Dormir naquela noite, para Letícia, foi um trabalho insano. Um caleidoscópio de emoções dominava seu ser, impedindo que o sono chegasse e ela pudesse mergulhar no vazio e descansar. Ao perceber que não conseguiria dormir, ainda tentou alguma atividade que extraísse seus pensamentos, porém, o computador não resolveu o problema e o livro que tentou foi deixado de lado depois de repetir a leitura de uma mesma página inúmeras vezes, sem conseguir assimilar uma palavra sequer do que estava lendo. Finalmente, entregou os pontos, sentou-se na poltrona que mantinha ao lado da cama e refletiu sobre os rumos que sua vida estava tomando.
“Onde isso tudo vai parar, Meu Deus?” Perguntava-se ela enquanto fazia um retrospecto das últimas semanas de sua vida.
Há dois meses era apenas uma garota preocupada em se dar bem na faculdade e manter o namoro com Lucas. Gostava mito dele, mas agora vinha a questão mais importante: Será que o amava de verdade? Lucas é um homem muito agradável, inteligente, com uma gama de informação muito superior à média, o que lhe permitia falar sobre uma infinidade de assuntos sempre se colocando com correção e, o melhor de tudo, muito engraçado, sempre provocando o riso nos que estavam a sua volta. Afinal, era um homem que valia a pena ter por perto.
De caráter também não tinha o que reclamar. Íntegro e firme em suas decisões, chegando a se recusar terminantemente a assumir um cargo importante na empresa de turismo dos pais e encarar uma maratona de vestibulares para cursar uma faculdade de direito de prestígio no país e até no exterior e, agora, com vinte e quatro anos, recém formado, aceitara um emprego num escritório de advocacia, onde começara de baixo e ia pouco a pouco, ganhando a confiança de seus superiores de galgando cada degrau que o levasse ao sucesso na profissão. No atual momento, todos diziam que, para se tornar um nome conhecido no mundo jurídico, para Lucas era apenas uma questão de tempo.
Não bastassem todas essas virtudes, Lucas ainda era do tipo descolado, não era de ficar regulando a vida da namorada ou implicando com suas amizades e com que tipo de roupa se vestia ao sair com ele ou sozinha. Aliás, Letícia percebera já que os olhos de seu namorado até brilhavam quando ela usava um vestido ou saia muito curto, um shortinho apertado ou um decote mais ousado e se, em alguma festa ou reunião, alguém começasse a grudar muito nela, homem ou mulher, ele apenas adotava uma postura protetora como se dissesse: “Fique a vontade, mas se precisar de ajuda, estou ao seu lado”.
Também era um homem extremamente carinhoso, o que agradou muito à Letícia no começo do namoro, porém, isso acabou se tornando um defeito. Letícia não era virgem quando começou a namorar Lucas e já havia ido para a cama com todos os ex-namorados e até mesmo com alguns ficantes cuja finalidade era apenas usufruir do sexo e do prazer, sem nenhum outro tipo de envolvimento. Nas primeiras vezes que transou com ele, sempre em algum motel, saia de lá extasiada diante de tanta atenção e carinho, porém, com o passar do tempo, essa característica passou a incomodar, pois o que sobrava de carinho e emoção, faltava pegada. A relação acabou por se tornar rotineira e houve dias em que ela teve que fingir um orgasmo para não ferir o ego do namorado.
Depois que começou a transar com Renata, então, ela ficou com a impressão que nunca havia gozado de verdade em suas transas passadas. A diferença era gritante e aquelas horas de prazer deixavam marcas que duravam dias e eram demonstrada até mesmo fisicamente, pois seus olhos ficavam mais brilhantes, o sorriso mais fácil, a cor do rosto mais corada e ela se sentia mais.... mais... Difícil até encontrar a palavra certa, então, pode se dizer que se sentia mais viva. E se não bastasse isso, sozinha em seu quarto, era só lembrar-se da última transa e alguns toques no seu grelinho avantajado era o suficiente para gozar copiosamente, mordendo a fronha do travesseiro para que seus pais não ouvissem os gritos que dava nessa ocasião. Afinal de contas, seu quarto não possuía a proteção acústica que havia na sala de Renata, mas alguém devia ter pensado nisso, imaginava Letícia.
E agora, do nada, surgira Neila. Para quem tranava uma vez a cada quinze dias com o namorado, como é que podia ficar mais de quatro horas transando e gozando sem parar? Sim, pensava ela, pois entrara naquela sala antes das dezesseis horas para se “acertar” com a sogra e já passava das vinte horas quando Neila saiu de lá. Quantos orgasmos tivera? Impossível saber, pois eram gozos sucessivos e impossíveis de quantificar.
– Só se colocar alguém para contar! – Disse em voz baixa e depois ainda completou, sorrindo: – Mas como alguém seria capaz de ficar assistindo e não participar da festa? Eu duvido!
Esse pensamento levou Letícia a outro. Conseguiria ela transar com mais de uma pessoa ao mesmo tempo? Neila e Renata, por exemplo? Ou Neila e Lucas? Renata e Jorge, o marido dela? Ou dois homens, sejam lá quem forem eles, com dois paus preenchendo seus buraquinhos, levando-a a loucura?
Foi a xoxota de Letícia que respondeu a esses questionamento ao ficar meladinha, a ponto de molhar a calcinha que usava. Lembrou-se quando ela e um namoradinho antigo chegaram a planejar fazer um ménage, mas o assunto morreu por não conseguirem chegar a um acordo de quem seria a terceira pessoa. Depois veio a ideia de voltar a sentir um cacete em seu cuzinho depois de tanto tempo. Lucas jamais tentara e já ia longe, mais de dois anos, a última vez que fizera sexo anal. A lembrança do pau do antigo ficante invadindo seu cuzinho, a dor de estar sendo invadida, rasgada, a permanência do pau dentro dela enquanto ambos ficavam parados, com seu corpo se acostumando a invasão, a dor diminuindo e se transformando em prazer, os primeiros movimentos lentos e depois a loucura com o carinha segurando seu quadril o socando com tudo o pau na sua bunda, acelerando cada vez mais. A sensação do gozo se aproximando e explodir ao mesmo tempo em que sentia seu corpo arrombado ser inundado pelo gozo do parceiro, levando tapa nas bundas, chupadas no pescoço, beliscão no seio e o cabelo sendo quase arrancado tal a força com que foi puxado e finalmente o êxtase da conquista do prazer. Depois a sensação de saciedade, deitada de lado, com o macho atrás dela e sentindo o pau dele ir amolecendo gradativamente até abandonar o cuzinho e sentir a porra quente escorrendo e molhando o lençol e poder afirmar, com todas as letras: “EU GOZEI!”.
Todas essas lembranças foram demais para Letícia que já estava com dois dedos atolados na buceta e um terceiro forçando a passagem de seu anelzinho. Gostaria agora de ter aceitado a sugestão de Renata que, logo que começaram a transar, dissera a ela que seria bom ter um ou mais consolos em casa para o caso de alguma emergência.
– Quem não tem consolo, fode com o tudo de desodorante! – disse ela em voz baixa olhando para o tocador e sentindo, pelo tamanho e espessura, que aquele objeto resolveria o seu problema.
Foi até onde havia deixado a bolsa e tirou de lá uma camisinha. Depois pegou o tubo de desodorante e foi em direção à sua cama, se livrando do baby-doll e da minúscula calcinha que usava. Quando já ia se deitar, pensou melhor, deixou ali os objetos que tinha em sua mão, pegou outra camisinha na bolsa e foi até o banheiro de onde voltou carregando o tubo de creme rinse, pensando em usá-lo para lubrificar o outro antes da penetração. Olhou para o tudo de creme rinse, o dobro do outro em tamanho e quase duas vezes na espessura e riu, imaginando se teria coragem de usá-lo também. Já na cama, vestiu a camisinha no tubo de desodorante e foi enfiando na própria buceta que já estava melada. A sensação foi boa, mas não foi o que ela esperava, ou que ela queria. Então criou coragem e, depois de lubrificar bem o desodorante com o conteúdo do tubo de creme rinse, colocou a camisinha neste e enfiou na buceta. Gemeu a sentir a invasão em sua xoxotinha e fez alguns movimentos, depois pegou o outro tubo e enfiou no cuzinho, sentindo os dois dentro de seus buracos, rebolando e movimentando o que estava na xoxota, tendo uma sensação deliciosa, mas conseguiu obter um orgasmo apenas razoável, que não a satisfez.
Frustrada com o resultado, Letícia teve uma ideia de ousar mais ainda. Mordendo os lábios, foi até a poltrona que ocupara antes e colocou o tubo de creme rinse em pé, segurando com uma das mãos, examinando e percebendo que ele tinha a extremidade abaulada, começando estreito e indo se alargando mais para baixo. Experimentou o cuzinho com o dedo e viu que estava bem melado com o creme que usara no outro tubo. Então se ajeitou, subindo na poltrona, com cada um dos pés ao lado do tudo de creme rinse e foi se abaixando até encostar o monstro, de mais que vinte e três centímetros na portinha do cuzinho. Respirou fundo e soltou o peso deixando que um quarto do objeto invadisse seu rabo. A dor que sentiu foi normal e isso a encorajou a se soltar mais um pouco, agasalhando mais da metade do monstro e sentiu uma dor incrível, fazendo-a prender a respiração e parar. Ficou parada esperando e depois desceu mais um pouco até chegar à base do tubo. Segurou o pouco que ficara de fora no tubo e começou a fazer o movimento de vai e vem, procurando controlar a dor que sentia. O tesão venceu a dor e ela alcançou o tubo de desodorante que deixara próximo a ela e enfiou de uma vez na buceta, ficando com os dois buracos tomados.
O orgasmo então veio aos poucos, devagar. Primeiro a sensação no baixo ventre que a fez acelerar os movimentos na buceta. A sensação foi ganhando seu corpo, subindo pelo peito, pelo pescoço, queimando sua faze até atingir o cérebro, quando se transformou em luz. Primeiro uma luz minúscula, como se estivesse longe, que depois foi se aproximando e crescendo, crescendo, até tomar todo o seu ser em uma explosão de luz e sentido que jamais sentira na vida. Seus cinco sentidos estavam envolvidos naquela louca ação. A audição captavam seus gemidos cada vez mais altos e mais um som ao longe, como se fosse uma onda deslizando pela areia de uma praia, os olhos, fechados, viam as cores do arco íris se movimentando e trocando de lugar uma com a outra, o olfato captava o cheiro de sexo que sua buceta exalava, o paladar degustava o sangue que a mordida que dera nos lábios provocara e, finalmente, o tato resplandecia como se estivesse sendo friccionada por pétalas de rosas, tudo tendo sua dimensão expandida até que, o som da onda era uma explosão dela se quebrando nas rochas, as cores foram se unindo em um vermelho intenso, o cheiro se intensificou a ponto de sentir até mesmo o gosto de sua própria xoxota juntamente com o sangue que engolia e a sensação das pétalas na pele foi se aquecendo cada vez mais, a ponto de o calor atingir seu coração. Então, todos os cinco sentidos se uniram em algo único, concentrado e ao mesmo tempo abrangendo todo o universo e, como a criação de um astro, também chamado de supernova, explodiu levando Letícia à inconsciência. Na posição em que estava, agachada sobre a poltrona, não havia como evitar a queda e ela desmoronou sobre o carpete que, por ser macio, evitou que se machucasse.
Letícia acordou na manhã seguinte deitada em sua cama, vestida e coberta por um lençol. A lembrança de sua peripécia sexual a atingiu e ela olhou assustada, não vendo por perto nenhum dos objetos que usara. Virou-se para olhar o toucador, viu ali o tubo de desodorante, no lugar que devia estar. Pensou em procurar pelo creme rinse no banheiro, porém, desistiu, sabendo que ele estaria exatamente no lugar. Diante da sensação de conforto e bem estar que sentia, preferiu deixar tudo isso de lado, se aconchegou ao travesseiro, feliz e saciada.
Sua tranquilidade não foi abalada nem mesmo depois de ter processado as informações que lhe vinha em rápida sucessão:
– Quem a vestiu e a colocou na cama e arrumou o quarto?
– Teria tudo sido real ou fora apenas um sonho? Um sonho delicioso;
– Como Renata teria resolvido o problema “Lucas” diante do flagrante que ele dera nas duas?
– Como Lucas reagiria quando se encontrassem?
“Bom, isso tudo é coisa que vou ter que resolver depois!” – pensou ela, virando-se para o lado e voltando a dormir.
Acordou com seu celular tocando com insistência, mas quando atendeu o outro lado já tinha desligado. Olhou e viu que havia oito ligações não atendidas, todas de Renata. Respirou fundo e retornou a ligação.
– Você não vai trabalhar? Sua preguiçosa. – disse Renata a guisa de cumprimento.
– Bom dia pra você também! – Ironizou Letícia antes de perguntar: – Que horas são?
– Já passa do meio dia. Você pode ficar em casa se quiser. Pode deixar que eu cuido da Neila. – E ouviu-se uma gargalhada por parte da mulher.
– Se você encostar um dedo na Neila sem minha permissão, ou ela em você, eu mato as duas.
– Nossa! Que ciumenta!
– Não é ciúmes. É algo que me ocorreu agora. Se for para ser a líder, então vou ter que liderar.
– Sim senhora, minha suprema líder. – Apesar da ironia, existia um que de respeito na voz de Renata. – Seu desejo é uma ordem.
– Como foi que você resolveu aquele problema de ontem? – Perguntou Letícia mudando de assunto.
– Ainda não foi resolvido, o problema evita aparecer na minha frente, mas pode deixar que eu resolvo isso.
Conversaram por mais alguns minutos e ficou acertado que Letícia não iria trabalhar naquela tarde e que se falariam no dia seguinte. Letícia usou o resto do dia se preparando para seu retorno a Faculdade, cujas aulas começariam em duas semanas, onde ela concluiria o último ano do curso de Veterinária. Era ainda uma quinta-feira e ela teria o próximo final de semana e o próximo antes de voltar a estudar.
Foi tomar um banho e quando foi usar o creme rinse notou uma leve mancha de sangue próxima a base do tubo. Abismada, se deu conta de que não fora um sonho. E se não fora um sonho, alguém a vestira, a colocara na cama, deixando o quarto arrumado e ela confortável. Mas quem?
Assim, nos momentos em que manteve contato com a família durante o resto do dia, procurava neles algum indício de que sabiam de alguma coisa, mas nem o pai, nem a mãe, nada deixaram transparecer.