XXXX NO ÚLTIMO CAPÍTULO XXXX
Achei Carlos e Gabi e perguntei.
EU: Gal (apelido carinhoso do Carlos), cadê a Maria?
CARLOS: tá muito bem acompanhada, nem se preocupe! - começou a rir.
EU: COMO ASSIM? Ela tá pegando alguém? MAS ELA TEM NAMORADO!
CARLOS: sim, mona. Vai dizer isso pra ela.
EU: e cadê essa louca?
CARLOS: olha pra trás...
Quando me virei vi a Maria ficando com a Victoria, uma das meninas mais bonitas da escola, ruiva de olhos verdes.
XXXX CAPÍTULO 5 XXXX
EU: MARIA, QUE PORRA É ESSA?! - puxei o braço dela, desvencilhando-a do beijo.
MARIA: O QUE? DEIXA EU BEIJAR QUEM EU QUERO!
EU: como assim beijar quem você quer?! Você tá namorando! Namora o Mateus há 2 anos!
MARIA: NÃO MAIS! Lembra que eu te falei que ele tinha me dito que iria passar esses dias com os pais e não poderia vir? Pois é... vamo lá no bar pra eu te mostrar uma coisa! Victoria, eu já volto.
EU: ok...
Nos dirigimos ao bar bem rápido, Maria me puxando pelo braço. Chegando lá vi uma cena que me fez sentir a dor da Maria: o namorado dela (agora ex, né) estava se pegando com a Duda... Sim, a mesma Duda que havia ficado com o meu Matheus! Acho que essa piranha tem um fraco pelos Matheus, só pode! Eu estava a ponto de ir lá pra meter umas porradas nesse veado, mas Maria me segurou.
MARIA: deixa pra lá... não vale a pena. - fez uma expressão triste.
EU: NÃO VALE A PENA? Você se dedica ao namoro com ele por 2 anos pra ele te trocar por uma puta? AH, MAS HOJE NÃO!
Ignorando o agarrado de Maria no meu braço, fui andando em direção a Mateus (repetindo, caso não se lembrem: o Mateus sem o H era o namorado da Maria, já o com TH é o meu crush). Dei um toquinho nas costas dele e ele se virou. A cara que ele fez foi de puro desespero.
MATEUS: Dudu, não fala nada pra Maria! Você entendeu tudo errado!
EU: VOCÊ QUE VAI ENTENDER TUDO ERRADO DEPOIS DA SURRA QUE EU DER EM VOCÊ! - desferi um soco no queixo dele, derrubando-o no chão. Tentei partir pra cima mas as pessoas ao meu redor me seguraram. Ao longe vi Matheus, Gabi e Carlos correndo em direção a mim.
MATHEUS: Dudu, o quê que tá acontecendo?!
EU: esse otário ficou com a Duda bem na frente da Maria! Ah, Mateus, você me disse pra eu não dizer nada pra Maria. Olha pra trás, filho da puta!
Mateus se virou e viu a cara de decepção, de reprovação, de sua namorada. Ele podia ter feito uma merda grande (BEM GRANDE), mas no fundo eu sabia que os dois haviam vivido muitas coisas boas juntos e ver o rosto dele de desespero e medo de perder sua namorada dava pena.
Os seguranças chegaram e pediram para nós nos retirarmos do ambiente (pediram uma porra, quase me jogaram pra fora). Matheus, Gabi, Maria e Carlos me acompanharam. A puta da Duda nem foi junto com o Mateus, preferiu ficar aproveitando a festa mesmo. É bom que tenha dado bem muito e pego AIDS! Na saída recebi uma ligação do João.
JOÃO: amigo, onde que vocês tão?
EU: meio que eu me meti numa briga e fui expulso... todo mundo resolveu sair junto comigo, estamos aqui fora.
JOÃO: tô indo pra aí. Espera!
Passados alguns minutos João chegou.
JOÃO: Du, o que houve?
Fiz um sinal negativo com a cabeça e um gesto de “depois” com as mãos. Todo mundo entrou no meu carro e seguimos para a casa do João. Eu ia apenas deixar todo mundo lá e voltar para minha casa, mas Maria insistiu para eu ficar lá fazendo companhia para ela. Liguei para meus pais para avisá-los.
EU: mãe, aconteceu uma coisa com Maria e ela pediu pra que eu ficasse aqui com ela. Vou dormir aqui em João, ok?
KATIANA: o que aconteceu com ela? Algo sério?
EU: não, mãe. Ela só precisa da minha companhia.
KATIANA: ok, pode dormir aí. Melhoras pra ela.
EU: ok, um beijo.
KATIANA: beijo, filho.
Desliguei e entrei no quarto. Como o combinado, iríamos dormir eu, Maria e Matheus na colchão inflável e João, Gabi e Carlos na cama. Dormi entre os dois, com Maria apoiada em meu peito. Eu sabia que ela não queria nenhuma conversa, só queria algum contato físico com alguém, então não perguntei nada sobre o ocorrido ou sobre o fato de ela ser bissexual, homossexual ou se ela estava apenas bêbada. Adormeci. No meio da madrugada acordei e senti o braço de Matheus entrelaçado em mim. Ele estava deitado de lado com o braço passando por cima da minha barriga. Preferia não ter visto aquilo... depois do “fora” que levei no show só queria evitar contato físico que pudesse me deixar com mais desejo. Dormi novamente e só acordei às 9h da manhã. Todos no quarto estavam dormindo, exceto Matheus, que nem estava lá. Saí do quarto e o encontrei no terraço. A casa de João podia ser simples, mas tinha uma vista de tirar o fôlego. Àquela hora da manhã o mar estava de um azul bebê belíssimo e sol brilhava forte. Deitei na espreguiçadeira do lado da dele.
EU: bom dia.
MATHEUS: bom dia. Carlos me contou que Maria ficou com a Victoria ontem... É verdade?
EU: sim...
MATHEUS: nunca soube que ela fosse bi.
EU: nem eu. Nem sei se ela é... Estava muito bêbada, pode ter ficado só pela vontade no momento. Ou a vontade de dar o troco pela traição do Mateus, né?
MATHEUS: sim, aquilo foi pesado... Ela não merecia.
EU: ninguém merece se machucar por amor, na verdade. Mas, às vezes, é só o que acontece.
Ficou um silêncio meio constrangedor. Me levantei para voltar pro quarto, mas Matheus puxou meu braço.
MATHEUS: Dudu, só saiba que você é muito importante pra mim, tá? Mais do que imagina.
Apenas assenti com a cabeça e me dirigi pro quarto. Deitei no colchão e Maria acordou, olhou pra mim e desejou um “bom dia”. Dei um sorriso e ela se apoiou em meu peito.
EU: quer conversar sobre ontem? - falei, alisando os cabelos dela.
MARIA: não tem sobre o quê conversar. Eu fui chifrada e chifrei de volta.
EU: não só sobre isso... você nunca me contou que gostava de meninas também...
MARIA: ah, sobre isso... Na verdade, eu nunca precisei contar. Namorava o Mateus e não tinha expectativas de um término de namoro. Até ontem... Como eu pude ser tão burra?
EU: você, burra?! Nem ouse falar isso. Burro foi ele que ficou com a Duda numa festa em que você também estava. Ele foi um canalha! Como que não pensou que vocês poderiam se encontrar no meio do show?
MARIA: ainda bem que ele não pensou, né!? Senão, eu estaria hoje ligando pra ele, perguntando como estava sendo o tempo com os pais, igual uma imbecil apaixonada.
EU: ainda bem mesmo. Mas, mudando de assunto... Você é gay, bi ou o quê?
MARIA: sou bi. Eu já sabia há um tempo, mas tava no meio do relacionamento então deixei pra lá...
EU: e você acha que vai se assumir? Acha que seus pais te apoiariam?
MARIA: pra vocês e pro resto dos amigos, sim, vou me assumir. Mas para meus pais é fora de cogitação. Meu pai é super homofóbico e até já influenciou meu irmão que, com 12 anos, também é. Acho que minha mãe poderia até me apoiar, mas meu pai comanda tudo lá em casa, então não adiantaria muito...
EU: entendi... Você sabe que pode contar comigo sempre, né?
MARIA: sei, sim! Obrigada, Dudu.
EU: de nada, minha linda.
Passamos mais um bom tempo deitados, até que todo mundo acordou e fomos para o terraço conversar.
JOÃO: Matheus, minha ficante tá vindo pra cá, a Isadora. Ela tem uma amiga que se interessou por você é tá insistindo pra trazê-la. Uma tal de Luciana. Tu quer?
MATHEUS: se ela quiser vir, tudo bem, a casa é sua, afinal. Mas não vou ficar com ninguém, não tô no clima. - deu de ombros. Na hora ele me encarou, acho que para ver minha reação.
Confesso que fiquei bem contente com o que ele disse, mas me fiz de indiferente, é claro. Após meia hora conversando as duas meninas chegaram. A tal da Luciana era bem bonita e aparentava ser bem simpática. Combinamos de descer pra praia, então fui para o quarto com Carlos, Gabi e Maria para trocarmos de roupa. Peguei uma roupa emprestada do Matheus, já que eu não havia levado nada. Nos trocamos e fomos em direção ao terraço.
EU: e aí, gente? Vamos des... - parei de andar vendo a seguinte cena: o João beijando a Isadora e, do lado deles, Matheus beijando a Luciana. Apenas me virei e saí andando. Escutei alguém vindo atrás de mim, supus que fosse Matheus, mas apenas segui em direção ao meu carro.
CONTINUA...