Voltei. Nem demorei (rimou)
AllexSillva: Aguentou? Espero que sim kkk. Olha ae mais um cap. ♡
Bruno C.: Já disse e repito - e não te faz de besta; tô de mal com você u.u
magus: Pow, Cara. Muito obrigado mesmo. Bom, como eu disse antes, e repito, estamos juntos sim hoje em dia. Entre altos e baixos, com nossas imaturidades, estamos bem. Valeu pelo seu carinho, muito gostoso ler suas palavras. Abraços ♡
Lipe*-*: Também entendo minha sogra, ishe, e muito bem. Não a julgo e nem nada. O único problema é a prepotência da mesma, fora isso, ela agiu como qualquer mãe agiria né. Enfim, grande abraço. ♡
Querido606: Pois é, André vai aparecer mais vezes mesmo. Você e sua preferência por ele heim. Obcecado hahaha. Espero que esteja curtindo e grande abraço ♡
Fernando Sp: Sério? Tinha uma sogra que nem a minha? Conta isso aí e como que vocês pagaram? O que houve? Fiquei curioso... me conta tudo, chará. Beijos ♡
William26: Hey, Will. Sumiu mesmo heim. Caramba, sério que passou pela mesma barra? No conto eu sempre procuro romantizar um pouco as coisas, no real ouvi algumas coisas bem chatas. E é ruim, você não tem ideia. É ruim ver partir e é ruim as lembranças e a saudade. Pós? Sei como é, tô entrando no meu Quinto período de Eng civil e meu tempo livre é uma utopia. Graças aos céus que vou ter férias de 20 dias e poderei viver como humano novamente kkk. Grande abraço, Will e não some. ♡
Arthurzinho: Chora não, man. Momentos ruins são necessários na vida de qualquer um. É bom que os próximos a gente já enfrenta com a cabeça erguida. Abração, cara e fique bem ♡
Revengeevil: Nem demorei. Mereço um presente por isso, viu? Que tal uma garrafa do bom vinho que você tiver? Aceito, bjs. Abraços, man. Espero que curta esse ep. ♡
Menina Crítica: Deve doer mais ir mesmo. Mais uma pessoa que é do fã clube do André. Talvez eu tenha me equivocado quanto a dizer que os tempos sombrios viriam por conta de André. Tadinho, nada disso. Mas vamos ver mais a frente se ele não decepciona, quem sabe? Só eu mesmo kkk. Não chore, menina, normal ter situações assim. Beijinhos e fique bem ♡
Guilmarajwinsk: Talvez Caio foi por achar que é melhor. Por achar que tava confuso e fazendo mal pro Fernando. Vai saber né. Obrigado pelo carinho, cara. Beijos e fique bem ♡♡
arrow: Exatamente, ele se precipitou. Mas se ficasse, na cabeça dele, o mesmo causaria mal pro Fernando talvez. Achando isso, decidiu partir e tentar ser normal, como ele bem disse. Enfim, vamos ver o que rola mais a frente haha. Beijos ♡
Hulk22: Voltei rapidim. Hey, Gus... e a namorada? Me conte como estão? Meu email tá ruim então já viu (mentira, perdi a senha). Beijo pro cês dois aí ♡
Diego21: Há! Postei sim, viu como sou um homem de palavra. Peça desculpa, seu catíoro u.u
FASPAN: Sou uma ótima pessoa mesmo, pergunte pra minha orda de inimigos o quão bacana sou kkk. Tá sumido mesmo, tem muita gente sumida, sabe. E verdade, os pais são algo que influência os filhos direta e indiretamente. E sim, é vivendo e aprendendo. A vida não teria graça se tudo fosse fácil o tempo todo né. Tem que ter uns bremas pra apimentar as coisas. Grande abraço, querido FASPAN, e não some ♡
layla55: Calma, mulher. Chora não. Tudo fica bem depois da tempestade né? Poxa, já é a terceira pessoa aqui que diz que passou por algo desse nipe. Que barra e fiquei triste por saber que o seu não voltou. É horrível mesmo, você não imagina o quanto. E creio que cada pessoa tem uma intensidade adequada quando se ama. Ninguém tem mais amor que o outro, ou um amor maior que os demais. Fiquei triste por você :( Mas você superou? Fica bem e espero que esteja tudo bem ♡
Irish: Mais uma que curte o André. Pelo amor kkk. Pois é, talvez ela tenha influenciado mesmo. Mães de namorados ou maridos são horríveis, Deus é mais. Mas é o preço que tem que se pagar né? Beijos, e fique bem ♡
Lari12: Ownt. O amor move montanhas né? Move o universo, aliás. Só pra ressaltar, não fui eu que fui atrás pra voltar não, ok? Obrigado de nada kkk. Zoa. Beijos, nina ♡
Plutão: Caramba, o meu corretor ia mudar teu nome pra Putão. Olha que safado kk. "Cair em tentação" em me relacionar com André não é um termo tão apropriado rs. Digamos que a ocasião fez o ladrão, se é que me entende. Forte abraço, mineiro. E fique bem ♡
Vi(c)tor: Gata, se me atacá eu vou atacá. Calma que a gente tem que ir de vagarinho tudo gostosinho. Credo, crepúsculo tem esses dramas? Nunca assisti, não posso negar. Mas que tem um vampirão lá musculoso que é gato, isso sim. Posso nem falar que já adoro. Nem reclame da demora, nem tem motivos pois nem demorei, viu. Que Deus te elimine. Beijos ♡
Ahhhh, terminei. Grazadeus. Vamos o aque importa.
-
- Bora, Fernando. Sai já desse quarto. - Disse um Pedro impaciente me olhando com raiva. Não dei atenção e voltei a engraxar meu sapato o qual eu usaria para trabalhar no outro dia. Percebi que Pedro andava muito arrumado; camisa da Coca-cola polo, short bem bacana e sandália que valeria um rim meu. Eu sentado na minha cama e ele em pé, me encarando feio.
Eu nem o olhando: Sério, tô com dor de cabeça.
Pedro: Vai te fuder! Já é a oitava nessa semana. Bora, vou te levar nem que seja a força, zé-ruela.
Eu suspirei e olhei para ele: Por quê diabos quer que eu vá pra isso?
Pedro: Não te interessa, vamo e pronto.
Eu voltando minha atenção ao sapato: Se não me interessa, não vou. - Disse mal humorado.
Pedro: Ah, mais vai. Te pego às 8 aqui, feínho. E ah se tu não tiver arrumado, te dou umas pêia.
E saiu do meu quarto, ouvi ele ligar o carro dele e buzinar para alguém antes de ir. Resmunguei algo ininteligível e continuei a lustrar meu sapato com vontade me concentrando avidamente nele. Sempre ocupando a cabeça em algo, nunca deixando ela vazia. A verdade é que essas últimas duas semanas estavam sendo uma verdadeira droga. Nada de novo e nada de velho. As mesmas coisas e pessoas. As mesmas horas, dias, funções, obrigações, necessidades e etc. Duas semanas arrastadas. Chatas. Ouvi crianças brincando de Pega-bandeira na rua e ao longe um alto falante em um carro decrépito anunciava a chegada do carro-da-banana, o que passava 3 vezes por semana por lá pela rua de casa. Frustrado, peguei os sapatos e joguei longe, não muito porque o quarto era micro e por isso não se dava pra extravasar tanto assim a raiva de forma satisfatória. Fiquei em pé e andei de um lado pro outro pensando na maldita festa a qual teria que ir para agradar Pedro e o resto do pessoal. Eu não saía desde que... Desde que parei de sair à duas semanas atrás. Quando "Ele" foi embora, me deixando. "Ele" era o cara que eu ainda amava e que agora estava em outra, bem longe de mim. Muito longe. O bastante para me deixar agoniado, estressado, raivoso e acima de tudo; bem triste. Mas isso só quando eu estava sozinho, na frente das pessoas eu agia normal, não era necessário ninguém ver o que eu sentia. Andando de um lado pro outro lembrando de duas semanas atrás.
Quando ele fechou a porta eu fiquei meio sem saber o que fazer. Deixei meu corpo reagir antes de pensar. Abri a porta e vi a do elevador fechar. Fui até ela e bati com força, não ía abrir. Olhei para a direita e vi outra porta, a das escadas, no fim do corredor na minha direita. Corri pra lá e estava trancada. Tinha que ter as chaves, todo morador sabia disso. Corri até o apê, agora só "meu apê" e peguei as chaves em cima da bancada da cozinha onde eu havia deixado minutos antes. Voei pra porta das escadas e tentei abrir. A porta se remexia feito louca, o buraco não parava quieto. Percebi ser eu que tremia feito um louco. Coloquei a chave, abri e corri pulando degraus e mais degraus de uma forma não muito segura. Um erro e eu teria que lidar com 20 lances de escada, quebrando cada osso do meu corpo. Ele iria embora, aquele filho da puta iria embora. Desgraçado babaca do inferno. Cheguei na garagem no subsolo e não vi o carro dele. Corri até a saída e nada. Descendo do décimo andar até ali eu demorara de mais, eu mesmo sabia disso. Fui até o porteiro e ele disse que vira, através das câmeras, o carro Dele saindo um minuto antes. Frustrado eu fui pra rua e pensei no que fazer. Pegar um táxi e ir atrás dele ou não fazer isso? Ligar para... para... Para quem? Ele que queria ir. Não! Ele não queria, a mãe dele queria. Espera, o pai dele também queria. E meu pai. E todos nas nossas famílias. Casais gays são aberrações para a sociedade.
"Entende, Fernando. Tô te dando a liberdade de ser normal", dissera ele, ou não? Não lembrava. Eu sou normal. Eu sou. Nós somos! Desgraçado besta. Idiota. Raiva, tristeza, sentimentos abstratos e tudo mais rolava solto dentro de mim. Como múltiplas explosões de fim de ano. Ligar. Ligar para ele. Peguei o celular, mas pra quê? Eu estava sendo ridículo. Deixa ele ir, deixa ele ir. O porteiro perguntou se estava tudo bem. Nem dei importância quando saí pra rua e chamei um taxi. Entrei nele e disse o local da casa Dele. Na minha carteira eu procurei o cartão de permissão para entrar no residencial desproporcional onde sua família morava e fiquei mais aliviado por encontrá-lo. Eu não sabia lidar com tudo aquilo... Eu não sabia como agir. Eu ainda o amo, falava pra mim mesmo, e sinto que ele me ama. Mas ele está indo embora. Não deixe, não deixe. Vocês se amam, vocês se amam. Eu amo ele. Se você for atrás ele fica, por amor se fica, por amor se fica. Ele é teu homem, teu amigo, teu irmão, teu tudo. Não deixe ele ir, falava uma vozinha na minha cabeça. Catatônico, comecei a notar que falava sozinho e que o taxista me olhava torto. Nunca esquecerei como eu fiquei ruim naquela noite, com meu peito ruindo rápido. Foi como se eu acabasse de saber que alguém muito próximo morrera. Horrível. Ele não deve ir, disse alto.
No meio do caminho eu mandei o taxista parar e dei mais dinheiro do que a corrida pedia. Não sabia que parte da cidade eu estava, talvez o bairro da Marambaia, arborizado, e com algumas poucas pessoas na rua. Andei, sem rumo relembrando as palavras dele. Peguei o celular e liguei pra ele. Caiu na caixa postal, deixei uma mensagem de voz mandando ele se fuder e ir pra puta que pariu. Liguei de novo e caixa postal, disse dessa vez que o queria longe de mim, playboyzinho bosta. Ao todo foram 14 mensagem até meu crédito acabar. Com mais raiva joguei o celular longe perdendo-o. Me arrependi disso, mas não o suficiente para ir procurar por ele. Foda-se. Que ele se foda, ele o pai a mãe e todos. Ele que vá pro quinto dos infernos. Que o avião caia e mate todos eles. Ele quis ir, ótimo!
Procurei um bar, eu queria beber e fumar. Eu queria ser forte e bater em alguém sem motivo. Eu queira bater Nele. Machucar ele. Contudo, não achei nenhum bar e cada vez mais o número de pessoas na rua diminuía. Não sei bem quanto tempo se passou, mas andei por uns bons 10 quilômetros de forma automática. Meu apê? Ahh... Eu teria que voltar lá. Peguei outro táxi. Chegando em casa, procurei outra mala. Não achei. Não tinha nenhuma. Saí pela casa caçando o que eu levaria dalí. Joguei roupas e objetos em cima da cama e com o lençol eu fiz uma trouxa de tamanho questionável e levei para fora. Não queria ficar naquele lugar, não ficaria. Eu tinha casa. A do meu pai. Não a do moleque que queria dar um tempo da minha vida, como se isso fosse bom para mim quando ele sabia que não era. Desliguei a geladeira, televisão e tantos outros eletrodomésticos, pegue minhas plantinhas da varanda e pus em um saco plástico. Fui até à lavanderia e peguei o resto das minhas roupas. Quase desabei no chão de tanto chorar quando vi as cuecas, uns dois bonés e várias camisas e short dele pendurados para secar. As roupas do cara que eu amava. Tirei a camisa favorita dele, a bermuda rota de tanto ele usar, todas as suas cuecas, um dos bonés e coloquei numa sacola. Sim, eu as levaria comigo. Idaí?
Desliguei as luzes quando passava por cada cômodo, não queira olhar praquele lugar e dizer adeus. Mordido ainda pela raiva, peguei o vídeo game dele e espatifei no chão, maltratando-o das piores formas possíveis para uma máquina. Foi quando notei está chorando, sem emitir som. Só deixando as lágrimas rolarem quietas e lentas pelas minhas bochechas, para então se encontrarem bem abaixo do meu queixo. Joguei minha trouxa de roupas e trecos para fora do corredor, tranquei o apê deixando as chaves na fechadura. Com dificuldade eu levei minhas coisas até o elevador e notei umas portas se abrirem para espiarem o que acontecia. Nem me importei quando perguntei "o que foi? Perderam algo?" para então continuar minha ida. O elevador desceu vagaroso, saí para o hall e ignorei as perguntas preocupadas, porém indiscretas, do porteiro. Chamei um taxi e atraí olhares de pessoas que passavam e me via com uma trouxa feita de lençol, umas sacolas e rios de lágrimas no rosto. Um taxista passou e me levou para minha antiga casa. Quando cheguei, meu pai ficou alarmado e fez vista grossa.
Pai: O que você fez, Fernando? Calma, meu filho. O que você fez?
Como se "eu" que tivesse feito a merda. Impaciente, pedi para ele me ajudar entrar ao invés de ficar perguntando lorotas. Ele resmungou algo e eu também. Quando entramos eu escondi o que sentia. Indiferente, falei sobre eu ter deixado Ele e que isso era bom para todos, para mim inclusive. Ele não engoliu isso, sabia que eu era apaixonado pelo dito cujo. Me deu umas broncas e disse que ligaria pra algumas pessoas. Com raiva, pedi para ir pro meu antigo quarto, mesmo ele querendo saber o que realmente acontecera, subi fingindo não ouvir meu pai. Entrei no meu micro quatro. Espanei a poeira na cama, joguei minha trouxa num canto, corri no quarto do pai e peguei umas cobertas, no corredor eu ouvi ele falar algo no telefone da cozinha. Fui até as escadas e fiquei ouvindo.
Pai no telefone:... isso? Pra quê? Mas foi o Fernando? - Pausa para ouvir. - Sim, sim. Mas é meio repentino, tu não concorda? E ele tá aí? Quero falar... Diga que quero falar... Caique, isso tá errado. - Silêncio de 2 minutos com interrupções de "hum/ah/hãm". - Claro que ele tá ruim, que pergunta besta. Claro que isso não é bom... É melhor não, Fernando é genioso, se você vier... pois é. Talvez eles se resolvam. Ah, ele quer viajar? Vai quando? Hum... Bom, se isso o faz bem (mudança no tom da voz, parecia um pouco azedo). Mas digo uma coisa, se isso fazer mal ao meu filho, eu não sei o que... Acalma-te, homem. Eu sei. Pegou a mim de surpresa. Ok, converse com ele. Sim, esses meninos... Abraços.
Corri pro quarto sem fazer barulho e arrumei minha cama. Deitei nela e fiquei pensando. Ele iria embora mesmo. Meu pai bateu na porta e eu disse que estava dormindo, ele não insistiu e me deixou em paz, com uma dor desconhecida se formando no meu peito. Chorei sim, de mais, xinguei ele até dormir. Imbecil, panaca, pau-no-cu, filho da puta, otário. No outro dia meu pai exigiu uma conversa, mas eu acordara tão indiferente que só ressaltei o fato de estar morto de fome quando o vi na cozinha com o semblante sério, me esperando para um questionário desnecessário. A noite foi sombria, com pesadelos e vários sustos. Eu rolava na cama de solteiro em busca do corpão branco largado, mas encontrava o vazio. Caí duas vezes da cama e chorei pela dor nas costas e a dor da perda. Nenhuma dor supera a dor da perda. Então veio as pessoas atrás de mim, a noticia se espalhara rápido. Lise chegou primeiro, com Roger, ambos mortos de preocupados. Falaram que foram lá no apê e encontraram as chaves na porta e o cadáver de um vídeo game no meio da sala. Exigiram uma explicação e eu não as dei. Falei um categórico "terminamos ué" e matei o assunto diversas vezes.
Lise: Caio nom faria issâ, Fêr.
Eu não olhando nos olhos dela: Mas fez.
Lise pegou minha mão, estávamos na cozinha da minha casa, meu pai saíra para igreja, o que era bom, pois ele criara a mania de ficar me olhando estranho antes de perguntar "quer algo, filho?". Irritava o modo como todos me tratavam, como se eu estivesse de fato depressivo, no nível de se matar a qualquer momento: Fernandú, elí te ama e sei que feiz isso por...
Eu impaciente: Por não estar aguentando a barra. Eu sei que na academia zoam ele por ser gay. Que a mãe pilha ele por causa dos netos que nunca teríamos. Do seu Cá não estando feliz com isso... Não desminta que sei que seu Cá não está feliz
Lise surpresa: Mas elí é o mais feliz nissu tuda, menina. Claro que sim. Foi a cobra da Helena que dissê issa? Ela mentiu. - Disse Lise incrédula.
Roger: Verdade, mano. Tu sabe como a cobra da tua sogra é.
Eu: Não quero saber mais de nada, gente. Ele quis um tempo, eu tô dando. Mas se depender de mim, esse tempo é para sempre. E não quero falar mais disso, por favor. É ruim. - Me esforcei pra não chorar ou demonstrar alguma emoção.
Eles não tocaram mais no assunto, não diretamente, mas de forma esporádica ela puxava algo relacionado a ele.
Os outros vieram atrás também, não dei satisfação, nem a Pedro com quem eu tanto gostava de trocar ideia. Fui até o Facebook e deletei todas as fotos com Ele. Foi horrível olhar aquilo... relembrar os acontecimentos e eventos bons. Foi então que excluí logo minha conta sentindo uma frustração dantesca no peito. Uma semana e eu me senti um robô. Não sentia-me depressivo, só indiferente com tudo e todos. Impaciente e irritado.
Logo depois senti os efeitos pós separação, quando percebi que a falta que Ele fazia na minha vida me trazia ondas de tristeza. A voz dele, o cheiro, o jeito, o riso rouco, o modo playboy de ser, o fato de Ele ser lerdo em muitas coisas, seu olhar, corpo... tudo. A primeira semana era raiva, a segunda indiferença, a terceira foi a pura "bad". Eu não atendia os telefonemas de ninguém, saía para trabalhar e no trabalho tratava todos com uma frieza crua e até ofensiva. Via modelos do carro Dele passarem pela rua e imaginava o mesmo saindo do veículo e indo até mim, arrependido e pedindo para voltar. E eu voltaria? O perdoaria? Sim. Eu o amava ainda, sabia que ele fez o que fez pensando em mim, não nele. Mas não era ele, em nenhuma vez e isso me afundava na lama. Certo dia deixei o trabalho e saí sem rumo, isso foi depois de eu ver um cara igual Ele, usando um boné igual o que Ele usava, eu fiquei tão alegre achando se tratar dele, que fui até o cidadão para perceber ser outra pessoa. A raiva e tristeza vieram em dobro, saí de perto do cara respirando com dificuldades e resolvi andar.
O pior era as lembranças boas que rodavam minha cabeça dia e noite. Nos sonhos eu abraçava Caio e dizia que tinha sonhado que havíamos nos separados, que tudo não passara de um pesadelo. Aí eu acordava e notava que o pesadelo era tão real que me fazia soluçar quando o sonho com Ele tinha emoções fortes. Sonhava com a gente no meu antigo apê, abraçados na nossa cama quebrada, pelados, suados, ouvindo a chuva cair pesada e com ele dizendo que me amava. Sonhava com a gente brigando, nossas discussões, por ciúmes dele, por ciúmes meu, por idiotice de ambos. Sonhava com ele querendo matar minha ratinha de estimação, a Maus, e comigo ralhando com ele. Sonhos e mais sonhos. Sempre com ele... nunca sem ele. Andei o bairro todo, sem rumo, só pensando e divagando sobre o quão aquilo me fazia mal. A distância me matava aos poucos e apesar do meus esforços para combatê-la, agindo como se nada importasse, que ele não importava mais na minha vida, eu desmoronava lentamente. Vi um bar e comprei uma carteira de cigarro. Lembro de ter fumado ela inteira em menos de uma hora enquanto andava. Comprei outras duas. Se meu pai visse, me mataria, então passei a fumar fora enquanto saía para andar sozinho. Nunca com ninguém.
Nesse meio tempo, ligaram para minha casa informando ser da polícia, que rastrearam o lugar onde postaram nossas fotos no Facebook. Eu nem lembrava mais daquilo, mas quando disseram que viera duma Lan House próxima da padaria do pai eu fiz uma busca mental. Num raio de 1 KM perto daquela Lan House moravam 4 conhecidos meus, 2 deles era só de vista e nem sabiam do meu lance com meu Ex. Sobraram dois e eu gelei quando juntei as peças e descobri quem fora. Não comuniquei a polícia e fiquei quieto, antes eu teria que falar com a pessoa. Numa sábado depois de sair do trabalho e ir caminhar, cheguei em casa e meu pai havia saído para um culto. Resmunguei com ausência dele, pois nós dois iríamos tirar na sorte quem lavaria a louça. Quando ia entrando em casa ouvi uma voz me chamando, um cara em cima de uma moto.
Olhei para o portão e vi Nóia, um sujeito magro, pele queimada do sol, sem camisa e com diversas tatuagens pelo peito e corpo. Usava um gorro petro de lã e uma calça estilo biólogo. Nóia: Fernando, seu disgraça.
Eu tentando rir: Nóia, pau-no-cu. Fala ae, mano - abri o portão e fui até ele abraçar meu parça. Nóia estudou comigo até a sétima série, parando ali para se meter no mundo do crime. Fora pra FUNCAP uma série de vezes e uma vez para o presídio. - Tava onde?
Ele rindo: Saí esses tempos lá do *nome do presídio* e voltei pra casa da mãe. E tu, sumido. Tava pra onde diabo?
Eu: Se eu te falar tu vai é rir. Mas tava de rolo aí e agora tô solteiro. - Não falei quem era o rolo e nem vi necessidade.
Nóia: Fez falta, pow, dos nossos cafés com vodka. Eu perguntando de ti e o povo dizendo que tu tava riquinho e pá. Que teu pai endoidou e tudo mais. Velho doido.
Eu ri, ele e meu pai não se gostavam: Puxei pra ele. E tu, mano? Como tu tá? E essas merdas no teu corpo, cara. - Falei apontando pras tatuagens. Nóia devia ter seus 20 anos, tinha um rosto agradável e um corpo esbelto.
Ele: Quê, zé? Minhas tatu, mano. Mó dahora.
Eu: Parece um gibi mal desenhado.
Ele riu: Palhaço. A Geh vive perguntando de ti. Doida pra tu cumer ela.
Eu: Opa, diga que tô disponível.
Ele: Já é. Escuta, vai rolar uma festa na casa do Jax semana que vem, vamo lá?
Eu: Jax o que rouba celular?
Ele: Esse mesmo. Vai ter uma cocotas lá, mano. Vai ser dahora.
Eu: Pode ser, diz pra ele arrumar um celular pra mim. Tô sem, ó cara..
Nóia: Ná hora, irmãozinho. Nós te busca, lá na esquina. Se teu pai me ver aqui, me dá uns tiros.
Eu ri: Quem manda tu ter fama de roubar galinha e cueca dos outros do varau, infeliz.
Ele gargalhou alto: Tá doido. Vou lá, "filar" uma gata já já.
Eu: Juízo, Nói... Não quero te ver de volta pro cadeão.
Nos abraçamos: De boa, japas. Fez falta pros cumpade.
Então, na hora que ele falou isso eu tive uma ideia. Nóia me devia uns favores e a maioria da gangue do Jurununas me conhecia. Antigamente eu bebia muito com eles e de ressaca a gente roubava pão da padaria do pai pra tomar com café puro sem açúcar. Foi eu que inventara de misturar vodka com café, pois não tinha nenhum suco ou refrigerante disponível. Eu: Nói, cara tu me deve uns 10 favores.
Nóia: Ihhh. Quem vou ter que matar dessa vez?
Eu: Panaca. Cara, tem uma mina aí que sacaneou comigo.
Nóia: Chifrou?
Ele não sabia de nada comigo e com o Outro lá, e eu contaria pra ele. Nóia não tinha lá tanto travamento com isso de gays. Mas naquele momento contei só o que a vagaba da minha amiga Kelly fizera comigo. Sim, fora ela. Levou um fora do meu Ex e depois foi fazer merda com raiva. Quem mais faria isso? Bom, eu tinha uma lista de pessoas que não gostavam de mim e do meu relacionamento, mas no Jurunas ele era a única com motivos para tal coisa.
Nóia: Falou que tu tinha aids?
Eu: Aham... essa puta do caralho.
Nóia: Semana que vem antes da festa nós pega ela. Tu quer ir também?
Eu: Claro, mas é só um susto. Nada de jeca ou curra. Nada de nada, viu.
Ele fez cara de inocente: Sou um anjo, cumpade. Mas se mexeu com meu "bródí" eu viro o cão.
Eu: Valeu, cara. Amanhã consegue o celular mesmo.
Ele ligando a moto: Podexar. Some mais não, porra.
E foi embora. Eu gostava daquele moleque por ele não ter medo de quase nada e embora não parecesse, ele era muito respeitador. Olhei pra minha casa e meus braços arriaram. Ficar sozinho era ruim. Quando coloquei a mão na maçaneta outra moto buzinou, achei ser Nóia que tinha esquecido de falar algo, mas vi uma outra pessoa. Fardado, com o uniforme do quartel, cuturno brilhando, a camisa bem colocada no peito, a boina na sua cabeça, André buzinou alegre e focou o farou da moto dele na minha cara de propósito.
Eu puto: Caralho, quer me cegar? - ele riu e desligou a moto descendo dela e vindo até mim. André: Fernando!
Eu com falsa alegria: André!
André: Fernando!
Eu: Olha a graça, pow... - antes de falar algo ele me abraçou e me girou. Me senti um boneco de trapos e o cheiro dele invadiu meu nariz fortemente. Musk amadeirado. Não pude deixar de notar uma coisa quando ele me abraçou; pau dele tocando o meu. Jesus! Eu tava pervertido.
André alegre: Que bom te ver, cabrito.
Eu: Me solta... Me solta... Para de me girar!
Ele: Opa, foi mal.
Eu o olhei com raiva: Da próxima vez me mata logo com esses teus abraços
Ele riu mais: Fiquei sabendo de tudo... É verdade?
Eu: Onde tu tava mesmo?
André: Fui pra uma missão em Itaituba. Mas me diz... É ver...
Eu: Não quero falar nisso.
Ele olhou nos meus olhos e sentiu algo, pois sua feição alegre deu lugar a pena, e isso me deixou desconfortável: Desculpa. Que barra heim?
Eu: Como foi lá?
André: Foi bom, mas tava louco pra voltar pra casa.
Eu sabia o porquê dessa loucura e ele nem teve vergonha de disfarçar isso, de disfarçar sua alegria. Eu: Welcome to the jungle.
Ele riu: Teu pai tá aí?
Eu: Não, quer entrar? Vou ter que lavar uma renca de louça. - Falei rabugento.
André: Vamo, te ajudo. Ele entrou e deixou a boina no sofá da sala e foi pra cozinha comigo.
Eu lavava e ele colocava pra secar, André conversou sobre sua missão e eu ouvia sem muito interesse. Em determinado momento nossas mãos se tocaram e ele segurou a minha e me olhou penetrante. Eu pisquei rápido e voltei minha atenção pra pia.
André: Fernando, não gosto de enrolação e tu ta aí todo choroso.
Eu: Oi?
André: Você tá bem, cara? Sem mentir.
Eu evitei o olhar dele e ignorei a pergunta. André secou as mãos e pegou meus ombros fazendo eu olhar pra ele: Fernando, diz cara.
Eu bufando de raiva: Não estamos em um filme, onde um final de namoro destrói um dos personagens. Tô bem ué.
André: Isso é verdade. Na vida real isso seria verdade, não ficção.
Eu: O que eu quero dizer é que tô bem, tá? Só cansado disso de "você se sente bem?" e olhares estranhos quando digo que não gosto de algo que antes adorava.
André: Sua voz mudou, você mudou. Tá... mudado.
Eu: Isso é bom?
André: Não. Na verdade é péssimo. Gosto do Fernando de antes.
Eu: Estranho; há um minuto atrás tu tava feliz.
André arrumou um prato desobediente que não queria ficar no secador: Ah... Prato chato. Eu fiquei alegre por te ver, e não por você estar como está.
Eu voltando a atenção pra pia e ocupando minha mente com o trabalho.
André: Porque tu faz isso?
Eu sem olhar ele: Fazer o quê? - liguei a torneira para enxaguar uma panela de pressão.
André: Parece que pára pra pensar... fecha os olhos e pensa... Fez isso umas duas vezes.
Eu dei de ombros: Loucura minha - e lá tinha ido minha distração mental, quando o rosto dele - de boné e rindo para mim - apareceu na minha visão. Eu sempre fazia isso, de querer lembrar dele, mesmo que para me machucar. E machucava, o fato de que aquele cara, aquela pessoa que você depositou todo seu amor, não te pertence mais. Que não é mais uma parte da sua vida, que não faz parte dela. Isso dói. Fiquei calado e quieto, não queria desmoronar na frente de André. Não dele. Quando ia falar algo, ele fez um "xi" reconfortante e ficamos calados por um tempo. Então ouvi o portão abrindo e percebi que meu pai chegara. Percebi está parado e André também, então recomeçamos o trabalho. Meu pai entrou e eu não olhei pra ele, ele sabia quando eu tava mal.
Meu pai: Olá, meninos. André, até que em fim voltou. - Se abraçaram e eu continuei meu afazer. Meu pai enxerido: Oi, filho. Como você tá?
Eu dei de ombros, minha voz me denunciaria caso eu falasse algo. Ele suspirou e falou mais umas coisas com André antes de subir para trocar de roupa. André voltou a me ajudar: Fer, sinto muito por ti, cara.
Eu: Mentira, tá alegre.
Ele: Alegre por te ver ruim assim? Neca, brow. Fiquei feliz por te ver, só. Mas tô triste por você está triste.
Eu: Pois é.
André: Olha, tô aqui pro que você precisar. Um amigo, um irmão, um tudo. Não quero te ver ruim, baixinho.
Eu enxugando bem os olhos com a costa do braço antes que ele visse eu chorando: Valeu.
Ele chegou mais perto grudando seu braço no meu: Será que vou ter chance agora?
Eu, de alguma forma, ri alto: Mas que canalha. Eu aqui todo na deprê e tu aí, planejando tramóias.
André riu cafajeste: Fazer o quê se sou gamado em ti.
Eu puxando a ruelinha do ralo pra água descer: Idiota.
André agora com tom sério: De verdade, sinto muito por ele...
Eu: André, chega. Pelo menos tu poderia me fazer o favor de não ficar falando coisas pra me reconfortar?
André: Ok, ok.
Eu: Acabou, ponto. Não vejo necessidade de o povo ficar se lamentando por mim.
André: Você é bem genioso.
Eu olhando pra ele: Obrigado. E acabamos.
André: Me deve por ter te ajudado.
Eu: Claro, claro. Que tal um "tchau e boa noite"?
André indignado: Tá me expulsando?
Eu: Sim, tá na hora de soldados irem pras suas casas trocarem de roupa. Essa farda idiota não é costurada ao corpo ds vocês.
Ele rindo: Vai dizer que não fico gato de farda?
Eu revirando os olhos e o conduzindo até a saída: Tchau, André.
André: Te vejo amanhã?
Eu: Claro né.
Ele riu mais: Então até.
Fechei a porta e ouvi ele se afastar. Ligou sua moto, foi até sua casa e abriu o portão. Subi pro meu quarto e peguei meus sapatos a fim de ilustrá-los. Pedro chegara, meu pai que estava na sala deixou ele entrar e o mesmo ficou no meu quarto conversando comigo enquanto eu o ignorava. Festas, eles queriam que eu fosse pra festas com eles, quando na verdade eu não queria sair com eles. Eles me lembravam Dele. Todos aqueles marombados, riquinhos, burros, todos eles me lembravam Ele. Quando Pedro saiu, fechei a porta do quarto resignado.
Ocupar a cabeça. Trabalhava com meu pai e estudava em casa para prestar qualquer vestibular no fim do ano, assistia o máximo de séries e documentários. Lia e relia uma renca de livros, revistas e jornais antigos. Todo santo dia eu limpava meu quarto e o resto da casa. Ocupando a cabeça. Dois dias atrás, Lise dissera que ia voltar para Minas e que Roger iria depois. Tanto melhor, Lise me lembrava muito Ele, mas ver ela indo me afundaria mais. Claro, ultimamente eu estava sendo um péssimo amigo com ela, tanto que até eu mesmo me pegava discutindo sozinho sobre essas atitudes. Mas quanto mais distante por mais tempo, menos a dor pela viagem e menos vínculos. Seu Cá ia em casa, mas eu sempre fugia, não queria falar com ele em hipótese alguma. Aleguei estar furioso, atitude infundada, mas explicável, sobre o filho dele ter ido pra longe, quando na verdade eu fugia do mesmo para não ruir de uma vez. Ele longe era bom também.
A noite era o pior horário. Sem ânimo pra sair, sem ânimo pra ninguém. Com a cabeça vazia, sem ocupação. Eu deixava Ele vir. As lembranças boas, que eu ignorava o dia inteiro, viam em lágrimas discretas. Cada lembrança intensificada pela antecessora. Eu não tinha foto dele, não me atrevia a olhar, doeria de mais. Claro, eu não superei a separação, então me dêem um desconto quando digo que fiquei bem gay, chorando por um cara que fora embora. Abri minha gaveta, peguei um boné Dele. O que peguei quando saí do apartamento, o qual ficou sobe cuidados do meu pai depois que disse que não o queria mais.
Dói perder. Dói lembrar. Dói amar. Dói ter noção que acabou. Dói o fim. Deitei na cama, com o boné dele no meu peito. Não tinha o cheiro dele, mas tinha sua personalidade. Brinquei com a voz dele me falando umas asneiras. Fechei os olhos e fiquei imaginando nós dois juntos, só como amigos. Imaginei nós dois, como namorados. Era ruim.
Ele foi embora, eu tinha que me conformar. Eu tinha que seguir em frente. Mas naquele momento, eu queria lembrar de tudo, não queria esquecer ele. Não ainda. Pois mesmo longe, mesmo comigo ruindo, mesmo com lágrimas molhando meu travesseiro, mesmo com a dor, eu me sentia feliz; pois vivi um amor o qual levaria pra vida toda.
Lembrei que Pedro voltaria pra me pegar dentro de 2 horas, guardei a camisa e coloquei a máscara habitual de indiferença para que ninguém notasse o quão morto eu estava.
Continua...
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É galera, bem hard heim. Amanhã (sim, amanhã volto novamente) continuo e espero que não me critiquem por umas besteiras que fiz nesses tempos hahaha. Beijão e Parabéns pros Gremistas ♡