A história impossível de nós dois. (Capítulo 9)

Um conto erótico de Pudim
Categoria: Homossexual
Contém 1788 palavras
Data: 04/01/2017 00:17:56

Continuando...

Com as palavras de Eduardo martelando firme na minha mente,entrei na van e não olhei pra trás.Apenas encostei o rosto na janela,sem enxergar o que havia lá fora.Passou se pouco mais de quarenta minutos e cheguei a minha cidade,onde paguei e desci.Sem ânimo para encarar a minha mãe,decidi ir ao cemitério,ver meu pai.

Caminhei por mais de quinze minutos e então passei pelos portões enormes que eram a entrada daquele lugar tão silencioso.Vaguei pelos túmulos,notando que alguns eram bem cuidados e estavam cheios de flores,já outros tinham as marcas do abandono.

Cheguei então ao fim do cemitério,e tomei a direita,a cova do meu pai ficava bem no fim.Mais ao me aproximar,notei um estranho de capuz,de joelhos sobre o túmulo dele.Me aproximei o suficiente e exigi saber o que ele fazia ali.

-Este túmulo não está proibido a receber visita de amigos e parentes,está?-Ele perguntou se virando pra me olhar.

-Não,claro que não...Tu era amigo dele?-Respondi surpreso,ao notar que seus olhos eram azuis bem claros.

-Sim...E você o que era dele?-Ele perguntou ainda me encarando.

-Filho!-respondi

-Ah,sim!...Nota se a semelhança!-Ele disse,agora abrindo um sorriso.

-Tu me acha parecido com meu pai?-Perguntei,sentindo um arrepio ao ouvir aquelas palavras.

-Fisicamente sim!...Você tem os mesmos cabelos rebeldes e olhos totalmente negros como ele tinha.Sem falar na mania de abrir e fechar o punho,quando se está com o pensamento em outro lugar.-Ele respondeu,me deixando de boca aberta.

Nunca tinha imaginado que meu pai tivesse amigos,pois ele parecia ser um homem tão sozinho.Agora,começava a ver que talvez eu não o conhecesse tão bem,quanto pensava.Sem esperar um convite,fui até o homem e me ajoelhei ao lado dele,em silêncio.

-Você sente muita falta dele,não é?-O homem perguntou.

-Bastante!-respondi.

-Eu também...Barroso era muito importante pra mim!-Ele disse com um olhar triste sobre a foto dele.

-Ele era um assassino!-Disse sem pensar,colocando pra fora uma parte do que girava na minha cabeça.

-É difícil pra você,ter que conviver com o que o seu pai fazia,não é?-Ele perguntou agora me olhando.

-Tu não imagina,o quanto!-Respondi,com os olhos cheios d'água.

-Independente de tudo,ele o amava muito.-Ele disse em tom de quem quer consolar.

-Será?...Nunca acreditei que monstros amassem.-Disse de cabeça baixa.

-Seu pai não era um monstro!-Ele disse.

-Ele matava por dinheiro!-Rebati enquanto ficava de pé.

-Ele fazia isso sim,mais sempre tentou não machucar um inocente...Seu pai ajudou e salvou muitas pessoas,e também chorava por cada uma das que ele teve que matar.-O homem disse com a voz embargada.

-Isso não diminui o que ele era...Não apaga a dor que ele causou a muita gente e nem manteve ele vivo.-Disse sentindo me sufocar.

-Não apaga,mais mostra que seu pai era humano,e como tal,cometeu muitos erros.-Ele disse sem se abalar.

Não consegui encontrar algo para dizer,então fiquei calado,deixando que as lágrimas escorressem pelo meu rosto,pensando no homem que estava debaixo daquela pedra de cimento.

-Você conhece o simbolo Yin e Yang?-O homem perguntou me puxando de volta ao chão.

-Não!-respondi surpreso.

-Pois bem,ele é um símbolo do Taoismo e representa a dualidade de tudo no universo.-Ele disse,também ficando de pé.

-Dualidade?-perguntei,tentando entender aonde ele queria chegar

-Sim,este símbolo mostra duas forças fundamentais,que se completam pra formar um só.Yin;o lado negativo que representa o mal,e Yan,o lado positivo que representa o bem.-Ele explicou lentamente.

-E o que isso tem a ver com o meu pai?-Perguntei,já sabendo em parte o que viria.

-O símbolo Yin e Yang traz a crença taoísta,de que tudo no universo é formado pela união do bem e do mal.De que nada pode se criar apenas de um elemento!-Ele respondeu me encarando.

-Tu quer dizer que o meu pai,tinha um lado bom?-Perguntei,após um minuto em silêncio.

-Eu quero dizer que cada um de nós,possui a maldade dentro de si.O que nós torna diferentes,é como a escolhemos usar...Seu pai é um homem que experimentou tanto a bondade como a maldade.Ele andou por entre as duas,como um menino na linha do trem.-Ele respondeu,voltando a se ajoelhar.

O silêncio pesou entre nós,e eu me ajoelhei de novo ao lado dele,olhando a foto a minha frente,de um novo jeito.A dúvida do que tinha acontecido com o Pedreira,ainda pesando dentro de mim.

Aquele desconhecido parecia que conhecia tão bem o meu pai,que decidi contar o que me atormentava.Relatei a briga com o Pedreira e como agi em frente ao espelho.

-Porque pensou em matar esse homem?-Ele perguntou sério.

-Porque eu queria livrar a gente dele,pra sempre.-Respondi após refletir.

-Você se acha um monstro,por isso?-Ele perguntou.

-Não!-respondi com sinceridade.

-Então não tem porque se atormentar.Não se julgue e nem se condene de maneira tão fácil,por causa de um momento de fúria.-Ele disse com carinho.

-Mais...-Tentei falar.

-Quantos de nós não já sofreu tanto nas mãos de alguém,que por um momento pensou em acabar de uma vez com a existência daquela pessoa?...Isso não nós torna um monstro,e sim nós torna humanos.E como tais,temos desejos primitivos como a fúria e a violência.-Ele interrompeu enquanto segurava no meu queixo.

-Tenho tanto medo de me tornar igual a ele!-Disse baixando a cabeça.

-Não precisa ter!-Ele disse com um sorriso.

Como um milagre,toda a angústia e sofrimento que vinha sentindo,sumiram de dentro de mim.Como o sol que se abre em um dia chuvoso,me senti iluminar por dentro e acabei sorrindo de verdade pra ele.

-Quer tomar um café comigo?-Ele perguntou enquanto se levantava.

-Quero sim!-Disse fazendo o mesmo.

Caminhamos juntos em silêncio até um carro cinza que estava a entrada do cemitério.Ele abriu a porta pra mim,e em seguida entrou,dando partida.Depois de alguns minutos,ele parou em frente a uma lanchonete,e descemos.Ele escolheu uma mesa bem ao fundo e chamou o garçom,pedimos e ele saiu de perto.

-Como você se chama?-Perguntei curioso.

-Frederico Almeida Reinhardt...Mais pode me chamar de Fred!-Ele respondeu estendo a mão para a mim.

-Eu sou Lúcio Monteiro!-Disse,enquanto apertava a mão que ele me estendia.

-O mesmo nome do seu pai?-Ele perguntou divertido.

-Sim!...Então você o conhecia bem?-Respondi,enquanto brincava com um canudo que estava ali.

-Vamos dizer que,eramos bem íntimos!-Ele respondeu sem olhar pra mim.

-Íntimos,como?-Perguntei sério.

-Nós amávamos loucamente,quando ele ia a minha casa.-Ele respondeu nervoso.

-Nós amávamos?...Então você e meu pai eram...-Disse chocado com a revelação.

-Humanos que amavam outros humanos.-Ele completou,dando uma gargalhada logo em seguida.

-Eh...Onde você vive?-Perguntei,decidindo que ia pensar naquilo uma outra hora.

-Na capital,mais estou aqui a trabalho!-Ele respondeu sem insistir em continuar no outro assunto.

-Trabalha de que?-Perguntei curioso.

-Engenheiro!-Ele respondeu.

-E sua família?Vive lá também?-Perguntei.

-Não,eles moram na cidade ao lado.-Ele respondeu anormalmente sério.

-Foi mal aí!-Disse ao perceber que tinha chegado a uma área delicada.

-Tudo bem!...Eu não os vejo a dez anos,e acho que eles não querem me ver.-Ele disse.

-Nossa!-Disse,tentando encontrar uma maneira de quebrar aquela tensão.

-Eu era um garoto quando conheci seu pai,e a gente se envolveu.Meu pai é um velho militar e odiava o Barroso,assim como meus irmãos.Quando eles descobriram tudo,eu sai de casa e meu pai,disse que apartir daquele momento,não tinha mais filho.E que se um dia,colocasse os pés na porta dele de novo,levaria um tiro.-Ele explicou,seu olhar mostrando uma dor profunda.

E então ele perguntou de mim,e eu pra manter o novo rumo da conversa,contei sobre a escola,o André e minhas passagens pela cadeia.O clima ficou novamente divertido e comemos entre risadas.Quando acabamos,ele chamou o garçom e pagou,não deixando que eu dividisse,o que me deixou um pouco envergonhado.

-Então,topa me ver de novo?-Ele perguntou após entrarmos no carro.

-Claro!-respondi alegre.

Depois de alguns minutos chegamos em frente a minha casa,onde ao se despedir ele me deu um beijo na testa,que fez meu peito vibrar por dentro.Desci e entrei em casa,indo ao meu quarto.

Os cacos de vidro continuavam lá,junto com a faca ensanguentada.Então decidi fazer uma limpeza e lavar minhas roupas sujas,o que levou o resto do dia.Quando acabei tomei um longo banho,e vesti uma bermuda jeans com uma regata.

Antes que eu conseguisse pentear os meus cabelos,ouvi batidas na porta e fui até lá,abrir.

Dei de cara com um homem alto e bastante musculoso,de cabelos loiros escuros e olhos azuis escuros.

Eduardo!!!

Tentando controlar meu coração dentro do peito,encarei o com toda a frieza que podia.

-O que tu quer aqui?-Perguntei,o encarando irritado.

-Primeiro,entrar!-Ele respondeu passando por mim.

Bati a porta e me virei para encara-lo,que me olhava bastante sério.Se bem que ele nunca sorria!

-Se veio até aqui,pra...-Tentei falar.

-Cristóvão pegou um dos participantes da briga de gangues na noite de ontem,e...-Ele interrompeu,parecendo nervoso.

-Tu descobriu que eu falei a verdade,e não tive nada a ver com aquela merda.-Completei sentindo,a raiva me queimar por dentro.

Eduardo me deu um olhar de cachorro quando cai da mudança,fazendo o idiota do meu coração se encher de pena,mais tentei me manter firme.

Continua...

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Olá,boa madrugada!

Morenaaa além de querer retratar a vida de um adolescente que entrou no mundo do crime por falta de opção,mostrando como não é fácil.Também quero mostrar como é ser filho de um bandido e ser julgado pelo que o seu pai fez.

Ouvir das pessoas que o seu paí era um monstro e a dificuldade que o filho tem de amar quem o criou.

Coração_Solitário, Flor de maio, VALTERSÓ, Ru/Ruanito,Geo Mateus e Atheno obrigado pelos comentários e nota,espero que gostem desse capítulo.

Impact e Smile.Smile obrigado pelas notas e espero que gostem também.

Obs:Cadê Martines?

Obrigado a todos que leram e até a próxima!

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Comentários

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Uau essa revelação do seu pai é chocante, o Eduardo vai e volta pra vc hein!

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Bom demais! O que será que o Eduardo vai dizer? Eu acho que parte da reação dele com o Lúcio deve ser explicado pela cicatriz que ele tem no rosto! Será que ele confiou na pessoa errada?

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O fred gostou do Lúcio cm homem, ou só quer ajuda-lo? descreve ele. aff, o Eduardo tem q levar um gelo.

se bem q tenho um fraco por homens altos, musculosos e peludos .kkkk

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Eu amo essa história!!Tudo na vida tem um porquê...E agora começamos a entender tudo..O passado desenrolando...Quero ver Eduardo pianinho agora.Párar de julgar os outros pelo passado q eles tem.Legal o aparecimento do Fred,tenho certeza q vai ajudar o Lucio..Ate o proximo..

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REALMENTE ESTE CAPÍTULO FOI MENOS TENSO, MENOS PESADO. OSTRA NASCE NO LODO, GERANDO PÉROLAS FINAS. PAI ASSIM, FILHO ASSADO. UM NÃO TEM QUE SER TAL QUAL É O OUTRO. MAS ME SURPREENDEU SABER QUE ESSE PAI AMAVA, AMOU ALGUÉM.

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Tu sempre para na melhor parte do conto, pow, estende ele um pouco mais!!!!!

Parabéns ae, acompanho sempre, mas dá uma aumentada nos cap do conto, estou curtindo muito, abracao até o próximo.....

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Legal essa parte da historia do Lúcio pai, gostei bastante. Er... Eduardo idiota não merece perdão!

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