Continuando...
Caminhei pela rua,de braços cruzados e cabeça baixa.Tinha a sensação de que haviam pegado a minha mente e colocado em um liquificador,e depois batido com força.Não conseguia assimilar nada com nada,e comecei a me sentir exausto pela tentativa.
Sem saber para onde ir,decidi voltar a minha cidade,pois era uma região mais conhecida,onde eu podia andar a vontade.Peguei a van que estava de saída,e me acomodei,encostando a cabeça na janela,com as cenas que eu tinha visto ainda girando na minha mente.
Depois de quase quarenta minutos,decidi descer na entrada da minha cidade e sai caminhando sem rumo.Não sabia aonde ir e nem o que fazer,e isso me deixava frustrado.Ao passar em frente a um prédio vi um homem loiro e branco no portão,tentando abri-lo.Observei bem a fisionomia dele e me surpreendi ao notar que era o Fred.
Não acreditando na sorte que tive,o chamei com desespero e então corri até ele,que abriu os braços pra me receber.E então como um passe de mágica,a pressão dentro de mim aliviou e eu pude abrir um sorriso.
-Nossa que surpresa!...O que você faz aqui,meu anjo?-Fred perguntou,enquanto me abraçava forte.
-Tô vindo da cidade do lado,e resolvi descer aqui na entrada...E tô feliz por ter te encontrado.-Respondi um pouco mais animado.
-Por que?O que aconteceu?-Ele perguntou preocupado.
-Um monte de coisa.-Respondi enquanto me afastava dele.
-Então vamos subir e tomar alguma coisa...Aí você me conta o que é esse monte de coisa.-Ele disse passando o dedo na ponta do meu nariz,com um sorriso.
Dei um sorriso triste e entramos no prédio,pegando o elevador em seguida.Descemos no andar onde ele morava,e logo estávamos dentro do apartamento.Fred segurou a minha mão e me levou até a cozinha,onde havia uma mesa de quatro cadeiras e uma geladeira,ambos de cor branca.Ele pegou dois copos e retirou uma jarra de suco da geladeira,o servindo em silêncio.
-Fred,posso te fazer uma pergunta?-perguntei,enquanto apanhava o copo de suco.
-Fique a vontade!-Ele respondeu sem olhar pra mim.
-O que tu sabe sobre sentimento de culpa?-Perguntei,após me sentar.
-Que é um dos piores sentimentos,que o ser humano pode desenvolver.O sentimento de culpa acontece quando você não aceita seu erro,fica buscando soluções que você poderia ter tomado na hora e acabou não fazendo.Enfim,com o tempo isso vai criando raízes na sua mente,e vai te consumindo aos poucos.Trazendo com o tempo,outros problemas.-Fred respondeu,se sentando do meu lado.
-Tu acha que o sentimento de culpa,pode fazer alguém se tornar submisso?-Perguntei,relembrando a cena do Eduardo com o pai.
-Lúcio,o sentimento de culpa também traz junto o desejo de compensar a pessoa que você machucou.Você se torna capaz de qualquer coisa,para tentar amenizar o mal que causou.Alguns até pensam que devem ser castigados,e se sentem bem quando são submetidos a isso...Mais porque quer tanto saber sobre isso?-Fred respondeu,me lançando um olhar desconfiado.
Baixei os olhos e fiquei em silêncio por algum tempo,por fim decidi contar o que tinha visto e ouvido.Sem citar nomes e locais,relatei detalhadamente o que havia se passado.
-Lúcio,eu já conheci um caso assim.A pessoa se sentia tão culpada por algo que fez,que criou a fantasia de merecia ser castigada,e ela se submetia a cenas bem piores do que está que você viu.-Fred disse após eu terminar.
-E o que aconteceu com ela?-Perguntei chocado.
-Terminou louca,assombrada pelos próprios fantasmas que criou.-Fred respondeu com tristeza.
-Mais isso não vai acontecer com ele.. Ele é forte!-Disse assustado,enquanto ficava de pé.
-Se o psicólogico dele é como um espelho quebrado,de nada adianta o físico,Lúcio.-Fred disse com delicadeza.
-Mais têm como se livrar desse sentimento,não tem?-Perguntei enquanto o encarava.
-Não sou psicológo,Lúcio.Tudo o que sei sobre isso,foi o que aprendi convivendo com essa minha amiga.Apesar de que a mente é a parte mais frágil do ser humano,eu acho que sim.Talvez se ele reconhecer o erro e se perdoar,seja o primeiro passo para uma mudança.Mais isso as vezes só funciona na teoria,na prática é muito difícil.O caso da minha amiga,é um exemplo.-Fred respondeu.
-Entendo!-Disse,enquanto voltava a me sentar.
-Lúcio,você acha que isso vale a pena?-Ele perguntou enquanto segurava a minha mão.
-Isso o que?-Perguntei o olhando nos olhos.
-Gostar desse cara,e insistir no que parece ser um barco furado.-Ele respondeu sério.
-De verdade?...Eu não sei!-disse com sinceridade.
-Esse cara é um problema,e um problema sério...Tenha em mente,que não vai conseguir muda-lo.Ele só vai fazer isso se quiser e for da escolha dele.Lembre-se que não adianta tentar ajudar,quem não quer ser ajudado.-Fred disse com carinho.
-Eu sei!-Disse pensativo.
-Por hora,vamos deixar esse assunto de lado,mais eu não vou desistir e vou continuar insistindo para que pense bem.Você ainda é muito jovem,para escolher um relacionamento complicado com um homem problemático,que ainda por cima é casado.-Fred disse em tom sério,sem tirar os olhos de mim.
-Tá bem!-disse enquanto tentava sorrir.
-Aliás eu acho bom você começar a ocupar a sua mente e o seu tempo.-Ele disse no mesmo tom.
-Como?-Perguntei curioso.
-Desde ontem,venho pensando que seria bom,você fazer um curso.Por isso fui até a sua casa,mais cedo.-Ele respondeu.
-Curso de que?-Perguntei.
-Acho bom começarmos por um de informática,o que acha?-Ele perguntou com um sorriso.
-Seria bom,mais não tenho dinheiro.-Respondi.
-É por minha conta!-Ele disse.
-Eu não posso aceitar,Fred!-Disse surpreso.
-Claro que pode...Seu pai me ajudou a fazer faculdade,e isso é o mínimo que posso fazer por ele.-Fred disse decidido.
-Tá bom!-Disse enquanto olhava pra ele.
-Quem sabe,com a mente ocupada,não esqueça esse cara e possa me dar uma chance.-Fred disse,sua voz saindo emocionada.
Envergonhado,baixei a cabeça.Fred então,mudando de assunto,me chamou para ir ver o local da construção.Aceitei e logo estávamos em seu carro.Não demorou muito e estávamos em um terreno enorme,que já tinha alguns matériais de construção.Passamos um bom tempo por lá,onde Fred me explicou sobre seu trabalho e como seria construido.Depois,almoçamos juntos e voltamos ao apartamento dele,onde passamos a tarde vendo filmes e conversando bastante sobre tudo.Ao cair da noite,ele me deixou em casa e me convidou para ir com ele na construção e acompanhar o trabalho,o que aceitei na hora.
Depois de um beijo na testa,o que percebi que deixou ele bem frustrado,desci e entrei em casa.A bagunça que vi,era um sinal da festinha que havia rolado ali.Caminhei até o meu quarto,tomei um longo banho e fui pra escola.Voltei bem tarde,e sem problemas cai na cama e dormi que nem uma pedra.
No dia seguinte,Fred veio me buscar e passamos o dia todo juntos na construção.E assim foi também no outro dia,a diferença é que fomos a uma escola de cursos e acabei me inscrevendo em doís por insistência dele.
E assim chegou a sexta feira.Acordei bem animado,porque o Fred tinha combinado de me levar no sábado,para passear em outra cidade um pouco longe,mais bem maior e com várias coisas para ver.Depois de tomar um bom banho e colocar uma calça e uma camisa,fui a cozinha,mexer algo para comer.
Uma batida forte na porta,me fez largar tudo para ir atender.Dei de cara com um homem musculoso e de cicatriz enorme na cara.
-Lúcio,eu quero conversar com você.-Ele disse nervoso.
-Agora não tenho tempo.-Disse tentando me manter sério,pois meu coração acelerou de uma forma impressionante.
-Você disse que eu o procurasse,quando conseguisse ser verdadeiro com você...Pois bem,eu vim.-Ele disse enquanto apertava as mãos uma na outra.
-Veio muito tarde,não tenho tempo pra tu e teus problemas.-Disse tentando parecer frio,mais meus braços desejando se aproximar dele.
-Pode parar com a frescura!-Ele disse irritado,enquanto me encarava.
-Tu acha que vaí conseguir alguma coisa assim?-Perguntei sério.
-Eh...me...des...des...desculpe!-Ele disse com dificuldade.
-Não entendi!-Disse após respirar fundo.
-Me desculpe pelo modo como falei,tá legal?...Agora por favor,me escuta.-Ele pediu após algum tempo em silêncio.
-O que tu quer falar?-Perguntei.
-Sobre a cena que você viu e o resumo que o Cristóvão fez...Eu quero que saiba,porque me deixei passar por aquilo.-Ele disse,seus olhos encontrando os meus.
-Tá!-Disse enquanto abria mais a porta.
-Aqui não Lúcio,o que vou te contar é algo bem grave que aconteceu a dez anos atrás,quando éramos jovens e imaturos.-Ele disse sem se mexer.
-A brincadeira que tentaram fazer com seu irmão.-Disse confuso.
-Sim,mais a minha real participação nela...E porque carrego o peso da culpa e do remorso.-Ele disse.
-Tá bem.-Disse curioso,pelo modo como ele falava e agia.
Eduardo segurou a minha mão e me puxou até o carro que estava estacionado perto.Entramos e ele deu partida,mantendo o silêncio.Ao observar bem,percebi que ele estava muito tenso e nervoso.
Continuando...
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Olá,boa madrugada!
E agora tudo se encaminha!
Atheno o Fred e o Eduardo são irmãos.
Rafael não conheço está história,mais vou procurar.
Smile.Smile o Heitor e o Fred são gêmeos,quanto a morte do pai do Lúcio,eu acho que o Heitor é a última pessoa a ter algo a ver.kkkkkk
A todos que comentaram a parte 2 do capitulo 18 meu muito obrigado e espero vocês sempre me acompanhando.
VALTERSÓ o fato mencionado no capítulo anterior aconteceu quando eles jovens.
Guilmarajwinsk tudo bem flor,eu apenas quis explicar a cena da trama.
Atheno adultos eles são,independentes financeiros também,mais como Fred diz neste capítulo,de nada adianta se tem um psicológico fragmentado...Eduardo vai se mostrar aos pouquínhos sem a máscara que ele tanto usa,e você terá uma nova visão sobre ele.
Martines o maior problema do Eduardo,é não ser sincero com ele mesmo.
Marcos Costa o sentimento da culpa é algo que já experimentei,e acredite,cada ser humano o sente de um jeito,mais eu fazia de tudo para amenizar a dor que eu achava que tinha sido causada por mim.Hoje graças a deus me livre disso,e estou aprendendo bastante.
Impact obrigado pela nota.
Ru/Ruanito você também é show...eu acho!kkkkkkkkkkkk
Até a proxima pessoal!
