Após um dia cansativo, Felipe chegou no dormitório, mas não demorou para sentir de alguém, ou melhor, um cachorro. O intercambista pegou o telefone e ligou para Guilherme para saber se havia algum tipo de informação sobre o animal. Com a negação do namorado, Felipe percebeu que a janela estava aberta e uma pontada de tristeza se instalou em seu coração. Será que Tchubirubas fugiu? Pensou consigo mesmo.
Desesperado, Felipe pegou a mochila e se preparou para buscar o cachorro. Porém, alguém bateu à porta. Ao abrir, o jovem se deparou com Lucy, a moça que conheceu no hotel para cachorros.
— Oi? — Lucy o cumprimentou e apontou para o chão. — Esse rapazinho é seu?
— Tchubirubas. Seu pestinha! — Felipe se abaixou, falando em português. — Quase me matou do coração.
— Oi, novamente. — repetiu Lucy.
— Ah, desculpa. — Felipe levantou e passou as mãos nos cabelos. — Fiquei feliz em ver o Tchubirubas. Eu deixei a janela aberta, ele acabou fugindo.
— Sim. Estava passeando com Dolce e Gabanna, meus cachorros, e o encontrei no parque. — explicou a moça.
Felipe explicou para Lucy toda a situação com Tchubarubas na Escola de Intercâmbio. A moça ficou sensibilizada e se ofereceu para passear com o animal três vezes na semana. Depois de alguns minutos de conversa, Lucy e Felipe se despediram.
Cansado, o jovem deu comida para Tchubirubas e pegou no sono. Ele acordou com um beijo no rosto. Era Guilherme. Os dois foram tomar banho. A água quente era uma delícia. O casal aproveitou o momento para se amarem.
O clima esfriou e os dois decidiram comprar pizza. A programação preferida deles era assistir RuPaul 's Drag Race. Felipe estava muito feliz em namorar Guilherme. O sentimento era recíproco.
Os dois queriam sair, mas o frio se instalou em Londres, então eles trocaram o restaurante por pizza, e o cinema pelo Youtube. Felipe estava muito feliz em namorar Guilherme, e o sentimento era recíproco.
— Você tem analgésico? — perguntou Guilherme, após alguns episódios do reality show.
— Eu acho que tenho. Dor de cabeça de novo?
— Acho que vou no oftalmologista. Pode ser problema na vista. — disse Guilherme, levantando da cama com dificuldade e foi ajudado por Felipe.
— Tenta marcar logo, amor. — Felipe foi até o banheiro e pegou o remédio.
— Vou sim, prometo. — afirmou Guilherme, pegando o remédio e tomando.
Qual o melhor lugar para o primeiro encontro? Kaity e Dylan decidiram ir ao cinema. Só que a paixão entre os dois foi tão forte que os beijos foram inevitáveis. A única opção para o horário era 'Meu Malvado Favorito'
Kaity e Dylan decidiram ir ao cinema para celebrar o primeiro encontro. A paixão entre os dois foi instantânea, e era inevitável que algo a mais rolaria entre os dois. Eles se encontraram em uma praça e seguiram para o cinema. A única opção para o horário era do filme "Meu Malvado Favorito".
Na verdade, os dois nem chegaram a assistir a animação. Eles ficaram em um lugar mais afastado e ficaram se pegando durante toda a sessão. Dylan não acreditava na sorte de ter encontrado alguém tão legal quanto Kaity, que também estava adorando a experiência de beijar um americano.
Do outro lado da cidade, também acontecia um encontro. Nariko e Wong foram para uma feira de fotografia. A jovem queria mudar o seu equipamento e nada melhor do que um evento para aproveitar os descontos.
Entretanto, Nariko era uma pessoa que gostava de ir devagar, principalmente quando o assunto era relacionamento. No Japão, ela passou por um relacionamento tóxico e não queria passar por todo um caos novamente.
Enquanto uns amavam, outros tramavam o mal. John era um jovem inteligente. Veio de uma família humilde, mas não aceitava a sua origem. Aos 15 anos, conseguiu um estágio na empresa de Leopold e, aos poucos, se tornou um dos homens de confiança do empresário.
Aos 18 anos, teve um breve relacionamento com Guilherme. Ele viu no relacionamento uma oportunidade de crescer na vida. Porém, algo aconteceu. John se apaixonou por Guilherme. Infelizmente, o namoro não deu certo, pois ele percebeu que Leopold não aprovava a homossexualidade do filho.
Por causa disso, John voltou para o armário e reavaliou toda a sua vida para não desagradar o chefe. Agora, que Leopold havia aceitado o filho, John viu a oportunidade de voltar com o seu plano e contaria com a inusitada ajuda de Nick.
John era um jovem muito inteligente, ele veio de uma família humilde, mas não aceita sua origem. Ele começou a trabalhar aos 15 anos na empresa de Leopold, e se tornou um dos homens de confiança do pai de Guilherme. Aos 18 anos se apaixonou perdidamente pelo filho do seu chefe, mas via ali também uma oportunidade de crescer na vida. O relacionamento é claro não deu certo, havia uma diferença muito grande entre os dois, principalmente a forma de agir.
— O que você ganha com isso, Nick? — quis saber John, cruzando os braços e olhando com desdém para o apartamento do rapaz. — Você quer o Felipe?
— Você pirou! — exclamou Nick, antes de empurrar John. — Eu não sou uma bichinha como vocês e....
— Escuta. — John o cortou, enquanto segurou com força no braço de Nick e o torceu.
— Mas que porra.
— Escuta só. Eu não sei o seu interesse nessa história, mas nunca mais, eu disse, nunca mais toque em mim. — pressionando Nick contra a parede com uma força descomunal.
— Já acabou? — perguntou Nick, quase sem voz. Sendo liberado em seguida por John. — Nada mal para um gay.
— Anos de defesa pessoal. — John se explicou, enquanto arrumava o terno. — Então, qual a ideia?
— Ainda não pensei em nada. Achei que você era o cara da ideia.
— Eu acho que devemos quebrar a confiança que existe entre eles. O Guilherme é muito ingênuo, mas, ao mesmo tempo, cabeça dura. Se a gente quebrar esse elo que existe entre eles...
— Conseguimos separá-los. O Natal está chegando. — soltou Nick, sorrindo.
Aos poucos, a cidade de Londres se transformava. Os principais atrativos turísticos recebiam enfeites natalinos e as lojas iniciavam suas promoções de Natal. Sabe quem estava ansioso para as festividades? Felipe. O jovem intercambista nunca havia passado os feriados de fim de ano longe da família, mas ao seu lado estava Guilherme e o sentimento de solidão era atenuado.
A ideia inicial era passar o Natal na casa dos Thompsons, depois Guilherme ligaria para família no Brasil. O jovem estava curioso para descobrir as particularidades e tradições natalinas da Europa.
Felipe mal podia esperar para provar todas as comidas da temporada. Seus olhos brilhavam ao pensar nas mesas fartas, repletas de pratos que variavam de deliciosos assados a sobremesas tentadoras.
Infelizmente, os amigos não passariam as festividades juntos, pois Nariko também havia planejado um jantar com Wong. Já Kaity ajudaria Dylan a servir a ceia de Natal para moradores de rua. Então, o Natal de todos seria maravilhoso.
Os dias foram passando. Neste período John deu início ao seu plano para separar Guilherme e Felipe. Ele contava com a ajuda de Nick, que passou a ser mais atencioso e amigável com Felipe.
Em um fim de tarde, Nick decidiu ensinar Felipe a aplicar golpes de karatê. De uma maneira traiçoeira, o maldoso colega esperou Guilherme entrar na sala da administração, quando Nick abraçou Felipe e o jogou no chão.
Nem precisa dizer que Guilherme ficou com ciúmes, mas conseguiu disfarçar. Em outro momento, Nick fingiu que estava engasgando e Felipe o ajudou. Mais um plano para criar atrito entre o casal. Apesar da ciumeira, o namorado de Felipe nada dizia.
A neve começou a cair em Londres. As pessoas passaram a usar roupas mais pesadas e quentinhas. Felipe 'herdou' vários casacos bonitos do namorado. Então, um ardiloso Nick viu a oportunidade de envenenar o colega de trabalho.
— Ei, vamos tomar umas hoje? — Nick perguntou de Felipe, que vestia um casaco preto.
— Não posso. Vou comprar roupas com o Guilherme.
— Qual é, cara. Você vai ser 'capado' por esse filhinho de papai?
— Ele não é filhinho de papai. Você não o conhece direito. — Felipe defendeu o namorado.
— Eu sei o que as pessoas falam. — jogou Nick, virando de costas para Felipe e sorriu.
— O que as pessoas falam?
— Ele usa os carinhas e depois joga fora. Como ele fez com o John. — disse Nick, sentando em uma cadeira e ligando o computador.
— Isso é bobagem.
— Tudo bem, cara. Inclusive, lindo casaco. Eu soube que é uma nota preta. — Nick estava conseguindo desestabilizar Felipe. — Ei, parceiro. Qual é. Uma cervejinha não vai te atrasar, vai?
— Tudo bem. — Felipe se deu por vencido.
Mensagens. Chamadas. Preocupação. Guilherme procurou o namorado no dormitório e não o encontrou. Ele passou no setor administrativo e ouviu vozes vindo da sala de materiais de limpeza.
Com o coração na mão, Guilherme não pensou duas vezes e andou na direção da porta. Mas o que encontraria quando abrisse? Após pensar uns bons segundos, ele abriu a porta e encontrou o namorado bebendo com Nick. Os dois estavam jogando dominó e pareciam concentrados.
— A gente tem que ir na loja. — Guilherme chamou a atenção dos dois.
— Gui? — questionou Felipe, colocando as peças sob a mesa. — Nick, a gente joga outra hora. — tentando levantar, mas se desequilibrando.
— Vem. — Guilherme respirou fundo e segurou no braço do namorado. — Quer saber, vamos amanhã. Vou te levar para o dormitório. Com licença, Nick. — saindo com Felipe.
— Até mais. — um descarado Nick se despediu do casal.
Com dificuldade, Guilherme levou Felipe para o dormitório. O mesmo apagou na cama e Guilherme aproveitou o tempo livre para colocar 'Grey's Anatomy' em dia. Entre um episódio e outro, Guilherme acabou tomando mais remédio para dor de cabeça.
Depois de algumas horas, Felipe acordou. Todo desconfiado, o intercambista levantou e foi até o banheiro. Depois seguiu para a geladeira e tomou um copo de suco de laranja.
— Tem um remédio para ressaca em cima da mesa. — disse Guilherme, sem tirar os olhos da TV.
— Obrigado. — Felipe pegou a pílula e tomou. — voltando para a cama e deitando perto de Guilherme, que continuava preso na série médica. — Desculpa, tá. — passando a mão no cabelo de Guilherme.
— Puxa, eu tinha te avisado que eu queria ir lá na loja. — voltando a sua atenção para Felipe. Guilherme não queria parecer um namorado surtado, mas também queria se impor.
— Amor, não fique chateado com isso.
— Eu não tô chateado com isso.
— E qual o problema? — quis saber Felipe se aninhando ao lado de Guilherme.
— O Nick. — confessou Guilherme, pausando a série e olhando para o namorado. — Há três meses você disse que ele estava te ameaçando, hoje vocês são melhores amigos.
— Tem alguém com ciúmes?
— Eu não estou com ciúmes. — garantiu Guilherme, ficando vermelho.
— Tá com ciúmes?! Tá? — Felipe começou a provocar o parceiro e lhe fez cócegas.
— Para. Saí. — pediu um risonho Guilherme. — Para, amor. Tá bom, eu confesso, fiquei com ciúmes. — rindo alto por causa das cócegas.
— Bobo. Eu te amo. Te amo demais. — Felipe deitou sob Guilherme e o beijou. — Só existe você na minha vida, Guilherme. Claro que quero me dar bem com o Nick. Ele é meu colega. Passo parte do meu dia ao lado dele.
— Eu confio em você. Eu não confio no Nick. Nada de bebedeiras com ele. — disse Guilherme deixando o ciúme tomar conta do seu corpo.
Sim, apesar de tudo, o plano de John e Nick surtiu efeito. Guilherme era um jovem inseguro, principalmente quando se trata de Felipe. John usaria todas as armas para conquistar Guilherme de volta.
Durante uma reunião com Leopold, John conseguiu a oportunidade certa para conseguir se aproximar de Guilherme.
— John, a empresa do Brasil está passando por uma crise de Relações Públicas. — explicou Leopold, lendo algumas informações em um tablet. A equipe jurídica pediu a minha presença lá. Por favor, marque um voo urgente.
— Senhor, isso é maravilhoso. — John se deu conta da besteira que falou e mudou o discurso. — Digo, péssimo.
— Demais. Acho que vou ficar três semanas lá. Anastácia vai ficar uma fera comigo. — garantiu Leopold. Ele morria de medo da esposa.
Anastácia estava em uma missão. Conquistar o amor do filho. Ela e o esposo foram duros com Guilherme na época em que o mesmo assumiu a homossexualidade. A dondoca via no Natal uma maneira de aproximar a família.
John aproveitou um momento de fraqueza da mulher e sugeriu que toda a família Thompson fosse para o Brasil. Mesmo debruçado sobre a crise da empresa, John prosseguia com o seu plano.
— Oi, Nick? Precisamos conversar imediatamente. Tem algo que precisamos fazer. — John enviou uma mensagem de áudio para o aliado.
Em uma quinta-feira gelada, Felipe decidiu ir ao banco para enviar dinheiro para a família. Um dos irmãos havia sido preso por esconder drogas, e a mãe precisava de dinheiro para ajudar a pagar um advogado. Mesmo ajudando, Felipe chegou no dormitório e começou a chorar. Ele se sentia inútil.
Felipe preferiu não envolver Guilherme na história. O jovem só queria passar o Natal ao lado do namorado. Já Guilherme adorava as comemorações de final de ano. Para Felipe, Natal e Ano Novo era apenas mais um dia comum. Guilherme transformou o dormitório de Felipe, havia uma mini árvore, enfeites e bastante comida natalina. Até a coleira de Tchubirubas ganhou um toque de Natal.
Nick decidiu fazer uma visita a Felipe. Ele trouxe um presente para Felipe. Os dois conversaram sobre algumas coisas de trabalho, e Nick disse que sua mãe estava bastante doente. Felipe ficou compadecido e deu um abraço em Nick, claro, que Guilherme viu.
— Desculpa. — lamentou um fingido Nick, enquanto abraçava Felipe. Guilherme assistia a cena da cozinha.
— Tá tudo bem? — ele perguntou, cruzando os braços.
— A mãe de Nick. Ela está muito doente e vai passar o Natal sozinha.
— Puxa, que pena. — lamentou Guilherme se sentindo culpado por desconfiar de Nick.
— Tudo bem. — Nick enxugou as lágrimas. — Estou acostumado. Desculpa. Eu não queria atrapalhar. Preciso terminar meu trabalho do curso. Com licença. — saindo do dormitório de Felipe.
— O que foi isso?
— Coitado dele. Deve ser difícil ser sozinho. — disse Felipe, abraçando o namorado e o beijando. — E os preparativos para o Natal?
— Ainda não consegui falar com a minha mãe.
— Você sempre passa essas datas com a tua família, né?
— Sim. É meio que uma tradição minha. Até quando assumi que era gay, e o clima ficou estranho, tipo, lá estava eu...
— Lá em casa é meio complicado. É difícil reunir todo mundo. Quando meus irmãos eram pequenos até que dava, mas eles foram crescendo e...
— A noite de Natal é tranquila. Vamos ceiar, meu pai vai contar umas histórias chatas, a minha mãe vai chorar e meus irmãos vão brigar pra ver quem ganhou o melhor presente de Natal, e mal sabem eles que eu ganhei o melhor presente de todos.
— Mesmo, o quê?
— Você. — beijando o namorado.
Dylan e Kaity decidiram aproveitar o Natal para fazer o bem. Eles se juntaram a um grupo para distribuir alimentos para sem-tetos na noite de Natal. A jovem ficou animada pela oportunidade. Ela contou para Nariko a novidade.
— Wong e eu vamos celebrar o Natal em um templo budista. — contou Nariko, enquanto copiava o exercício de Kaity. — No Japão, existem poucos cristãos, a maioria é budista ou xintoísta. Os japoneses veem nessa data mais a questão comercial, então depois de irmos ao templo nós vamos comer frango e comer bolo.
— Que legal amiga. E no Ano Novo? Acho que devemos passar juntos.
— Também acho. Vamos planejar algo. — concordou Nariko. — Gente, que atividade mais difícil.
Guilherme chegou em casa e encontrou os irmãos na sala. Eles estavam preparados para viajar. Ele estranhou e procurou a mãe. Anastasia explicou a história e afirmou que a família não passaria um Natal separados. A mãe de Guilherme sabia ser assustadora em alguns momentos. Até Alfred estava no meio da confusão e viajaria para o Brasil.
— Mãe. Eu não posso ir. — avisou um estressado Guilherme.
— Meu filho. O Natal é importante para mim. — pegando nas mãos do filho.
— Eu sei, mas tem o Felipe e....
— Leva ele. — soltou Anastácia.
— Eu posso levar o Felipe? — parecendo surpreso com a proposta da mãe.
— Sim. Claro que pode.
— Puta merda. — pensou John, que escutava a conversa. — Droga. — pegando o celular e discando uma mensagem. — Você precisa agir agora! Vai lá com o pobretão e fala aquilo que combinamos.
Nick chegou no dormitório de Felipe chorando. Ele disse que a mãe estava pior e pediu que Felipe o substituísse no plantão de Natal. Na Escola, a maioria dos alunos viajaria, mas outra parte continuava nos dormitórios e George deixava Nick encarregado de atender as demandas de Natal.
— Por favor. — implorou Nick. — A minha mãe pode a partir a qualquer momento. Você fica no Natal, e eu fico no Ano Novo.
— Eu fico, claro que eu fico. — concordou Felipe, tentando acalmar Nick.
— Obrigado. — agradeceu. Nick surpreendeu Felipe e o beijou.
— Ei, eu tenho namorado! — exclamou Felipe, que empurrou o colega.
— Relaxa é um beijo de agradecimento. Eu preciso ir. Vou arrumar a minha mala. E cuidado, apesar de você ser o namorado do filho do patrão, ainda pode ser demitido. Você não ia querer ser demitido, né? Eles levam essas trocas de turno muito a sério.
— Claro. Não se preocupe. — disse Felipe, ainda estressado por causa do beijo roubado.
— Tchau.
— O que aconteceu? — questionou Felipe para si mesmo. Porém, antes que pudesse fazer outra coisa, o celular dele começou a tocar. — Mãe? — ele falou quando viu o nome na tela.
— Felipe? — perguntou a mãe de Felipe. Ele tá vendo isso, filho?
— Mãe. O celular está ao contrário. — avisou Felipe sorrindo, pois sabia que a mãe não era amante da tecnologia.
— Filho, escuta. (gritando) – Eu consegui o advogado, filho, o dinheiro que você está mandando ajudou muito, mas vamos precisar de mais. Ainda bem que convertemos a moeda.
— E ele tá bem?
— Ele está magro, mas bem. — a mulher começou a chorar. — Filho,ele pode pegar 10 anos. Precisamos muito desse dinheiro. Eu te imploro. Precisamos desse dinheiro.
— Calma, mãe. — pediu Felipe. — Eu tenho um dinheiro guardado aqui. Eu envio amanhã, prometo.
— Desculpa, meu filho. Eu sei que você está fazendo além do que deveria, mas é seu irmão. Ele é tão novo. (chorando) – Se você não tivesse esse emprego, não sei o que seria de nós.
No dia seguinte, Felipe achou uma oferta de emprego em um restaurante, o horário era flexível e só era para trabalhar na época de Natal. Ele conversou com o gerente e conseguiu a vaga. O jovem começaria a trabalhar na semana do Natal. Depois que voltou para o dormitório, ele encontrou Guilherme.
— Você está trabalhando no O'malley's? — questionou Guilherme, olhando para a farda que estava em cima da mesa.
— Sim.
— E, porque você não me contou?
— Vi a vaga hoje e começo na segunda.
— Puxa. Tá tudo bem?
— Minha mãe fica tão feliz quando eu mando dinheiro. Decidi pegar esse emprego para dar uma força. Mas só esta semana. Vão me dar 500 libras. Isso dá quase dois mil reais. — explicou Felipe todo animado.
— Eu posso te emprestar...
— Não. Não quero dinheiro de você. Já conversamos sobre isso.
— Eu vou para o Brasil.
— Como assim?
— A minha família vai para o Brasil de última hora. A minha mãe pediu para te convidar. — sentando na cama. — Vamos para o Brasil.
— Eu não posso. Preciso desse dinheiro, e também não posso emprestar de você. Bem, acho que você vai para o Brasil. — sentando ao lado de Guilherme.
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