Morando com o pai

Um conto erótico de André the writer
Categoria: Homossexual
Contém 2035 palavras
Data: 28/02/2017 16:23:33

Meu pai, engenheiro de uma grande companhia multinacional, havia se divorciado muito cedo de minha mãe: eu tinha cinco anos quando mamãe abandonara-o na Inglaterra (fazia, então, pouquíssimo tempo que eles moravam ali, desde que ele fora transferido ao exterior, para acompanhar a expansão da sua empresa na Inglaterra) e voltáramos para o Brasil. Lembro-me pouco deste período no estrangeiro, mas minha mãe relatara-me, anos depois, que meu pai a havia traído com outras mulheres, e, tendo ela descoberto o adultério, não suportou permanecer perto dele. Por causa disso, fora uma ou outra viagem ocasional para as Ilhas Britânicas, cresci sem a presença masculina de meu pai, e só fui conhecê-lo melhor quando completei 17 anos. Pois justamente no ano do meu aniversário de 17 anos, papai voltou ao Brasil, para São Paulo, e eu, que morava no interior do estado, resolvi sair de minha cidadezinha e ir morar na capital, com ele, a fim de fazer cursinho para a Fuvest e Unicamp.

Minha mãe, a princípio, não gostou da ideia de ver seu único filho ir embora da proteção de suas asas, mas eu insisti de verdade em meu objetivo. Meu pai, por sua vez, em todas as ligações telefônicas, parecia exultar de tanta felicidade por ter seu filho pertinho de si finalmente.

Sendo bem sincero, eu nem sabia o que sentir. Nunca tinha sido próximo emocionalmente de meu pai, e não era desejo meu, naquele momento, tornar-me amiguinho dele. Meu único anseio era passar no vestibular para medicina, e eu sabia que em Mairiporã minha preparação seria prejudicada, visto que lá não havia bons cursinhos pré-vestibulares, na época. Nesse sentido, arrumei minhas malas e, com o desejo firme e assente de passar no vestibular, dirigi-me à capital.

Em 2010 – eu, com 17 anos -, já fazia dois anos desde a última vez que eu fora visitar meu pai no exterior. Não conhecia, também, seu apartamento novo nas proximidades da Avenida Paulista (ele recém havia chegado ao Brasil no mês anterior e não teve tempo de ir me ver). Éramos quase dois completos estranhos: nossas conversas por telefone eram mensais, e eu quase nunca mandava fotos minhas. Nos últimos dois anos, inclusive, eu havia mudado muito fisicamente, e não saberia dizer se meu pai iria me reconhecer quando me visse: atingi 1,75 m, meus ombros estavam mais largos, minha voz mais grave; eu deixara crescer uma barba, e pelos surgiram por todos os lugares e cantos obscuros de meu corpo. Naquele ano, os pelos das minhas pernas engrossaram, dando a impressão de haver uma mata sobre a pele, e os de meu peito se tornaram negros e densos, se espraiando pelo tórax e pelo abdômen. Eu estava tão assustado com esta mudança rápida e desproporcional em meu corpo, que, de repente, tornei-me um sujeito tímido e envergonhado em relação a ele. Não tirava mais a camisa em público, deixara de frequentar piscinas, e estava sempre de calças, nunca bermudas ou shorts (inclusive no verão). Minha mãe costumava rir e troçar desta minha súbita timidez, mas também não me obrigava a nada.

Sendo assim, naquele dia escaldante de verão, em pleno fevereiro, esperei - trajando calças jeans e uma camiseta com estampa do Foo Fighters, mala na mão, e óculos de sol protegendo a vista contra o sol - meu pai chegar em seu Corolla preto para me buscar. Minha mãe decidiu que não queria vê-lo, de maneira que permaneci na frente de casa sozinho. Meu pai, porém, chegou pontualmente: às três horas, estacionou seu carro, e, saindo do veículo quase correndo de emoção, veio em minha direção e deu-me, sem cogitar, um abraço bem apertado. Senti a dureza dos seus braços enlaçando-me e, surpreso, permaneci parado, sem mover um músculo.

- Meu Deus, você já está um homem, Ricardo! – exclamou meu pai, registrando-me de cima a baixo.

Porém, se meu pai estava surpreso, eu estava ainda mais. Não pelas suas reações exageradas. Quando eu ia pra Inglaterra, ele costumava quase chorar de emoção ao ver-me, depois de um longo tempo distante, no aeroporto. Mas sim porque, pela primeira vez, eu reparava em meu pai como o homem atraente que ele era. Vestindo uma regata branca que desnudava seus braços definidos e descobria os pelos de seu torso, e bermuda jeans, que terminava dois dedos acima do joelho, meu pai exalava certa masculinidade que me deixou com o coração aos pulos. Eu já sabia que era gay, mas meus hormônios adolescentes pareciam querer jogar isso em minha cara com toda força, fazendo-me sentir atraído pelo meu próprio pai!!! E, meu Deus, como ele estava... gostoso.

Estupefato, quase tive dificuldades em alguma coisa, mas o fiz com certa dificuldade.

- Oi, pai! Quanto tempo... – suspirei.

- Quanto tempo, meu filhote. Você está um gato. Nem acredito no que estou vendo. Mas deixa eu ajudar você. Me dá sua mala!

Resolvi respirar fundo e deixar para trás qualquer vestígio de excitação que estivesse perpassando meu eu. Entramos no carro, meu pai pisou na embreagem, e fomos juntos para São Paulo.

A viagem transcorreu bastante tranquila. Meu pai vez e outra fazia uma pergunta, eu lhe respondia. Nada demais: como iam os estudos, como tinham sido as férias até agora, novidades sobre a saúde da minha mãe (que tinha já os seus desafortunados problemas de saúde)... essas coisas. Eu aproveitava os momentos em que percebia meu pai distraído, ou concentrado com o trânsito, para dar rápidas olhadas em seus braços levemente musculosos e recobertos de pelos. Reconheci-me neles; se na família da minha mãe, todos os homens possuíam portes físicos completamente diferentes do meu (meus primos e tios são todos loiros, imberbes), eu me assemelhava ao meu pai e isto, de alguma maneira, fez-me sentir-me um pouco mais confortável com que eu era.

Logo chegamos em São Paulo. De longe, pude contemplar o prédio em que, supostamente, passaria meu próximo ano de vida. Era charmoso, mas não moderno ou mesmo nobre como costumavam ser suas moradias na Inglaterra. Subi os andares da escada (não havia elevador) bastante curioso para saber que tipo de residência meu pai alugara em São Paulo. Pois antes de entrarmos no apartamento, meu pai me interpelou:

- Ricardo, preciso te contar algo. – ele começou, subitamente – O papai perdeu o emprego. Voltei para o Brasil só com minha reserva. Por causa disso, estou morando num apartamento pequeno, de um só quarto. Estou querendo retomar minhas atividades, mas está difícil. Você compreende? – disse ele com a voz embargada, lágrimas se estreitando nos olhos. Condoí me dele como nunca antes.

- Claro, pai. Super entendo.

Entrei na casa. Um sofá grande, confortável, retrátil, um tapete fofo e um rack. Na parede, fotos minhas com ele, de quando eu era um nanico. Tudo de muito bom gosto; apesar de a decoração ser simples, transparecia-se certa elegância típica de meu progenitor. A sala era pequena, mas bem ajeitada, no final das contas. Meu pai, porém, logo que entrou, já foi tirando os sapatos e, para minha completa surpresa, sua regata e suas calças. Trajando unicamente sua cueca samba canção azul listrada em branco, que terminava em suas coxas, ele se justificou, após este pequeno espetáculo que me deixou de mandíbulas abertas:

- Eu costumo andar desse jeito em casa. – disse meu pai rindo – Como estou sem ar-condicionado, por enquanto, não dá pra relaxar com muita roupa. Olha! – exclamou papai, aproximando-se de mim – Tira essa sua camisa suada, toma um banho, relaxa. Pode até ficar pelado se quiser. Estamos agora em dois machos em casa... portanto, sem formalidades.

Observei seu torso suado, o abdômen quase sarado, que se sobressaía e indicava que ele não havia deixado de malhar. As pernas grossas atraíram meus olhares indiscretos, mas não quis focar no volume em suas cuecas. Retruquei:

- Vou tomar um banho, ok?

- Sem problema. Vou colocar sua mala em seu quarto.

- Meu quarto? – disse, espantado.

- Sim, ué. Eu vou dormir na sala enquanto não nos mudamos daqui. Quero que você fique o mais confortável possível.

- Mas... – tentei começar.

- Nada de “mas”. Depois conversamos sobre isso, ok? Vá lá tomar seu banho. Pega essa minha toalha.

Cumprindo o que havia dito, fui tomar banho. Levei uma toalha, uma camiseta folgada, uma cueca slip branca e uma bermuda jeans (que há mais de um ano não usava). Como já disse, desde as mudanças corporais que passara a sofrer durante a adolescência, eu deixara de usar bermudas que descobrissem minhas pernas pilosas. Na verdade, nada mais me envergonhava do que os pelos em minhas pernas e meu peito. Entretanto, sabendo que meu pai também era peludo, diferentemente de meus familiares, senti um ímpeto de coragem e, enquanto tomava banho (tentando não pensar no corpo seminu de meu pai), tomei a súbita decisão de deixar aflorar um novo eu: meu novo eu não sentiria mais vergonha de seu corpo másculo, peludo. Eu não era como aqueles menininhos imberbes que eram meus primos (quase feminis), e passaria a sentir orgulho disto. Sendo assim, saí do banheiro sem camisa, unicamente com minhas cuecas e bermuda jeans. Secando meu cabelo com a toalha, dirigi-me à sala de estar, onde estava meu pai sentado, assistindo televisão. Ao ouvir os passos meus, desviou sua atenção da TV para mim e, digno de sua herança italiana, falou bastante alto, como se eu não conseguisse escutá-lo:

- Ricardo, filho meu! Você já está um homem mesmo! Tem quase tanto pelo no peito quanto eu, rapaz! Voz grossa, peludo, barba! É um homenzarrão mesmo.

Por um segundo, fiquei envergonhado, mas, vendo a emoção súbita de minha figura paterna, entrevi que meu pai estava realmente admirado de minha transformação. Era como se, finalmente, ele tivesse percebido que eu deixara de ser o piá que ia visitá-lo corriqueiramente na Inglaterra, e tivesse me transfigurado num homem – quase tão homem e adulto como ele. Sentei-me no sofá ao seu lado, para que ele pudesse me observar melhor (e, confesso, para que eu pudesse visá-lo também).

- Rapaz, como eu pude perder tudo isso? Ver você crescendo, sabe? Eu não consigo acreditar nisso.

- Tudo bem, pai. Agora a gente vai ter a oportunidade de recuperar o tempo perdido.

Meu pai me fitou ternamente. Ficamos nos olhando, pai para filho, filho para pai, como se estivéssemos nos conhecendo pela primeira vez.

Após alguns segundos que pareceram horas, meu pai, como que saindo de um transe, disse:

- Só me faz um favor, Ricardo. Não precisa fazer cerimônia. Tira essa bermuda de brim pesada, aqui está quente. Aqui em casa a gente anda o mais natural possível, assim como provavelmente você andava na sua casa.

Ri um pouquinho.

- Mas eu não uso essas cuecas folgadas que nem você, pai! Por baixo, eu estou só com uma cueca slip, dessas cavadinhas, sabe? E essa é minha única bermuda, não tenho nenhuma outra mais leve para andar em casa.

- E o que que tem? Fica com a sua cueca cavada ou seja o que for. Eu, por exemplo, durmo pelado, do jeito que vim ao mundo. Se eu ando isso, não vou me importar que você faça o mesmo, né?

Eu assenti. Meu pai dormia nu, pelado, do jeito que veio ao mundo. Senti uma onda de excitação passar pelo meu corpo. Eu precisava ver isso. Por algum motivo que eu não consigo enumerar, naquele momento retruquei rapidamente:

- Ok, eu fico bem à vontade, andarei de cuecas se você quiser. Mas vou te pedir outro favor: você vai ter de dormir no quarto. A cama é de casal. Podemos dividir. Ou eu coloco um colchão no chão e dormimos lá. Só não quero que você durma na sala, ok? Não aceito.

- Tudo bem, filhote. Acordo desproporcional esse, hein? Só te fiz uma sugestão.

Pois, acatando sua sugestão, tirei minha bermuda. Fiquei só com minha cueca slip, de modo que estávamos ambos agora na mesma posição vulnerável, de seminudez. Estávamos assentando ali um acordo de liberdade, e eu gostava disso. A partir daquele momento, eu, Ricardo, iria experienciar uma série de liberdades, inclusive, que nunca imaginei ter com meu próprio pai. Mas isso relatarei em outro momento.

Dirigi-me à sala, sentei-me no sofá, e, juntos, minha coxa quase grudada na coxa de meu pai, fomos assistir ao Jornal Nacional. Nada mais familiar e tradicional do que este hábito próprio da família tradicional brasileira.

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Comentários

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Nossa, começou tão bem! Dá até desânimo de ver a data e perceber que não teve continuidade...

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Quanta heteronormatividade dá até ânsia ler umas merdas dessas. Quer ser machinho, bombadinho, peludinho, seja. Mas não venha diminuir os gays femininos que fogem desses padrões de gêneros ridículos seus, porque somos nós quem estamos diariamente militando e lutando por direitos que caras como você usufruem nas sombras. e pro amigo Atheno: NADA define masculinidade. a idealização da masculinidade é um câncer, fruto de uma sociedade machista e patriarcal e cheia de padrões de gênero.

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UM BOM COMEÇO. MUITO INTERESSANTE. GOSTO DESSE TEMA (PAI E FILHO). VOU LER COM CERTEZA. CONTINUE

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Show cara... aguardo seus novos capítulos....

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Legal, descreve o pai com detalhes. cuidado, não é cabelo q define masculinidade

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Finalmente!, finalmente, um bom escritor na CDC denovo. Boa escrita e ta tudo muito claro. Pronto pro próximo Cap. Abração

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