Terminamos o banho, nos arrumamos e todos já esperavam por nós na sala para descermos.
MARIA: até que enfim! Tava ficando com raiva de ficar escutando os gemidos de vocês!
EU: deu pra escutar?! - sem perceber, já entreguei o jogo aí.
MARIA: na verdade, não... só queria que você admitisse que rolou mesmo! - Todos riram.
EU: meu Deus, que vergonha... - coloquei a mão no rosto. - Releva, galera, releva! Vamos descer logo.
Descemos a escadaria de pedra que levava à praia, carregando cadeiras de praia, isopor com cerveja e alguns petiscos. Aquela parte da praia era bela, com ondas perfeitas para quem surfa e não tinha ninguém. Era quase como uma área particular. A gente podia fazer o que quiser ali e ninguém ia saber.
Passadas algumas horas já era noite. Matheus, Victoria e Gabi conseguiram ficar bem bêbados nessas poucas horas, então subiram para dar um cochilo. Ficamos só eu, João, Maria e Carlos, cantando e conversando enquanto João tocava seu violão.
CARLOS: gente, vou subir para trazer mais bebidas e uns salgadinhos. Maria, vem comigo?
MARIA: ok. - Os dois se levantaram e seguiram rumo às escadas.
João olhou para mim. Eu sentia que ele queria se explicar, mas não conseguia. Então eu mesmo falei:
EU: tá tudo bem, João. Isso não vai mudar nada entre a gente. - Apoiei minha mão em seu ombro.
JOÃO: pode até estar para você, mas sei que para mim não está tudo bem... - falou, abaixando os olhos.
EU: por que não?
JOÃO: não está óbvio? - Olhou no fundo dos meus olhos.
EU: eu estou confuso, não tem nada óbvio para mim...
JOÃO: eu gosto de você, Dudu. Não sei o porquê, já que eu sempre gostei de meninas. Mas não consigo parar de pensar em você. Eu queria te dizer antes de você ficar sério com Matheus e eu não ter mais nenhuma chance.
EU: eu não sei nem o que dizer... - Abaixei o olhar.
JOÃO: não precisa dizer nada, só me dá um abraço.
EU: claro. - Puxei-o para um abraço bem apertado que pareceu durar horas. Nossas respirações compassadas e profundas. Eu amava João mais que qualquer um dos meus amigos, mais ainda do que Matheus. Não suportava vê-lo triste, ainda mais se a tristeza fosse por minha causa. Nos desvencilhamos e passamos um bom tempo nos olhando, seu rosto chegando cada vez mais perto do meu, até que ele me beijou. Um beijou calmo e cheio de timidez, mas verdadeiro. Mais verdadeiro que qualquer um que Matheus tenha me dado, e confesso que demorei um tempo para me afastar. Ele me olhou e disse:
JOÃO: desculpa...
EU: tudo bem. Só não deixa isso mudar nossa amizade, por favor. Eu te amo demais.
JOÃO: tudo bem. Eu também te amo, meu amigo.
Maria e Carlos chegaram logo depois com as bebidas e ficamos mais uma meia hora lá, apenas conversando, até que o cansaço bateu e subimos. Ao chegar lá em cima, Maria me puxou para um canto e disse, bem séria:
MARIA: o que foi aquilo lá embaixo, Eduardo?
EU: ai, você viu...
MARIA: sim, e espero que saiba no que está se metendo.
EU: não estou me metendo em nada, foi na fraqueza do momento.
MARIA: que fraqueza, pelo amor de Deus?
EU: João disse que gosta de mim, Maria... ele estava tão triste porque sabia que eu estou com Matheus, e queria tanto me dizer isso antes de eu começar a ficar sério. Eu o amo tanto, Maria, não consigo vê-lo triste. Então nos beijamos, e foi um beijo tão sincero, tão surpreendentemente calmo e sincero... eu não sei o que fazer. - Abracei-a.
MARIA: tudo bem, tudo bem. Apenas siga seu coração, ok? Faça qualquer coisa, menos iludir os dois.
EU: ok. Obrigado.
CONTINUA...