Me senti culpada por ter sido grossa com Jéssica ontem à noite. Admito que tinha ficado com ciúmes por bobeira, o que me deu insegurança de mandar a mensagem que, para minha surpresa, foi respondida antes que eu pudesse guardar o celular.
- ELA RESPONDEU!!!
Me senti no The Voice pois todos do ônibus, que estavam na minha frente, virarem juntos depois do grito empolgado que dei. Fui escorregando de vergonha pelo banco tentando tampar o rosto com o celular.
*Oi, tudo bom?*
Simples mas com muito significado para mim. Conversamos um pouco e combinamos de sair. -Já sei para onde ir - Falava comigo mesma em pensamento planejando nosso encontro, se posso chamar de encontro.
Sai do ônibus e em pouco tempo estava em casa.
Fui recepcionada pelo meu cachorro que não parava de latir. Fui direto tomar banho. Mesmo cansada, estava bastante empolgada para rever Jéssica. Não sabia como iria agir quando chegasse perto daqueles lindos olhos verdes.
Já no meu quarto encontrei Larissa deitada na minha cama com um livro nas mãos.
- Como foi lá? - Falou sem tirar a atenção do livro.
- Complicado e muito doloroso.
- Imagino. Mana, senta aqui. Gostaria de falar com você.
Disse sentando na beira da cama. Sentei ao lado dela já preocupada.
-Pode falar.
-Ouvi papai dizendo no telefone que mamãe não vai poder passar o Natal com a gente. -Lari segurava as lágrimas - E que talvez ela tenha que trabalhar o ano novo também.
A abracei. Não víamos muito nossa mãe depois que ela conseguiu o Trabalho em uma lanchonete da cidade e no natal ou no ano novo passávamos com ela.
- Infelizmente não iremos passar esse ano com ela. Pense, Drika acabou de perder a mãe. A nossa, graças a Deus, está bem, só está trabalhando.
-Gracas a Deus de novo, né? - Completou me olhando com os olhos mareados.
Concordei com a Cabeça e a abracei forte sentindo a retribuição dela. Nossa mãe não nos abandonou, meus pais fizeram o melhor para nós duas, porém, infelizmente, o trabalho dela afastou a gente. Tentei deitar para descansar um pouco, mas nem consegui. Meu telefone tocou e atendi rapidamente sem ver quem me ligava.
-Oi.
-Mel, preciso dá sua ajuda - Aquela voz masculina era familiar- Próximo final de semana vai ter competição e tenho que treinar os mais novos.
Meu sensei sempre me pedia para auxiliar quando seu filho, o outro faixa preta dá academia, tinha que trabalhar.
- Que horas?
Pensando que seria pela noite.
- Agora.
Aff! Já era meu descanso. Ele completou
-Passo aí para te buscar em 15 minutos.
E desligou o telefone na minha cara. Só me restou sair correndo pra arrumar minhas coisas. Como iria acabar no final dá tarde, me programei pra sair direto me encontrar com Jéssica.
No tempo previsto, meu professor começou a buzinar o carro no portão dá minha casa.
Passei a tarde treinando os alunos mais novos. Quase na minha hora, fui para o vestiário me arrumar e em pouco menos de meia hora já estava pronta. Peguei meu skate e fui rumo ao lugar combinado.
De longe avistei Jessica. Como ela estava linda.
-Oi.
A felicidade tomou conta de mim
-Ola. Para onde iremos?
-So me seguir.
Na tentativa de me exibir um pouco pisei no skate pegando-o no ar. O que não teve um bom resultado, Jéssica não percebeu mas a prancha bateu na ponta do meu dedo me fazendo sentir uma dor aguda embaixo das minha unha. Mantive a pose e segurei a mão da Patrícinha. A conversa foi fluindo naturalmente durante o caminho.
Próximo ao local que eu desejava olhei para ela e a vi com um belo sorriso no rosto.
"Acho que acertei na surpresa."