CAPITULO 22: MARINA
Aos poucos comecei a compreender tudo o que havia acontecido. Eu já não sentia tanta culpa. Comecei a entender que o que aconteceu foi necessário. Eu salvei a minha vida. Salvei a vida da Maria Clara e de seus irmãos. Salvei a vida de outras pessoas que poderiam virar vítimas daquele homem. Salvei muitas vidas... Pelo menos era nisso que eu queria acreditar.
O Natal estava se aproximando e o meu tédio só aumentava. Eu sempre achei o Natal uma época chata, nunca gostei dessas comemorações em família. A ceia seria na casa da Maria Clara junto dos irmãos dela e da família do Fabinho. Pra completar ainda inventaram de fazer amigo oculto. Tem coisa mais brega que amigo oculto?! Arrisco dizer que não tem não. Eu tirei o meu pai, pelo menos era alguém que eu conhecia. Comprei um par de sapatos.
Na noite do dia vinte e quatro fomos para a casa da Maria Clara. A casa estava cheia. Uma mulher veio ao meu encontro e me deu um abraço e dois beijos na bochecha. Jovelina... Jolina... Jovita... Não me recordo do nome.
Até que a ceia estava se saindo melhor do que eu imaginei. Todos conversavam e riam o tempo todo. Não tinha nada de tedioso naquele natal.
A Clara ficou o tempo todo do meu lado. Aonde eu ia ela ia atrás. Pensei que fosse por proteção ou algo assim, mas logo percebi que ela estava evitando ficar sozinha com a irmã do Fabinho.
- O que há entre você e aquela garota? -- Perguntei na lata. A garota por si também não tirava os olhos da Maria Clara. A impressão que eu tinha era de que ela iria devorar a Clara a qualquer momento.
- Não há nada... Quer dizer... Ela é... Minha ex.
- O que? E você me fala isso assim? -- Como assim a irmã do Fabinho era ex da Clara? Eu fiquei indignada.
- Você queria que eu falasse como?
- Se ela continuar te olhando assim eu vou lá falar com ela e você nem ouse me impedir!
A tal da Tiffany não olhou mais, ela fez pior. Veio até nós e ficou falando para a Maria Clara o quanto ela sentia falta da época que elas namoravam. Tudo isso na minha frente. Da pra acreditar? Obviamente eu estourei. Não tenho sangue de barata, né?! Discutimos feio.
Depois de um grito que o Sandrinho deu a sonsiane me pediu desculpas. Desculpas aceitas e mesmo assim eu continuei de olho naquela piriguete.
Os presentes foram trocados depois da meia-noite. O Sandrinho me tirou no amigo oculto. Me deu um porta retrato com uma foto minha com ele. Se fosse em outros tempos eu acharia a coisa mais ridícula do mundo, mas aquele simples presente me emocionou demais. O valor sentimental valia muito mais que o material. Demorou mais eu acabei aprendendo.
A grande surpresa da noite foi o discurso da Maria Clara. Ela me fez uma declaração na frente de nossos familiares. Quando ela ajoelhou diante de mim com uma caixinha preta na mão eu já sabia o que aconteceria a seguir.
- Meu amor, você quer casar comigo?!
Eu quase tive um treco quando a Clara me fez a pergunta. Eu nunca tinha me imaginado casada, mas viver com o amor da minha vida não seria nenhum sacrifício. Eu disse sim. Não dava pra recusar, eu não tinha nenhuma razão pra isso. Minha mãe me olhava emocionada e meu pai com orgulho. Eles me abraçaram.
- Parabéns minha filha. -- Falou meu pai. -- Fico feliz por você ter encontrado uma pessoa tão boa.
- Obrigada, pai.
Eu não podia está mais feliz. Estava tudo tão perfeito. Pela primeira vez na vida eu estava sendo feliz de verdade.
O Ano Novo foi como o Natal, maravilhoso. Passamos todos juntos numa praia. Só quem não ficou conosco foi a Tiffany que embarcou para os USA no dia 26. A meia-noite os fogos começaram a pipocar no céu. Um lindo espetáculo. A Clara me abraçou bem forte e sussurrou em meu ouvido um "eu te amo". Como sempre ela sendo perfeita.
No pique de Ano Novo começamos a organizar nosso casamento. Faríamos uma pequena comemoração com o Juiz de Paz, a família e com os amigos mais íntimos. A cerimônia seria no dia dezessete de fevereiro numa praia. Eu nunca imaginei que casamento dava tanto trabalho. Ainda bem que tínhamos a minha mãe e o Fabinho para nos ajudar.
Pensa numa pessoa que estava super nervosa... Pois bem, eu mesma. Era o dia do meu casamento... Normal ficar nervosa, né?! Eu vestia um vestido obviamente branco a um palmo acima do joelho. Em minha cabeça tinha uma coroa de flores e em minhas mãos um buquê também de flores.
Cheguei na praia com o coração acelerado. Estava tudo tão lindo. Tudo tão decorado. Desci do carro e me deparei com a Maria Clara. Ela estava mais linda que nunca. Vestia um vestido parecidissimo com o meu e também segurava um buquê. Tão linda... Mais tão linda...
Caminhamos descalças e juntas até o altar com os olhos dos convidados em nós. Minha mãe se derramava em lágrimas, ela era uma manteiga derretida.
A cerimônia começou e então chegou a hora de falarmos os nossos votos.
- Estava me lembrando como tudo começou, a imensa felicidade que senti. Você me completa em todas as formas, de todos os jeitos, com todos os tipos de felicidade possíveis. Não existe vida longe do teu amor, não existe vida longe de você. Te quero ao meu lado, todos os dias, para todo o sempre. -- Falou-me Maria Clara com os olhos cheios de lágrimas. Não consegui me conter e acabei chorando junto com a maioria dos convidados. Minha vontade era beija-lá naquele momento, mas eu tinha que fazer igual ao ensaio. O beijo só rolaria depois que eu falasse os meus votos. Respirei fundo e comecei a falar em meio às lágrimas de emoção.
- Foi um milagre encontrar a paz e a felicidade que você tem me dado. Eu olho para você e vejo minha melhor amiga. Sua energia e paixão me inspiram de formas que eu nunca imaginei possíveis. Sua beleza interior é tão forte que eu não tenho medo de ser eu mesma. Eu não temo nada. Nunca pensei que iria encontrar alguém para amar que me amasse incondicionalmente. Você definitivamente é a melhor parte de mim. -- A Clara chorava tão emocionada quanto eu.
- Te Amo! -- Disse ela.
- Te Amo! -- Respondi.
A sensação que eu tinha era de que minha vida tinha acabado de começar. E eu queria viver cada momento dessa minha nova fase com a minha mulher... Minha esposa.
