A ESCRITORA DE POEMAS ERÓTICOS - Parte 02
Depois de publicar no site seu poema erótico, a mulher esteve algum tempo deitada na cama, numa languidez que me deixava desejoso de estar prostrado ao seu lado. Balançava as pernas e tinha os braços sob a nuca, como se estivesse pensativa. O sorriso estampado nos lábios era de quem estava satisfeita pelos gozos alcançados há pouco através de uma extasiante siririca. Eu, achando que ela iria adormecer logo, tirei o binóculo da cara e tentei relaxar do tesão que ainda sentia. Olhei para a mancha de porra que escorria na parede e resolvi limpá-la, antes que minha faxineira a visse no dia seguinte.
Movimentei penosamente a cadeira de rodas pelo quarto às escuras e fui pegar uma esponja embebida de sabonete líquido no banheiro. Voltei e passei a esponja na parede. No entanto, no escuro, não dava para ver se ficara algum vestígio. Então, acendi a lâmpada do quarto. Quase ao mesmo tempo, vi a luz do quarto dela ser apagada. Estiquei a mão e apanhei o binóculo que eu havia deixado sobre a cama. Olhei em direção à sua janela, esperando vê-la deitada ainda nua. Queria visualizar seu corpo estendido na penumbra do dormitório. Aí tomei um susto danado quando a vi de pé, na janela, também de binóculo, perscrutando a vizinhança. Desliguei imediatamente o interruptor, quando a vi olhando em minha direção. Escondi-me, temendo que ela me visse nu, de pênis babado e amolecido à mostra. Será que ela tinha percebido que eu estava a espioná-la?
Eu não queria que ela pensasse que eu era um tarado pervertido, sem ter me conhecido pessoalmente. Sim, eu pretendia achar uma maneira de me aproximar dela muito em breve. Queria conhecê-la de perto, ouvir sua voz, saber quem era aquela mulher tão sensual. Escondido por detrás da parede perto da janela, vesti as roupas. Depois, mesmo correndo o risco de ficar aleijado da coluna, fiz um esforço e me levantei da cadeira de rodas. Só então, caminhei até a janela, olhei naturalmente para fora e, sem me fixar em direção à sua janela, fechei a minha. Depois corri as cortinas, de modo que ela não pudesse me ver. Feito isso, peguei novamente o binóculo e o apontei para a janela dela. Ela continuava lá, toda nua, focando em meu apartamento.
A coluna começou a me doer terrivelmente. Mesmo assim, fui até a sala e voltei para o quarto com o meu laptop. Acendi a lâmpada do aposento e tornei a sentar-me na cadeira de rodas. Abri o site feito para escritores e procurei a sua escrivaninha. Estava lá o poema publicado há pouco. Li-o várias vezes, relembrando seu corpo no cio e a gostosa punheta que eu batera em sua intenção. O pau continuava insistindo em ficar duro, mas eu não queria me esforçar novamente para arriar as calças, botá-lo para fora e masturbá-lo mais uma vez. Então, percebi que a luz voltou a ser acesa no quarto dela .
Cautelosamente, abri uma brecha na cortina e foquei o binóculo para lá. Ela já não estava na janela. Nem no quarto. Mais uma vez, havia desaparecido do meu campo de vistas. Porém, voltou logo, com um livro de capa totalmente negra e uma caneta bem feminina, da mesma cor. Sentou-se esparramada no leito, de frente para mim, e abriu o livro sobre a cama. Era um diário. Olhou fixamente para a minha janela, por um instante, antes de começar a escrever:
"Sai da cama ainda escorregadia de gozo e lavada de suor. O coração ainda aos pulos numa intensa taquicardia. O rosto avermelhado num rosado quente. Os dedos esticando a lesma que ainda sobejavam em pingos.
Naquela noite, havia me tocado intensamente.
Naquela noite, havia descarregado todo o tesão contido e acumulado. Havia um quê de resgate da minha adolescência.
Deitei-me de bruços e reagi a todo aquela cena do meu inconsciente. Rebolei como se fosse uma serpente no cio. Lembrei-me da minha adolescência. Foi dessa forma que aprendi a conhecer o meu próprio corpo e a ter prazer comigo mesma.
A noite estava realmente quente. Num calor insuportável de 40 graus.
Naqueles momentos de intimidade comigo mesma, tive a sensação de estar sendo observada por alguém, e isso me fez reagir mansamente linda. Deitada de bruços, reagi, não tenho vergonha de admitir. Eu reagi à essa impressão. Isso me dá muito tesão. Muito, muito tesão.
E sempre tive esses insights de que se alguém me visse em toques íntimos me tocaria muito mais. Às vezes penso que sou depravada. Às vezes penso que sou um anjo, pois ainda me movimento de bruços. Ainda me aliso docemente. Mas às vezes me vem o demo e gemo abafado mordendo o travesseiro.
Quando novinha, eu abria a palma da mão e a enchia com o volume da minha xoxotinha. A amassava como se estivesse fazendo um bolo muito gostoso. Apalpava-a em movimentos delicados. Subia, descia e esfregava. Subia, descia e esfregava, assim... nesse ritmo.
Agora, mulher feita, ainda resvalo desse jeito, porém com os dedos em riste. Sou um anjo perdido. Não tem jeito.
E ainda sou fechadinha feito uma concha. Isso me remete a Vênus. Nascida da concha de madrepérola. E vira poesia, fazer o quê? Eu me torno a própria poesia.
Mas não quero me estender muito por hoje. Já me falaram que quando escrevo deixo de ser sucinta e fico fazendo rodeios. Enfim...
Mas deixo aqui essa imagem. Imagem da minha lua em deleite. E a sensação estranha que tive nessa noite. A sensação de algum observador me atravessando os nervos. Confesso que estou com um pouco receosa. E se for verdade? O tesão violará o medo? O medo violará o tesão?
Me toquei mais duas vezes pensando nisso. Acho que é um jogo. Acho que é um jogo. Mas dessa vez me toquei de frente. Me toquei sentindo-me fêmea abatida.
Perdi o ar com o toque na ferida.
Azar. Vou continuar de frente."