Fernando segurava meu rosto com as duas mãos.
- eu nunca beijei um homem.
Fernando me olhava fixamente.
- me ensina Gabriel, me ensina a entrar nesse teu mundo cara. Cuida de mim, e eu prometo cuidar de tu.
Fernando respirava aceleradamente. Seu rosto estava suado, seu olhar era enigmático.
Aos poucos nossos lábios foram se aproximando. Fernando olhava para meus lábios. Um choque térmico percorreu meu corpo, quando eu senti aquela boca quente e macia junto a minha. Meu hétero começou com um selinho, e depois foi dando forma e vida ao beijo.
Minhas mãos impacientes foram de encontro as costas do Fernando. Infiltrei-me por baixo de sua camiseta e fui sentindo sua pele robusta.
Fernando parou de me beijar e seu rosto distanciou-se um pouco do meu. O cara me olhava com o olhar profundo. Quando menos esperei, Fernando voltou a me beijar, e dessa vez rolava mais vigor. Suas mãos me apertavam com força, fazendo com que eu não pudesse escapar. A língua do Fernando trafegava dentro da minha boca, tentando alcançar minha garganta. Aquele sabor de creme dental fresco me causava arrepios.
Fernando me soltou, e lentamente seu corpo foi desfalecendo sobre o assento do motorista.
O carro seguiu viagem, e eu - o tempo todo - passava a língua nos lábios para poder relembrar aquele sabor.
Depois de sairmos da estrada, Fernando pegou uns dois quilômetros de ramal, e em seguida entrou num terreno de mata baixa. O cara estacionou o carro ao lado de outros três.
- pensei que fosse só a gente. - falei ainda dentro do carro.
- a gente e alguns amigos. Tem problema? - disse ele tirando o cinto de segurança.
- nenhum. - falei.
- vamos lá?
- bora.
Saí do carro e dei uma esticada. Muito tempo na estrada havia me presenteado com algumas dores na coluna. Fernando abriu o bagageiro e tirou alguns equipamento e um isopor com carne e gelo.
Caminhei ao lado de Fernando até um espaço coberto, onde já haviam outros amigos dele assando uma carne.
- fala comandante. - disse um amigo o cumprimentando.
- e aí guerreiro. - respondeu Fernando.
- e essa pescaria? - perguntou o homem.
- vamos nos organizar. - disse Fernando.
- fala mestre. - o cara me cumprimentou.
- e aí amigo. - retribuí o gesto.
- esse churrasco ta safo mesmo? - perguntou Fernando.
- ta sim comandante. Só o tempo que ta onça. - respondeu o rapaz.
- é... Parece que vai cair uma água. - disse Fernando olhando para o céu.
Eu ouvia, mas não conseguia entender o que tais expressões queriam dizer.
Fernando me apresentou para outras pessoas, e eu descobri que eram amigos de trabalho e conhecidos.
Enquanto alguns faziam o almoço, Fernando, outros dois amigos e eu fomos jogar a tarrafa em um açude pra ver se estava bom de peixe.
- já pescou antes Gabriel? - perguntou Joaquim, amigo de farda do Fernando.
- com rede assim não, somente com vara. - respondi.
- assim é mais rápido, e prático também. Quer ver? - disse Joaquim.
- quero. - respondi.
- segura lá na outra ponta.
Fernando nos observava de longe.
- espera. - disse Fernando ao me ver entrar na água.
- que foi? - parei e olhei pra ele.
- é melhor você aguardar aqui fora, e só ajudar a puxar a tarrafa.
- por que?
- Essas águas são perigosas. Você disse que nunca pescou dessa forma. - disse ele.
- deixa o cara Fernando. - disse Joaquim.
- fica na tua Joaquim. - rebateu Fernando.
- tem perigo não Fernando. Nunca pesquei com rede, mas eu sei nadar muito bem.
Fernando me lançou uma cara de desaprovação.
Após lançar a tarrafa na água, voltamos para almoçar. Fernando estava calado comigo, e eu sabia muito bem o motivo.
- você ta chateado porque eu não te obedeci? - falei enquanto lavávamos as mãos.
- eu falo as coisas pro teu bem, e você não me ouve. - disse ele me fitando.
- mas isso não tinha perigo Fernando. Eu não sou frágil não cara, e eu posso fazer as mesmas coisas que você, tranquilamente.
- tudo bem Gabriel, é que as vezes eu quero te proteger demais.
- tu pode repetir?
- o que?
- isso que tu acabou de falar.
- que eu quero te proteger?
Aquilo brotou um sorriso em meu rosto.
- isso é serio Fernando? Você se preocupa a esse ponto comigo?
- você ainda tem dúvidas? - disse ele secando as mãos na bermuda.
- bora lá? Churrascada ta no ponto. - disse Caleb, outro amigo de farda do Fernando.
- ta com fome? - disse Fernando.
- morrendo.
- então bora lá. Você não faz ideia do quanto esse pessoal aqui come.
- conversa. - disse Caleb. - o que mais come aqui é ele. - disse apontando para o Fernando.
Nós rimos.
Caleb, era um cara de aproximadamente trinta e cinco anos. Após eu fazer meu prato, sentei ao lado de sua esposa, que por sinal estava grávida de uns sete meses.
- deixa que eu junto pra você. - disse ao ver seu pano de prato cair no chão.
- obrigada Gabriel. - disse ela agradecida.
- disponha. - falei simpático.
- gostou da farofa?
- muito boa. - respondi.
- receita da minha vó.
- diga a ela que ficou muito boa. - falei com sinceridade.
A mulher sorriu.
- a receita é dela, mas foi eu quem fiz. - disse sorrindo.
- ah sim, foi mal. - sorri. - Ficou boa mesmo viu, vou até repetir. - falei levantando e indo em direção as panelas.
Joaquim estava na grelha do churrasco.
- Joaquim. - falei chegando junto ao homem.
- diga lá Gabriel. - o homem passou um pano na testa pra limpar o suor.
- pode por mais uma toscana aqui? - falei com meu prato em mãos.
- até mais Gabriel, é só falar.
- valeu Joaquim.
- fraldinha?
- aceito também. - falei sorrindo.
Após o almoço, descemos para ver a tarrafa. Meti-me no meio e ajudei a puxar.
- o mar hoje esta pra peixe. - brinquei ao ver a rede cheia.
Fernando me deixou a vontade, mas não saiu do meu lado.
A tardinha fomos jogar uma partida de futebol na quadra de areia improvisada.
Formamos duplas, e eu joguei quase todas as cercas ao lado do Fernando.
- passa a bola Gabriel. - gritou ele ficando desmarcado.
Fintei Caleb, e dei uma assistência para o Fernando marcar mais um gol.
- isso aí. - falei o cumprimentando.
Lembrei das partidas de futebol onde eu tentava impressionar o Fernando. Agora eu tinha ele ali pra mim, pelo menos eu tentava pensar assim.
Ao cair da noite voltamos para a casa.
- quer que eu dirija? - perguntei antes de entrar no carro.
- ta cansado não? - disse Fernando.
- to nada.
- então eu vou querer. - disse ele me jogando as chaves.
Despedimos-nos dos amigos do Fernando e pegamos a estrada de volta pra casa.
- você ta apressado em chegar em casa? - perguntou Fernando.
- não. - falei ao volante.
- quer dar uma passada na casa do meu amigo?
- quero. - olhei pra ele com um sorriso de canto de boca.
A pedido do Fernando, estacionei o carro na calçada, e entramos pelo portão principal.
- quer comer alguma coisa? - Fernando jogou as chaves em cima do sofá.
- não, não. To de boa. - respondi.
O cara foi subindo as escadas e tirando a roupa.
- bora tomar uma chuveirada. - disse pegando uma toalha.
- não. Eu te quero assim.
- assim desse jeito? - ele sorriu.
- é. - lambi meus lábios.
Fernando me dava muito tesão, e eu queria prova-lo naquele estado.
Cheiro de mato, sujo de areia, suado e bronzeado.
Encostei Fernando na parede, e comecei a beijar seu corpo. Fernando deixou cair a toalha no chão, e foi descendo minha cabeça, fazendo com que eu percorresse por todo seu abdômen até chegar a sua cueca.
Sua rola, dura, latejava por dentro do pedaço de pano.
- chupa vai. - disse ele.
Ajoelhei-me e fiquei analisando aqueles dezoito centímetros que estava na minha frente.
Comecei por beijar sua cueca, sentindo a pressão daquela rola em meu rosto.
- isso moleque.
Fernando colocou apenas a cabecinha de sua rola para fora da cueca, e ela babou na minha boca.
- caralho. - Fernando se contorcia na parede.
Abaixei sua cueca lentamente e aquela pica pode respirar. Fernando segurou, firmemente, minha nuca, e tentou penetrar minha boca, mas eu me esquivei.
- quer me torturar? - disse ele sorrindo.
Coloquei minha língua pra fora, e comecei a lamber os ovos do Fernando.
Ele masturbava sua pica, e ela ficava ainda mais inchada.
- chupa ela. - disse mirando sua pica em minha boca.
Aos poucos aquela rola foi entrando, e eu fui sentindo todo o sabor.
- olha pra mim. - disse ele.
Fernando acariciava meus cabelos enquanto penetrava em minha boca.
- isso Gabriel. Mama tudinho vai. - dizia ele entre gemidos.
Eu segurava com força pela cintura do Fernando e sua rola começava a fazer um movimento de vai e vem em minha boca.
- baba nela vai. Deixa ela toda babadinha.
Quanto mais Fernando falava, mais vontade eu tinha em mama-lo.
Fernando inverteu as posições, e me colocou de joelhos na parede.
- Abre a boca. - disse ele com firmeza.
Assim o fiz.
- coloca a linguinha pra fora.
O abdômen do Fernando contraia bastante, devido a sua respiração acelerada.
O cara foi introduzindo sua rola, lentamente, na minha boca.
- gosta disso? - disse ele.
Eu confirmei com a cabeça.
- gosta do sabor da minha rola?
Confirmei mais uma vez com a cabeça.
Fernando começou a penetrar com força, e eu sentia o sabor salgado de sua pica quente.
- vem cá. - disse ele me levando ao banheiro.
Tirei minha roupa, e Fernando pediu para que eu ficasse de quatro.
Fernando ajoelhou atrás de mim, e cuspiu em meu cu. Em seguida ele começou a lubrifica-lo.
- quer que eu te coma? - disse Fernando com um dedo enfiado em mim.
- quero. - falei em êxtase.
- então pede. - disse ele com os dentes trincados.
- me come Fernando. - falei gemendo.
- assim não. Pede com jeitinho vai. - disse ele.
Fernando continuava com o seu dedo dentro de mim.
- me come Fernando. Mete em mim vai. - falei.
- ta melhorando. - Fernando sorriu.
O cara tirou o dedo de dentro de mim, e deu mais uma cuspida diretamente no meu cu.
Aos poucos, Fernando foi introduzindo aquele pau dentro de mim.
- só a cabecinha - disse ele num fio de voz.
Fernando segurava firme minha cintura, e não me deixava escapar.
Aos poucos o corpo de seu membro foi se alojando dentro de mim.
- ai. - gemi.
- shiii. Calma. Essa dor vai já passar. - disse Fernando.
Ficamos por um bom tempo naquela posição. Fernando colocava a cabeça de sua rola, vagarosamente.
- isso. Vou colocar só a cabecinha. - disse ele.
Fernando foi empurrando pouco a pouco, até seu pau me envolver por completo.
- nem doeu né!? - disse.
Fernando ficou com o pau dentro de mim por um bom tempo.
O cara penetrava de vagar, até eu me acostumar. Depois, começou a socar com força, me arrancando gemidos mais altos.
- isso. Geme na minha rola vai, geme.
Fernando, incrivelmente, se entregava a mim naquele momento.
- que cuzinho gostoso Gabriel.
O corpo do Fernando foi caindo por cima do meu. Sua boca pausou na minha nuca.
- ta gostando?
- muito. - respondi.
- já provou algum pau melhor que o meu? - perguntou ele.
O cara socou ainda mais forte.
- responde Gabriel. Já levou rola melhor que essa?
- não cara, a tua é a melhor.
- e o que eu sou teu?
- tu é meu macho.
- o que? não ouvi. - dizia ele com a voz cansada de tanto socar em mim.
- tu é meu macho Fernando.
- isso Gabriel. - ele fez carinho em meu pescoço.
Fernando fodia gostoso. Seu membro encaixava perfeitamente em mim.
Depois de um tempo naquela posição, Fernando ficou por baixo, e eu fui por cima de sua rola.
Fernando segurou minha cintura, e eu pude ver seu olhar de tesão.
- senta. - ordenou.
Respirei fundo, e sentei em cima de suas pernas.
- calma aí. - falei buscando ar.
- o que foi? - perguntou preocupado.
- as costas ta doendo. - falei sorrindo e passando as mãos nas costas.
- quer ir pra cama?
Balancei a cabeça que sim.
Fernando me levou até a cama e me deitou de barriga pra baixo. Ele veio subindo por cima de mim, e voltou a me penetrar.
- as costas ainda doem? - perguntou antes de começar a socar forte.
- assim ficou melhor.
Fernando passou uma almofada por baixo do meu estomago, e me deu mais rola.
Depois de algum tempo o cara gozou nas minhas costas, e eu gozei em seguida.
Fernando virou e deitou em cima da cama.
- você tem quantos anos mesmo Gabriel? - disse ele olhando para o teto e enxugando o suor de sua testa.
- dezoito. - respondi me levantando.
Fui ate o banheiro, e abri o chuveiro. Quando menos esperei, Fernando apareceu por trás de mim.
- tem problemas se a gente tomar banho juntos? - disse ele.
- não pô. - respondi.
Fernando me pressionou na parede, e me abraçou, beijando meu pescoço.
- gostei da nossa foda. - disse ele ao pé do ouvido.
- eu também. - falei baixo.
- você acha meu pau bonitinho? - disse ele passando sabonete e brincando com o próprio membro.
eu ri.
- é engraçadinho. - falei sem conseguir conter a risada.
- engraçadinho? Por causa dessa gracinha você vai levar mais roladas.
- eu retiro o engraçadinho mano. Teu pau é muito bonito.
- tem perdão não. Você vai levar mais umas roladas pra deixar de graça. - disse ele sorrindo.
Dito e feito. Antes de voltarmos para casa, demos mais uma transada.
No dia seguinte acordei disposto. Cheguei na faculdade cedo, tomei um café reforçado e não dormi durante a aula.
- você ta sabendo do B.O que deu a festa na fazenda do Kadu? - disse Lucas.
- não. O que houve? - perguntei.
- as filmagens vazaram.
- mas todo mundo já tinha visto mesmo. Qual o problema mano?
- parece que ate o reitor viu.
- caralho mano. Fala isso não.
- juro.
- e o que pode acontecer agora?
- não faço ideia.
Dei uma olhada na sala, e não vi o Gustavo.
- ele não veio hoje?
- se eu fosse ele nunca mais apareceria.
- será que fizemos o certo?
- isso nunca iremos saber. Talvez tenha sido muito pesado o castigado dele.
- minha consciência ta me maltratando.
- fica com esse grilo não. Você não fez mal à ninguém.
Confirmei com a cabeça.
Após a aula, eu fui direto pra loja.
- ta queimadinho né!? - disse Rômulo ao me ver.
- nem te falo mano. Passei o domingo pescando e jogando bola.
- é ne!? E eu me fodendo.
Eu ri.
- que tu fez mano?
- to construindo a casa da minha mãe.
- não sabia que tu era pedreiro.
- nem eu cara. Mas a necessidade faz o ladrão.
- sei bem como é isso mano. Mas as vezes a prática traz a perfeição. Né o que dizem?
- exatamente.
Aquela tarde eu fiquei mais solto. Já entendia do sistema, e começava a atender sozinho. Seu Josué sempre me dava umas dicas, e dizia que eu seria um bom vendedor.
Aquela semana passou voando. Gustavo não apareceu pela faculdade; Fernando e eu já havíamos ficado umas duas noites; Beto tinha conseguido uma bolsa pra mim; a namorada do Victor iria ter um filho.
- e ela já sabe quem é o pai? - falei sorrindo quando recebi a notícia.
- vai tomar no cu mano. Só quem mete ali sou eu.
- sei. Eu desconfiaria dessas viagens dela a diamantino. - sorri.
Victor me deu um soco no ombro.
- To feliz por você cara. Já sabe o sexo da criança?
- ainda não mano, mas sei que vai ser um menino.
- como tem tanta certeza?
- quero que seja um homem mano. Se for mulher tudo bem, mas eu to na expectativa que seja macho.
- vou torcer pra ser mulher.
- tu é do contra né seu filho da puta!?
- claro.
Sorrimos.
- já ta sabendo que tu vai se padrinho né!? - disse ele.
- num brinca.
- sério. Não poderia ser outra pessoa irmão. Tu aceita?
- claro que aceito seu viado do caralho.
Dei um abraço em meu melhor amigo.
- tu ta chorando cara? - falei olhando seus olhos molhados.
- tudo passa tão rápido velho. Parece que foi ontem que a gente se conheceu no colégio.
- quantas coisas passaram né!?
- muitas mano. Eu tenho tanto medo.
- medo de que pô? - perguntei.
- o futuro me assusta cara. As vezes tenho medo do que vai ser da minha vida.
- pensa isso não velho. Talvez nosso futuro não seja algo tão bom, mas pra que começar a sofrer agora?
Victor passava as mãos nos olhos.
- eu sei que estou muito ausente de uns tempos pra cá, mas eu quero que a gente volte a velha amizade de antes.
- claro que sim mano. Nada mudou não.
- vamos fazer alguma coisa hoje?
- hoje eu já combinei com o Danilo.
- o que vocês vão fazer?
- tomar um teres lá na pracinha do bairro.
- eu posso ir la com vocês então.
- claro velho. Traz tua gata.
- ela ta pra diamantino.
- puta que pariu caralho. Outra vez? E tu ainda acha que esse filho é teu?
Victor sorriu.
Eu passei a ver o Fernando com mais frequência. A cada dia, eu me sentia mais presso aquele cara. Seu corpo, sua boca, seu perfume: Tudo me lembrava ele.
Naquela noite de sexta, eu estava com os amigos em uma praça, em frente ao condomínio, onde morava com meus pais.
Danilo tocava sua viola, enquanto estávamos sentados na grama dividindo um teres.
Eu via o sorriso da menina ao comprar um algodão doce, via o casal de namorados jogando comida para os patos no lago, a babá empurrando o carrinho com a criança, o gari tentando manter a praça limpa, vi até o meu avô dando uma azarada na dona Dolores.
Sorri. A vida não podia ser mais perfeita.
Fernando mandou uma mensagem perguntando minha localização, e em pouco tempo ele estacionou o carro na parte de trás do meu prédio.
****
- vem aqui rapidão. - disse na mensagem.
- beleza.
****
Expliquei para meus amigos que iria resolver uma coisa rápida, e fui onde Fernando estava.
Quando cheguei, ele destravou o carro, e eu entrei.
- e aí. - falei.
- e aí. - disse ele desanimado.
- ta tudo bem? - perguntei.
- ta. - disse ele. - e por aqui?
- tranquilo. - respondi.
- teus amigos tão aí né!?
- tão lá na praça. O Danilo ta tocando umas modas de...
- eu to indo embora nessa madrugada. - ele me interrompeu.
Foi rápido e direto.
Olhei para o Fernando, e ele evitava me encarar naquele momento.
- que? - falei num fio de voz.
- eu vou pra uma missão. - disse ele.
Fernando olhava para o horizonte, eu, idem.
- quanto tempo? - perguntei com a garganta seca.
- uns dois meses.
Uma lágrima escorreu sem querer.
- teu trabalho né!?
Fernando balançou a cabeça em confirmação.
- por que tu não me falou antes?
- não queria estragar as coisas entre a gente.
- e o ombro?
- totalmente recuperado já. E você cuidou de mim demais.
- foi nada não. - falei tentando conter as lágrimas.
- você é um cara especial Gabriel.
- você também Fernando. Eu te desejo sorte cara.
- obrigado. - ele disse calmo.
Estiquei minha mão para cumprimentar Fernando. Ele olhou pra mim, olhou pra minha mão, e em seguida me puxou pela nuca e acertou-me um beijo.
Um beijo sereno e calmo. Seus lábios molhavam os meus.
Quando Fernando se afastou de mim, usou suas mãos para enxugar minhas lágrimas.
- não chora. - disse sereno.
- é um choro de felicidade cara. Eu consegui realizar o sonho de ficar contigo, pena que foi curto, mas valeu.
- como curto? Você não vai me esperar?
- dois meses Fernando? Tanta coisa vai acontecer em dois meses.
- dois meses passa rápido.
Quanto mais eu ouvia a voz do Fernando, mais eu chorava.
Fernando tirou uma caixinha do porta luvas, do carro, e me entregou.
- abre. - disse ele.
- o que é isso? - falei rasgando o embrulho.
- é um presente.
Após abrir a embalagem, eu encontrei um cordão.
- é igual o meu. - falei sorrindo.
- é... Ele vai ficar te protegendo enquanto eu tiver fora.
- e o que eu te dei?
- ta aqui. - disse ele beijando o escapulário.
Fernando na mesma hora me ajudou a colocar o cordão.
- você pode me prometer uma coisa?
- fala.
- enquanto eu tiver fora, dar uma maneirada na bebida. Tu é tão novo Gabriel, e isso pode acabar te fazendo mal.
- ta bom. - falei com a voz falha.
- promete?
- prometo.
Fernando levantou meu rosto com seu dedo indicador, e me deu um abraço apertado,
- se cuida. - disse ele.
- você também. - respondi.
- dois meses eu to de volta.
- eu vou continuar aqui.
O carro do Fernando partiu. Ali dentro ia o único cara que eu tinha certeza já ter amado na vida.
Sequei meus olhos, respirei fundo, e atravessei a rua.
Voltei para os meus amigos, e a roda tava animada.
Danilo, Victor, Beto, Lucas, Kadu... Velhos e novos amigos. Porque a vida é isso: Vão uns e vêm outros.
Se o Fernando, e eu vamos namorar um dia? Se ele é hétero mesmo? Se ele foi a melhor escolha?
Só o tempo.
Não me arrependo de ter ido ate o fim. Realizei o grande sonho de ficar com ele, e eu estava feliz demais. Eu tinha os melhores amigos, e isso bastava a mim.
Se vai da certo essa loucura de esperar o Fernando?
Só depois de dois meses eu vou saber.
Um grande amigo - uma tarde - me disse algo que eu nunca vou esquecer. '' Você vai ser feliz, mas antes a vida vai te ensinar a ser forte''.
♫♫♫
Acabou
Como a folha que o vento levou
Como a areia que o mar carregou
Como fogo que a chuva pagou
Acabou nosso amor.
♫♫♫
Bom galera. Em janeiro, fez exatos um ano que estou escrevendo aqui na casa. Sei que é difícil agradar a todos, e eu assumo que meus contos caíram de rendimento com o passar do tempo. Acho que depois de muitos contos a gente acaba perdendo um pouco da criatividade. Nesse um ano, o melhor presente foi a receptividade para com os meus contos. Obrigado, e desculpem os erros em geral.
Forte abraço a todos, e fiquem com Deus.