Continuando...
Ouvi um barulho e ao me virar,vi que Maia havia saído e fechava a porta.
-Lúcio,tá tudo bem?-Ela perguntou,enquanto vinha em minha direção.
-Só um pouco de dor de cabeça.-Respondi,voltando a olhar a rua.
-Olha,o trabalho é só pra depois de amanhã,então se achar melhor...a gente faz depois.-Ela disse em um tom calmo.
-Valeu Maia!-Disse,enquanto ficava de pé.
-Não vai esperar o almoço?-Ela perguntou com um sorriso.
-Não...Valeu mesmo...Até a noite!-Disse,me afastando dela.
Após ouvir um tchau entusiasmado,apressei o passo e logo estava distante da casa dela.Minha mente ainda estava as voltas com a matéria que tinha visto sobre o Eduardo,mais eu não conseguia chegar a nenhuma conclusão e resolvi deixar isso para depois.Um longo tempo se passou até que eu chegasse na minha rua,e quase correndo fui até a minha casa,onde entrei.
Caminhei até o meu quarto e sentado no meu colchão,tirei os tênis e coloquei os pés no chão frio,o que me causou uma sensação de alívio.Tirei a camisa e em seguida me estirei com os olhos fixos no teto.Não demorou muito até que um barulho chamasse a minha atenção,mais exausto,decidi não ir ver o que era e logo uma porta se abriu,e o silêncio voltou a reinar.
Disposto a tirar um cochilo,resolvi ir antes a cozinha e tomar um copo d'água,então com um esforço enorme me levantei e sai.Ao passar em frente ao quarto da minha mãe,tive a impressão de ter ouvido o meu nome e como a porta estava entreaberta,me aproximei o mais silenciosamente que pude e tentei escutar o que se passava lá dentro.
-Pra que tu quer saber minha história com Lúcio Barroso?-A voz da minha mãe soou baíxa e com sinal de irritação.
-Porque estamos juntos e quero saber mais sobre você,Sônia.Isso não é errado!-A voz do Noel soou tranquila.
-Tá bom...Há uns dezessete anos atrás,cansei da minha mãe que era um pé no saco e dos meus irmãos que eram um porre só,e aí fugi de casa e fui morar com uns amigos.A polícia descobriu umas paradas sobre esses amigos e com uma grana,a gente saiu para uma cidade no Rio de Janeiro,lá eu e esses amigos acabamos nós separando e eu passei a morar na rua...Eu já usava droga,e aí cometia pequenos roubos para comer e comprar a maconha.Numa dessas vez conheci Lúcio,um homem muito bonito e que disse que eu era muito nova pra tá naquela vida e queria me ajudar...Eu tava cansada das ruas e queria uma cama quente,então aceitei e ele me botou em um quartinho.A gente fudeu por uma semana e ele disse que amava a esposa e tava separado dela a um mês,mais ia tentar salvar o casamento dele.Disse pra eu não me preocupar,que nada ia me faltar e que ele seria meu amigo...Aí o tempo passou e três mês depois passei mal e lá no hospital descobri que tava gravida.Procurei Lúcio Barroso e contei a ele,que ficou muito bravo mais disse que ia cuidar de nós dois...Nos dois meses seguintes,ele vinha direto até onde eu tava e queria saber do bebê,me levava para todas as consultas e cuidava até do que eu comia,mais aí a mulher dele também descobriu que tava grávida e Lúcio passou a vir me ver uma vez por semana...E aí tu já viu né?...Seis meses de grávida e sozinha,não aguentei e voltei a usar droga...Aí três meses depois tava numa boca e passei mal,não sei como cheguei ao hospital e Lúcio apareceu lá pra ver o filho e fim.-A voz da minha mãe soou lenta e monótona ao fazer esse relato.
-Sônia,você usou droga nos três últimos meses da gravidez?...Meu Deus,Lúcio poderia ter nascido com graves problemas de saúde ou até morto.-A voz de Noel soou chocada e surpresa.
-Pois é,mais para o meu azar não aconteceu e ele nasceu saudável.-A voz da minha mãe saiu sarcástica.
-E o que aconteceu a esposa e ao filho de Lúcio Barroso?-A voz de Noel soou alta,após um tempo em silêncio.
-Morreram os dois!-A voz da minha soou sem animo,como se a conversa a entediasse.
Em choque pelo que tinha ouvido,me afastei o mais silenciosamente possível e voltei ao meu quarto,onde me sentei no colchão.Levei um tempo para perceber que havia acabado de descobrir que meu pai teve esposa e filho,e que eu na verdade era um bastardo.Meu peito se quebrou por dentro e meus olhos encheram de lágrimas ao confirmar em voz alta o que minha mente já havia feito,eu era um bastardo.Uma coisa que nasceu de um dos casos que ele teve e que quando a esposa dele engravidou,ele não quis mais saber.As lembranças das vezes que estive com o meu pai encheram a minha mente e as lágrimas desceram.Antes eu não tivesse escutado aquela maldita conversa,pois preferia pensar que eu era seu único filho e não um filho ilegítimo.
Ouvi passos e fiquei de costas para a porta,não queria que ninguém me visse chorando.
-Ah Lúcio,você já chegou e a gente nem tinha percebido...Estou indo preparar alguma coisa para comer,você quer?-Noel perguntou.
-Não!-respondi.
-Lúcio,aconteceu alguma coisa?-Noel perguntou preocupado,enquanto vinha até mim.
-Nada demais,só tô cansado.-Respondi,enxugando os olhos.
-Olha pra mim,Lúcio!-Noel disse autoritário após se sentar ao meu lado.
Demorei um pouco,mais acabei me virando e o olhando nos seus olhos.Noel estendeu a mão e enxugou meu rosto com carinho,o que me fez voltar a chorar.
-Você sabe que pode confiar em mim,então me diz qual é a problema?-Ele perguntou,sua voz me passando tranquilidade.
-Eu ouvi a conversa entre tu e a minha mãe.-Confessei.
-Você não deveria ter feito isso,era uma conversa particular de nós dois.Foi uma falta de respeito a nossa privacidade e também de educação.-Noel me repreendeu.
-Foi sem querer,desculpa!-Disse baixinho.
-Dessa vez tudo bem,mais da próxima vou ficar muito zangado com você...Agora,o que você escutou?-Noel perguntou ainda bastante sério.
-A parte onde a minha mãe conta sobre o meu pai e como ela engravidou de mim.-Respondi,as lágrimas ganhando intensidade.
-Lúcio,pelo que sua mãe me contou,independente de qualquer coisa,seu pai era um homem muito presente na sua vida e...-Noel tentou falar.
-Mais ela também disse que a esposa e o filho dele morreu não foi?...E se eles fosse vivos,será que ele seria tão presente assim?...Heim,Noel?...Será que meu pai se importaria comigo?-Interrompi de forma brusca,ficando de pé.
-Lúcio,não podemos imaginar como as coisas seriam,pois nunca chegaríamos perto da verdade.O que importa é como elas foram,e em vez de estar sofrendo com perguntas para as quais não vai achar resposta,deveria agradecer por ter o que tantos não teve...Sua mãe me contou como era seu pai,e independente de ser fruto de um caso,ele o amava e é isso o que importa.-Noel respondeu,após ficar de pé.
Suas palavras penetraram o mais fundo do meu ser e eu senti a dor que havia se formado,diminuir e as lágrimas secarem.E então em um ato inesperado,caminhei ate ele e o abracei,que retribuíu com força.
-Vou em casa,buscar algumas panelas e outros itens,e eu quero que você lave esse rostinho e se prepare para me ajudar a cozinhar.-Noel disse depois de me soltar.
-Tá bom e valeu!-Disse sem olhar pra ele.
-Conte comigo se precisar,só não quero você escutando atrás das portas.Estamos entendidos?-Ele perguntou com um sorriso.
-Sim!-respondi.
-Ótimo...A sua mãe foi até a outra rua,falar com uma amiga,então cuidado pra quem você abre a porta...Eu volto logo!-Noel disse,saindo logo em seguida.
Observei ele sair e quase correndo fui ao banheiro,onde lavei o rosto e molhei os cabelos.Mais tranquilo,voltei em direção a sala,onde me deitei no sofá e tentei pensar em algo para me distrair enquanto o Noel voltava.Uma batida leve na porta me despertou e fui até lá e a abri dando de cara com o Fred.Nervoso e me sentindo desconfortável tentei agir normalmente com ele.
-Vim te buscar pra gente ir almoçar juntos.-Ele disse com um sorriso.
-Não vai dar não Fred...Tô esperando uma colega vir pra gente fazer um trabalho.-Menti.
-Uma colega ou o Eduardo?-Ele perguntou seu sorriso se fechando.
-Fred deixa o Eduardo fora disso,nem vi mais ele de ontem pra cá.-Respondi exausto.
-Meu anjo,eu gostaria,mais ele está sempre se envolvendo nos meus assuntos,por inveja e despeito,que acabo um pouco desconfiado.-Fred disse no seu tom meigo de sempre.
Continua...
¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤
Olá,boa noite!
Eu voltei pessoal,e antes de dizerem que o conto tá incoerente,só estou seguindo a linha narrativa.E pra quem se interessa,o romance não acabou...Eduardo volta e vai voltar no meio de uma tragédia kkkkkkkkkkk
ValterSo suas respostas viram nós próximos capítulos.
Atheno eles são irmãos e o único sentimento entre Fred e Eduardo,é o ódio.
Elizalva.c.s,missy,Martines,GITH,Ru/Ruanito,impact,BRUNO NEGAO e Alíne 33 obrigado pelos comentários e notas,e valeu pela presença.
Espero que gostem desse capítulo e...
até a próxima.