O Hétero proibido. Essa história já passou por aqui. III

Um conto erótico de Berg
Categoria: Homossexual
Contém 2008 palavras
Data: 25/02/2017 16:27:24
Última revisão: 25/02/2017 16:42:05

Junior colocou uma única bala no tambor da arma, e depois apontou para mim.

- vamos brincar de roleta russa. - disse ele.

- não. - falei levantando do chão e o encarando.

Junior me olhou sem nada entender.

- pode carregar a arma. Eu não vou conseguir viver com esse peso na minha consciência. Vai em frente cara. Completa tua vingança, e a gente fica empatado. Só não faz nada com meu pai, ele não tem culpa de nada.

Ajoelhei no chão, e fechei os olhos.

Um silencio pairou no ar.

- eu não sou covarde. - disse Junior.

- eu também não sou. - respondi abrindo os olhos.

- então porque matou meu pai? - Junior mirava a arma em minha direção.

- eu não tive intenção cara. Teu pai apareceu do nada.

- isso não é verdade. Você deveria ta alcoolizado ou em alta velocidade.

- nem um nem outro. Você quer mesmo saber o que aconteceu aquele dia?

Junior me encarou.

- fala.

- meu erro foi ter parado pra ver uma mensagem no celular.

Uma lágrima escorreu dos olhos de Junior.

- você o que?

- eu sinto muito Junior. Eu não queria.

- poderia ser outra pessoa cara, mas foi o meu pai.

- e o que eu posso fazer pra consertar meu erro cara? Fala que eu faço.

Junior debochou.

- você vai trazer meu pai de volta?

Por um tempo procurei por uma resposta para aquela pergunta.

- infelizmente não posso, mas acabar com minha vida não iria ajudar.

- talvez diminua minha dor.

- então me mata de uma vez velho. O que tu ta esperando?

Pela primeira vez vi a arma tremer nas mãos do Junior. A arma estava apontando para mim, e eu sentia a bala saindo pelo cano.

O cara me virou as costas, e saiu caminhando lentamente. Não o segui, apenas o vi partir de cabeça baixa.

Quando cheguei ao local onde o carro estava estacionado, já não vi mais o Junior. Bati o barro do corpo, e dei partida no carro.

Não precisei ir muito longe para ver Junior na estrada. Parei o carro e o abordei.

- você sabe que estamos longe da cidade? - falei.

- e? - disse ele fazendo pouco caso.

- ta tarde cara, e é perigoso andar na estrada a essa hora.

- eu sei me virar. Já percorri distancias mais longas.

- mas você não precisa fazer isso hoje. Eu posso te levar.

- eu não quero.

- qual é a tua, cara? Primeiro você coloca uma arma na minha cabeça, depois me traz pra esse fim de mundo pra me matar e não me mata, e agora resolve voltar a pé sozinho.

Junior ficou bem próximo de mim.

- eu quero sim que você morra, mas não vai ser pelas minhas mãos.

- o que você quer dizer com isso?

- eu não vou me igualar a você cara. Eu não sou um assassino.

Junior passou por mim, e me deixou pensativo.

Entrei no carro e voltei pra cidade. No elevador do condomínio, topei com o Alexandre.

- ta vindo da educação física? - disse o cara.

- hã?

- você ta todo sujo. Educação física?

- ah! É.

Alexandre sorriu.

- você vai sair de casa agora? - perguntei assim que a porta do elevador abriu.

- não. - disse ele.

- você se importa de eu tomar um banho no teu apê?

Eu não queria chegar em casa naquele estado. Não queria preocupar, ainda mais, meus pais.

- claro que não. Pode ficar a vontade. - disse Alexandre abrindo a porta do apartamento.

Ele entrou, e eu entrei em seguida.

- bem vindo a minha humilde house. Já entrou em casa de arquiteto?

- nunca. A decoração é tua?

- não. Já peguei ele assim.

- eu achei que o material que você comprou naquela dia, fosse pra usar aqui.

- e é, mas não tive tempo ainda de mexer.

- de qualquer forma, essa decoração ta bonita.

- eu não gosto muito, prefiro algo mais clássico.

- eu não entendo bem desses estilos. - sorri.

- você ainda vai passar por eles. - disse ele simpático.

- espero. Eu posso usar o teu banheiro?

- claro que sim, vou só buscar uma toalha pra você.

Alexandre me acompanhou ate o banheiro e depois disso retornou à cozinha.

Quando saí do banho, encontrei o Alexandre, só de bermuda e avental, fazendo o jantar.

- ta com fome? - perguntou.

- não cara. To muito é como sono. - disse bocejando.

- você vai recusar minha comida? - o cara sorriu.

- ta com um cheiro bom do caralho, mas meu estomago ta um pouco embrulhado hoje.

- eu achei que você fosse jantar aqui. Fiz comida pra dois. - Com uma cara de decepção.

- eu posso tentar. - sorri.

Sentei à mesa, e fiquei observando a desenvoltura do Alexandre na cozinha. O cara era um pouco atrapalhado, mas era esforçado.

- bisteca de porco, você gosta?

- adoro mano.

- minha especialidade. - disse sorrindo. - tem suco de laranja e pêssego.

- pode ser laranja. - respondi.

Alexandre colocou uma jarra de suco na pequena mesa e sentou a meu lado.

Coloquei uma garfada da comida na boca, e o cara me observou sem piscar os olhos.

- então? - perguntou me fitando.

- delícia mano. Do jeito que eu gosto.

- você ta falando isso só pra ser simpático.

- juro cara. Ta muito bom mesmo.

- não ta me enganando?

- não. Ta tão bom, que sou capaz de comer tudo, e deixar você sem.

Sorrimos.

- então quero ver. - disse ele tomando um gole do suco.

Após o jantar, sentamos no sofá sala e ficamos jogando conversa fora. Alexandre me contou sobre seu tempo de faculdade, sobre concursos e sobre o mercado da arquitetura.

- o que tu achou do bar? - perguntou ele.

- maneiro. Quando eu tiver meu próprio lugar, quero ter um desses na minha sala.

- você vai ter. Quer beber alguma coisa?

- pode ser um whisky.

- duplo, com gelo, sem... - disse ele levantando e indo em direção às bebidas.

- duplo e com gelo. - falei esfregando uma mão na outra.

Enquanto Alexandre servia as bebidas, eu lembrava - mesmo sem querer - da noite aterrorizante que havia tido. Tentava entender porque Junior não me matou já que teve chance.

- sua bebida. - disse Alexandre cortando meus pensamentos e sentando a meu lado.

- valeu.

- e la na loja como é que ta?

- de vento em polpa. Tô vendendo muito bem. Acho que me adaptei rápido.

- isso é bom Gabriel. Você acaba conhecendo muitos equipamentos que irá precisar depois de formado.

- eu percebi isso. As vezes eu atendo muitos clientes que são arquitetos e engenheiros, e eu que não sou besta nem nada sugo o conhecimento deles ate a alma.

Alexandre riu.

Ficamos mais um tempo conversando até eu decidir que era hora de ir.

- ta cedo. - disse Alexandre.

- ta nada mano. Já vai da meia noite.

Alexandre olhou no relógio.

- da tempo de emborcar mais uma. - disse ele.

- vamos deixar pra próxima. Já to meio zonzo. - sorri.

- então ta bem. Apareça quando quiser.

- pode deixar.

Alexandre me deixou na porta. Passei no apartamento do meu primo, entreguei-lhe a chave, e depois fui pra casa.

Assim que entreguei, retornei uma ligação do Beto.

***

- fala mano. - falei.

- sumiu cara. Te esperei a noite toda. - disse um pouco chateado.

- desculpa velho, tive um imprevisto.

- quando for assim, avisa mano. Ficamos preocupados.

- desculpa mesmo brother. Não deu nem pra avisar.

- o que aconteceu?

- um probleminha pessoal.

- foi algo muito sério?

- mais ou menos cara. Mas já passou.

- você pode contar comigo se precisar.

- eu sei mano. Valeu mesmo.

- vou deixar você dormir, amanhã a gente se fala.

- até amanha.

***

Muito cansado, tomei uma pilula pra cabeça e dormi.

A semana passou, e eu não tive mais contato com o Junior. Meu pai havia dito que o resultado da pericia ainda não tinha saído. Estava ansioso para que aquele caso se desenrolasse o quanto antes.

No sábado da semana seguinte, estava de folga quando um número com um código de fora me ligou.

***

- oi. - falei atendendo.

- quem fala? - uma voz rouca do outro lado da linha.

- Gabriel. Quer falar com quem?

- tudo bom Gabriel? É o Julio Cesar.

- desculpa amigo, mas não conheço nenhum Júlio Cesar.

- realmente eu não me apresentei. Você me atendeu a mais ou menos uma semana atrás. Combinamos que você me levaria pra conhecer a cidade. Lembra?

- ah! Sim, sim. O cliente de sampa né!? Desculpa brother, mas é que eu não sabia teu nome.

- sem problemas. E aí, você vai fazer alguma coisa hoje a noite?

- nada combinado ate agora.

- to querendo dar uma volta. O que tu me indica?

- depende do teu gosto fera.

- hoje eu to afim de tomar um chopp.

- saquei. Prefere um bar mais agitado ou tranquilo?

- tranquilo, porém animado.

- tem um bar maneiro com mpb ao vivo. Lá é tranquilo, agradável e com bom atendimento.

- é isso que procuro. - disse o meu cliente sorrindo.

- anota o endereço aí.

- preferia que você fosse conosco. Ta muito ocupado?

- to não. Como fazemos, você me busca, ou eu te busco?

- me manda tua localização que eu te pego. - disse ele.

- beleza. Vou mandar pelo whats.

- Certo. Fico no aguardo.

- Até mais cara.

- Até.

***

Assim que terminei a conversa por telefone, mandei a localização. Combinados o horário e sem atrasos Júlio Cesar chegou ao meu apartamento.

Despedi-me da minha família e desci.

Julio Cesar estava com a caminhonete estacionada em frente ao prédio onde moro. O cara estava acompanhado de outros dois homens.

- boa noite. - falei.

- tudo bom Gabriel? - disse Julio me cumprimentando.

- suave. - respondi.

- esse é meu irmão Juliano, e um amigo de trabalho Juan.

- e aí. - falei tocando em suas mãos.

- beleza Gabriel? - disse Juliano.

- tranquilo cara, graças a Deus.

- o que você preparou pra nós essa noite?

- tem um barzinho la na beira da praia muito top. Acho que vocês vão curtir.

- então bora nessa. - disse Juan.

- Tem carteira Gabriel? - Perguntou Julio.

- tenho sim.

- se importa em ir dirigindo já que você conhece mais a cidade que nós?

- de maneira alguma.

Entrei na porta do motora, Julio Cesar foi ao meu lado, Juliano e Juan no banco de trás.

- o que você faz da vida Gabriel? - perguntou Juliano.

Pelo retrovisor eu via seus olhos fixos em minha direção.

- trabalho e estudo. - disse concentrado na estrada.

- legal. Ensino médio? - disse o rapaz Loiro, igualmente ao irmão, porém com uma aparência mais nova, e sem tanta barba.

- não, arquitetura.

- o rapaz tem atitude. - disse Juan.

- um arquiteto e três engenheiros. Daria o nome de um filme de roubo e assassinato.

Os três riram, menos eu. Continuava encarando Juliano pelo retrovisor, e era reciproco pois ele me encarava de volta. O cara tinha algo nos olhos que me causava medo.

- chegamos. - falei estacionando o carro.

Logo na entrada, recebemos uma ficha com o numero da nossa mesa. Sentamos e pedimos de imediato um balde de cerveja.

- lugar bacana. Você vem sempre aqui Gabriel? - perguntou Juliano.

- poucas vezes. Eu curto mais um sertanejão. - falei.

- mpb também é bom. - disse Juan.

- é sim cara. Pra beber tudo é bom. - sorri.

- falando nisso, você não vai beber? - perguntou Julio Cesar.

- não amigo. Vocês podem beber a vontade que eu deixo vocês em casa, e depois pego um táxi.

- amigo da rodada. - completou Juan.

- exato. Álcool e direção não combinam. - lembrei do acidente.

- e não tem risco de você assaltar a gente?

Todos ficaram mudo, deixando Juliano no vácuo.

- qual é? É só uma brincadeira pessoal. - disse o rapaz.

- brincadeira fora de hora mano. - disse Julio César tomando um gole da cerveja.

Juan analisou o cardápio e pediu que o garçom trouxesse uma porção de camarão empanado.

- trás um suco verde pra mim amigo. - pedi antes que o garçom deixasse nossa mesa.

- algo mais? - disse ele.

- limão e sal. - disse Juliano.

- ok. - disse o garçom retirando-se da nossa mesa.

- ta em qual período da faculdade Gabriel? - perguntou Juliano.

- primeiro. Ainda tenho um longo caminho pela frente.

- federal ou particular?

- federal. - respondi.

- o ruim são as greves né!? Isso acaba com o cara.

- pois é. Até agora não tivemos greves. Espero que continue assim.

Juliano tomou um gole da cerveja.

Meu celular vibrou, e eu pedi licença para atender.

Um número estranho. Fui ate o banheiro e atendi a ligação.

***

- oi - falei.

- Oi Gabriel. - disse uma voz do outro lado da linha.

- quem é? - perguntei.

- não reconhece mais a voz do teu macho?

Continua...

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive Berg-fut a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Na primeira temporada acreditei fielmente que o Gabriel e o Victor teria algum tipo de envolvimento amoroso e por fim ele (Victor) engravida a menina.Até o fim dessa saga vou torcer por esses dois juntos.

0 0
Foto de perfil genérica

Adorei o capítulo! Acho que esse relacionamento de Gabriel com Fernando ñ vai mto pra frente!

0 0
Foto de perfil genérica

Sinto que o conto perdeu um pouco sua essencia..Queria muito #Feriel juntos.Mas acho q n vai rolar..

0 0
Foto de perfil genérica

Esse Juliano vai ser problema, gostei desse Júnior e a volta do Fernando não vai ser a mesma coisa. Cadê o Victor?? Acho que o Romance tinha de ser feito no primeiro instante, digo primeira temporada, nessa tem opções melhores, acho que Fernando e Gabriel não rimam juntos mais.

0 0