Após ter saído de casa, Patrícia disse que não conseguia ficar sozinha no apartamento e aproveitou a semana de carnaval que não iria trabalhar e foi à casa de praia de seus pais. Levou meu filho junto. Quando retornou, combinamos que eu iria cedo no apartamento para esperar a empregada para ela ir ao trabalho no seu horário habitual. Passamos uma semana tranquila e sem brigas. Em alguns dias saia do trabalho e passava lá para ver meu filho e ela me recebia com cordialidade.
Após o sábado que saí para a balada com a Ana, Patrícia viu fotos do encontro publicadas no site do barzinho e no domingo quando fui visitar meu filho acabamos brigando. Ela estava inconformada de eu ter sido fotografado com outra mulher, reclamava que eu não a tinha respeitado e se comparava a Ana. Chegou a mandar a melhor foto dela e a foto na balada da Ana para vários amigos perguntando quem era mais bonita. Acabei saindo batendo a porta.
Na segunda à noite ela foi me visitar no hotel. O senhor da portaria veio me avisar que eu tinha visita e falou seu nome. Autorizei a entrada e deixei a porta aberta esperando.
Ela parou no batente e olhou o lugar. Estava vestida de mini-saia e top com um decote bem sedutor. Parecia querer uma reconciliação, talvez confirmar que era melhor que a Ana, mas a visão do lugar a impediu.
Convidei-a a entrar mas negou parecendo indecisa. Olhava tudo com ar de incrédula. O ventilador, a tv, a cama redonda feita de alvenaria, a treliça empoeirada do teto. Levantei e fui em sua direção. Ainda não sentia a raiva e nem a repulsa que vim a ter por ela e olhei para seu decote pensando em jogá-la na cama e tirar sua roupa. Apesar das brigas do dia a dia, inevitavelmente tínhamos boas transas e a experiência frustrada com a Ana atiçou ainda mais essa vontade. Quando me aproximei ela me entregou uma tapaware e disse que fez uma lasanha e pensou em trazer para mim, que só veio me entregar. Praticamente fugiu dali depois que peguei o pote de suas mãos.
Após alguns minutos liguei na casa dela. Estava chorando, me perguntou como me enfiei num lugar daqueles. Pediu para eu voltar mas neguei. De certa forma estava contente ali. Ela então avisou que o final de semana era dela, para eu vir sábado de manhã para ficar com meu filho até domingo à noite. Concordei. Agradeci pela lasanha e desliguei. Estava realmente muito grato pela lasanha. Não tinha tido vontade de parar para comer, mas agora a fome apertou e o hotel não possuía serviço de bar.
Na Sexta-feira aconteceu o último encontro que tive com a Ana. Nova frustração. Depois de leva-la até sua casa voltei pensando que não tinha valido a pena. Ao chegar no hotel, um casal estava tocando a campainha do guichê esperando o soneca aparecer.
O homem parecia peão de obra. Deveria ter uns 45 anos. Rosto moreno e bem marcado, barba comprida, desarrumada. Usava um jeans velho e camisa de manga curta listrada, também surrada. Os 3 últimos botões antes do colarinho estava aberto mostrando umas correntes imitando ouro. Estava com um copo de plástico de cerveja na mão e com o outro braço trazia a mulher bem perto de si. Já ela deveria ser um pouco mais nova, entre 35 e 38 anos. Estatura mediana. Usava uma blusa justa com um decote avantajado nos seios fartos. A blusa apertada deixava aparecer umas gorduras laterais na cintura. A saia preta que usava também era justa e completava o figurino com uma meia arrastão. A maquiagem era exagerada. Não tinha nenhuma beleza, mas também não era feia. Deviam estar vindo de algum forró dos botecos de esquina do Bairro, que aliás, centro de São Paulo, são vários.
Entrei na portaria do Hotel e o homem falou comigo rindo:
– Sozinho?
– Eu moro aqui.
– Mora?
– Sim.
– Não arrumou ninguém para passar a noite?
A mulher deu um cutucão nele. Ele puxou ela mais para si com o braço meio que mostrando que ele estava com ela. Fiquei com vergonha alheia dele se exibindo com aquela fêmea. Mas ele estava acompanhado e não sabia que eu tinha vindo de um motel bem melhor, com uma mulher mais nova e que deu a virgindade para mim. Mas eu não tinha tido sucesso em fazê-la gostar de dar para mim. Odiei o homem e a fêmea dele mas respondi calmamente:
– Já curti minha noite, agora só vim pra dormir.
Ele deu uma risada sarcástica e o senhor apareceu no guichê.
– Quero um quarto para passar a noite com minha delícia. Disse entre risos. A mulher também riu curtindo o elogio.
– Não tem quarto.
– Como não?
– Estão todos ocupados.
– Que merda é essa. Disse o cara revoltado. E continuou reclamando com o senhor que queria um quarto pra foder a mulher, questionando se não iria liberar nenhum.
Dei uma risada baixa e peguei a chave do meu apartamento que o senhor me entregava.
Quando estava passando pela porta dei uma última olhada para o casal. O cara estava com a cara no guichê insistindo com o velho, tinha esquecido a mulher que estava mais atrás impaciente. Ela olhou para mim e deu um sorriso. Porque não? Pensei. Olhei para ela e mostrei a chave. Ela veio rapidamente em minha direção.
O cara só percebeu que estava sem a mulher quando eu já havia fechado a grade do portão. Estava seguro. Ele correu e começou a xingar a gente.
– Puta… vagabunda… vai dar o cu pro fedelho, vai… cachorra… Seu veado… corno… filho da puta…
Escutei os xingamentos por quase um minuto até ouvir o senhor levantar a voz e dizer que iria chamar a policia. E então silêncio.
No quarto tirei a roupa e olhei para a mulher sentada na cama tirando o salto. Ela não me dava nenhum tesão mas na hora que olhou pra mim, queria me vingar da risadinha que o sujeito deu para mim roubando sua foda. Deitei na cama e fiquei parado olhando pro teto. Ela veio e passou a mão no meu peito. Não dissemos nada. Ela foi descendo e botou meu pau todo na boca. Ainda estava sem vida e até doído das inúmeras tentativas de fazer a Ana gozar. Mas a mulher sugava com dedicação e a cada mamada sentia uma pulsação de sangue acordando minha rola até ela não conseguir mais guardar ele inteiro na boca. Ela babou nele e começou a sugar as bolas enquanto me masturbava. Eu estava achando aquilo tudo surreal. Sendo chupado por uma desconhecida sem trocar uma única palavra. Nem seu nome eu sabia. Ela continuou o serviço com maestria até que avisei que iria gozar. Achei que iria tirar mas chupou até a última gota.
Continuei na posição que estava e ela perguntou se podia dormir. Balancei a cabeça confirmando e adormeci. No dia seguinte acordei com ela me cutucando. Estava tomada banho e vestida, pronta para sair. Sem maquiagem parecia melhor que na noite anterior, e parecia até simpática.
– Desculpa te acordar. Aliás, desculpa por tudo.
– Tudo bem.
-Desculpa pedir isso, mas você tem um dinheiro para eu ir embora?
– Ahn? É dinheiro de um programa?
– Não, desculpa. Não sou garota de programa. Disse sem jeito. É que ontem fiquei com aquele cara numa festa e deu errado, não tenho como ir embora. Minha amiga saiu antes e ele iria me levar em casa depois do motel. Quando ficou discutindo com o homem do guichê me arrependi da escolha e você tão bonitinho com um quarto para eu dormir… desculpa…
– Ah, tudo bem. É, só não posso te levar pra casa. Tenho compromisso agora cedo..
Peguei a carteira e só tinha 10 reais. Ofereci a ela.
– Isso dá?
– Sim. Desculpa…
– Tudo bem.
Ela veio até mim e me deu um beijo no rosto. Senti pena daquela mulher. Pensei em falar alguma coisa, perguntar seu nome, agradecer pelo boquete, mas não me senti a vontade. Melhor continuar sem dizer nada. Minha vida sexual de solteiro estava começando muito mal, bem diferente do que eu imaginava naquela segunda de carnaval quando passei os olhos pelos nomes de mulheres em minha agenda. Olhei as horas e já estava atrasado para ficar com meu filho. Me vesti e saí apressado.
Quando cheguei no apartamento Patrícia estava com uma mochila me esperando. Protestou em relação a meia hora de espera e saiu. Meu filho ainda estava dormindo. Logo depois do almoço os pais da Patrícia vieram conversar comigo. Meu ex-sogro fez um discurso extenso para eu não me separar.
– Eu te entendo. Também sou Homem. Se você quiser sair na sexta e só voltar no domingo, tudo bem, está no seu direito. Se quando chegar em casa a Patrícia ficar te enchendo, não dê ouvidos. Ou melhor, saia de novo. Você é novo, casou muito cedo. Eu te entendo.
– Desculpa Ari. Você tem sua opinião, eu tenho a minha. Se não quero voltar para casa para ficar com sua filha, não quero ficar casado. Não acho justo.
– Mas você tem uma família tão bonita. Tem 1 filho lindo.
– Eu sei. Vou sofrer muito por ele, mas não posso ficar em casa descontente. Ele vai sofrer mais comigo aqui e eu e a mãe dele brigando o tempo todo.
– Você quem sabe. Mas pensa direito…
– Eu pensei, Ari. Eu pensei… não dá para ficar. Vou continuar cuidando dele, mas não posso ficar aqui.
Ari ficou transtornado. Fechou o punho e começou a bater em sua testa, tentando raciocinar o que falar.
– Eu não agüento… Se minha filha quer a família dela junto, onde ela está que não está aqui? – disse o Ari com um tom de lamento, quase um choro.
– Ela foi viajar. Vou ficar com meu filho um final de semana sim, outro não. Fizemos esse acordo. Esse é o meu e ela saiu.
– Não acho isso certo. Minha vontade é de ir lá onde ela está e trazer ela pelos cabelos até aqui.
– Nós estamos separados. Ela tem todo o direito de sair também. E eu quero passar esse fim de semana com meu filho de um jeito que não estava mais conseguindo com ela aqui.
– Não acho certo.
A mulher dele somente ouvia. Por fim ela falou que também não concordava com o que o marido estava dizendo, que ele era machista, mas para eu pensar bem, que tinha uma criança no meio disso tudo. Disse ainda que conhece a filha dela e que sabe que ela não é fácil, mas que eu tinha que pensar no meu filho. Eles se despediram de mim e saíram. Fiquei o final de semana sozinho com ele.
Eu estava curtindo meu filho de uma maneira diferente. Estava dando mais atenção para ele. Brincava mais, estava mais paciente. Achei que seria bom a separação. Teria os dois pais ficando com ele e estando com ele, não da maneira que tinha antes, com a presença física dos dois, porém, não o pensamento. Estava enganado.