- E aí meu filho como foi? – Eu apenas lancei um olhar para ela como “a gente conversa depois” e subi para o meu quarto – Ahn, entendi. O almoço tá pronto, depois desce e come algo que passa.
Eu cheguei em casa me sentindo muito estranho porque eu não sabia exatamente como eu me sentia diante tudo o que tinha acontecido naquele dia. Thiago era um cara extremamente carismático, mas que sabia impor seu poder de alguma forma, por trás de todo aquele bom humor ele era o cara que controlava aquela empresa. Apesar dele ter dado uma pequena esperança sobre aquele emprego eu não estava muito certo que eu conseguiria, meu currículo não era o suficiente se eu não tivesse uma postura ou comunicação adequada.
Exatos 7 dias se passaram e eu recebi uma ligação, e sim, era da tal empresa. Eu ainda estava dormindo, então acordei super eufórico e atendi rapidamente.
- Alô, pois não? – Perguntei sentando na cama. Eu estava tremendo.
- Senhor Leonardo Angeli? – Perguntou uma moça.
- Sim, claro, quem mais poderia ser. Afinal, você ligou pro meu número certo? Não tem números iguais ao meu... eu acho – Eu tava muito nervoso, mais uma vez cavando minha própria cova.
- Hm... ok – Notei o deboche do outro lado do telefone, mas se eu tivesse no lugar dela teria a mesma reação – Liguei para dizer que o senhor Thiago solicita sua presença aqui na empresa ás 8:00 da manhã de amanhã, caso puder comparecer é só confirmar agora.
- O que? Mas é claro, pode confirmar – Eu só queria um rivotril naquele momento, tava surtando.
- Tudo certinho, confirmado – falou a moça.
- Tem certeza que tá tudo certo? Olha... Não é querendo ser chato é que..
- Meu querido, já está confirmado você precisa de mais alguma coisa? – Falou a moça me interrompendo.
- Érr... não, é que
- Ahn bom, então bom dia – desligou na minha cara.
- ISSO! – Levantei as mãos pro alto comemorando, mas esqueci que o celular tava na minha mão e deixei voar – Ahnnnn não, que merda – resgatei o celular do chão e vi que a tela tinha trincado.
Novamente eu passava pela tortura de acordar cedo, eu odiava, mas eu teria que passar por isso caso eu quisesse ser alguém de sucesso na vida. Fiz minha higiene matinal e fui tomar meu café da manhã, minha mãe como sempre estava radiante.
- Bom dia bebê – disse ela dando um beijo meu rosto – o dia hoje começou com o pé direito não é mesmo? Nem precisei ir te acordar, meu menino tá crescendo awnnn, tá criando comprometimento e responsabilidade – aperto minha bochecha enquanto falava isso.
- Ai mãe, para – Eu sorri, só ela mesmo tornava minha vida mais alegre – eu só... sei lá, to sentindo algo bom.
- Isso se chama confiança, é bom ter as vezes... aliás, você nunca foi uma pessoa confiante, tô chocada – falou ela.
- Talvez seja felicidade – respondi.
- Não. Felicidade você vai sentir apenas quando você garantir esse emprego – falou ela super esperançosa.
- É... – Falei com um sorriso bobo me imaginando empregado.
Cheguei lá as 7:50 pronto para ser chamado, e não demorou muito até a moça me chamar para seguir para uma sala. Chegando nessa sala tinha duas pessoas, o garoto estranho e ignorante que encontrei na entrevista naquele dia e mais um cara que consegui reconhecer porque tinha achado ele muito bonito, ele concorria a vaga também.
- Bom dia pessoal – falei sendo educado.
- Bom dia – respondeu o rapaz bonito que mencionei, o sorriso que ele mostrou me cativou na mesma hora.
- Oi – respondeu o outro rapaz olhando pro celular, parece que nem tinha me notado ali.
Ficou um clima bem estranho naquela sala, ela era pequena e tinha poucos lugares interessantes para olhar. O Cara estranho estava com o mesmo visual, só tinha mudado a camisa, a mesma calça e o mesmo all star, sim eu reparo demais. O outro cara estava adequado para o momento, estava vestido com calça, camisa e sapato social assim como eu.
- Meu nome é Eduardo – falou ele estendendo o cara bonito estendendo a mão para mim.
- Oi... Meu nome é Eduardo – falei estendendo a mão para ele – O que? Quero dizer... Meu nome é Leo, Leonardo, isso – falei nervoso – não sei de onde eu tirei Eduardo se Eduardo é você, né? Loucura minha – ri pra disfarçar aquela situação embaraçosa.
- Ué, seu nome poderia ser Eduardo também – ele riu também quebrando a minha tensão. O que me quebrou mesmo era o sorriso dele, eu estava totalmente encantado.
- Por gentileza dá para vocês ficarem calado? Obrigado – falou o cara chato, que antes eu achava estranho, agora é estranho e chato.
- Vamos todos ficar calados porque Diego pediu para ficarmos calados – entrou Thiago na sala, e todos sentamos em postura correta e nos calamos. Novamente o chefe surpreendendo – Você não cansa de ser chato, não? Dá um tempo – falou se sentando na única cadeira vaga na sala.
- Chato é você Thiago, me deixa em paz – respondeu Diego. Pelo visto eles já se conheciam e eram bem íntimos, quem iria chamar o dono da empresa de Chato sendo um zé ninguém como eu e Eduardo? Nós não nos atreveríamos arriscar.
- Eu não vou perder meu tempo com você – falou Thiago calmamente, e Diego voltou para seu celular – desculpe rapazes, esse garoto... enfim, não importa. Bom dia primeiramente.
- Bom dia – falamos eu e Eduardo em uníssono, menos Diego, claro.
- Então... eu selecionei vocês 2 – apontando para mim e para Eduardo – para trabalhar aqui, parabéns.
Eu estava soltando fogos por dentro, queria chorar ali mesmo, sair correndo para a rua e gritar que finalmente eu iria trabalhar naquele império, mas me contive, já tinha passado vergonha demais. Tudo o que eu consegui falar foi:
- Ai meu Deus, que alívio – falei levando minhas mãos ao rosto – digo... obrigado, muito obrigado Thiago, não vou desapontar – olhei para Eduardo e ele estava sorrindo olhando para o chão, também não acreditava, estava mudo.
- Espero que não mesmo – falou ele – Só que eu tenho uma pequena notícia para vocês – o nervosismo voltou – O que eu estou oferecendo aqui não é um emprego fixo, e sim um contrato de 1 ano, isso serve para eu avaliar vocês e decidir se vocês realmente merecem ser um engenheiro civil dessa empresa. Inicialmente, era apenas uma vaga que injustamente seria do Diego.
- Então... se a vaga era dele, aquela entrevista foi por nada? – Perguntou Eduardo.
- Sim, e vou explicar porque, mas essa conversa tem que ficar por aqui – falou Thiago seriamente. Diego continuava naquele celular, confesso que eu tinha curiosidade de saber o que era tão interessante ali – Diego, olha pra mim – Thiago falou com autoridade – DIEGO! – Ele alterou a voz que ecoou pela sala, eu fiquei com medo.
- Pronto, satisfeito? – Disse Diego deixando o celular em cima da mesa de centro e levantando as mãos para mostrar que não possuía mais o celular em mãos.
- Muito, obrigado – falou Thiago – Como eu dizia... A conversa fica por aqui, de acordo vocês dois? – Disse apontando para mim e para Eduardo – Não quero o nome dessa empresa em revistas e jornais.
- Claro, tudo certo – Falou Eduardo.
- Sim – foi a única coisa que eu conseguia falar, eu estava com medo.
- Então... – Começou Thiago – Essa criatura imatura e infantil que eu lhes apresento como Diego – falou ele apontando para Diego com a mão – é meu irmão. A única vaga seria dele por pressão da minha família, especificamente de meu pai.
- Nosso pai – falou Diego.
- Tanto faz – disse Thiago – Continuando, Diego, assim como vocês também é formado em Engenharia Civil e precisa de um emprego, e a vaga seria dele por ser meu irmão, mas por mim isso não aconteceria e por isso fiz questão de divulgar a vaga e entrevistar uma pessoa competente, porém, meu pai que antes de mim já foi dono dessa empresa, me disse que a vaga teria que ser dele por ser da família, independentemente se ele fosse bom no emprego ou não. Mas ainda bem que EU sou o dono dessa empresa agora, e não meu pai – disse olhando fixamente nos olhos de Diego – Ao mesmo tempo que vou ceder aos mimos de papai e aceitar Diego aqui, também decidi fazer as coisas ao meu jeito selecionando mais duas pessoas para concorrer a vaga. De qualquer forma, como eu estava dizendo, o contrato de um ano todos vocês três já possuem, e no final disso, eu decidirei de quem será a vaga efetiva. Vocês começam amanhã mesmo, já tenho um projeto que é ótimo para iniciantes. Por hoje é só, estejam aqui amanhã no mesmo horário, cada um tem sua mesa no décimo segundo andar, os três irão conviver na mesma sala durante esse período. Boa sorte – falou ele saindo da sala um pouco com pressa.
- Uau, que show – finalmente Diego falou alguma coisa – vocês vão ter que aturar isso durante um ano.
- Ele ou você? – falou Eduardo – vocês dois parecem ter a mesma personalidade, difícil de suportar.
- Mal começou e já tá se achando? Abaixa a bola ai otário, posso demitir você.
- Você não faria isso, até porque pelo o que vi aqui, tudo o que você quiser vai virar contra você, isso já se nota pelo fato do seu irmão não ir muito com a sua cara, então quem deve abaixar a bola aqui... é você – falou Eduardo dando um risinho cínico de canto de boca. Meu herói.
- Veremos – disse Diego saindo da sala.
- Vamos tomar um café pra comemorar? – Convidou Eduardo.
- Eu? – me fiz de bobo.
- Claro né cara, acha mesmo que chamaria esse mala para um café? – Disse ele sorrindo para mim, e eu me derreti mais uma vez.
- Claro – ri de volta, e saímosxGente, muito obrigado pelos comentários no primeiro capítulo do conto e mil desculpas pela demora da postagem. O próximo capítulo já está pronto e não vai demorar a sair, beijos <3
Irish, o conto é fictício sim.