,meus pais morreram a muitos anos,e a gente nunca fala nisso.Meu tutor sempre diz,que o passado deve ficar onde ele está,e o que nos importa é o presente.-Ela disse após alguns minutos em silêncio enquanto estendia a mão e segurava a minha.
-Você vive a muito tempo com ele,né?-Perguntei,enquanto meu pensamento ia até o Vitor.
-Desde os meus cinco anos.-Ela respondeu enquanto largava minhas mãos.
Matheus trouxe mais algumas coisas da cozinha,e logo nos serviu.Quando ele se sentou,Paty iniciou um assunto e logo os dois conversavam animados,enquanto eu apenas participava com palavras curtas como sim ou não.
Era estranho ver a intimidade que havia entre eles,e como ela logo ficou a vontade,largando os saltos em qualquer canto.Eu sabia que eles tinha tido um namoro rápido,mas confesso que me incomodou,não por ciúme,mas porque eu tinha a sensação de ser um intruso,de estar me metendo em um assunto que não me pertencia.
Quando acabamos de comer,Matheus trouxe uns jogos.E eu logo percebi o quanto eles eram sintonizados,pois um conseguia saber como o outro ia jogar.O que deu a maioria das vitórias aos dois.E apesar de perder várias vezes,me diverti bastante,principalmente quando a Paty fazia a dancinha da vitória.
Quando terminamos a última partida,Paty deu um pulo e disse que já tava tarde e tinha que ir.Eu decidi ir junto com ela,pois não tinha avisado a ninguém em casa,sobre dormir fora.
-Você não quer ficar e dormi aqui comigo?-Matheus perguntou em voz baixa.
-Minha mãe não deixaria eu dormir fora,depois de todos esses dias de cama.Então deixa pra outra vez!-respondi com um sorriso.
-Tá,mas amanhã passo lá,pra gente ir pra escola junto.-Ele disse enquanto acariciava meu rosto.
-Eu te espero!-Disse enquanto colocava a mão sobre o peito dele.
Matheus me deu um beijo na testa,e logo Paty o abraçou forte.Em seguida saímos,caminhando juntos em silêncio.
-Vocês estão ficando então?-Ela disse sem olhar pra mim.
-Sei lá,a gente troca uns beijos,uns abraços.Mas ainda não é nada mais que isso.-Respondi pensativo.
-Eu fico feliz pelo Matheus,ele sofreu bastante nesses meses.Mas também fico triste,pelo meu tutor,o Vitor.-Ela disse com sinceridade.
-Paty eu...-Tentei falar me sentindo desconfortável.
-Não me fale nada.A escolha é sua,você sabe o que é melhor pra você.-Ela interrompeu com um sorriso.
-Obrigado!-Disse grato por ela não forçar a barra e falar do homem que um dia foi o D.
-Alguém tá vindo em nossa direção.-Ela disse enquanto apontava.
-Ah,é o Júlio,meu cunhado.-Disse ao ver um homem de cabelos lisos ,loiros escuros e porte atlético vindo em nossa direção.
-Sua mãe disse que você fosse,ela quer você durma em casa.-Ele disse ao se aproximar mais.
-Tá bom!-Disse sem olhar pra ele direito.
-Olá!-Paty disse animada ao meu lado.
-Ah...Júlio essa é uma amiga,Patrícia...Esse é o Julio,meu cunhado.-Apresentei os dois que se deram as mãos.
-Prazer!-disseram juntos.
O olhar deles se prenderam um no outro,e eles ficaram se encarando.Parecia que uma bolha invisível separavam eles de mim,e um clima estranho tomou conta.Tossi algumas vezes,e eles se soltaram,me olhando envergonhados.
-Diz a sua irmã,que fui em casa e volta já.-Júlio disse por fim,enquanto se afastava.
Ele e a minha irmã namoravam há anos,praticamente viviam como marido e mulher.E eu nunca tinha imaginado,um sem o outro.Será que aquilo podia acontecer?Ou estava vendo coisas?
-Vamos Paty!-Chamei enquanto a puxava,fazendo a caminhar.
Descemos o resto da ladeira em silêncio,e eu percebi que logo na esquina havia um carro preto,e um homem alto e de físico avantajado estava encostado a ele.Meu coração veio pra garganta,e bateu apressado.
Com toda a força de vontade que tinha,me virei e comecei a descer a rua,mas ao passar em frente a um beco,senti uma mão me puxar e então me virei,vendo seus olhos verdes escuros me encarar com tanta tristeza.Meu coração se apertou,e senti uma vontade incontrolável de me jogar nos seus braços.
-Até quando vai me ignorar assim?-Ele perguntou enquanto,sua voz forte e grossa penetrando em mim e despertando mil sensações. -Até quando me der vontade.-respondi sem olhar pra ele.
-Porque não escuta o que tenho pra te falar?Depois se quiser,eu não te procuro mais.-Ele disse parecendo desesperado.
-Porque não quero ouvir mais mentiras.-respondi com toda frieza que consegui.
-Eu posso ter me feito passar por alguém,e ocultado uma ou duas coisas,mas nunca menti pra você.-Ele rebateu,enquanto estendia as mãos pra me alcançar,mas eu me afastei.
Me virei de costas pra ele,sentindo uma raiva tomar conta de mim,ao me lembrar da mulher que ele pegou pela mão.Agora vinha com essa de escutar o que ele tinha a dizer?E quando saísse dali,com certeza,ia correr pra os braços daquela mulher e esquecer que o trouxa aqui tava sofrendo.
-Quer o meu perdão?Então fica de joelhos e implora.-Disse enquanto sentia a raiva subir e tomar de conta de todos os meus sentidos.
-O que?-Ele perguntou surpreso,dando um pulo pra trás.
-Isso mesmo,se quer que eu te perdoe...Fica de joelhos e implora.-respondi sem olhar nos olhos dele.
Vitor parecia que estava tendo uma luta interna,e por um momento ficou parado que nenhuma estátua,me encarando com uma expressão de raiva e surpresa.E então com um baque surdo,ele caiu a minha frente.
-Por favor me perdoa,Felipe.Me perdoa por ter te enganado.-Ele disse de cabeça baixa.
-Se quer tanto que eu o perdoe,então beije o chão que estou pisando.-Disse,sem conseguir raciocinar.
-Eu já estou de joelhos,isso não é o suficiente?-Ele perguntou sem acreditar no que eu estava pedindo.
-Eu sou bom demais pra um verme que nem você,e quero que reconheça isso,beijando o chão que eu piso.-Disse,botando pra fora toda a raiva e ódio,que tava sentindo por ele.
Ele me encarou com a raiva fluindo de seus olhos,seus punhos se fechando,e seus músculos ficando tensos.E então se abaixou,fazendo o que eu pedi.Eu tava tão cego pela raiva e pelo ciúme,que fiz ele repetir várias vezes,sem me importar com o que ele tava sentindo.
Quando acabou,Vitor me olhou nos olhos e permaneceu de joelhos.Eu me sentia poderoso,e queria mais.Queria que ele sofresse,então em um ato inesperado,sentei a mão em seu rosto,no lado direito até ficar vermelho.
Quando olhei em seus olhos,vi a tristeza e uma mágoa.E então foi como se eu acordasse de um sonho.A raiva foi embora,e tudo que restou foi o vazio,e uma dor pior do que as que havia sentido até ali.
Me virei,ficando de costas pra ele e as lágrimas escorreram.O que eu tinha feito?Aquele não era eu,não era.
Continua...
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Olá pessoal,boa noite!
Chegamos ao capítulo 17 e apartir de agora,as coisas começam a tomar formas,e logo o Felipe,vai tomar sua decisão e ao se entregar pra o escolhido,muita coisa vai mudar.
ValterSó seu comentário é ditado pela razão e eu concordo com ele,mas como diz uma frase famosa;O amor tem razões que a própria razão desconhece.Quanto ao Juninho,ele não teve pai,e a figura paterna que ele tem é o Henrique,então ele o respeita e o obedece sempre.
Martines,o Henrique estava com o Vitor,mas pela arrogância quem se fudeu foi ele,como vai ser contado no próximo capítulo.kkkk
Magus você me compreendeu bem,e digo mais,como a vida seria mais fácil,se pudéssemos escolher a quem amar.
Aos demais obrigado pelos comentários,e pelas notas. Desculpem pelo tamanho dos capítulos,mas sabem como é,trabalho e estudo.Bem,espero que gostem desse capítulo é até a próxima.
Obrigado a todos que leram,e até a próxima!