Olá...
Eu estou aqui a muito tempo,mais como fantasma.Acompanhei muitas séries e sempre sonhei em lançar uma das minhas histórias aqui,mais tinha medo de que não gostassem.Então fiz a conta,depois o rascunho e agora criei coragem...
Esta história é uma ficção baseada em fatos e pessoas reais...Busco uma história real que pode ter um final feliz ou não.
Espero que gostem...
A HISTÓRIA IMPOSSÍVEL DE NÓS DOIS.
Capítulo 1
Vesti a camisa e então me coloquei em frente ao espelho.Eu era moreno claro,tinha cabelos pretos e olhos pretos,boca pequena e meio carnuda,nariz normal.Tinha 1,74 de altura e era um magro normal,nem de mais,nem de menos.
Cansado de ficar dentro de casa,decidi dar uma volta e ver uns amigos.Mais uma olhada no espelho e sai para o corredor.Ao passar em frente ao quarto da minha mãe,percebi que havia uma festa lá dentro.Isso significava que ela estava ocupada demais para me xingar e me mandar ir para o inferno,então antes que ela lembrasse que não tinha feito isso ainda,eu sai quase correndo para o lado de fora.
Desci a rua,e vi um rapaz moreno escuro,de longos cabelos cacheados amarrados para trás,em um rabo de cavalo.Ele abriu um sorriso e me acompanhou.
-E aí como tá as coisas com tua coroa?-Ele perguntou enquanto dava tapinhas nas minhas costas.
-Mal André...Tu acredita que agora ela tá de caso com aquele marginal...la da rua do bar da catapora?-Respondi sem olhar pra ele,enquanto chutava as pedrinhas da rua.
-Quem?O Neco ou o Piolho?-Ele respondeu pensativo.
-Piolho cara...Ele tá lá em casa agora,fudendo ela. -Respondi sentindo a raiva me queimar por dentro.
-Porra mano,mais tua veia gosta de um vagabundo!...Não posso nem falar,a minha agora deu pra bater ponto no presídio.-André disse parecendo enquanto ajeitava a camisa.
-Ainda tá de caso com o Barão?-Perguntei
-E ela quer deixar?Parece até que só existe ele de homem no mundo.-André respondeu em tom de reclamação.
Continuamos a caminhar em silêncio,dobramos a esquerda e continuamos subindo até uma rodinha de meninos e meninas.Logo estávamos enturmados e uma das meninas;a morena que tinha uns peito imenso,chamou a gente pra uma festa de uma colega ali perto.Não pensei duas vezes e acompanhei o pessoal,lá bebi um pouco,dei uns pega numa branquinha e troquei idéia com uns caras novos que tava por ali.Perto de uma hora,me despedi do pessoal e fui direto pra casa.
Meu quarto se resumia a um espelho,uma caixa com minhas roupas e uma toalha,e um colchão a um canto com um lençol fino por cima.Cai lá e logo peguei no sono.
Acordei no dia seguinte com uma pontada nas costelas e percebi que era minha mãe me chutando,soltei um palavrão e ela soltou um chute mais forte.
-Levanta seu imprestável,que aqui não é hotel cinco estrela pra verme durmir até meio dia!-Ela disse após um resmungo,saindo logo em seguida.
Me sentei no colchão,e passei a mão pelos cabelos.Sentindo uma baita cansaço e a cabeça pesada, fiz um esforço e me levantei.Peguei a toalha e uma cueca e fui até o banheiro que ficava no quintal.O chuveiro tava quebrado,e no canto tinha um tonel de água fria e amarelada.
Voltei ao quarto batendo o queixo,de tanto frio que sentia,depois daquele banho de caneco.Vesti um short e uma camisa,e sai em direção a cozinha.
O fogão estava com cara de quem não via água há anos,tinha uma camada de sujeira tão grande que achei impossível de ser removida um dia.O armário faltava algumas portas e estava quase caindo aos pedaços,dentro só havia teias de aranhas e uns pães mofados.A geladeira deveria ter uns dez anos,e parecia que tinha ido pra guerra,dentro só tinha duas garrafas água.
Minha mãe entrou na cozinha,vestindo uma camisola frouxa.Atrás dela vinha um homem moreno,todo tatuado e careca.Eles se sentaram a mesa,e eu fiz de conta que não os conhecia,continuando a procurar alguma coisa pra comer.
-O que tá caçando aí peste?-Minha mãe perguntou irritada.
-Comida...tô morto de fome.-Respondi no mesmo tom.
-Pois trate de por a cara na rua e ir vender salgado pra o seu manoel...que aqui não é abrigo pra dar comida de graça a vagabundo.-Ela respondeu enquanto fazia carinho naquele homem.
-E o que ele faz aqui então?-Perguntei enquanto apontava para ele ali sentado.
-Eu sou o macho dessa casa seu pau no cu!-Ele respondeu enquanto batia na mesa com punho.
-Cuidado com a merda que vai falar,ou além de não ter o que comer,também não vai ter aonde dormir seu miserável.-Minha mãe ameaçou antes que eu pudesse falar alguma coisa.
Com ódio bati o pé e sai,passando pela porta,a fechando com força atrás de mim.Caminhei até a venda de seu Manoel e com as recomendações de sempre daquele mão de vaca,sai com a caixa de salgados.
O sol já ia alto quando consegui vender a maior parte,mais ainda faltava quatro pra poder voltar e ganhar os meus trocados.Minha barriga doía de tanta fome que tava sentindo,e então resolvi parar a sombra de um posto de gasolina,aonde me sentei com a caixa nos pés.
Eu poderia até comer aqueles salgados,mas seu Manoel nunca mais deixaria eu vender de novo,então o jeito era tentar aguentar e vender logo aquilo.
Um carro preto parou em frente aonde eu estava sentado,e dele desceu um homem mais ou menos da minha altura,de cabelos e olhos castanhos escuros,usava óculos e era bem bonito.Depois dele desceu,um homem branco que aqui pra nós parecia não conhecer o sol.Ele era bem alto e enorme,bastante musculoso.Seus cabelos loiros escuros estavam arrepiados,e seus olhos eram azuis escuros.
Ele poderia até ser bonito,senão fosse uma cicatriz enorme e grossa,que praticamente partia seu rosto em dois.Com nojo desviei o olhar e eles passaram por mim,sem notar minha presença.
Meu estômago fez um barulho,e eu logo esqueci daqueles dois.Minha mente passou a pensar em como arranjar comida.Então um rapaz e uma moça saíram da lanchonete do posto.Ele ia comendo algo,então parou e jogou no lixo,e em seguida continuou a caminhar.
Situações desesperadas,pedem medidas desesperadas!Verifiquei se eles já iam longe,e me aproximei do lixo,peguei o resto do sanduíche que tava ali e levei a boca.Não sei se a fome que era grande de mais,ou o sanduíche que tava bom mesmo,mais comi sem reclamar.
Senti que alguém me olhava e quando me virei,meu coração saltou assustado dentro do peito.O homem da cicatriz estava a pouca distância de mim,e me olhava com uma expressão que não consegui decifrar.
Mandando um foda-se pra ele mentalmente,caminhei até minha caixa e a peguei.Tentando não olhar pra aquele homem estranho,vazei dali o mais rápido que podia.
Com muito custo,consegui vender os últimos salgados e então voltei ao seu Manuel,que me deu seis reais.Sai de lá e fui ao mercado,onde comprei farinha para cuscuz e salchicha.Depois daquela cena do lixo,queria um almoço decente.
Quando ia me aproximando de casa,notei André e o Beto,um rapaz baixo e entroncado que rodava ali pelo bairro com uma turminha liderada por ele.
-Meu parceirinho!Onde tu tava?-André perguntou com um sorriso.
-Vendendo salgado pra o seu Manoel.-respondi cansado.
-Lúcio eu e o André tamo planejando um role sinistro pra hoje a noite.-Beto disse enquanto dava tapinhas no ombro dele.
-Tenho escola...Não vai rolar!-disse sentido que meu estômago ia colar nas costas.
-Cara mais tu é um mané!...Escola é pra gente metidinha,mais não dá nada a ninguém.-André disse enquanto encruzava os braços.
-Mais...-tentei falar enquanto passava a mão nos cabelos.
-Cara deixa de ser trouxa...Cola com nois cara e esqueça essas babaquices de gente fresca...Estudar é pra quem não sabe o que é a vida.-Beto me interrompeu com um sorriso.
Olhei de um para o outro confuso.Eu tinha prometido a minha avó,que ia direitinho pra escola e me esforçaria.Mais eu só gostava de história,e do resto não estava nem aí.A verdade é que escola era o lugar mais inútil do mundo pra mim.
Continua...
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