Continuando...
Após algum tempo,virei o olhar e admirei o rosto de Fred,que olhava fascinado para o céu.Ver seus olhos brilhando despertou em mim,lembranças antigas com o meu pai.Lembranças que eu tinha guardado só pra mim,e nunca dividido com ninguém.
-Meu pai quando vinha me ver,sempre me levava a um sítio.A noite ele caminhava até o açude,e subia em cima de uma pedra enorme que tinha em um dos lados.Eu sempre ia com ele,e a gente ficava deitado,de olho arregalado pra cima,vendo as estrelas...Meu pai gostava de dar os nomes mais loucos pra elas,e também gostava de contar histórias.Tinha uma de uma moça que virou estrela,que era minha preferida.-Confessei em voz alta,sentindo a saudade me invadir.
-Isso é verdade,quando Lúcio chegava na nossa casa.A gente saia nu pra o quintal e se deitava em uma espreguiçadeira...Eu colocava a cabeça em seu peito e a gente ficava admirando o céu...Era uma das paixões do seu pai.-Fred disse emocionado,apertando minha mão com força.
-Sabe Fred,quando a gente tava junto,meu pai nunca falava dele mesmo ou se reclamava.Ele sempre queria saber de mim,se eu tava com fome,com frio ou com medo...Depois que ele morreu,eu soube o quanto era acostumado a ter ele cuidando de mim.-Disse,isso mais para mim do que pra ele.Era algo que nunca tinha admitido pra ninguém,por medo de parecer fraco.
-Eu sei como é,porque aconteceu o mesmo comigo.Lúcio sempre cuidava de mim e de tudo...Quando ele morreu,fiquei sem rumo.Não sabia como ia continuar vivendo sem ele!-Fred disse,sua voz dominada pela tristeza.
-Não fala assim,tu...-Disse,enquanto me sentava,e o encarava.
-Lúcio,posso te confessar uma coisa?-Ele perguntou sério,interrompendo o que eu dia dizer.
-Sim!-respondi.
-Quando eu cheguei aqui,há uns dias atrás,fui até a delegacia e contratei um advogado para ver os inquéritos sobre a morte de Lúcio,seu pai.-Fred disse após se sentar,me encarando como uma criança que fez algo errado.
-Por que fez isso?-perguntei,me sentindo mal por ter levado o assunto até meu pai.
-Eu precisava saber,como foi a investigação e se eles tinham tentado alguma coisa,para pegar o assassino dele.-Fred respondeu sem me olhar nos olhos.
-E o que tu descobriu?-Perguntei,sem a mínima vontade de saber.
-O caso foi arquivado por falta de provas e nunca descobriram,quem foi a pessoa que esteve na casa dele aquela noite.Mais quando meu advogado me mostrou a leitura do inquérito,ele me mostrou também algumas coisas sem explicação.-Fred respondeu,tentando despertar o meu interesse.
-Que coisas?-perguntei,sabendo que ia falar mesmo que eu não fizesse.
-Bem,o portão e a porta não tinham sinais de arrombamento,e os alarmes não soaram,estavam todos desligados.O que significa que não houve invasão e nem arrombamento,pois os alarmes eram desativados por senha e só o seu pai podia fazer isso.E também haviam os cachorros,que estavam presos e a presença de sinais na casa,que outra pessoa esteve lá bebendo e comendo.-Fred respondeu ansioso.
-E?-Perguntei,já sabendo o que ele ia dizer.
-Lúcio,você vê que a conclusão da polícia,em afirmar que seu pai foi assasinado por uma ou várias pessoas desconhecidas,é falsa?...Quem matou o seu pai,possuía sua inteira confiança,pois ele baixou a guarda e abriu,a porta para que o assassino entrasse.-Fred respondeu,enquanto pegava nos meus braços,me encararndo com ansiedade e angústia.
-Fred,eu te entendo cara.Aceitar a morte dele,também não foi fácil pra mim.Mais descobrir se quem matou ele,era amigo ou inimigo,não vai adiantar de nada.-Disse lentamente,vendo em seu olhar a decepção.
-Você não quer descobrir,quem foi o assasino do seu pai?-Ele perguntou incrédulo.
-Não...Meu pai era um matador de aluguel,não um santo.Ele sabia que a morte era um dos preços que ia ter que pagar.Respondi com firmeza,me soltando dos braços dele e ficando de pé.
-Eu achei que você parecia mais com o seu pai.-Fred disse também ficando de pé.
-Não Fred...Eu só carrego o nome dele!-Disse com pena,ao ver o olhar que ele me lançou.
Fred levou as mãos ao cabelo,correndo os dedos por ele,freneticamente.De costas para mim,ele não emitiu uma palavra.Me virei e sem me despedir,peguei a trilha e sai na capela.Desci o resto do caminho lentamente,me perguntando se era uma boa idéia,deixa-lo lá,sozinho.
Depois de quase uma hora,cheguei a minha casa e entrei.Fechei a porta e sai em direção ao meu quarto,mais parei em frente ao espelho.Levei a mão aos meus cabelos macios e rebeldes e observei meus olhos negros.
-Eu não sou você...Sou teu filho,mais não a tua continuação.-Disse,me sentindo leve.
Caminhei em direção ao meu quarto,e me deitei no colchão,pensando em Fred e em como ele tinha ficado decepcionado comigo.Mais a verdade é que eu não queria saber,não me importava quem era o assasino do meu pai.Ele estava morto e talvez fosse melhor assim.
Demorou bastante tempo,até que consegui pegar no sono.No dia seguinte,acordei com um barulho alto que estrondava a casa.Assustado e com o coração quase saindo pela boca,me levantei e sai para ver o que era aquilo.Ao chegar na sala,dei de cara com pelo menos umas vinte pessoas,e um caixa de som enorme a um canto,de onde vinha o barulho insuportável que tinha me acordado.Prestando bem atenção,percebi que era um funk proibidão.
-Ei...que zorra é essa daqui?-Perguntei de mal humor,ao Piolho que se aproximou de mim.
-Domingo muleque...Dia de churrasco e muita ceva gelada.-Ele disse,dando uma gargalhada logo em seguida.
Soltei um palavrão e sai em direção ao meu quarto novamente,aonde peguei qualquer roupa e fui até o banheiro,aonde joguei uma água rápida e me vesti.Sem dar bola,aquele monte de gente,passei por eles e logo cai na rua.Caminhando sem rumo,decidi ver se achava pelo menos um bico.Mais não tive sorte,todos estavam fechados.
Decidi voltar pra casa e encarar o baile funk da minha mãe,até porque o sol já começava a esquentar.Quando me aproximei,notei um carro branco e vi descer dele,um homem de cabelos castanhos escuros e olhos da mesma cor,usando óculos.
Diego,o marido do Eduardo!!!
Ele caminhou em direção a minha casa,mais parou ao me ver.Fez um sinal e eu me aproximei dele,que me cumprimentou com frieza.
-Lúcio,o Eduardo esteve por aqui?-Ele perguntou sério.
-Teve!...Ontem de manhã,porque?-Respondi curioso.
-Desculpe,é que ontem,logo depois que ele saiu da sua casa,tivemos uma pequena discussão,e ele saiu de casa...E até agora ainda não voltou!-Diego disse.
-Ele sumiu?-Perguntei,sentindo meu coração ficar pequeno dentro do peito.
-Sim,mais se ele aparecer por aqui.Diga lhe por favor que ele tem pais,irmãos,cunhados e um marido.E que pare de ajir como um adolescente!-Diego respondeu parecendo bastante cansado.
-Tá bom!-Disse sem ânimo,tentando dizer a mim mesmo que ele sabia se cuidar.
Diego apertou minha mão e voltou ao carro,onde entrou e deu partida.Me virei e caminhei até em casa,com o meu pensamento em Fred e em Eduardo,imaginando como eles estariam.
Entrei em casa e percebi que já tinha gente bêbada e vomitando pelos cantos,o que me deu um embrulho no estômago,fazendo minha fome passar no mesmo minuto.Passei por todo mundo e fui até o meu quarto,onde fiquei deitado no meu colchão.
O funk no máximo era insuportável,mais pelo menos me impediu de pensar.A festa continuou o resto da tarde e só parou,quando uma turma de vizinhos bateu na minha porta e disse que ia chamar a polícia.Minha mãe,muito bêbada,soltou mais palavrãos que o de costume.Piolho que ainda estava consciente,mandou todo mundo embora e levou minha mãe pra casa dele,para esfriar a cabeça.
Eu me levantei e peguei um balde d'água,que joguei na sala,pois fedia a carniça podre.Peguei um pouco de desinfetante com a vizinha,e esfreguei o pano ali até o cheiro desaparecer.
Quando terminei,ouvi uma batida na porta e caminhei até ela apressado.Imaginava ser o Fred,que tinha vindo conversar comigo depois do acontecimento de ontem.Mais quando abri a porta,vi um homem branco,alto e músculoso.Ele vestia uma regata preta,que destacava bem seu peitoral bem definido e seus braços fortes;e uma calça jeans.Seu cabelo loiro escuro estava arrepiado como sempre,e seu rosto tinha aquela expressão congelada.
-Ah,é você!-Disse tentando não demonstrar o alívio que sentia.
-Esperava quem?...O papa?-Eduardo perguntou azedo,enquanto passava por mim.
-Pelo menos o papa,não tem um marido furioso,que anda atrás dele.-Alfinetei,enquanto fechava a porta.
-O Diego esteve aqui?-Ele perguntou enquanto se sentava no sofá.
-Teve e disse que tu sumiu de casa,desde ontem de manhã,depois de uma briguinha besta que tiveram.-Respondi enquanto me sentava ao lado dele,tentando ficar confortável,pois ele era enorme.
-Foi boba mesmo,até porque nós brigamos por causa de um rastreador que ele colocou no meu carro,sem que eu soubesse.-Eduardo respondeu,seus olhos brilhando de raiva.
-E como tu descobriu que ele tava lá?-Perguntei chocado.
-Levei o carro pra manutenção!-Ele respondeu sério.
-Ah,não faz essa carinha...Quem sabe da próxima,ele não te dá uma coleira!-Disse sarcástico.
E então ele avançou sobre mim e aconteceu rapidamente.Quando me dei conta,estava ao chão com ele sobre mim,segurando meus braços acima da minha cabeça,com força.Eduardo me olhou e acariciou meu pescoço com sua outra mão,enquanto mordia os lábios.
Continua...
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Olá,boa madrugada!
Martines que bom te ver de volta. Da lista de nomes que eu fiz,Eduardo foi o que gostei mais,porque soa tão gostoso.kkkkkkkk
GeoMateus,Morenaaa,Smile.Smile,ValterSó,impact,garafão e Guilmarajwinsk mais uma vez muito obrigado pelas notas e comentários.Espero que gostem desse capítulo.
Ate a próxima!
