Naquele sábado fizemos um programa bem casal: ficamos na casa do Gabriel assistindo filmes e comendo pipoca. Antes disso até rolou uma rapidinha no chuveiro, durante o banho mesmo. Eu já estava ardido, mas era um de nós ter vontade e lá íamos outra vez. Incrível como esse final de semana parecia durar bem mais do que isso de tantas coisas que nós fizemos.
Estávamos deitados no tapete da sala assistindo a algum filme qualquer quando ele me abraçou bem forte e disse:
- Eu achei que esse momento nunca fosse acontecer...
- Eu confesso que tive medo.
- De que?
- Ah, Gabriel, você é tão você e eu sou tão... eu. Uma combinação improvável.
- Ei, que papo é esse? Você é maravilhoso. Só não se deu conta disso ainda. - dizendo isso, ele me beijou. Achei fofo.
Ficamos naquela troca mútua de carinhos e estava tão bom que nem parecia que o fim de semana ia chegar ao fim tão cedo. Nesse clima ameno, o sono foi chegando, os olhos foram pregando e acabamos dormindo ali mesmo, até que no meio da noite ele me acordou com selinhos me chamando pra dormir na cama.
- Ei, carinha, bora pra cama... ce ta todo torto ae. - meio sonolento, despertei e concordei com a cabeça, sendo puxado por ele que trajava apenas um calção de pijama azul, que fazia um contraste e tanto com aquela pele dourada.
Ja deitados eu me aconcheguei ao peito dele, ele ficou fazendo um cafuné no keu cabelo e antes de apagar me lembro de beijar o peito dele e dizer "obrigado". No outro dia acordei novamente com uma melodia gostosa vinda do violão e Gabriel cantando "banana pancakes" muito bem desenvolto. Eu só fazia sorrir, afinal era uma cena um tanto inimaginavel até ali. Ele pousou o violão ao lado e ao contrário do outro dia veio em minha direção.
- Ja? Me desculpa se eu te acordei...
- Ahan, nem passa pela minha cabeça que você fez de propósito! - sorri.
- Po mano, queria curtir mais contigo... - passou a mão pelo meu rosto, me beijou e foi esquentando cada vez mais.
Quando me dei conta estávamos na cama num amasso maravilhoso e ele passando a mão pelas minhas coxas trazendo-as abertas em direção à sua cintura, simulando uma penetração. Começou a passar a barba pelo meu pescoço, me arrancando suspiros e confesso que se não fosse pelo meu estômago roncador teríamos transado loucamente.
- Porra, mano! Não tem fundo? - disse sorrindo de nervoso.
- Desculpa... é que eu acordo com muita fome. - beijei-o.
- Não po, tranquilo. Sabendo desse seu probleminha alimentar trouxe o café pra cá... - ele apontou em direção à pequena varanda que tinha no quarto, onde uma mesa simpática e bem montada nos aguardava pro desjejum. Foi uma refeição agradável e após pedi a ele que esperasse enquanto eu ia ao banheiro. Ele ficou sentado "de boas" e eu fui fazer minha higiene. Caprichei naquele banho porque queria uma despedida digna do meu findes maravilhoso: passei sabonete cremoso, passei óleo bifásico, escovei bem os dentes, vesti apenas o roupão, me olhei no espelho e disse:
- Arrasa! - saí em direção ao quarto e ele estava na poltrona dedilhando alguns acordes. Fiz um som de pigarro atraindo a atenção dele pra mim e, assim que a consegui, me despi sensualmente do roupão deixando-o cair pelas minhas costas. Seria muito sexy se uma das mangas do roupão não tivesse agarrado antes de cair.
- Af! Sou o desastre em pessoa... - eu disse enquanto ele, gargalhando, vinha em minha direção todo todo. - Na minha cabeça essa cena saiu de outra forma.
- Que nada, mano! Adorei - ele terminou de me despir, beijou cada ombro, envolveu minha cintura com seus braços e me beijou. Transamos. Foi bom.
Almoçamos no meio do caminho de volta pra minha casa, já que ele fez questão de me levar na porta. Tudo transcorreu muito bem, mas eu o percebia meio agitado, toda hora olhando para o celular. Confesso que fiquei curioso, mas não me atrevi a perguntar do que se tratava.
- Enfim, chegamos... – eu disse enquanto ele encostava o carro numa rua antes da minha casa. Fez isso a meu pedido, afinal eu não queria chamar atenção dos vizinhos e nem mesmo dar margem às perguntas que minha mãe com certeza faria.
- É, to ligado! – ele disse estendendo o braço direito e descansando a mão sob o encosto de cabeça do meu banco.
- Queria agradecer pela enésima vez pelo findes, como diz meu irmão rs, foi tudo muito bom e melhor do que eu imaginava. Espero que tenha sido proveitoso pra você tanto quanto foi pra mim. – sorrio envergonhado.
- Noss! Foi muito bacana esse tempo que passamos juntos, carinha. Nem se preocupe que curti cada momento. – fez-se um silêncio constrangedor no interior do carro e eu resolvi quebra-lo numa troca literal de palavras. O beijei da melhor forma que pude. Ele correspondia com volúpia, desejo, satisfação. Ficamos naquilo por um tempo até que eu fui suavizando e parando o beijo aos poucos.
- Melhor eu ir...
- Tem certeza? Ainda dá tempo de voltar lá pra casa.
- Tentador, mas eu vou deixar passar. Tenho outro Gabriel esperando por mim dentro de casa e algo me diz que ele vai me dar tanto trabalho quanto este Gabriel. – falei apontando para ele que sorria com o comparativo.
- Ah, a gente faz o que pode né
- Convencido! Enfim, obrigado mesmo. Agora eu devo ir.
- Beleza! Até logo. – sorri em sua direção e desci. Fiquei na calçada assistindo à partida dele e com um sentimento de que aquilo nunca mais voltaria a acontecer. Tratei de mandar esse negativismo para longe e fui em direção à minha casa. A realidade era dura, meus amigos, mas era necessária.
Entrei pela porta da sala e me espantei em como as coisas estavam organizadas, sem brinquedos espalhados, casa limpa e ninguém à vista. Fui em direção ao quarto querendo ver meu bebê, afinal quase 3 dias se passaram sem que eu o visse. Não estava. Provavelmente saíram todos para algum canto desconhecido por mim.
Desfiz minha mala, fui tomar outro banho e enfim descansar. Não sei por quanto tempo dormi, só sei que acordei com Gabriel(zinho) tentando me fazer cócegas passando uma pena no meu nariz.
- Ahh seu molequinho! – levantei de pressa e o peguei no colo, distribuindo várias beijos pelo seu rosto e mordidas por seu corpinho. – eu estava com saudades!
- Tava nada. Você não liga pra mim. – disse fazendo um bico do tamanho do mundo.
- Ohh meu amor! Eu precisei me afastar um pouco mas já estou de volta pra gente brincar.
- Mentiroso! O Caio passou o sábado todo brincando com o Maurício e eu tive que ficar em casa sem ninguém.
- É mesmo, Gabriel? E eu não conto? – a voz de nossa mãe se fez ouvir no interior do quarto. Ele ficou bem assustado e eu queria rir da carinha fofa dele.
- Nã-não, mamãe... é que o Mark tinha prometido fazer o Capitão América e você não pode fazer porque é menina. É isso.
- Hum... vou acreditar nessa sua versão. E você, Mark, lembrou o caminho de casa? – droga! Tinha que sobrar pra mim.
- Ei, mãe. Eu cheguei e não tinha ninguém em casa, cochilei um pouco. – me aproximei e com algum custo a abracei. Ela não parecia muito à vontade, mas retribuiu o abraço.
- Sentimos sua falta! – disse beijando minha testa.
- E eu a de vocês. Mas agora estou de volta! – sorri pra ela que foi saindo do quarto me deixando a sós com meu irmão.
- Capitão América, né? – estreitei os olhos e fitei a carinha do meu irmão. Aquele menino daria um ótimo ator.
- Pois é! – ele sorriu.
Brincamos horas a fio e ele não parecia cansar. Me contou que foi ao parque andar de bicicleta, que o Caio tinha quebrado o braço e o Maurício (irmão do Caio) havia levado ele ao hospital, que ele foi visitar o amigo e desenhou um dinossauro grandão no gesso que Caio tinha no braço.