Os Primos (Capítulo 01)

Um conto erótico de RafaelQS
Categoria: Homossexual
Contém 3733 palavras
Data: 01/01/2017 23:22:26
Última revisão: 02/01/2017 20:45:35

Você nunca sabe quando as coisas estão para acontecer. A vida cobra de nós muita paciência: esperas... inúteis, desnecessárias, precisas... Quando se é um adolescente de dezesseis anos a demora é pavorosa. Se ouve o tempo todo que estamos apenas iniciando a nossa trajetória e que as coisas vão demorar para acontecer. Mas, observando atentamente, posso concluir que tudo se move ao meu redor e eu permaneço no mesmo lugar, aguardando por algo que nunca vem e que não existe probabilidades de um dia se concretizar. É como ser telespectador de um filme: você observa tudo ao seu redor, enquanto nada na sua vida real se altera.

Um exemplo disso é o colégio, onde tudo o que acontece com os alunos “protagonistas” se espalha com muita rapidez e há uma plateia que julga a conduta desses personagens, é interessante ver como as pessoas estão o tempo todo cultuando a vida de outros. Eu posso perceber isso andando pelos corredores da escola. A todo momento um burburinho surge, fofocas que não saberei se são fatos inventados ou verdadeiros. Os mais absurdos me divertem: gosto de imaginar algumas pessoas em situações engraçadas, reforçando a ideia de que são cheios de imperfeições e mesmo os pertencentes ao que denominei “High Society” vivem enfiados em escândalos.

Por isso gosto de andar com Mariana. Ela adorava rir desse tipo de coisa comigo. Nós tínhamos uma aliança, éramos melhores amigos desde a quinta série. No segundo grau as coisas não mudaram, eu adorava sentar na escadaria da escola e conversar com ela sobre o que aconteceu com a minha família no final de semana, ou o filme que assistiria no cinema as quartas-feiras. Sua amizade sempre fora verdadeira e era a pessoa que eu mais gostava naquele colégio e penso que ela também sentia o mesmo a meu respeito.

Em uma manhã de agosto em 2006, durante o intervalo, nos colocamos a conversar sobre a principal integrante do núcleo popular do colégio. Tratava-se de Diana. Como ambos sentíamos desprezo por ela, não existia ao menos um pingo de culpa em compartilhar uma fofoca diária sobre essa ilustre personagem.

- Escutei a Jéssica e a Maysa falando que ela vai “finalmente” perder a virgindade. Você acredita que ela ainda é virgem?

-Então ela voltou com o Paulo? – Questionei, lembrando a imagem do rapaz alto e corpo atlético, o qual não acreditava ter a minha mesma idade.

-Não é isso... Ela já está em outra faz muito tempo. Todo mundo sabe que ela é louca pelo Cauã.

Meu coração esfriou. Cauã Audebert era meu primo. Um rapaz alto de pele pálida, olhos verdes e lábios bem feitos incrivelmente vermelhos. Apesar de pertencer à mesma família, éramos distantes. Por exemplo, se eu o visse nos corredores do colégio, não o cumprimentava, e ele fazia o mesmo. Vez ou outra, quando seus pais realizavam uma visita em casa, nossos assuntos não passavam de “notas e professores” e rapidamente esgotavam-se. As únicas lembranças de proximidade que tenho de Cauã, eram na infância, pois quando se é criança basta apenas ter uma boa imaginação e todos da sua idade se tornam bons aliados em criar histórias mirabolantes. Esse tempo passou rápido. De menino aventureiro, traquina e brincalhão, se converteu em um rapaz frio em família, popular no colégio, mas frio, algo me perturbava quando pensava nisso. Com o decorrer do tempo, deixei que crescesse em mim uma certa atração por seu olhar enigmático, pela evolução de seu corpo, um fetiche que eu aliviava durante o banho, deixando escorrer meu esperma embaixo d’água.

Percebendo que eu me desconectava da realidade, Mariana estalou os dedos diante do meu rosto.

-Johnny!

- Desculpe, eu viajei. Você tem certeza disso?

- Levando em consideração que as duas são as melhores amigas dela, acho que podemos entender que tem uma grande probabilidade de ser verdade.

Droga! Odiava saber daquilo! Preferia mil vezes não tomar conhecimento sobre a vida sexual de Cauã, pois assim eu poderia o ter em minhas fantasias como sendo apenas meu. E então meu senso egoísta pesava em minha consciência. Eu tinha relações sexuais com um outro primo, Leandro, um rapaz bicurioso. Não tinha o direito de me sentir mal por saber que Cauã anda transando por ai.

Dei de ombros.

-Espero que usem camisinha. Seria desastroso ver um Cauã júnior por ai. – Eu disse, tentando evitar transparecer minha frustração.

Ambos rimos.

Por algum motivo aquela informação me afligiu durante alguns dias. Eu andava pela escola à procura de Diana, Cauã ou até mesmo Jéssica e Maysa, na esperança de encontrar uma evidência que comprovasse que o que Mariana havia me dito era falso.

Mas para quê? Nós tínhamos uma curta ligação familiar, e isso era tudo. Cauã não era gay, tinha-o visto com namoradas antes. Eu acreditava que minhas chances com ele eram nulas.

E ainda que tentasse esquecer essa loucura toda, volta e meia me pegava pensando novamente. Algumas vezes nossa mente não nos oferece uma escapatória, eu precisava me conformar, estava ficando obcecado.

Um tempo depois, em uma noite de sábado, durante o jantar, mamãe fez um anuncio que sacudiria nossa rotina usual: Tia Eliane nos faria uma visita. Logo pensei em como esse acontecimento trataria uma agitação incomum para nosso lar.

Papai respirou fundo e mexeu a comida que ele mesmo havia preparado. Era um homem caprichoso, e um marido que qualquer mulher no mundo desejaria ter. Gregório trabalhava em uma clínica como oftalmologista, e nas horas em que estava em casa costumava cozinhar e ajudar nas tarefas diárias.

-Faz tempo que ela não vem. Parece que anda muito ocupada cuidando do casamento do filho.

Mamãe trabalhava como dentista, tinha consultório próprio. Era muito atenciosa e sua principal responsabilidade sempre fora a família. Estava sempre me perguntando como havia sido meu dia e coisas que aconteciam comigo. Claro, eu nunca revelava cem por cento dos acontecimentos, mas era uma boa opção conversar com ela sobre algumas coisas do meu cotidiano. Eu sentia vontade de lhe falar sobre minha condição sexual, mas sentia que não estava devidamente preparado para isso.

- Ah, Marisa, não acredito que ela usou isso como desculpa. Até parece que isso ocupa todo o tempo dela! – Observou papai.

A manhã seguinte, como prevíamos, foi um pouco agitada para colocarmos as coisas em seus devidos lugares e receber a visita à altura. Acontece que tia Eliane, mãe de Cauã, desenvolveu uma certa elegância e pose de mulher rica depois que se casou na adolescência com um bom partido. Mamãe fazia de tudo para não parecer “a irmã pobre” e tentava impressionar. Papai detestava isso, mas concordava em ajuda-la.

Não demorou para que a visita chegasse, enquanto os últimos preparativos do almoço ainda estavam sendo realizados. Tia Eliane entrou em nossa casa e me beijou no rosto, comparando minha altura com a última vez que havia me visto.

Era uma mulher de meia idade, alta com cabelos curtos e pintados de loiro. Sua face era muito parecida com a de mamãe, ambas haviam herdado olhos verdes e bochechas redondas. Mas as semelhanças param por aí. Eliane era casada com Sérgio, um homem dez anos mais velho que ela e muito bem-sucedido, dono de uma imobiliária, assim como também de vários imóveis. Mamãe costumava me contar que sua irmã sempre fora muito ambiciosa, e jamais aceitou casar com um homem que não sustentasse seus luxos. Por sorte, ela encontrou Sérgio quando precisou comprar seu primeiro apartamento – o qual ela nem precisou fazer uso, em poucos meses passaram a morar juntos e se casaram, tendo dois filhos: Renan e Cauã.

Renan era um rapaz de vinte cinco anos, noivo de Maria Eduarda, uma garota que conheceu no Ensino Médio. Eu não tinha contato com eles, estavam sempre juntos em alguma festa na casa de amigos ou em uma viagem pelo Brasil. Seu casamento estava próximo e isso enchia sua família com certo orgulho.

Cauã acompanhava o pai e a mãe algumas vezes nas raras visitas que faziam à nossa residência. Esse fato só ocorria no natal ou ano novo – ou quando as duas irmãs se distanciavam muito e através de um telefonema decidiam dar uma passadinha na casa da outra. Ele estava belo, usava uma camisa polo preta que combinava muito bem com seu corpo. Tentei não observar por muito tempo para não deixar escapar pistas de que eu estava muito interessado. Ele passou por mim me cumprimentando com um “oi” tímido, retribui da mesma maneira.

Titia nos enchia com novidades sobre o casório que aconteceria em breve. Sérgio, orgulhoso, embelezava ainda mais os detalhes ressaltados por Eliane. Podíamos perceber pela maneira como eles falavam, um tom de superioridade. Papai repudiava isso, e percebi que esforçava-se ao máximo para não deixa transparecer o incômodo.

Logo após o almoço, fui até a piscina colocar meus pés para nadar. Sentando à beira, conseguia ouvir as vozes ao longe conversando no quintal, acomodados em um sofá que ali se encontrava. Diferente de quando estava na escola, Cauã só falava alguma coisa quando alguém lhe perguntava, do contrário, ficava quieto e pensativo. Recebera a alcunha de “quietinho” por minha mãe.

Pouco tempo depois, uma visita inesperada resolve aparecer. Tia Helena e meu primo Leandro. Se tia Eliane mantinha contato conosco de vez em quando, quase nunca se importava com Helena. Ela e o filho eram uma espécie de pessoas “liberais” e “despreocupadas” que abominavam o mal humor e não se importavam com o desprezo que sofriam da família de Cauã.

Leandro, um rapaz de corpo definido, cabelos que batiam nos ombros, vinte e seis anos e voz máscula chegou até mim para conversar. Enfiou o pé na água e me observou por alguns instantes, eu sabia muito bem o que ele desejava.

- Eu não sabia que o leite azedo estava aqui. –Disse, referindo-se a Cauã.

Rimos, apesar de a piada não ter muita graça para mim.

O sol das duas da tarde ardia, de maneira que eu já desejava sair da piscina. Antes que isso pudesse acontecer, Leandro fez a proposta, sem delongas:

- Vamos entrar um pouco? – E piscou.

Ele foi na frente, eu o acompanhei logo em seguida.

Meus pais nunca perceberam nada de estranho em nossa amizade. Sempre fomos muito chegados, jogávamos videogame juntos, compartilhávamos CD’s de música e DVD’s de filmes. Nada anormal. Por isso, passamos por todos sem sermos notados.

Subimos as escadas, apressados, tomei a frente. Olhei para trás e o olhar de Leandro parecia querer me devorar. Observava minha bunda, sedento. Chegando na parte de cima, percorremos um corredor que levaria até meu quarto, mas o tempo até lá seria uma longa espera para ele. Leandro me prensou na parede e aplicou um beijo voraz na minha boca. Eu apreciava a maneira que ele me pegava de jeito. Me perguntava se ele fazia o mesmo com as suas namoradinhas.

Apesar de ser bicurioso, ele se declarava heterossexual. Dizia que seu tesão era apenas por mim pois eu tinha uma bunda de “anjo” e sentia uma tara enorme por ter sido o primeiro cara que transou comigo. Eu acreditava que ele gostava mesmo da coisa, afinal, me enchia beijos e adorava abraçar ou me prensar na parede. Estava sempre de rolo com uma garota, uma diferente a cada mês, e terminava da mesma maneira: traição e choradeira.

Ele me imobilizou, segurando meus braços contra a parede. Seu quadril encaixava-se ao meu, e então senti o volume duro entre suas pernas, pedindo liberdade.

No mesmo instante em que me contorcia de prazer, ouvi um barulho sucinto, ao qual não me atentei pelo calor do momento. De repente o som se intensifica, de maneira que nos obriga a parar, assustados.

Cauã nos observava.

De imediato, Leandro me largou e tentou disfarçar, porém ambos sabíamos que era tarde demais.

-Desculpe. – Murmurou Cauã, tímido, e saiu do banheiro.

Leandro olhou para mim, sua face estava pálida. Parecia que seu mundo desmoronava.

-Calma, ele não vai dizer nada! Vou conversar com ele.

-Mas que droga! Eu não reparei que o filho da mãe estava no banheiro!

Antes que Cauã pudesse descer as escadas, gritei seu nome. Ele parou, segurou o corrimão e voltou o olhar para mim.

-Relaxa. Não vou dizer a ninguém. – Ele disse, compreensivo.

Assenti com a cabeça, agradecido.

Não fizemos sexo. Leandro estava assustado demais para continuar. Passei o resto da tarde a imaginar o que Cauã pensava sobre nós ... Talvez aquilo parecesse chocante a ele. Mas foi cúmplice, prometeu não comentar. O que se passava em sua cabeça era um mistério para mim...

Na manhã seguinte Mariana faltou à aula. Isso significava que eu teria de passar todo o período entediado. Durante a aula tive dificuldades em prestar atenção nas explicações dos professores porque não conseguia parar de pensar no que aconteceu no dia anterior. Sentia-me estranho, e um pouco desconfortável. Tinha um segredo nas mãos de Cauã, agora ele sabia que eu mantinha uma relação com Leandro... Preferia que aquilo não tivesse acontecido.

No intervalo, me sentei na arquibancada para assistir uma partida de futebol que ocorria entre os alunos de outras salas. Lá estava ele: com os rapazes, correndo na quadra, hetero, cercado de amigos, cabelos esvoaçantes. Parecia que eu nunca pertencera a sua vida, não passava de um mero coadjuvante a observar a cena principal... Diana e suas amigas apareceram próximas de mim e começam a falar sobre garotos. Antes que ela começasse a conversar sobre Cauã, decidi me recolher e adentrar o refeitório. Não precisava de mais motivos para ficar deprimido.

Mais tarde, voltei para casa me sentindo vazio. Por mais que me relacionasse com Leandro, não havia paixão entre nós, apenas desejo. Eu guardava esse sentimento para apenas um garoto. Por mais que eu rejeitasse a ideia de que estava ficando obcecado por Cauã, mais essa fixação perturbava-me.

Meio dia e meio. Estava nos arredores do colégio. Quase ninguém decidia ir a pé. Fazia o trajeto como pedestre pois minha casa ficava apenas há algumas quadras de distância. Boa parcela dos alunos entravam em carros último modelo e logo estavam longe dali. Meus pais trabalhavam aquele horário, e mesmo que não estivessem ocupados, não teriam a necessidade de me buscar se o caminho era curto.

Dobrei uma esquina, e, ouvindo o som de alguém correndo atrás de mim, me virei, curiosamente, para observar. Cauã apareceu como um tiro, correndo. Parou próximo de mim, e, ofegante, disse algumas palavras:

- Você anda muito rápido, cara!

Vindo de uma pessoa esportiva, esse comentário animou-me. Sentia minha face queimar, deveria estar muito vermelho.

- Hábito. – Respondi.

- Droga. Papai não vem me buscar. Tinha uma reunião marcada com uma empresa... Vou ter que andar mais de meia hora. Vi você cruzando a esquina e pensei “vou pegar uma carona”. – Disse, imitando aspas com o dedo.

Sorri.

Ele estava muito bonito. Um moletom azul de cor viva, aberto no meio, exibindo uma camisa branca com alguns escritos em inglês.

Um silêncio caiu enquanto subíamos uma rua. Não tinha ideia do que dizer, estava inquieto por dentro. Me achava um tolo por não conseguir manter um diálogo. Parecia surreal: Éramos praticamente desconhecidos no terreno escolar, agora ele buscava minha companhia para voltar para casa. Essa situação provocava um inquietamento interno.

- Está tudo uma loucura. – Ele prosseguiu. –Mamãe está organizando todo o casamento enquanto o casal nem se preocupa com isso. Mas eu tenho notado uma certa mudança em casa. Estão todos muito amorosos, de certa forma o casório trouxe alegria para nós. É claro, muita comoção também, mamãe entrou em crise por alguns dias. – Cauã sorriu como só ele poderia fazer. – Ela pensou que estava abandonada, que logo eu estaria casando e saindo de casa também. O engraçado de tudo é que papai quer isso. Ele me aconselha todos os dias a encontrar uma namorada para compromisso.

-E o que você pretende fazer? – Perguntei, sem jeito, e entusiasmado pela maneira comunicativa que ele se dirigia a mim.

-Na verdade eu acho muito cedo. Odeio essa pressão. Eu sinto que devo encontrar uma garota especial pra isso.

Resolvi testá-lo para extrair uma informação que me incomodava.

-Parece que a Diana é uma voluntária.

-É... A Diana é legal. Eu gosto de ficar com ela. – Ele soltou um sorriso ao falar sobre a garota.

Detestei a resposta. Ele realmente estava tendo um caso com ela. Não gostei de sua expressão facial. Ele revelava algum sentimento especial por aquela desprezível garota.

Conversamos o caminho inteiro sobre o casamento de Renan. Cauã revelou que o pai pretendia presentear o irmão com um apartamento, fora as despesas com a cerimonia e a festa. Disse que Sérgio pretendia fazer o mesmo quando ele se casasse.

Logo estávamos no portão da minha casa. Demoraria por volta de vinte minutos o percurso de Cauã até onde ele morava.

-Você quer entrar?

-Não, eu preciso ir embora, tenho francês hoje à tarde.

-Que pena! Seria legal ter alguém para me acompanhar no almoço... Quer dizer... comer um lanche, afinal é a única coisa que eu preparo nesse horário. Não tem ninguém em casa e eu tenho preguiça de cozinhar.

Cauã riu e se despediu. Virou para tomar o rumo de casa enquanto eu abria o portão.

-Espera ai... – Disse, voltando atrás. –O francês é mais a tarde, não tem problema se eu ficar um pouco. –E sorriu mais uma vez, de maneira encantadora.

O conhecia minha vida toda, mas tinha a impressão de que me tornava seu amigo somente naquele momento. Ele se sentou à mesa enquanto eu preparava os sanduíches.

- E você? Está namorando alguém? – Perguntou.

Senti um frio na barriga. Isso me recordava a cena que Cauã havia presenciado no dia anterior.

-Não.

Ele assentiu.

- Eu queria te dizer que talvez o Leandro não seja uma boa escolha. – Disse, segurando um saleiro que encontrava-se na mesa e observando o rótulo.

Fiquei nervoso. Não sabia o que dizer.

-Olha... aquilo... eu...

-Tudo bem. Eu não ligo se vocês forem namorados ou ficantes. Não guardo preconceitos comigo. Só ouvi umas histórias que a minha mãe conta sobre o Leandro. Ela disse que ele namorou a filha de uma amiga dela, e no mês seguinte a traiu com a melhor amiga. E nós dois sabemos que ele troca de namorada mais do que de roupa. – Ele falou, vermelho, ainda distraído com o saleiro em mãos.

-A gente só fica. – Resolvi abrir o jogo. –É só isso.

-Está certo, foi apenas um conselho. Me desculpe por ser invasivo demais.

-Está tudo bem. – Eu disse, colocando os sanduíches e uma caixa de suco na mesa.

Comemos e conversamos sobre relacionamentos. Não nossos, mas alguns boatos sobre outras pessoas da escola. Era divertido a maneira como ele contava as coisas sobre os meninos de sua sala. Relatos de namorados, rolos e aventuras... Rimos muito e eu estava me divertindo como nunca.

Após o lanche, o convidei para ir ao meu quarto. Ele se aconchegou em minha cama, agarrado a uma almofada.

-Há quanto tempo você é? – Perguntou.

-O quê?

-Gay. Ou... você prefere não ser classificado assim?

Era estranho, pois, além de Leandro e Mariana, nunca tive liberdade de conversar sobre esse assunto com alguém.

-Não tem problema, eu sou gay mesmo, acho que desde que nasci, mas só percebi isso aos dez anos quando o Leandro me mostrou algumas revistas e filmes pornográficos. Ele falava sobre as mulheres, mas só os homens me chamavam a atenção.

Rimos juntos. Eu estava muito à vontade, tanto a ponto de poder fazer uma pergunta ousada.

-Você já ficou com um algum garoto?

Ele fechou o sorriso.

-Não, eu só gosto de meninas.

-Desculpe se eu te ofendi, é que sei lá... Você foi tão compreensivo comigo.

-Eu acredito que as pessoas têm o direito de gostar de quem elas quiserem, independentemente do sexo ou qualquer outra coisa do gênero.

Mesmo não obtendo a resposta desejada, fiquei feliz pelo pensamento de Cauã.

Sentei ao seu lado na cama e um silêncio caiu entre nós. Não era falta do que falar, eu acreditava, mas era uma espécie de reflexão sobre o rumo que nossa conversa tomou. Ficamos assim por um tempo.

- Às vezes acontece umas coisas... – Disse Cauã, um pouco abalado. – Eu... não sei como lidar.

-Por exemplo o quê?

Ele fechou os olhos e respirou fundo, como se estivesse sonolento após a refeição. Quando os abriu novamente concentrou-se em meu peito e colocou a mão direita no meu ombro. Depois disso, a deslizou até chegar à minha mão. Percebi que estava gelado.

Cauã estava tenso e mais branco do que de costume. Mantinha a cabeça baixa, olhando as nossas mãos entrelaçadas. Não me movi ou fiz qualquer movimento aversivo, por dentro eu me sentia eufórico. Era como se uma corrente elétrica atravessasse seu corpo e conectasse ao meu. Aos poucos, comecei a massagear sua mão. Em resposta a isso, ele se inclinou sobre mim e beijou meus lábios.

Foi um beijo curto, um tocar de bocas, mas o momento e sua respiração fizeram com que eu fosse ao céu em apenas um segundo.

Cauã se levantou de súbito e agarrou sua bolsa.

-Desculpe, eu preciso ir. Eu tenho aula de francês. – Disse, envergonhado, olhando para o chão.

Abri o portão para que ele se fosse. Cauã agradeceu pelo lanche e foi embora, frio, como se o seu surto de simpatia sumisse e ele voltasse a ser o garoto distante que eu conhecia.

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NOTA DO AUTOR

Gostaria de esclarecer que não compus essa história na intenção de torna-la livro e sim uma sequência de capítulos de uma história, o que não dispenso a possibilidade de vir a ser lançado nesse formato posteriormente. Gostaria de alertar que o romance não é ao todo erótico: é narrado em primeira pessoa, o personagem central desenvolve um relato fiel aos seus sentimentos, e conta com bastante detalhes a sua iniciação sexual, o que me faz classificar este escrito como um romance homoerótico. As postagens no Casa dos Contos Eróticos estão previstas para serem realizadas todos os domingos durante a noite, sendo um capítulo por semana. Ainda estou em processo de escrita e não defini a quantidade de capítulos a serem postados. Agradeço aos leitores que vierem a dedicar um tempo para realizar a leitura, e gosto de receber críticas de toda natureza (me refiro as construtivas), então, não deixe de comentar o texto, isso é muito importante para mim.

Também disponibilizei o texto no Wattpad, que proporciona uma leitura mais confortável, no link:

http://www.wattpad.com/story/os-primos-romance-gay

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Comentários

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EXCELENTE COMEÇO. QUESTÃO: SE CAUÃ GOSTA SÓ DE MENINAS, COMO BEIJOU O PRIMO??? POR QUE ESTÁ SE DESFAZENDO TANTO DE LEANDRO ASSIM?

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História cativante, pêlo visto viciarei em mais uma kkk Abraço Teus

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Estória de tamanho bom e muito bem escrita. Estou 10 pq é o máximo que posso dar. Só não consegui abrir no Wattpad por esse link :(

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Oi Kill456, não está indo mesmo, acho que postei o link errado. Agora tento editar o conto e as alteração não vão... De qualquer forma o link correto é: http://www.wattpad.com/story/95011879-os-primos-romance-gay

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Muito bem construido e escrito esse conto. Gostei bastante.

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Amei o teu conto.É super envolvente e bem detalhado e no tamanho certo.Continua.

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Adorei a história mas o link pro wattpad não ta indo

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