Eu sou um desastre PT. 1

Um conto erótico de Leonardo
Categoria: Homossexual
Contém 1430 palavras
Data: 21/12/2016 01:14:17
Assuntos: Homossexual, Gay, Romance

- Leo, levanta – Disse minha mãe me sacudindo enquanto eu ainda dormia.

- Ahnn, só mais 5 minutos por favor.

- Garoto, você vai se atrasar, ou você esqueceu que dia é hoje?

- Segunda-feira, é pecado acordar os outros 6:00 da manhã em uma segunda – dizia na tentativa de obter uns minutos a mais de sono.

- É segunda sim, mas é o dia da sua entrevista naquele prédio chique, lembra? – Imediatamente pulei da cama.

Meu nome é Leonardo, mas pode me chamar de Leo. Tenho 24 anos e me formei recentemente em engenharia civil, e a entrevista no tal prédio chique que minha mãe falava é o local onde será a minha primeira entrevista de emprego fixo, antes disso somente estágio de curto prazo. Praticamente minha vida dependia daquele emprego por dois motivos: o primeiro era porque a construtora onde eu iria ser entrevistado é uma das mais importantes da região, logo, se eu fosse contratado seria bem sucedido profissionalmente, e segundo porque a situação atual do país é extremamente desfavorável aos recém formados e a construção civil anda meio precária em todos os lugares. Era uma faca de dois gumes, ou daria certo, ou daria errado.

A entrevista era ás 7:30, porém 7:00 eu já estava esquentando meu lugar no hall da recepção, eu estava muito ansioso. Tempos depois, a ansiedade tornou-se nervosismo, muitos outros candidatos chegaram para concorrer aquela única vaga da qual eu esperava que fosse minha e isso fez com que o pessimismo tomasse conta de mim, afinal, quanto daqueles já tinha experiência na área, já trabalharam em outros lugares do ramo ou até mesmo foram indicados por gente que já é conhecida no meio? Até porque em qualquer profissão contato é tudo. De qualquer forma, tentava afastar aqueles pensamentos desmotivadores.

- Leonardo Angeli? – Perguntou uma moça.

- Eu – pulei da cadeira rapidamente e vi que tinha passado vergonha, e estava bem surpreso em ser o primeiro, acho que porque no dia em que abriram as inscrições para a entrevista eu já estava no site dando F5 depois da meia noite. – Eu mesmo.

- Acompanhe-me por favor – Falou a moça com um olhar que já falava “Esse aí tá fora”.

Segui a moça onde a mesma me levava para um corredor onde tinha vários elevadores, entramos em um e subimos até o sétimo andar. Chegando lá ela me mandou sentar em uma das cadeiras que ficavam em frente a porta de uma sala da qual era bem provável que eu seria entrevistado. Sentei em uma das cadeiras e só depois de alguns segundos notei que tinha outra pessoa do meu lado, um homem, e diferente de mim ele estava muito tranquilo, porém sem terno e gravata como os demais candidatos.

- Oi, bom dia – disse com um sorriso amigável – está nervoso com a entrevista também? – pra falar a verdade, eu nem sabia porque eu estava perguntando aquilo, porque claramente ele não era um concorrente. Quem vai para a entrevista de sua vida com all star e camisa do Joy Division?

- Por favor, não fale comigo – Respondeu o indivíduo.

- Tá – foi só o que eu consegui falar, bem patético.

- Senhor Leonardo, entre na sala por favor – falou uma voz que saia de um alto falante que ficava na quina das paredes daquela sala.

- Boa sorte – disse o estranho, rindo da minha cara por motivos desconhecidos – vai precisar.

- Obrigado – dei um sorriso de canto de boca de desespero e entrei na sala.

- Eu disse para não falar comigo – falou ele novamente, mas dessa vez eu ignorei e entre na sala.

Quando eu entrei na sala o mundo parecia que caia ao meu redor, eu estava me tremendo e acho que aquilo era notável. Minha entrevista era com o dono da empresa.

- Bom dia Leonardo, meu nome é Thiago Albuquerque, dono disso aqui – disse ele girando naquelas cadeiras de rodinha levantando as mãos para indicar que era proprietário daquele lugar.

- Bom dia, eu sei quem você é – milésimos depois percebi a burrada que eu falei – ahn, desculpe – falei baixando a cabeça e olhando fixamente para as minhas mãos que estavam coladas uma as outras suando incontrolavelmente.

- Que bom que sabe – falou ele rindo com deboche – pelo o que eu estou vendo aqui no seu currículo, você nunca trabalhou antes. Nesse caso, como quer trabalhar aqui?

- Érr... Olha, é que... – falei gaguejando.

- Se acalme, não fique nervoso, você está indo bem – ele parecia estar se divertindo com aquela situação – primeiramente, sente-se por favor.

- De fato é a minha primeira entrevista para um emprego de verdade – falei me sentando e tentando parecer confiante.

- Então seus estágios não foram de verdade? – Falou ele.

- Não, é que... tipo, estágio é uma avaliação e aqui na empresa do senhor, digo, na sua empresa – Eu estava me enrolando cada vez mais – Eu não chamei você de senhor com a intenção de chamar você de velho, longe disso, você é bem novo e eu... ai meu deus – falei bem baixinho olhando para baixo.

- Não olhe para baixo, olhe para mim, nos meus olhos – disse ele me encarando e me chamando atenção com uma expressão séria e ao mesmo tempo cômica.

- Desculpe – foi tudo o que eu consegui falar, e quando eu olhei novamente para ele, notei o quanto ele era charmoso, os olhos verdes penetravam minha alma, mas tudo o que eu conseguia olhar era seus lábios finos, dos quais eu tinha um certo fetiche. Ficamos nos encarando por alguns segundos até que ele decidiu quebrar o gelo.

- Leonardo... Já que você não está se ajudando, eu vou te ajudar – falou ele pegando meu currículo e lendo – ótimas notas, uau. Nem eu tinha isso quando fazia faculdade... Cumpriu com sucesso todos os estágio, nunca reprovou o semestre, ótimas referências, técnico em edificações e... CREA? – Jogou meu currículo na mesa e me olhou com surpresa – Você já tem a carteira do CREA com 25 anos? UauTanto faz – falou ele sorrido para mim com curiosidade – Garoto, você sabe quantos que estão concorrendo com você tem esse currículo? – Perguntou ele.

- Não sei...

- Provavelmente nenhum – falou ele me interrompendo.

- Err, Thiago, não sei se posso te chamar dessa maneira, mas... minhas notas não estão no meu currículo, nem as minhas referências.

- Meu querido, eu sou mágico – falou ele abrindo os braços como se dissesse “eu sou o fodão” – Quer uma prova? Vou acertar o dardo bem no meio daquele alvo – disse ele apontando para um alvo que ficava bem atrás de mim – você pode se afastar um pouco?

- Ahn, claro – disse eu não entendo nada.

- Eu disse que sou mágico – disse ele depois de ter acertado o dardo bem no centro do alvo e rindo de um jeito que posso dizer que era... cativante.

- É, você é mágico – falei rindo daquilo junto com ele.

- Olha Leo... posso te chamar assim? – Perguntou ele.

- Do jeito que você quiser.

- Ok então senhor atrapalhado. Você disse que eu poderia te chamar do jeito que eu quisesse, não? – Falou ele rindo olhando para mim com aqueles olhos verdes.

- Claro – falei sem graça.

- Mas falando sério, sem brincadeiras – sua expressão mudou rapidamente, até pouco tempo atrás ele estava rindo e se divertindo e agora está super sério – Seu currículo é ótimo, e você me parece ser um cara legal. Mas acontece que nesse mundo – falou ele girando as mãos no ar – você seria uma peça fraca e descartável. Não estou falando isso para te abalar ou te desmotivar, tenho certeza que o próximo concorrente que será entrevistado logo depois de você irá mostrar um preparo maior. Seu futuro é brilhante, mas você tem uma longa caminhada pela frente, e talvez não seja aqui nessa empresa.

- Entendi – eu já estava lagrimando, quase chorando. Porém, ele estava certo.

- Não desista, se você for selecionado, faço questão de eu mesmo te ligar, beleza? – Disse ele com um sorriso sapeca.

- Tudo bem, obrigado – falei cabisbaixo, porém com a cabeça erguida. Um gesto falso para indicar que estava tudo bem realmente.

- Bom dia – disse ele piscando para mim – até breve.

- Até – e sai da sala.

Sai da sala e tudo o que eu queria era chorar, eu estava certo de procurar um banheiro e sofrer ali mesmo.

- E aí, como foi a entrevista com o monstro?

- Por favor, não fale comigo – devolvi o deboche, e entrei no elevador. Instantaneamente a vontade de chorar passou, talvez a gente só precise libertar nossos demônios para conseguir aquilo que realmente queremos.

Oi pessoal, esse é meu primeiro conto então espero que gostem. Sempre tive vontade de publicar algo aqui porque sou bem viciado nos contos do site. Obrigado pela leitura, até o próximo capítulo <3

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Comentários

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Engraçadinho. Gosto dos desastrados por me fazerem entender que não sou o único azarado.

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Bacana. Conto promissor :D . Ficticio?

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