Três meses. O relacionamento de Felipe e Guilherme só crescia. A dupla fazia praticamente tudo junto. Em uma tarde ensolarada, Felipe foi até o banco para depositar o dinheiro para sua mãe. Ele ajudou muito a família nos últimos meses, chegando até a se privar de alguns passeios oferecidos pela escola.
Porém, o crescimento dele era grande. O que deixava Guilherme orgulhoso do seu ficante. Os dois trabalhavam juntos, mas precisavam manter o profissionalismo, principalmente com John supervisionando o serviço dos funcionários da Escola de Intercâmbio.
Três meses se passaram e o relacionamento de Felipe e Guilherme só crescia. Eles faziam praticamente tudo junto. Naquela tarde, eles foram até o banco para Felipe depositar dinheiro para sua mãe. O jovem ajudou bastante a família nos últimos meses. Guilherme ficava feliz ao ver as vitórias dele.
Para comemorar o início do inverno, Guilherme decidiu levar Felipe para um resort exclusivo nas redondezas de Londres. Inclusive, eles convidaram suas amigas para aproveitarem o fim de semana.
— Sobre o inverno aqui. É muito severo? — questionou Felipe, enquanto olhava Guilherme jogar 'Mário Kart'.
— Sim. Preciso comprar umas roupas mais quentinhas.
— Eu também. Já guardei um dinheiro para comprar uns casacos. Se já faz frio no outono, imagina no inverno. — comentou Felipe, abrindo o celular e lendo uma mensagem da mãe agradecendo pelo dinheiro enviado.
— O lado bom é dormir abraçadinho com nossos namo...
— Namo? — se surpreendeu Felipe, levantando uma das sobrancelhas.
— Nada não. Desculpa, eu me concentrei no jogo e esqueci a frase. — desconversou o jovem ficando corado.
Até o dia de hoje, o termo namorado ainda não havia surgido entre os dois. Eles levavam o relacionamento de boa, mas sem rótulos. A verdade era que nenhum deles tinha coragem de pedir o outro em namoro.
A ideia de Felipe era pedir o Guilherme em namorado durante a viagem. Apesar de receoso, o intercambista percebeu que seus sentimentos pelo amigo eram verdadeiros e via uma recíproca nesta troca. Antes de preparar suas malas, ele levou Tchubirubas para um hotel especializado em pets.
— Ei, amigão. — se abaixando e pegando na cabeça de Tchubirubas. — É uma viagem rápida, por favor, se comporte.
Era a primeira vez que Felipe ficaria separado de seu cachorro, mas sabia que o animalzinho estaria em boas mãos no hotel. O rapaz seguiu para o pátio da escola e encontrou todos os amigos reunidos. Eles alugaram um carro grande e seguiram para a casa de Paris.
A patricinha desceu com três malas que quase não couberam no porta-malas. Paris foi apresentada para Nariko e Kaity, que logo simpatizaram com a moça. No trajeto para o parque aquático, os amigos começam a fazer planos para o fim de semana. Enquanto uns querem aproveitar o calor, outros desejam descansar e se preparar para o rigoroso inverno.
A viagem começou bem, Guilherme dirigia em uma velocidade baixa. Paris ficou incomodada, afinal, ela encontraria seu namorado no hotel do Parque Aquático. Nariko dormiu logo, ela ficou cansada por causa da rotina da escola. Felipe parecia um bobo olhando pela janela, cada novo lugar era um "UAU".
Enquanto viajavam pelas estradas sinuosas dos arredores de Londres, o carro dos jovens avançava calmamente, seguindo o ritmo tranquilo da viagem. O sol brilha suavemente através das nuvens dispersas.
Dentro do carro, a energia é animada. Os amigos interagem e contam suas histórias e piadas, criando um rápido laço entre todos. Felipe ficou responsável pela playlist, selecionando uma variedade de músicas que combinam perfeitamente com o clima descontraído.
De vez em quando, eles passam por vilarejos pitorescos e campos verdejantes, onde o tempo parece ter parado. Janelas antigas de casas de pedra, cercadas por jardins floridos, piscam brevemente enquanto passam. O ar fresco do fim da primavera entra pelas janelas abertas, trazendo consigo o aroma do campo.
Depois de um tempo na estrada, eles chegaram ao hotel do Parque Aquático. Paris mal conseguiu contar a animação ao pensar que encontraria o namorado Steve. Ela compartilhou com os amigos a dificuldade que enfrentava em seu relacionamento devido à desaprovação dos pais, então cada oportunidade de estar ao lado do namorado era valiosa para ela.
O grupo seguiu para os seus respectivos quartos. Enquanto exploravam o resort, todos ficaram impressionados com a beleza do local. Desde os jardins bem cuidados até as piscinas reluzentes e os salões elegantes.
Felipe e Guilherme ficaram com um quarto, Kaity e Nariko dividiram outro. Já a Paris reservou a suíte master para ficar com seu namorado. Felipe entrou no quarto, deixou a mala no chão e se jogou na cama do hotel.
— Esse ano está sendo maravilhoso. — admitiu Felipe, deitando na cama e respirando fundo.
— Mesmo? Que bom, príncipe. — Guilherme deitou ao lado do crush e o beijou.
— Obrigado por ser legal comigo, Guilherme. — falou, tocando no rosto de Guilherme e sorrindo.
— Eu sou legal porque gosto muito de você. — beijando Felipe, que levantou rápido da cama.
— Preciso fazer xixi. — indo em direção ao banheiro. — Meu Deus!
— O que foi? — Guilherme se assustou e seguiu para o banheiro.
— Esse lugar é enorme. — soltou um impressionado Felipe, pegando o celular e tirando várias fotos.
Guilherme não resistiu e riu da reação de Felipe. Ele se aproximou e abraçou o rapaz, que não se moveu e aproveitou o carinho. Os dois decidiram tomar um banho na enorme banheira.
Eles tiraram as roupas. Felipe ligou a água e aproveitou o tempo para dar mais beijos em Guilherme. Depois de alguns minutos, os dois entraram na água e ficaram se curtindo.
Após um banho relaxante, eles se arrumaram e desceram para jantar. Nariko e Kaity já aguardavam na recepção. Paris ligou e avisou que não jantaria no hotel. Então, os quatro seguiram para o restaurante.
Eles se arrumaram e desceram para jantar. Nariko e Kaity já aguardavam na recepção, Paris ligou e avisou que não jantaria no hotel. Os quatro seguiram para o restaurante.
Como sempre, Felipe, que é conhecido por seu apetite, não decepcionou e aproveitou toda a comida do buffet. Como sempre, ele arrancou risadas e comentários engraçados dos amigos.
Enquanto saboreavam seus pratos e compartilhavam suas histórias do dia, o grupo começou a planejar as expectativas em relação ao Parque Aquático Indoor do hotel.
Nariko, sempre aventureira, mal podia esperar para testar os escorregadores mais radicais, enquanto Kaity parecia ansiosa para relaxar nas piscinas tranquilas e aproveitar as saunas.
A noite foi bastante agradável. Guilherme subiu para o quarto, enquanto Felipe foi com as meninas planejar o grande pedido de namoro. A ideia era bem simples, mas romântica do jeito que o Guilherme gostava. Eles ensaiaram tudo para que nada desse errado. Kaity e Nariko também gravariam todo o pedido.
— Vai dar certo. — garantiu Nariko. — Se bem que da maneira como você é desastrado...
— Não tem graça. Estou ficando muito nervoso, o Guilherme não me cobrou, mas tenho certeza que ele quer que eu faça o pedido.
— Calma. — pediu Kaity, pegando no ombro do Felipe. — Vamos estar com você. Tudo vai dar certo.
— Então, na hora do jantar, Kaity e eu vamos sair para vocês ficarem sozinhos. Em seguida, você entrega o pacote e pronto.
— Isso. E seremos namorados. — Felipe sorriu, mas ficou nervoso.
O grupo acordou cedo, ansioso por uma aventura aquática. Depois de um café da manhã reforçado, eles seguiram para o local, que ficava no mesmo terreno do hotel.
Ao chegarem à área das piscinas, são recebidos por um cenário de tirar o fôlego. O tamanho e variedade de piscinas impressionaram, principalmente o tobogã 'Inferno na Terra'.
Felipe tratou logo de tirar a camisa, sem qualquer cerimônia. Ele estava com saudades de um clima mais tropical. No entanto, a atitude do rapaz acabou chamando a atenção de algumas garotas que começaram com suas brincadeiras e xavecos, Guilherme não conseguiu evitar sentir um leve aperto no peito.
— Uau, Felipe! — exclamou Nariko ao olhar o corpo do amigo. — Espetacular. — ela falou em japonês. Ai. Ai.
— Estava escondendo o jogo, não é? — brincou Kaity, pegando a mochila. — Eu vou colocar o maiô.
— Parem. — desconversou Felipe, que correu para a primeira piscina que viu e se jogou na água.
— Guilherme, — Nariko chamou a atenção de Guilherme, que ainda babava com a imagem de Felipe correndo sem camisa. — vamos trocar de roupa. Depois voltando. — saindo com Nariko.
— Ei, cadê as meninas? — perguntou Felipe ao voltar da piscina. — A água tá uma delícia.
— Elas foram trocar de roupa. — avisou Guilherme, que não conseguiu evitar a ereção ao ver Felipe todo molhado. — Ei, não acha melhor colocar uma camisa e...
— Com licença? — uma mulher apareceu do nada. Ela vestia um biquíni preto e usava óculos de sol. — A minha amiga. — apontando para um grupo de garotas. — A minha amiga perguntou se você quer dar uma volta com ela nos pedalinhos? — Felipe olhou para Guilherme, que ficou vermelho de raiva.
— Não, posso. — disse Felipe, pegando na mão de Guilherme. — Estou acompanhado.
— Uau. Bem, a gente se esbarra por aí, garanhão. — a moça saiu rebolando. Guilherme ficou com tanta raiva que apertou a mão de Felipe.
— Se você apertar mais a minha mão, ela vai precisar ser amputada. — brincou Felipe, percebendo o ciúme estampado no rosto de Guilherme. — Que louca.
— Tá vendo. Por isso que você não pode ficar sem camisa. — andando em direção a piscina, principalmente quando as moças começaram a rir.
— Ei, não fica assim. — pediu Felipe se aproximando de Guilherme e o puxando para um abraço. — Estamos juntos, tá. — beijando Guilherme sem qualquer pudor. — Você fica lindo demais quando está com ciúmes.
— Não tem ninguém com ciúmes aqui, querido. — Guilherme tentou argumentar, mas sabia que estava com ciúmes, morrendo de ciúmes.
— Podemos dar um mergulho? — Felipe apontou para a piscina e os dois correram de encontro às águas.
Enquanto os amigos se divertiam nas piscinas aquecidas, Kaity decidiu ficar um tempo na sauna. Vinda da Rússia, onde o clima frio é predominante, ela não costumava frequentar lugares quentes, mas a oportunidade de relaxar era tentadora.
Ao entrar no local, Kaity foi envolvida pelo calor e aroma suave de flores do campo que permeia o ambiente. Ela sentou e encostou a cabeça na parede.
A tranquilidade acabou sendo interrompida pela entrada de um rapaz. Ele era forte, porém, o seu sorriso chamou a atenção de Kaity. Seu nome era Dylan, um estudante universitário dos Estados Unidos que participava de um projeto de arquitetura em Londres. Kaity adorava homens gordinhos, ainda mais aqueles que possuíam uma aura de descontração e simpatia.
Durante o bate-papo, Kaity descobriu que Dylan era apaixonado por literatura, assim como ela. Os dois compartilham histórias sobre suas experiências em Londres e suas paixões compartilhadas, criando uma conexão instantânea.
Dylan era de uma família grande, os seus pais e irmãos estavam na Inglaterra para conhecer o lugar que seria a casa do filho nos próximos anos. Os irmãos pequenos de Dylan viviam o metendo em confusão. Sempre o trolavam de alguma forma, e aquela era a oportunidade perfeita.
Naquela tarde, por exemplo, Brian e Kimberley, os irmãos caçula de Dylan, decidiram trancar o irmão na sauna. Eles só não contavam que o irmão estava sozinho no lugar. Será que as coisas acabariam mal?
— Ele está na sauna. — avisou Bryan, um garoto loiro e cheio de sardas. — Conseguiu o material?
— Claro, capitão. — respondeu Kimberley, entregando uma corda para Brian. — Está aqui. Vai ficar perfeito. Por essa o Dylan não esperava.
— O Dylan está em nossas mãos. — comentou o garoto. Pegando a corda e amarrando na porta.
Sabe quem estava com sorte? Nariko. A intercambista japonesa conheceu um rapaz de seu país de origem. Wong trabalhava em Londres para bancar o sonho de se tornar um músico de sucesso. Os dois iniciaram uma conversa em japonês. Para Nariko, a voz de Wong soava como música.
— E como estão as aulas? — questionou Wong, que não conseguiu esconder o encanto por Nariko.
— Ótima. Confesso que sei falar inglês, mas queria a experiência de morar em Londres. Sempre fui apaixonada por essa cidade. — revelou Nariko.
— É contagiante, né?
— Demais. Sinto muito falta do Japão, mas me acostumaria a morar aqui. — afirmou a intercambista, que estava adorando o bate-papo.
— Espero que consiga. É bom ter alguém do Japão por perto. Eu consegui um visto de emprego. Trabalho com tecnologia em uma empresa de celular. — explicou Wong. Ele revelou que mora em Londres há três anos.
— Verdade. É bom ter com quem conversar em Japonês.
— Sim. Às vezes esqueço algumas palavras. — rindo, quase não conseguindo disfarçar a expressão de bobo. – É muito engraçado.
— Está hospedado no hotel? — perguntou Nariko, buscando coragem para pedir o contato do rapaz.
— Sim. Estou com alguns amigos do trabalho. Vamos aproveitar o feriado.
— Bacana. Quem sabe a gente não se esbarra?
Às vezes, não se aventurar é o melhor caminho. Infelizmente, Felipe não decidiu seguir esse conselho. Ele entrou na fila de um simulador de surf. Primeiro, um rapaz chamou a atenção de todos e instruiu todos que iriam experimentar a atração. Porém, estamos falando de Felipe, né? Claro que essa ideia não daria certo. Todo confiante, ele pegou a prancha e ficou em pé próximo a entrada.
Guilherme pegou o celular, que estava envolvido com uma capa à prova de água. Não muito longe, um arrependido Felipe esperava o sinal da equipe da atração. Um pouco arrependido? Demais. Tremendo, ele colocou a prancha na borda e subiu em cima.
— Moço. — Felipe olhou para o instrutor. — Eu acho que não vou mais...
— Vai! — gritou o instrutor, antes de empurrar Felipe.
Um boneco de posto. Felipe não desceu de maneira graciosa. Muito pelo contrário, o intercambista escorregou igual a uma batata. Guilherme não sabia o que fazer: filmar ou rir? Uma dúvida cruel. De repente, um grupo se formou para assistir ao desespero de Felipe, que não conseguia se manter em pé na prancha e acabou sendo vencido pelo cansaço (e mico).
Após relaxar alguns minutos na sauna. Kaity tentou sair para comprar um suco e encontrar os amigos, entretanto, a porta estava trancada. A jovem tentou manter a calma e procurou chamar ajuda. Dylan percebeu a movimentação e foi até a moça.
Nem usando força, Dylan conseguiu abrir a porta da sauna. Eles se olharam e começaram a bater na janela de vidro. O desespero foi tanto que Kaity começou a falar em Russo. Dylan pegou em seu ombro e pediu para ela não se preocupar.
— Relaxa. Alguém vai entrar, né? — Dylan perguntou, mais para si mesmo do que para Kaity.
— Eu não estou gostando nada dessa história. — Kaity resmungou em Russo e passou a andar de um lado para o outro.
— É impressão minha ou aqui está mais quente? — Dylan começou a transpirar mais que o normal.
— Não.. — respondeu Kaity em Russo, mas lembrou que o rapaz não falava a sua língua. — não, isso é psicológico. O fato de estarmos presos aqui está fazendo o seu corpo reagir dessa forma. Vem aqui. Senta. — Kaity levou Dylan para a área interna da sauna e pegou sua garrafa de água. — Calma. Apenas relaxa. — jogando a água em Dylan. — Qual o seu nome?
— Dylan, eu sou dos Estados Unidos. Vim fazer faculdade em Londres. — Dylan contou, falando mais rápido que o normal.
— Sou Kaity, da Rússia. Estou fazendo intercâmbio. — explicou Kaity, quase perdendo a concentração ao notar a água escorrendo pelo corpo do rapaz.
Apesar do bate-papo agradável com Wong, Nariko decidiu procurar os amigos. Os primeiros que encontrou foram Felipe e Guilherme, que analisavam a última façanha de Felipe. Nariko riu muito ao assistir ao mico do colega.
Nariko percorreu o Parque e encontrou Guilherme e Felipe sentados. Ela perguntou se a dupla havia encontrado a Kaity, mas nenhum sinal da Russa. Guilherme mostrou o vídeo de Felipe para Nariko, a moça não conteve o riso.
O trio decidiu experimentar a mais nova atração do parque aquático, o Pavor nas Alturas. Animado, Felipe correu como um louco e subiu as escadas em tempo recorde. Aventureiro, mas, ao mesmo tempo, desastrado. Guilherme alcançou o ritmo de Felipe, eles chegaram juntos ao topo da torre.
Só que Felipe correu tão rápido que não conseguiu parar, um garotinho estava quase descendo da torre quando Felipe passou por ele entrou na boia e saiu escorregando pelo Pavor nas Alturas, só que de costa.
— Nããããããããããoooooooooo!!!!!!! — gritou Felipe, agarrado na boia. — Socoroooooooo!!!!!!!
Foram 15 segundos de tensão, mas Felipe chegou vivo no final do percurso. Guilherme chegou pouco tempo depois, Felipe estava abraçando a boia tão forte que a mesma secou.
— Você está bem? — perguntou Guilherme, se abaixando e pegando no ombro de Felipe, que estava tremendo.
— Vou ficar.
Depois de quase uma hora, um funcionário libertou Kaity e Dylan da sauna. Os dois estavam quase desidratando. A mãe do rapaz o abordou do lado de fora. Ela disse que havia mandado Brian e Kimberly, seus irmãos, o procurar. Dylan logo sacou que foram os pivetes que o trancaram dentro da sauna.
O sufoco ficou para trás, mas Dylan ainda queria conhecer a russa que salvou a sua vida dentro da sauna. Ele a convidou para tomar um sorvete.
— Claro. — a moça aceitou. — Te encontro no restaurante em 20 minutos? Preciso achar os meus amigos e avisar que estou viva.
— Tudo bem. Sem furo, hein? Vou pedir dois sorvetes.
Após quase morrer, Felipe optou por um ambiente mais sossegado. Ele foi tomar banho na piscina infantil. Guilherme também achou a ideia ótima, então os dois entraram e ficaram relaxando, aproveitando o calor artificial daquele lugar.
— Acho que vou nadar um pouco. — avisou Felipe, ficando de joelhos dentro da água e nadando no estilo cachorrinho.
— A gente nessa piscina tá meio ridículo, né?
— Caro, Guilherme. — Felipe olhou para o amigo de maneira engraçada e levantou uma das sobrancelhas. — Segurança em primeiro lugar. Já volto. — nadando até a borda da piscina e voltando. — Tá vendo? Super tranquilo. — uma bola vermelha cai do lado de Felipe.
Do nada, várias crianças pularam em cima de Felipe. Eles estavam participando de um jogo e queriam pegar a bola. Após ser praticamente pisoteado, Felipe conseguiu sair. Guilherme não aguentou e riu novamente dele. Os dois desistiram de tentar se aventurar pelo parque e foram para o restaurante.
Kaity achou Nariko e as duas seguiram para o restaurante também. No restaurante do parque aquática era o lugar seguro de Felipe. Além do lugar organizado, Felipe ficava perto de um buffet incrível. Ele fez um prato tão grande que todas as pessoas olharam para ele.
— Olá? — falou Nariko em japonês.
— Oi. — Guilherme respondeu, também em japonês.
— Demorei, mas consegui escolher a comida. — confessou Kaity, enquanto sentava à mesa. — Nossa, Felipe. — o rapaz respondeu com a boca cheia.
— O quê? — perguntaram Guilherme, Kaity e Nariko.
— Está uma delícia. — afirmou o rapaz, voltando a comer.
— E o nosso sorvete? — questinou Dylan, assustando todos à mesa, inclusive Felipe que se engasgou. Ele ficou de pé, levantando os braços.
— Puta merda! — exclamou Guilherme, tentando lembrar das aulas que teve sobre a manobra de Heimlich, que é uma técnica de emergência.
Ao ver a situação de Felipe, Dylan o agarrou por trás e aplicou a técnica de Heimlich. Após o momento da apreensão, Felipe expeliu um pedaço de carne. Todos começaram a aplaudir a destreza de Dylan, que acabou ganhando os dois sorvetes e dividiu o prêmio com Kaity.
Após um dia de diversão e muita comida gostosa, o grupo se preparou para voltar ao hotel. Afinal, Felipe precisava preparar a surpresa para Guilherme. Kaity ficou conversando com Dylan no saguão do Parque.
Ao chegarem no hall do hotel, eles encontraram Paris e Steve, o namorado da garota. Guilherme estava com dor de cabeça e subiu para o quarto. Felipe aproveitou o momento para arquitetar tudo com as amigas.
— A caixa está com a Nariko, certo? — perguntou Paris, tirando os óculos de sol do rosto.
— Sim. — respondeu um nervoso Felipe.
— As câmeras estão carregadas e já vou verificar o restaurante para saber onde colocar a GoPro.
— Pena não poder ajudar. — lamentou Steve, que deu todo o apoio para Felipe. — Tenho uma reunião mais tarde.
— Obrigado.
Vários sentimentos e uma missão. Felipe queria pedir Guilherme em namoro e faria isso de uma maneira única. Ao entrar no quarto, ele encontrou o crush dormindo na cama. Cauteloso, Felipe deitou ao lado do amado e ficou o observando até pegar no sono. Eram nesses momentos de ternura que o jovem tinha certeza de sua decisão e o seu coração ficava quentinho.
Às 20h, o plano FeGui teve início. Kaity foi a primeira a descer e colocou todos os equipamentos no lugar. Já Nariko repassou o plano à equipe do hotel, que teria uma participação no pedido de namoro. Ela aproveitou para deixar uma caixa debaixo de uma das mesas do restaurante, a número 10.
No banho, Felipe tentou repassar o pedido, mas sabia que no calor do momento faria algo completamente diferente.
Felipe subiu e encontrou Guilherme dormindo na cama. Ele se aproximou, deitou ao lado do amado e ficou o observando até pegar no sono. A noite chegou. Kaity desceu e colocou os equipamentos nos lugares, Nariko deixou uma caixa debaixo de uma das mesas do restaurante. Felipe ficou muito nervoso, ele foi ao banheiro e tentou ensaiar o pedido, mas sabia que na hora seria completamente diferente.
Expectativa. Nervosismo. Coração quentinho. Os sentimentos continuavam a flutuar dentro de Felipe. Enquanto esperavam o elevador, Guilherme até tentou voltar para o quarto e pedir comida, mas Felipe precisou usar o seu lado ator para convencer o crush a descer para o restaurante.
Nariko, Paris e Kaity colocaram disfarces para não serem reconhecidos por Guilherme. Elas ficaram em lugares estratégicos para filmar e fotografar os melhores momentos do pedido.
O garçom, já ciente do plano, direcionou Guilherme e Felipe para a mesa número 10. À noite, o restaurante ganhava uma outra área e Guilherme percebeu isso. Ele destacou para Felipe a beleza do lugar.
Conversa. Risadas. Vinho. O cronograma seguiu de maneira tranquila. Após a entrada e o prato principal, Felipe tomou coragem e pegou a caixa debaixo da mesa. As meninas entraram em estado de alerta e começaram a registrar tudo.
Só que Felipe esqueceu uma etapa do seu plano - a sobremesa. O garçom chegou na hora que o jovem ergueu a caixa. O homem colocou um prato na frente dos dois e acendeu um maçarico, porém, as chamas entraram em contato com o papel da caixa, que começou a queimar. Guilherme se levantou assustado, Felipe tentou apagar o fogo da caixa que se espalhou rapidamente.
Desesperado, Felipe pegou a caixa e ficou correndo pelo restaurante, atrás de alguma coisa para apagar as chamas. Nariko correu para ajudar o amigo, mas acabou tropeçando em cima de Paris. Guilherme estranhou ao perceber a presença das amigas no restaurante, sendo que elas tinham usado a desculpa que jantariam fora.
— Paris, Nariko. O que vocês estão fazendo aqui? — perguntou Guilherme, mas a sua atenção se voltou para Kaity, que agarrou uma jarra de água e conseguiu apagar o fogo da caixa, porém, Felipe ficou todo molhado no processo. — Gente, o que significa tudo isso?
— Droga. — soltou Felipe ao perceber o estado do presente. — Desculpa. — olhando com para Guilherme com um ar de decepção. — Eu ia pedir você em namoro, mas estraguei tudo. Queria que fosse algo romântico, mas... desculpa.
Guilherme olhou para Felipe, depois para a caixa e, em seguida, para as amigas deitadas no chão. De repente, um sorriso se formou em seu rosto e a risada dele contagiou a todos no restaurante.
— Você é maravilhoso. E vocês? — apontando para as amigas disfarçadas e gargalhando. — Vocês são as melhores amigas do mundo. — pegando o presente queimado, abrindo a caixa e tirando um colar com duas iniciais: F e G. — Que lindo.
— Não é para ser assim. Desculpa, Guilherme.
— Tá perfeito. — disse Guilherme, colocando o cordão e beijando Felipe. — Só que você não é o único com segredos, tá. — Guilherme guiou Felipe para a cadeira mais próxima. —Senta aqui.
—Como assim? — questionou Felipe, pegando um guardanapo e limpando o rosto.
— Eu também tenho um presente para te dar. — revelou Guilherme. Ele andou até um pequeno palco montado na lateral do restaurante. Um funcionário acionou o sistema de som e uma melodia começou a tocar pelo sistema de som.
Com Nariko e Paris jogadas no chão, Kaity pegou duas câmeras para tentar registrar a serenata de Guilherme. Porém, alguém puxou uma das câmeras. Era Dylan, o rapaz que a intercambista conheceu na sauna.
— É para tirar fotos ou filmar? — perguntou Dylan.
— Fotos. Fotos. — respondeu Kaity, que não conseguiu esconder o sorriso.
— Boa noite. — a voz de Guilherme ecoou pelo sistema de som. — Hoje. Eu quero cantar para alguém muito especial. O conheci há alguns meses, e ele faz cada dia da minha vida valer a pena. Felipe, eu te amo.
— Eu te amo, também! — gritou Felipe, já se emocionando com a homenagem.
Guilherme:
Quis evitar teus olhos
Mas não pude reagir
Fico à vontade então
Acho que é bobagem
A mania de fingir
Negando a intenção
E quando um certo alguém
Cruzou o teu caminho
E te mudou a direção
***
Guilherme desceu do palco, se aproximou de Felipe. Os dois começam a dançar bem próximos um do outro. Guilherme cantou a música bem perto do ouvido do Felipe.
Chego a ficar sem jeito
Mas não deixo de seguir
A tua aparição
E quando um certo alguém
Desperta o sentimento
É melhor não resistir
E se entregar
Me dê a mão
Vem ser a minha estrela
Complicação
Tão fácil de entender
Vamos dançar
Luzir a madrugada
Inspiração
Pra tudo que eu viver
Que eu viver
E quando um certo alguém
Desperta o sentimento
É melhor não resistir
E se entregar
***
— Felipe. Você aceita namorar comigo? — perguntou Guilherme, enquanto pegava na mão de Felipe.
— A...aceito. — respondeu Felipe. Então, Guilherme puxou o namorado e lhe deu um beijo apaixonado.