ANTERIORMENTE:
- E então Caio – Senti alguém me virando com certa força. – Não vai me apresentar o seu amigo aí não? – Harry olhava bem feio para mim.
AGORA:
Caio: Bom, o nome dele é Jul.... – Cortado.
Juliano: Prazer, me chamo Juliano Gouvêa. E o Senhor – Ele deu ênfase no S. – Deve ser o “Príncipe”.
Prince: Certamente, vamos embora Caio.... Agora! – Mal olhou para Juliano, ele aparentava estar com raiva de mim.
Caio: Já? Bom, pelo que Juliano me contou, essa é uma festa beneficente.... Não seria prudente o senhor participar dos leilões antes de ir? O organizador pode ficar magoado.... – A expressão de Harry havia mudado de raiva para surpresa. Juliano só analisava tudo.
Prince: Muito bem. Bom vou indo.... Estarei ali com a minha “turma”. Até breve. Prazer em conhece-lo, Juliano. – Harry sorriu para mim, e ao cumprimentar Juliano não parecia muito contente. Assim que o gato, digo, Príncipe se afastou....
- Putz, seu chefe é o Harry Monjardim e você não me disse? – Juliano disse.
- Você não me perguntou.... – Sorri.
- Caio, eu quase me caguei aqui kkkkkkkk, acho que ele estava com ciúmes de você.... – Ele riu.
- Ciúmes, bah, ele é só meu chefe! E por que do nervosismo?
- A empresa dele administra o meu aplicativo. Então boa parte do sucesso, manutenção, a grana.... Vem dele. – Disse.
- Ah, como não pensei nisso antes! Há há. – Nesse meio tempo a música parou e um homem começou a dizer....
Locutor: Senhoras e Senhores, por favor se dirijam ao salão da ala oeste. Vamos iniciar o leilão em 5 minutos.
Caio: Sempre quis participar de um leilão, só não tenho grana kkkkk. – Ri.
Juliano: Vamos? Eu te empresto uma grana.... – Sorriu.
Caio: Valeu, mas eu trouxe um dinheiro aqui. Vai ver eu consigo comprar algo. – Esperançoso, coitado!
Juliano: E o que chamaria a sua atenção? – Curioso.
Caio: Não sei, algo simples como um celular ou uma peça de roupa bonita. Realmente não sei dizer.
Juliano: E o que gosta de fazer?
Caio: Na maior parte do tempo estou fazendo cafés, achocolatados, chás lá na empresa. E por mais cansativo que seja, gosto muito de fazer.
Juliano: Por algum motivo em especial?
Caio: Sim....
Juliano: Então tá, vem vamos!
Eu e Juliano passamos entre vários grã-finos e madames e nos dirigimos até a tal ala oeste. Era um enorme salão muito bem decorado em amarelo ouro com vermelho. As cadeiras, mesas, vasos quase todos decorados da mesma forma. As pessoas começavam a entrar e a se assentar. Harry fez um sinal para mim e tive de me despedir de Juliano. Cheguei próximo a Harry e iria ficar como os demais assistentes ali, em pé próximo ao seu “Superior”. Entretanto uma atitude me surpreendeu. Harry mandou um garçom pegar uma cadeira e assim que a trouxe me mandou sentar ao lado dele. Uma atitude que não agradou algumas pessoas na mesa, e outras, bem.... Nem olharam para o meu rosto. Na mesa haviam 2 mulheres e 4 homens tirando eu e Harry. Ao prestar um pouco a atenção na conversa deles, descobri seus nomes superficialmente.
Fernanda: Ora, o Felix está tão feliz com a sua nova BMW, pensei em dar um Porshe, mas sabe como são os jovens.... – Disse uma mulher jovem, longos cabelos castanhos e muito bem arrumados. Logo descobri que era dona de vários laboratórios farmacêuticos do país.
João: Minha filha foi pela 15° vez nos EUA só pela Disney. A aconselhei a ir para outro país, como a Suíça. Mas esses jovens só querem saber de Mickey, Pateta e vai saber mais o que.... – João era um grande empresário da área de petróleo. Devia ter uns 50 anos, gordo, cabelo em formato social e uma voz bem grossa.
Harry: Deixem eles viverem a suas vidas, a pior coisa que tem é ter alguém regulando sua vida. Se um quer um Porshe, de um Porshe.... Se ela quer ir para a Itália, de uma viagem para Itália. Mas deixem seus filhos livres....
Um silencio constrangedor se formou na mesa. (OBSERVAÇÃO: Essa conversa aconteceu de verdade).
Meu celular tocou e era MauMau. Deixei tocar por alguns segundos e caiu. Após uns minutos, tocou novamente e antes que pudesse fazer algo Harry tomou o telefone de mim e atendeu.
- Oi, não, é o Harry! Ele não pode falar agora, mas eu quero levar um papo contigo... – Harry levantou da mesa me deixando boquiaberto junto com os demais.
Miranda: Então.... Você trabalha recentemente com ele, querido? – Ela e todos na mesa olhavam para mim. Miranda era já idosa, cabelos brancos, pele bem branquinha e absurdamente cheia de maquiagem na cara.
Caio: Bom, comecei a trabalhar com ele há 3 dias. – Ela me lançou um olhar de surpresa.
Miranda: Muito cuidado com ele meu jovem, é um rapaz instável.... Sem amigos, solitário até demais.
Caio: Não acho que ele seja solitário, ele anda com muitos amigos, tem muitas mulheres.... – Não pude evitar de revirar os olhos e ela percebeu.
Miranda: Não se engane, o dinheiro compra tudo, até mesmo amizades.... O amor....
Caio: O dinheiro não compra o amor.
Miranda: Se você diz, é tão tolo quanto ele.
Ela terminou sua frase e todos riram. Me encolhi no lugar que estava e logo eles tratavam sobre tarifas de exportação e tudo mais. Após uns minutos Harry voltou e fez um “sinal” para o locutor que deu início ao leilão.
Locutor: Senhoras e Senhores, vamos dar início ao leilão beneficente em favor das instituições de caridade parceiras da Canyon Tecnologias. – Foi aí que minha ficha caiu.
Locutor: Bom, agradecemos a presença de todos e vamos começar o leilão com algo pessoal do próprio dono da Canyon Tecnologias. – Várias fotos de uma casa na neve passavam num telão atrás do locutor não pude esconder a cara de tonto. A casa ficava na Inglaterra, por fora clássica casa inglesa, porém ostentação por dentro.
Locutor: A casa está avaliada em 5 milhões, que os lances comecem. – CARALHO 5 MILHÕES!!!!
Várias pessoas levantavam plaquinhas que haviam em suas mesas e o locutor só aumentava de acordo com os lances. A casa foi vendida por 14 milhões a uma mulher que não escondeu o quanto “podia” gastar. Aquilo me enojou. Relevei por ser por uma boa causa. Os minutos foram passando e não teve nada que me chamou tanto a atenção quanto a casa, até que....
Locutor: Nosso próximo item é essa belíssima chaleira a ouro doada pela casa dos príncipes árabes. Os lances começam em 500 mil.
Caio: Que linda, se eu pudesse eu compraria. – Todos na mesa olharam para mim e esconderam o riso, talvez por Harry estar ali. Foi aí que ele levantou a plaquinha.
Locutor: 500 mil para Harry Monjardim, alguém da mais?
Alguém levantou a plaquinha.
Locutor: 600 mil pelo senhor ali. Alguém da mais?
Harry novamente levanta.
Locutor: 700 mil pela chaleira, lance do senhor Monjardim. Alguém da mais?
O outro homem levantou novamente.
Locutor: 800 mil pelo senhor ali novamente. Alguém da mais?
Harry emputecido se levanta e grita:
Harry: 1 MILHÃO PELA CHALEIRA! – As pessoas começaram a bater palma e urrar como se ele tivesse vencido uma luta, porém....
O homem se levantou e pude ver que era Juliano. Ele se aproximou do palco e gritou.
Juliano: 3 MILHÕES PELA CHALEIRA! – As pessoas ficaram inflamadas pela atitude de Juliano começaram a pressionar Harry.
O locutor olhou para Harry que agora estava também se aproximando de Juliano.
Harry: 5 MILHÕES PELA PEÇA! – As pessoas sacaram seus celulares e filmavam tudo como se fosse à luta do século.
Miranda: Incrível Caio! Acho que seu chefe quer mesmo te dar a chaleira.... – Ela e os demais olhavam boquiabertos para mim.
Caio: Eu estava brincando.... - #Medinho.
Miranda: Fique tranquilo, ninguém bate um lance dos Monjardim’s.
Caio: Deus! – Socorro Katia!
Locutor: Temos 5 milhões, por favor subam aqui e providenciaremos microfones. – Ambos subiram pegaram em microfones e o locutor continuou.
Locutor: O senhor Monjardim deu 5 milhões, o senhor Gouvêa cobre?
Juliano: Sim, 5 milhões e 500 mil pela chaleira.
Locutor: Sinto muito senhor, agora os lances são de 1 milhão ou mais.
Juliano: Então 6 milhões! – As pessoas explodiram em gritos e aplausos.
Locutor: Senhor Monjardim? – E aí Harry fez o inesperado.
Harry: 10 milhões pela chaleira, e mais 6 milhões para o senhor Gouvêa desistir. – O olhar para Juliano era de superioridade. Juliano claro, recuou.
Locutor: Senhor Gouvêa, o senhor cobre o lance?
Juliano: Não....
Locutor: Vendido para o senhor Monjardim! – As pessoas explodiram novamente em palmas e gritos. Harry fez um cheque e pegou a chaleira. Foi aí que pude notar o quão rico ele era.
Harry se aproximou de mim e colocou a chaleira em meu colo.
- Toda sua, espero um cappuccino bem gostoso amanhã de manhã. – Ele me disse. E tudo o que pude fazer era dizer “Obrigado” e sorrir.
Após algumas horas o leilão terminou com o maior lance chegando aos 80 milhões. Porém as pessoas só falavam de como Harry “lutou” bem em honra a sua família. Ele ia se despedindo das pessoas quando Juliano veio vindo ao meu encontro. Harry ao ver que estava olhando Juliano vindo em nossa direção, me puxou pelo braço até a saída e me enfiou num carro quase que a força. Dessa vez não contive o senso “profissional”.
- Você enlouqueceu? Não pode sair puxando as pessoas por ai!
- Até onde sei não pode namorar em serviço também....
- Eu não estava namorando, estava dando atenção a um empresário da SUA FESTA (enfatizei) para que ele não se sentisse desconfortável. Aliás, podia ter me contado da festa que iria dar!
- A Greta que organizou tudo antes de ser dispensada, foi mal. E você é pago para só ME dar toda a atenção. Então sem show. – Ele riu.
- Eu sou pago para fazer café, o senhor que me sequestrou.... – Ri também.
- Senhor está no céu, já falei. – O motorista entrou e deu a partida no carro.
- Então como devo chama-lo honorável cavaleiro? – Puxei o tom da voz para fazer algo mais sarcástico.
- Só de príncipe, se Harry o incomoda. – Ele falou.
- “Príncipe” não é muito íntimo?
- Eu dormi agarrado com você Caio, tem algo mais íntimo que isso? – Ele levantou uma de suas sobrancelhas e me olhou.
- Pois é..... Sobre isso, eu queria pedir desculpas.... – Fiquei vermelho (OBVIAMENTE) e abaixei a cabeça. Harry pôs seu dedo no meu queixo e levantou minha cabeça até estar olho a olho.
- Você é mais que um funcionário para mim.... – Naquela hora uma esperançazinha nasceu no meu peito. – Você é um amigo, e eu gosto de proteger e cuidar dos meus amigos! – Ele me disse sem tirar o olho de mim.
- Claro, bem, obrigado! – A esperança morreu.