O amor vem de onde menos se espera. 23 ( final 3-3 ).

Um conto erótico de Berg
Categoria: Homossexual
Contém 4486 palavras
Data: 26/12/2016 20:56:07
Última revisão: 26/12/2016 21:58:21

Fiquei olhando para a cueca do Matthew, e percebi que havia uma mancha. Eu sorri, não sei nem porque, mas sorri. Ou Matthew estava transando quando recebeu a ligação do Klauss, e teve que sair as pressas, ou então, ele havia tido um orgasmo enquanto dormia.

- gosta do que ver? - aquela voz grave me assustou, fazendo eu tremer e derrubar o short no chão.

Matthew sorriu vendo que havia conseguido me deixar sem graça.

- Não fica assim Felipe. Eu to só brincando com você. - disse ele sorrindo.

- Não é nada do que parece ser. Eu apenas ia colocar tua roupa. Tu tava dormindo, e eu não quis incomodar.

- qual é Felipe? Vai ficar assim comigo? Eu tava só brincando cara. Eu te respeito demais, e jamais faria alguma coisa pra ti deixar desconcertado. - Matthew sentou no sofá, e alisou meu rosto.

- relaxa Matthew. Só fiquei um pouco nervoso. - falei levantando e ficando em pé.

- hey. Vem cá. Não precisa ficar nervoso não.

- Mas não tem como cara. Isso é coisa minha. Desde moleque que eu sou assim.

- mas comigo não precisa ser. Você pode ficar à vontade.

Matthew juntou o short do chão e colocou em seu corpo.

- ta aqui o café. - falei apontando para a mesinha de centro.

Matthew olhou no relogio do pulso, e voltou a me encarar.

- quer saber de uma coisa?

- fala.

- vamos tomar café na padaria. O que me diz?

- por mim tudo bem. Eu só preciso falar com o Otávio, que ficou dormindo lá no quarto.

- chama o zangado pra ir conosco.

- o Otávio?

- Isso.

- beleza.

Fui ao quarto, e Matthew ficou me aguardando na sala.

Entrei sem fazer muito barulho. Otávio parecia ter um sono leve.

- mano. - falei passando a mão em seu ombro.

- oi. - disse ele acordando de imediato.

- Vou na padaria tomar café com o Matthew. Quer ir com a gente?

Otávio respirou fundo.

- vou pra marcar território.

- tu é besta demais mano. Tu acha que a gente vai se pegar em público?

- e se fosse em local fechado?

- Não ia rolar nada do mesmo jeito. - falei sorrindo.

- eu confio em você. - Otávio me abraçou, após vestir sua roupa.

- Não há motivos pra desconfiar. Eu vou ser sempre sincero contigo cara.

- eu não espero nada diferente de você mano.

Otávio encostou seus lábios nos meus, e rolou um beijo calmo.

Quando retornamos á sala, encontramos Matthew servindo-se de outra bebida. O cara estava com o short que eu havia escolhido, uma havaiana, e uma camiseta no ombro direito.

- bom dia Otávio. - disse ele cordial.

- bom dia. - Otávio respondeu, sem muitas palavras.

- bora nessa? - falei quebrando o clima tenso.

- deixa eu só passar uma água na minha boca. - respondeu Matthew, indo em direção ao banheiro.

Olhei para Otávio e não consegui me controlar, comecei a rir daquela situação.

- o que foi? - perguntou ele um pouco confuso.

- tu é muito otário mano. - disse sorrindo.

- eu otário?

- claro pô. Todo desconfiado.

- só to cuidando do que é meu. - disse ele me agarrando ali na sala.

Dei um beijo no Otávio, e minhas mãos foram parar em suas costas. Eu alisava sua lombar enquanto ele acariciava o meu rosto,

- opa. Sexo explicito? - disse Matthew fingindo uma tosse.

Eu ri e me afastei do meu amigo; Otávio ficou um pouco sem graça.

Fomos a padaria e eu aproveitei para matar a fome que me matava; Otávio, idem; Matthew ficou só no café com um misto quente.

- Matthew, e teu pai como tá? - perguntei entre um gole de café e outro.

- ele não corre risco de morte. Provavelmente hoje mesmo ele receba alta. - disse Matthew dando uma mordida no pão.

- quando você acha que nós vamos poder conversar com ele?

- por ele o mais rápido possível. - respondeu meu patrão.

- mas não seria melhor a gente conversar quando ele já tiver cem por cento recuperado?

- concordo com você.

Eu confirmei com a cabeça.

- então eu vou resolver algumas coisas na escola, vou conversar com minha mãe e quando você achar que ele já esta bem, a gente marca. Pode ser assim?

- claro. - Matthew passou a mão por cima da minha e fez carinho. - é bom que você pensa como vai ficar a relação de vocês daqui pra frente.

- sim, sim. Vou fazer isso.

Após o café, deixei Otávio em casa e parti pra comunidade. Precisava, urgentemente, conversar com minha coroa.

Peguei um táxi e parei de frente aquela casinha surrada com a cerca remendada. A porta de entrada ainda estava fechada e eu tive que ficar um tempo aguardando. Avistei Raul subindo e ladeira, e gritei por ele.

- Lorin? Que tu ta fazendo aqui bicho? - disse ele vindo em minha direção.

- vim falar com minha mãe. Tu já viu ela hoje? - falei o cumprimentando.

- hoje não.

- estranho. Tudo trancado ainda a essa hora.

- ela deve ter ido trabalhar.

- pode ser. - falei tocando o queixo. - mas me diz, como você ta?

- eu to bem cara, e você?

- levando. Ta indo à academia?

- to sim. Vou la puxar uns ferros.

- bacana. O Otávio falou que você teve mal esses dias.

- foi nada demais não, só uma queda de pressão, mas já ta tudo normalizado.

- tem que tomar cuidado cara.

- to tomando meu amigo.

- eu vou subir contigo. Vou dar uma volta e ver se encontro minha mãe.

- então vamos.

Deixei Raul na academia da comunidade, e fui na casa de alguns conhecidos, mas não encontrei o paradeiro da minha mãe. Retornei a minha antiga casa, e me atrevi a entrar no terreno, bati na porta várias vezes e quando já estava quase desistindo ela foi aberta.

- o que você quer aqui seu moleque?

- minha mãe ta por ai? - falei ignorando as arrogâncias do José.

- sua mãe foi trabalhar. -disse ele tapando a pequena porta com o corpo.

- você sabe aonde?

- NÃO! - Disse ele seco.

- eu posso entrar? Podemos conversar?

José estava nitidamente bêbado.

- não. Melhor você esperar sua mãe lá na esquina.

José tentou fechar a porta, mas eu impedi com o pé.

- eu não vou sair daqui José. Vim conversar com minha mãe, mas também quero conversar com você.

- então fale logo o que você quer. - disse ele um pouco irritado.

- calma lá. Eu quero entrar, quero sentar. Pra que a pressa?

José afastou-se da porta e me deu passagem.

Sentei no pequeno sofá velho, mas bem conservado pela minha mãe. José ficou parado em minha frente.

- então, o que você quer? - disse José impaciente.

- como ta as coisas aqui com minha mãe?

- bem melhores depois que você saiu.

Eu apenas confirmei com a cabeça.

- será que a culpa era minha mesmo ou dessa tua cachaça? Você já parou pra imaginar o amor que minha mãe sente por você, e em troca você só destrata ela?

- você veio aqui me ofender?

- não José. Eu só vim pra gente ter uma conversa definitiva. Ou você resolve sua vida e muda suas atitudes com minha mãe, ou você nunca mais vera ela.

- ah é? E como você acha que sua mãe vai se virar sem mim?

- bem melhor do que a seu lado.

José riu não colocando muita fé no que eu dizia.

- eu falo serio José. Se você quiser ajuda nós vamos se entender numa boa. Podemos até ver um emprego e um lugar melhor pra vocês. Mas caso contrário eu vou levar minha mãe ainda essa semana.

José me olhou sério.

- que tipo de ajuda?

- Não sei. Pode ser um emprego bacana. O que você acha?

José me olhou com desconfiança.

- um emprego na empresa onde você ta trabalhando?

- sim! Por que não?

- e você já tem tanta moral assim lá dentro?

- você que ou não quer?

José ficou pensativo.

- porra José. Você não é um cara ruim. Olha pra tua vida cara, olha pra teu redor. O que ta acabando contigo é a porra da bebida. Você quase destruiu a minha e a tua vida cara. Tenta recuperar o tempo perdido.

José virou o rosto. Provavelmente não queria que eu o visse chorar.

- então José, o que você me diz?

José me encarou e seus olhos estavam ligeiramente molhados.

- podemos também te colocar em uma clinica de reabilitação.

- isso não. - ele disse rápido.

Eu sorri.

- ta certo, uma clinica seria algo muito enérgico. Mas pensa bem sobre o que te falei, vê o que vale a pena pra sua vida.

José respirou fundo.

- eu quero o emprego, mas olha lá hen!? Vê o que você vai fazer comigo.

- relaxa José. Se você garantir que vai mudar suas atitudes com minha mãe, eu prometo te conseguir algo bem melhor do que os seus bicos.

- e ganha bem? - perguntou interessado no salário.

- vai da pra viver, e não sobreviver.

José resmungou alguma coisa que eu não entendi.

- tudo bem, eu aceito. Mas ainda estou me recuperando do tiro que você me deu.

- opa. Você sabe que não foi bem assim que as coisas aconteceram, e eu não quero discutir sobre isso.

- ok. Então você vê ai o que vai conseguir pra mim. Eu vou pro quarto descansar e você pode ficar esperando sua mãe se quiser.

- eu vou aceitar.

- mas não é pra mexer em nada. - disse ele me apontando o dedo.

- ok José. Prometo não tocar em nada.

Até porque, ali não havia nada de valor para mexer. José só podia ta tirando onda com minha cara.

Esperei minha mãe por mais um bom tempo, e a tarde ela apareceu.

- filho? - disse ela passando pela porta.

- oi mãe. - falei levantando do sofá.

Minha mãe estava um pouco úmida, provavelmente havia lavado muita roupa pra fora. Em uma mão carregava uma sacola com carne, e na outra um avental rasgado.

- como você ta minha criança? - disse ela me abraçando.

- bem, e a senhora?

- to desse jeito aqui.

Minha mãe estava nitidamente abatida.

- e o José? Cadê ele? Vocês...

- ta tudo bem mãe. Já falei com ele e nós não brigamos.

- e ele deixou você ficar aqui?

- sim. Eu tava esperando pela senhora.

- você vai ficar pro almoço?

Balancei a cabeça em negativa.

- Nós precisamos ter uma conversa séria mãe.

- o que aconteceu? To ficando nervosa!

- por que a senhora não queria mesmo que eu trabalhasse la na empresa?

Minha mãe ficou tensa.

- já te disse. Pra você poder se dedicar aos estudos. - sua voz saiu tremula.

- tem certeza que foi só por isso?

- claro que sim Felipe. Que outro motivo eu teria?

Minha mãe pegou a sacola que havia soltado no chão, e a passos largos foi para a cozinha. Eu fui logo em seguida.

- eu queria saber a verdade mãe.

- essa é a verdade. - disse ela colocando a carne na pia.

- não. Essa não é a verdade. Por que ainda tenta mentir pra mim mãe? - falei um pouco exaltado.

Minha mãe respirou e passou um pano na testa.

- o que foi que te falaram? Fizeram tua cabeça contra mim não fizeram? - disse ela começando a chorar.

- não mãe. Ninguém fez minha cabeça, e por isso mesmo estou aqui.

Minha mãe virou-se na minha direção e me analisou.

- pra que saber a verdade? O meu amor por você não é o suficiente? Tudo o que já passamos não é o bastante?

- porque eu preciso saber. Eu mereço saber mãe. É injusto a senhora continuar escondendo a verdade de mim.

- você tem razão. - disse ela reforçando com a cabeça. - eu vou te falar a verdade.

- eu só quero que a senhora me confirme.

- aquele homem do escritório, o que chegou por ultimo no dia que íamos assinar teu contrato...

Minha mãe fez uma pausa.

- é ele néh!? - meus olhos ficaram molhados.

- sim. Ele é seu pai. - disse ela baixo.

- e por que não me disse isso antes? Por que escondeu esse tempo todo?

- eu tinha meus motivos.

- que motivos mãe? - falei um pouco mais calmo.

- iriam tomar você de mim, e eu não podia permitir. Eu concordei em ter você e depois entrega-lo aos patroes. Eu iria receber muito dinheiro, mas depois que a ficha caiu, eu me arrependi. Já era tarde meu filho, e eu tinha que fujir.

- mas por que não disse isso pra mim mãe. Eu iria entender.

- sera que iria mesmo? Você sempre foi tão sonhador. Eu tinha medo que você fosse atrás daquele homem e não retornasse mais pra mim. - Minha mãe chorava muito.

- é isso que a senhora pensa de mim? Que eu sou um interesseiro sem coração?

- eu não sabia o que pensar. Eu tinha medo. Eu fiz tudo isso por amor meu filho. Eu preferi você ao dinheiro.

Limpei meus olhos.

- me perdoa meu filho.

- eu não to aqui pra te julgar mãe. Eu só queria ter ouvido a verdade da sua boca, só isso. - falei triste.

- você tem razão, eu deveria ter te falado tudo.

- eu passei por tanta coisa mãe. Tudo poderia ter sido bem mais fácil.

Minha mãe me abraçou.

- me desculpa. - suas lágrimas molharam meus ombros.

- vai ficar tudo bem mãe. - correspondi aos seus abraços.

Minha mãe passava as mãos por meu rosto.

Os dias passaram e Joseph já estava em casa. Eu tentava adiar o inadiável: A conversa.

Naquela tarde eu acabara de sair do hospital onde estava prestando minha pena alternativa. Estava cansado quando um carro preto me apanhou no estacionamento.

- como foi o dia hoje? - disse Matthew assim que eu entrei em seu carro.

- aqui todo dia é dia. Hoje chegou um cara vitima de acidente, a perna dele estava deformada.

- caralho, mas sobreviveu? - disse meu chefe ao volante.

- ele entrou pra sala de cirurgia, e depois eu não tive mais noticias.

Já fazia um mês que o juiz havia decretado minha sentença pela tentativa de homicídio ao José. Eu deveria prestar seis meses de serviços no pronto socorro da cidade. O meu serviço era basicamente ajudar na recepção.

Matthew me levou até a casa do Joseph. Pela primeira vez após sua saída do hospital nós ficaríamos frente a frente.

- tu vai lá comigo? - falei entrando na sala de estar.

- ta com medo da fera? - Matthew sorriu.

- to nervoso. - falei esfregando as mãos.

- relaxa. - Matthew massageou meus ombros como seu eu fosse entrar em um ringue.

- to tentando. - falei sorrindo.

Subi as escadas, e abri a porta daquele quarto lentamente. Joseph estava sentado em um poltrona com um charuto na boca.

Entrei e vagarosamente tranquei a porta. Joseph me olhou e apagou o charuto rapidamente.

- filho?

- oi Sr Joseph.

- me chame de pai. - disse ele calmo.

- ainda não. - falei me aproximando dele.

- sente. - Joseph apontou para um sofá que ficava em sua frente.

Sentei e lhe encarei.

- vou pedir alguma coisa para comermos.

- não se preocupe comigo. Só to aqui pra gente esclarecer as coisas.

Joseph confirmou.

- Eu já sei de tudo o que aconteceu, e acho que as evidencias provam que somos mesmo pai e filho.

- eu esperei tanto por isso.

- eu também esperei. Mas não foi nada como eu pensei que seria.

- você imaginava outra coisa pra sua vida?

- eu imaginava meu pai diferente do senhor. O senhor foi cruel comigo.

- eu não fui cruel Felipe. Acontece que eu te julguei errado.

- só por eu ter chegado tarde na entrevista? Ou foi por eu estar sujo? O sr sabia que eu cheguei daquele jeito porque tava ajudando um amigo que o Klauss tentou matar, achando que era eu?

- como disse?

- isso que o sr ouviu.

Eu sentia pena do Klauss, mas não poderia omitir aqueles acontecimento. Contei tudo o que vinha acontecendo comigo. Se o Joseph iria tomar uma atitude com Klauss ou não, já não era problema meu. A minha parte eu iria fazer.

Joseph ficou estarrecido com as atrocidades do filho, e disse que iria tomar providencia, que mais tarde eu saberia.

Saí da casa do Joseph com a consciência tranquila. Talvez no futuro eu o visse como um pai, por enquanto eu iria aproveitar a chance que a vida estava me dando, e iria investir em mim, e na minha outra família. O José aceitou um serviço na empresa, e agora ele era assalariado. Sua relação com minha mãe, aos poucos ia entrando nos eixos.

xxXX

- como eu to? - perguntou Otávio.

- ta gatão pô. - respondi.

- ta falando serio?

- sim. Da uma volta aí.

Otávio virou e realmente estava bonito.

- tu também ta bonitão.

- valeu. - respondi tímido.

- ta virando macho hen!?

Enquanto eu me olhava no espelho do roupeiro, Otávio me abraçou por trás fazendo eu me arrupiar.

- te amo tanto branquelão.

- eu também gosto de tu mano. Não sei se posso chamar de amor, mas eu to tentando.

- eu to tranquilo po. Tenho pressa não.

Virei para o Otávio, e lhe tasquei um beijo. Minhas mãos passaram por dentro da sua blusa.

- opa. Meu pau deu sinal de vida aqui. - disse ele mordendo meus lábios.

Eu sorri.

- bora nessa.

- bora.

Finalmente meus 18 anos havia chegado. Depois de tantas dificuldades, eu finalmente conseguia ver o sol.

Assim que descemos do táxi de frente para o bar onde comemoraríamos o meu aniversario, vi uma pessoa familiar.

- tu me espera aqui rapidão mano.

- tu vai aonde? - questionou Otávio.

- aqui falar com um amigo, mas é rápido.

Otávio me aguardou na porta do estabelecimento, e eu fui ao encontro daquela figura conhecida.

- Thiago? - falei chegando perto dele.

- playboyzin? O que tu ta fazendo aqui moleque? - disse ele me cumprimentando.

- vim comemorar meu aniversário cara. E tu, ta perdido?

Thiago estava parado em frente há alguns carros. Ele usava uma roupa toda preta, e em suas costas havia um volume que chamava atenção.

- to de boa aqui, mas já ta quase na minha hora.

- ta esquematizando alguma coisa? - falei observando suas costas.

- não playboyzinho, jamais.

- tem certeza velho?

- to sendo sincero com você.

- fala a verdade Thiago, pode ser sincero comigo.

Thiago respirou.

- to precisando juntar uma grana. Sacou?

- e por isso tu ia assaltar, matar ou fazer sei lá que outros tipos de maldade com alguém?

- e tu acha que eu tenho outra opção? Você acha que eu tenho papaizinho, ou mamaezinha? Eu num tenho nada disso não playboyzinho. A vida foi dura comigo.

- e tu acha que pessoas inocentes tem culpa disso? Eu entendo tua situação Thiago, mas não concordo quando você diz que não tem opção.

Thiago parecia cansado.

- já comeu hoje?

- só almocei.

- então vem comemorar comigo meu aniversário pô, a gente pede alguma coisa pra jantar.

- num da não playboyzinho. To esperando um parceiro meu.

- to te convidando Thiago. Se esse cara for parceiro mesmo, ele vai entender.

Thiago me fitou.

- larga essa arma cara. Bora lá.

Thiago ficou tentado.

- onde é que vai ser esse aniversário?

- aqui mesmo. - falei apontando pro bar.

- ta de onda com minha cara? - disse ele sorrindo. - e depois diz que não é playboy. - Thiago sorriu.

- to começando a gostar da ideia de ser. - sorri.

- acho que isso não é pra mim.

- nem pra mim pô. Vamos ser dois peixes fora d'água.

- de onde foi que tu tirou dinheiro pra gastar aí?

- lembra do meu pai desconhecido?

- lembro que você falou sobre ele.

- pois é pô. Apareceu.

- ta gozando de mim? Assim do nada? - Thiago tirou o boné que usava e coçou a cabeça.

- longa historia mano, mas a gente vai ter tempo pra conversar. Bora entrar.

Thiago olhou para a faixada do bar, em seguida olhou para mim.

- bora. Bora sim. - disse ele.

Thiago me acompanhou ao interior do bar. Ele parecia um pouco descolado, mas ainda assim feliz. Eu o apresentei ao Otávio, ao Matthew, ao sr Joseph, e ao Raul. Ninguém questionou de onde eu o conhecia.

- ta vendo esse cara aí? - apontei com os olhos.

- é o teu pai? - disse Thiago.

- ele mesmo.

- porra playboyzinho, parece ser cheio da nota hen!? Tu tirou a sorte grande.

- nem tanto mano. Ele é um cara frio. Agora eu tirei a sorte grande com meu irmão. Ele é um cara precioso. - falei apontando para o Matthew.

Devido ao volume alto do som, e várias pessoas conversando, era quase impossível ouvir o nosso assunto.

Matthew tomava uns drinks com o pai, enquanto Otávio conversava descontraído com o Raul, então dava para eu dar total atenção ao Thiago.

- Eu vou buscar alguma coisa pra gente beber. O que tu quer? - falei me levantando.

- traz algo bem forte pra ver se eu esqueço das merdas que fiz hoje.

Sorri.

Fui caminhando até o bar, e para minha surpresa vi quem eu menos imaginava como barman.

- Klauss? - puxei um banco e sentei com os braços escorados no balcão.

Klauss parou o que estava fazendo e me fitou.

- qualé? Veio rir da minha desgraça?

Saiu uma risada sem querer.

- vish. Nada a ver cara.

- vai querer alguma coisa além de me encher o saco? - disse ele preparando uma bebida.

- vou sim.

- então fala.

- velho, tu ta muito engraçado de barman. Isso aí é barman ou bartender?

- puta que pariu! Eu ainda tenho que aguentar isso?

- tem sim mano. Eu vou vim aqui todo dia agora.

- só pra ver minha humilhação?

- que humilhação cara? Tu acha humilhante trabalhar?

- eu caí muito de setor, você não viu?

- relaxa mano. Uma hora você sobe novamente.

- papai tomou meu carro. Confiscou meus cartões. Você ta feliz?

- isso é pouco perto do que você fez cara. Talvez assim você aprenda velho.

- é! quem sabe.

- mas eu não vim aqui falar sobre isso não. Prepara pra mim uma cerveja suja, e um dry martini.

- Pra já. Mas alguma coisa senhor? - disse ele com ironia.

- por hora só isso. - falei levantando.

Klauss falou algo baixo, que foi impossível de ouvir.

- falou alguma coisa velho? - falei me virando pra ele.

- me desculpa por tudo. - Klauss falava baixo. - Eu não me reconheço fazendo todas aquelas coisas. Nada o que eu fale vai diminuir o mal que eu te causei, mas eu quero que saiba que eu to feliz por você. Você merece toda felicidade.

Meus olhos ficaram marejados. Klauss era sincero em suas palavras.

- No final das contas você quem conseguiu minha cabeça em uma bandeja né!? - Klauss sorriu.

- pois é. Acho que o jogo virou. - sorri.

- enfim cara, eu não tenho nada contra você não, mas eu posso te pedir um favor?

- fala - falei calmo.

- tenta evitar vim aqui com minha família ou amigos. Pra mim é muito humilhante. Eu sei que pra você não é, mas só eu sei o é ta aqui desse lado.

- pode deixar cara. Eu vou evitar vim aqui sim. Eu vou ao banheiro e volto pra pegar as bebidas beleza?

- beleza, eu vou agilizar aqui pra você.

Enquanto Klauss prepara as bebidas eu ia até o toalet.

Após sair da cabine, lavei as mão, sequei, e tentei retornar à mesa, mas fui surpreendido por alguém que entrou me empurrando de volta pra dentro.

- calma aí bundinha, eu não vou te machucar.

- que tu ta fazendo aqui cara? - falei um pouco assustado.

- comprou?

- claro que não.

- então eu posso entrar e sair a hora que eu bem entender.

- mas você não veio aqui por acaso. Veio?

Predador me olhou nos olhos.

- Não. - disse ele reforçando com a cabeça.

- então?

- eu sei que hoje é uma data muito importante pra ti, e mesmo sem ser convidado, eu resolvi dar uma passada.

- como você soube que hoje era meu aniversario?

- sou da swat. Porra bundinha, hoje em dia a coisa mais fácil do mundo é descobrir o aniversário de alguém. Ainda mais quando esse alguém é filho da babá do meu filho.

- minha mãe que te falou?

- mais ou menos. Isso não vem ao caso. Eu só vim pra te entregar isso.

- o que é isso? - falei pegando uma pequena embalagem da sua mão.

- abre caralho. - disse ele muito simpático.

Abri a embalagem com as mãos um pouco tremula. Pra mim surpresa era um relógio, o mesmo relógio que o predador usava no dia que eu o conheci.

- é lindo. - falei admirando o objeto.

- eu sempre percebi a forma que você olhava pra ele. Guardei pra te entregar nessa data.

- você tem certeza que eu posso ficar?

- é seu. - Predador tinha uma feição serena.

- pô cara. Vlw.

- Eu também vim aqui por outro motivo.

- qual?

- eu quero que tu volte a morar no meu cafofo.

- não dá cara.

- não precisa responder agora merda, pensa um pouco. Eu sei que fui grosseiro, mas a vida ta me ensinando.

- eu to numa outra situação agora.

- eu sei. Sei que tua vida deu uma reviravolta. Se você não quiser morar la na comunidade, nós podemos ver outro lugar, mas eu queria que tu pensasse com carinho.

- não dá. - falei baixo.

Predador levantou meu queixo com o dedo.

- eu não aceito não como resposta. Eu gosto de tu bundinha. Você meche com minha masculinidade.

- eu já gostei de tu cara, mas hoje eu não sei se ainda sinto o mesmo.

- então vem morar comigo e tira a dúvida. Se você ver que não dá pra nós dois eu te deixo ir.

Predador me deixou tentado.

- vai la comemorar com teus amigos, mas promete que vai pensar?

- tá! Eu prometo.

Predador encostou sua testa na minha, e eu podia sentir sua respiração. Eu sentia o ar quente que saia de sua boca e de suas narinas.

Deixei o predador no banheiro, e retornei à mesa com as bebidas.

- demorou hen playboyzinho. Eu já tava ficando pilhado aqui. De um lado é conversa sobre política, do outro é papo de academia. Eu já tava ficando loucão. - disse Thiago pegando o dry martini.

- foi mal cara. A fila do bar tava grande.

- de boa. - disse ele tomando uma dose da bebida.

- playboyzinho? - Thiago me olhou.

- fala. - disse tomando um gole da cerveja.

- quem vai pagar a conta?

- a gente se vira. - falei sorrindo.

Um garçom abordou a nossa mesa e trouxe um pequeno bolo com várias velas em cima. Assim que ele chegou, meus amigos já foram logo cantando os parabéns. Aquilo me deixou emocionado. Se eu tivesse planejado algo, não teria dado tão certo. Um filme passava por minha cabeça, e eu via as pessoas como se fosse uma linha do tempo. Eu olhava no rosto de cada um, e tentava decifrar aonde cada uma estaria dali há um ano.

Soprei as velas, e esqueci de fazer o pedido. Acho que eu tava tão feliz, que não tinha mais nada o que pedir.

O amor é algo muito estranho. Nós podemos senti-lo de várias formas e por várias pessoas diferentes. Acho que o que muda é a intensidade. Receber amor de alguém é algo muito bom, mas oferecer amor a alguém é algo que não tem preço.

Terminei de soprar as velinhas e minha vista fez uma identificação no local. Próximo ao bar eu vi o predador. Ele estava sentado com uma garrafa de cerveja em cima do balcão. Suas mãos batiam palmas como se ele estivesse presente.

- já decidiu? - consegui decifrar ao ler seus lábios.

Balancei a cabeça que sim.

- vai morar comigo?

Eu apenas dei uma piscada de olhos e sorri.

♫♫♫♫

Pra ter o seu amor

Te pedi pra Deus de presente

Pra me ver contente

Ele te inventou.

♫♫♫♫

Fim da primeira temporada.

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Comentários

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Berg pelo o amor de Deus volte a publicação desse conto você escreve muito bem e até hoje eu morro de curiosidade para saber o final dessa história

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Adorei a temporada, mas de fato Felipe pode dar chances a Otávio, entre eles dois rola e pode dar muito sentimento quero ve-los Juntos. Com o predador foi algo mais curtições.

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Uauuuuuuuuuuu, tomara que o Klaus se redima com todos, predador é ótimo, mas o Otávio é o cara para o Felipe.

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Amei o conto!!! Ansioso pela 2 temporada. Concordo totalmente com o The owl, e espero que o Felipe se decida de uma vez e não se meta em tanta enrrascada, ohh menino problema viu.

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Uma dica Berg, tenta escrever pelo menos mais da metade da segunda temporada para começar a postá-lá, pois foi um saco acompanhar essa primeira temporada devido à demora das postagens. Gostei muito dessa história, e esse final embora não tenha saído como eu esperava, ainda assim ficou muito legal. Enfim, a dica é para que as postagens não demorem muito. Fiquei meses acompanhando essa, e quase desisti. Se você escrever pelo menos mais da metade antes de começar a postar, quando postar vai ter tempo pra poder termina-lo enquanto posta, e melhor ainda vai poder analisar a história de melhor maneira e sem precisar correr com a escrita. Espero que tenha entendido meu ponto de vista. Abraço...

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Não concordo que o conto tenha caido na qualidade. Só que mudaram de ambientes, lógico que os diálogos iria mudar também. Adorei esse capítulo, o melhor até agora, teve tudo na medida certa, confesso que torco pelo predador rs. Que venha a 2 temp abracos man...

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HAAAAAA vai Ter segunda haaaa não vejo a horaaa, predador forever

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Boa história; mas, concordo com a Jade: tem muita coisa pra segunda temporada. Bjs

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agora eu vou comentar muito rs: quando eu descobri esse conto ele estava no capitulo seis. Achei incrível aquela quebra na linha do tempo, aquela mistura de cenas de quando o conflito começou e cenas das consequências. Os personagens da comunidade eram bem verossímeis, e os diálogos deliciosos. Não sei se foi por falta de tempo ou outra coisa essa qualidade caiu um pouco da metade para o fim, os personagens ricos ficaram um tanto caricatos. Esse final, apesar de bem criativo deixou a sensação de ter sido forçado, principalmente esse encontro final. Mas de qualquer forma a história foi ótima, os primeiros capítulos e as cenas na casa do Predador eu li várias vezes. Que bom que vai ter continuação. Tem mesmo assuntos não resolvidos para mais histórias. Um abração pra tu. Até o próximo capítulo!!

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AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA PRIMEIRA TEMPORADA!!! GOSTEI DISSO... PELO JEITO NA SEGUNDA O GRANDE AMOR DO lORIN TERÁ QUE TIRAR ELE DE UMA ENRASCADA!!! OBS: AINDA QUERO O THIAGO E O OTÁVIO SE PEGANDO!

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Amei o comentário de @VALTERSÓ. hahaha

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Poxa ansioso pela 2 temporada aqui ,adorei o conto .

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AFF. ACHO QUE ME DECEPCIONEI. FELIPE TEM MATHEWS, OTÁVIO, KLAUSS, PREDADOR TODOS QUERENDO ELE. E A VIDA COMO SERÁ AGORA Q DESCOBRIU SEU PAI, Q É UNICO HERDEIRO? MESMO ASSIM AINDA VAI QUERER MORAR COM O PREDADOR? ACABO ACREDITANDO Q QUEM NASCEU PRA PATACA NUNCA PODE SER VINTÉM. SINCERAMENTE NÃO GOSTEI.

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Aiiiiiiiiiiiii que agonia, o que será que o Thiago estava aprontando? Será que vem coisa ruim na próxima temporada? Medo :(

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