A Dor de um Segredo
Capítulo I
Meados de 2005
Algumas pessoas me chamam de antissocial. Eu diria que apenas me poupo de sofrer mais do que já sofri. Sempre fui uma criança diferente das demais e isso me trouxe e sérios problemas. A falta de amigos é uma delas. Mas não me importo, é que encontrei nos livros um meio de suprir essa carência.
Estava em casa quando decidi que iria a meu cantinho preferido para ler meu livro. Ele fica a três quadras de onde moro. Sai e fui caminhando até lá. Sentei sobre a sombra de uma árvore centenária e comecei a ler.
A leitura estava tão boa que nem percebi que as horas tinham se passado rápido demais. Já estava escurecendo e logo eu teria que voltar para casa antes que meus pais dessem por minha falta. Sem que eu percebesse uma pessoa se aproximou sorrateiramente me pegando de surpresa.
- Ai que susto! Quem é você? – Falei levantando rapidamente.
- Quem sou eu? Isso ainda não importa... Se não percebes já está escurecendo e é perigoso para uma criatura indefesa.
- E por que a preocupação com minha pessoa? Para lhe informar, indefeso é um adjetivo que não se atém a mim. Se me der licença eu preciso ir.
Ao tentar passar por ele o mesmo se pôs na minha frente e olhou fixamente em meus olhos. Eu logo senti um frio na barriga, eu não sabia quais eram suas intenções a meu respeito. Porém devo confessar que ele me despertou algo ao qual eu vinha reprimindo há tempos.
- Eu não permiti você sair daqui sem antes me dar algo que eu quero há tempos...
Tentando imaginar o que ele queria de mim e ao mesmo tempo inebriado pelo seu olhar sedutor, não me dei conta de que sua mão direita levemente foi para trás de minha nuca. Sentir o toque de sua mão sobre minha pele me fez arrepiar, ele me puxou para si e envolveu sua mão esquerda na minha cintura. Nossos olhares novamente se cruzaram e sem esperar ele me beijou.
Após alguns segundos de um beijo intenso e bem sensual consegui me desvencilhar dele. Com o corpo todo trêmulo sai correndo sem olhar pra trás.
- Espera! Você deixou seu livro cair... – Falou o rapaz.
Fiquei tão transtornado que nem me toquei que havia deixado para trás meu livro. Levei os dedos a meus lábios ainda não acreditando no que acabara de acontecer.
- Quem é você Alasca? Romance de John Green... Então ele gosta de ler livros de romance... Bom saber. – Falou o Rapaz com o livro na mão.
Meio desnorteado ao chegar a minha casa, dei logo de cara com o meu pai.
- Aconteceu algo Miguel? – Indagou-o.
- Nada demais! Se precisar de mim estarei em meus aposentos... – Falei subindo ligeiramente a escada.
- Eu precisarei viajar... Voltarei depois de amanhã! – Falou seu Antenor vendo o filho subir as escadas.
Mais que depressa adentrei meu quarto e tratei logo de fechar a porta. Recostei-me à porta e dei um longo suspiro sendo seguido de lágrimas.
Perto dali estava o rapaz observando o movimento da casa, em suas mãos estava o livro de Miguel.
Logo ele avistará o Pai de Miguel sair carregando uma mala. Mais que depressa tratou logo de se aproximar e ganhar a sua confiança.
- Olá, Boa noite seu Antenor! – Falou com simpatia.
Seu Antenor logo olhou para o rapaz e o cumprimentou.
- Boa noite meu jovem, quanto tempo que não lhe vejo.
- Pois é... Precisando de ajuda com as malas?
- Até que não seria má ideia, tem duas no pé da porta. – Falou Antenor.
Prontamente o rapaz foi até a entrada da casa e rapidamente pegou às malas, enquanto seu Antenor ajeitava a primeira no porta-malas.
- Muito obrigado meu filho! Qual seu nome mesmo, é que eu me esqueci?
- Me chamo Bernardo Costa! O Miguel está?
- Sim, ele acabou de subir para o quarto, você quer falar com ele? – Indagou Antenor surpreso.
- Sim! – Respondeu o rapaz.
- Que bom que o Miguel está fazendo amigos. – Falou Antenor
- Pois é, e eu gosto muito da amizade do Miguel.
- Hum... Ele acabou de subir e está no quarto como eu havia dito. Eu preciso ir para aeroporto, tem uma reunião de negócios e já estou atrasado. Faz o seguinte, você entra, sobe a escada, o quarto dele é o terceiro à direita. Pelo menos você faz companhia a ele. E faz um favor, diz a ele que eu volto depois de amanhã e que a mãe dele vai fazer plantão hoje à noite e só volta pela manhã.
- Certo! Se o senhor me der licença eu vou entrar. – Falou Bernardo.
Antenor entrou no carro, deu partida e saiu catando pneu com medo de perder o voo.
Bernardo adentrou a residência e ficou impressionado com o tamanho e com o bom gosto para a decoração.
- Uau! Até que eles escolheram um bom decorador. – Afirmou.
Bernardo foi subindo vagarosamente, para que Miguel não percebesse a sua presença.
Deitado em minha cama fiquei a pensar no beijo que recebi. O meu primeiro beijo foi roubado. Por um rapaz de uns 20 anos, alto, cabelos castanhos e olhos verdes, barba por fazer, com leve ar de psicopata.
Bernardo entrou no quarto sem ser notado, fechou a porta e a trancou, retirou a chave e a guardou no bolso. Ficou encantado com o mural de fotografias na parede. E passou a admirá-las.
Miguel sentiu uma presença estranha e logo se virou para ver o que era e tomou um susto.
- Quem é você? – Indaguei nervoso.
Bernardo virou-se em direção a Miguel que apenas vestia uma cueca samba canção e o encarou. Rapidamente o mesmo cobriu-se com o lençol e o rapaz apenas sorriu.
Devido à penumbra do quarto não identifiquei quem era.
- Eu perguntei quem é você? Pode me responder?! – Falei extremamente nervoso.
- Me desejar uma boa noite não seria nada mal. – Falou Bernardo tornando a olhar o mural de fotos.
- Eu vou chamar a polícia!
CONTINUA...
Será que Miguel vai chamar a polícia? Será que ele vai se livrar desse encosto? Vocês só saberão no próximo capítulo. Meu nome é Bruno Del Vecchio e é nessa que eu vou. Bye!
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