O PASTOR - Parte 05
O detetive Eliezer ficou pensativo por uns segundos, depois de ouvir a minha história. Levantou-se, pediu licença e abriu minha geladeira, retirando de lá, ainda lacrada, uma garrafinha de água mineral com gás. Sorveu quase a metade do conteúdo de um só gole, antes de perguntar:
- Você não desconfia de quem possa ter te agredido aqui dentro da tua própria casa?
- A princípio, pensei que tivesse sido o tatuador, mas ele é bem mais franzino do que o agressor. Penso que deve ser alguém que sabe onde moro.
- Improvável – descartou imediatamente essa hipótese, meu negrão – acho que você foi seguida.
- Terá sido o porteiro lá de onde fica o atelier fotográfico de Genivaldo?
- Não sei. O físico combina? Lembra-se da roupa que o agressor usava?
Pensei um pouco e movi negativamente a cabeça. Disse com toda convicção:
- O porteiro usava uma roupa bem diferente do meu agressor. E não daria tempo de ele trocar de indumentária e me seguir, a menos se já soubesse onde me encontrar. Essa hipótese também está descartada.
- Então, temos que recuperar as fotos. Achando-as, descobrimos quem foi que te bateu aqui, dentro da tua própria residência.
- Isso não vai ser fácil: achar o cara, se nem desconfiamos de quem seja.
- Nem tanto. Precisamos voltar ao estúdio fotográfico. Talvez encontremos outras evidências, que não sejam as tais fotos. Mas, desta vez, vamos fazer a coisa da forma correta: precisamos de uma ordem de prisão contra o tatuador.
Perto do final da tarde, em seu atelier, prendemos o tatuador e fotógrafo Genivaldo. Novamente, ele jurou que não tinha nenhum envolvimento com os recentes assassinatos de mulheres. Mas, desta vez, havia a suspeita de que ele andava fotografando as vítimas de assassinato antes dos crimes acontecerem. Perguntamos porque ele escondeu-nos que tinha um estúdio:
- Ora, vocês não me perguntaram. Por outro lado, sei que o que faço lá parece ilegal. No entanto, as próprias mulheres me procuram para que eu as fotografe. – Gemeu o homem.
- Você tem fotos de suas “clientes” aqui, também? – Eu quis saber. – E é melhor não mentir, pois iremos dar uma devassa nesse atelier e com certeza a acharemos.
- Não guardo fotos de mulheres aqui, só lá. Eu sou gay, se é que não perceberam. Aqui, só tenho fotos de homens. – Disse ele, cabisbaixo, como se estivesse envergonhado de ser homossexual.
Era verdade. Nós ainda não havíamos percebido que o cara era bicha, pois não tinha as “ferramentas” que o denunciasse. Então ele nos facilitou uma pasta com várias fotos de nus masculinos, cada um mais escandaloso que outro. Um dos modelos tinha o caralho maior do que o do meu negrão, que ia repassando as fotos para mim. Não vimos em nenhum deles a tatuagem com o coração e o nome de Jesus. Também, nenhum deles tinha cara de evangélico.
- Algum desses rapazes também foi assassinado? – Perguntou meu negrão, tirando as palavras da minha boca. O tatuador, no entanto, afirmou desconhecer esse dado.
Demos uma batida minuciosa no atelier do cara, mas não achamos nada que o comprometesse. Resolvemos, então, leva-lo ao seu estúdio fotográfico. Chegando lá, uma surpresa me aguardava: todas as fotos que eu surrupiara do cara, e que foram recuperadas pelo meu agressor, estavam lá, na gaveta, no mesmo lugar onde as tinha encontrado antes. Inclusive, sem o envelope onde as tinha colocado. Confesso que comecei a duvidar da minha sanidade mental. Teria eu imaginado todas aquelas coisas, inclusive a invasão ao meu apartamento? Não. As dores que ainda sentia pelo corpo, das pancadas que o agressor me deu, atestavam isso. Meu negrão, no entanto, olhou para mim com cara de quem estava cismado. Mas não teceu nenhum comentário. Deu uma olhada nas fotos e comprovou o que eu já lhe dissera: as mulheres assassinadas – menos as duas irmãs que haviam sido mortas por último – faziam parte daquela coleção macabra.
- De quem foi a ideia da tatuagem em forma de coração? – Perguntou o detetive.
- Bem, a primeira a me pedir essa tatuagem, inclusive me trazendo o desenho, foi essa aqui – apontou a fotografia.
Olhei a inscrição em caneta, no verso. Tratava-se, realmente, da primeira jovem a aparecer morta com sinais de sevícia. Depois, ele foi apontando outras, dizendo que foi a sequência em que esteve fotografando as clientes, e eu fui conferindo as datas atrás do papel fotográfico. Ele não estava mentindo. Eu disse isso ao meu querido detetive. Ele acenou positivamente com a cabeça.
- Tem ideia do significado do desenho repetido em todas as tatuagens? – Foi a pergunta do detetive Eliezer.
O gay esteve uns segundos indeciso, depois disse um tanto temeroso:
- As duas primeiras fotos que apontei foram de mulheres que namoraram aquele pastor que apareceu sendo preso, dia desses. Não tenho certeza, nem quero acusar ninguém. Mas a segunda que me procurou já sabia que a outra havia trazido o desenho para mim. Era como se fossem rivais e ter aquela espécie de marca fosse um privilégio...
Eu e o detetive cruzamos nossos olhares. Com certeza, estávamos pensando a mesma coisa: o nosso pastor tinha alguma culpa naqueles crimes, mesmo se não fosse ele próprio o assassino. Antes de levarmos o tatuador para tomar seu depoimento assinado na delegacia, meu negrão resolveu dar outra vasculhada no estúdio. A princípio, não encontramos nada comprometedor. Porém, quando já nos preparávamos para ir embora, o detetive Eliezer fez uma grande descoberta:
- Aquilo ali não é uma mini câmera? – Perguntou, apontando um minúsculo objeto incrustado em uma estante, bem posicionado para a cama redonda que havia no recinto – Para que serve?
O fotógrafo e tatuador estranhou a pergunta. Teve dificuldade para localizar a tal câmera e pareceu não saber do que o detetive estava falando. Meu negrão quase o suspendeu da poltrona onde estava sentado, puxando-o pela beca da camisa de malha até perto do objeto. O sujeito espantou-se. Afirmou com convicção que não sabia de que se tratava. O detetive pediu-lhe uma chave de fenda e cutucou o objeto, arrancando-o da estante. Deixou à mostra um par de fios, embutidos no móvel. Pediu que eu ligasse imediatamente para a Polícia, requerendo que técnicos viessem ao local. Os profissionais vieram acompanhados de uma viatura policial. O detetive exigiu que o tatuador e fotógrafo fosse levado para a delegacia, para prestar depoimento. O cara tinha mania de jurar, pois saiu jurando que não sabia de nenhuma câmera escondida. Quando o gay foi levado, perguntei:
- Acredita nele?
- Talvez. No entanto, se o cara estava sendo espionado por alguém, logo descobriremos.
- Só que isso vai demorar mais do que o previsto – Intrometeu-se na conversa o técnico da Polícia. Esse tipo de câmera usa controle remoto. Teremos que fazer uma minuciosa varredura na área, para saber de onde vem ou onde termina o sinal.
- Quanto tempo acha que isso vai demorar? – Perguntei.
- É melhor vocês irem embora e nos deixar trabalhar. Quando tivermos uma resposta satisfatória, entramos em contato.
Era o que eu queria ouvir. Desse modo, eu teria mais um tempo para ficar a sós com o meu negrão. Ele, no entanto, fazendo-se de desentendido, disse-me que precisava interrogar novamente o pastor. Era imprescindível descobrir algo sobre o desenho tatuado na nuca ou na genitália de algumas das vítimas de assassinato. A contragosto, concordei com ele. E fomos juntos até o templo do pastor. Já anoitecia, quando chegamos lá.
Estranhei que desta vez o detetive não levava a sua famosa Bíblia rústica. Garantiu-me que não iria precisar dela. Explicou-me que, quando eu liguei para ele, denunciei sua tocaia. Teve que fingir que foi lá pedir desculpas ao pastor pela suspeita de envolvimento dele com os crimes. Agora, ambos fingiam ter se tornado grandes amigos.
Pude constatar essa relação, quando chegamos no luxuoso apartamento do pastor Severino. Primeiro, um segurança nos barrou. Mas, quando ligou para o evangélico e disse o nome do detetive, fomos recebidos imediatamente. O cara veio nos aguardar à porta, metido num roupão de banho, e abraçou efusivamente meu negrão. Este também sorria de orelha a orelha, como se fossem mesmo amigos inseparáveis. Quase vomito com a hipocrisia dos dois. Quando ele nos levou até um amplo salão de jogos, fui pega de surpresa. Havia várias mulheres ali, todas totalmente despidas. Umas jogavam bilhar, outras liam a Bíblia, outras pareciam chapadas. Aquela era, sem sombra de dúvidas, uma sala de lazer. O pastor, fingindo que não me guardava rancor, explicou:
- São todas dependentes químicas em tratamento. Aqui, ajudo-as a se livrarem do terrível vício das drogas.
- Que eu saiba, você era traficante – eu disse com um tom acentuado de ironia.
- Águas passadas, irmã. Já paguei por meus crimes e hoje abomino o uso de drogas.
Fingi acreditar. Olhei mais detidamente para cada uma das mulheres. Todas eram bonitas e, apesar de estarem nuas, mostravam algumas características evangélicas: pelos nas pernas, nos braços e nas axilas, unhas por pintar e cabelos compridos. Algumas usavam coques. Ouvi o pastor dizer:
- Vamos, fiquem à vontade. Tirem essas roupas, vão se divertir. Aqui não servimos bebidas alcoólicas, mas posso pedir um suco bem gelado para cada um de vocês.
- Oh, não se preocupe, estamos à vontade. E prefiro continuar vestida... – Eu disse, sem nenhuma intenção de tirar minha roupa.
Meu negrão, no entanto, foi logo se livrando do seu terno e afrouxando a gravata. Sua atitude pegou-me de surpresa. Num instante, estava completamente despido. Aí, uma das mulheres o reconheceu. Avisou às outras:
- Gente, o negrão voltou. Agora, sim, teremos diversão de verdade!
Para o meu espanto, todas deixaram o que estavam fazendo e vieram para perto do detetive. Uma delas, mais afoita, pegou no caralho dele. Outras se abraçaram a ele, encostando a boceta nua na sua perna ou na sua bunda. Agiam como se eu nem estivesse ali. O pastor sorria, satisfeito. Falou para mim, enquanto tirava seu roupão de banho:
- Elas enjoaram de mim. O bom é que eu terei uma folguinha. É por demais cansativo satisfazer todas essas mulheres.
- Como assim? – Perguntei.
- Oh, quando bate a vontade de consumir drogas, elas costumam compensar o esforço para não voltar ao vício fazendo sexo. – Respondeu-me – Antes eram duas ou três em tratamento. No entanto, à medida que outras ficaram sabendo deste SPA, elas se multiplicaram.
- E quanto tempo dura esse “tratamento”? – Eu quis saber.
- Depende. As mais viciadas permanecem hospedadas aqui por dois ou três meses. A maioria fica desintoxicada na terceira ou quarta semana. Há uma equipe médica que acompanha essas pobres meninas. Infelizmente já terminou o turno dessa equipe, senão eu lhes apresentava. Mas haverá oportunidade para isso, caso vocês venham mais vezes. Tem certeza que não quer se livrar dessas roupas?
Olhei para o meu negrão e fiquei morta de ciúmes. Três mulheres o beijavam e acariciavam, enquanto uma quarta estava ajoelhada entre as suas pernas, mamando em seu cacete. Confesso que dividir meu negrão com outras mulheres me provocava raiva. Então, resolvi dar-lhe o troco. Despi-me rapidamente e me insinuei para o pastor. Ele chegava quase a babar, olhando para o meu corpo. Seu cacete ficou imediatamente duro. O sujeito não era avantajado do jeito que eu prefiro, mas também não era de se jogar fora. O bonitão apressou-se a mamar meus seios. Manuseei seu pênis e ele pareceu tomar um choque. Apressado, quis encaixar a glande entre as minhas pernas. Virei de costas e encostei a bunda em seu pau. Ele sorriu mais ainda. Cuspiu na mão e lambuzou meu buraquinho. Eu comecei a gemer de prazer, querendo chamar a atenção do meu negrão. Em vão. Ele estava de olhos fechados enquanto duas mulheres lambiam seu pau, ambas ajoelhadas, cada uma de um lado do membro.
- Cachorro –, pensei – depois você me paga.
Aí o pastor invadiu meu cuzinho com seu pênis duríssimo. Suspendeu-me pela cintura, depois que se enfiou totalmente em mim. Enrosquei meus dois pés por trás das suas coxas, encaixando-me melhor. E ele começou a copular minha bunda. Apesar do membro ser menor e menos grosso do que o do meu negrão, o cara sabia foder bem. Em menos de um minuto eu comecei a sentir a aproximação do gozo. Gemi sinceramente que a foda estava gostosa. Ele aumentou o ritmo das estocada. Eu abri desmesuradamente os olhos e a boca, antecipando o prazer. Ele abraçou-se ao meu ventre, permitindo maior penetração. Aí, eu comecei a me tremer toda. Era o prenúncio do primeiro orgasmo. Uma das mulheres, que só assistia a putaria, adivinhou que eu estava por gozar. Aproximou-se de nós e meteu a boca em minha boceta encharcada e eu não tive forças para rechaça-la. Eu nunca havia feito sexo com mulher, mas sua língua era tão quente e áspera que meu corpo se tremeu mais ainda. Eu continuava suspensa, enroscada nas pernas do pastor, que bombeava no meu cuzinho. A mulher quis meter os dedos em minha xoxota, mas eu consegui desviar sua mão. Só então ela percebeu que eu era virgem. Desistiu de me enfiar os dedos, mas aumentou o ritmo das chupadas e lambidas em minha vulva.
Não consegui me conter. Esguichei esperma na boca dela. Ela gargalhava feliz, enquanto se lambuzava do meu líquido branco. Aí, se o pastor não houvesse me segurado bem, eu teria me estatelado no chão. Minha cabeça girou e eu perdi, mais uma vez, os sentidos.
FIM DA QUINTA PARTE.