A Vida é pra ser Vivida ft PRECISAMOS DE AJUDA parte II
*NARRADO POR JOÃO
João: Oi. Vocês estão perdidos?
Rapaz forte: Olá meu amigo. Será que você poderia nos ajudar?- falava cansado.
João: Claro que sim. De que vocês precisam?
Rapaz bonito: Um pouco de água e uma fita isolante. Por favor?
João: Fita isolante? – ri. Eles pareciam meio loucos, mas sei lá me identifico com pessoas assim. Não tive receio naquele momento.
Rapaz forte: É que nosso carro deu problema e danificou alguma mangueira interna do motor.
João: Entendi. Infelizmente com isso não posso ajudar. Mas com certeza meu companheiro poderá ajudar vocês. Só que ele chega apenas às 21hrs.
Rapaz 3: Adeus festival de Santo Antônio!
João: Festival de Santo Antônio? Caras vocês estão muito perdidos. A estrada que leva pra essa cidade é há uns 10 km daqui. Esse sítio fica no município de Várzea da Cacimba.
Rapaz bonito: Acho que nos desviamos um pouquinho.
João: Vamos entrando então. Ah, por sinal me chamo João.
Rapaz bonito: Tudo bom João. – me cumprimentou – esses aqui são meus primos: Hugo, o mais forte, e JP, meu companheiro.
João: Namorados? Que legal. – Eles me lembraram de quando eu e Emanuel começamos a namorar. Assim que entrei na faculdade de História. Boas lembranças. - Onde ficou o carro de vocês?
Hugo: Aqui perto. Temos que voltar para buscar.
João: Não se preocupem. Aqui não há outros moradores por perto.
JP: Não? Mas encontramos um casebre que fica próximo daqui, mais ou menos uns 500 metros daqui!
João: O que?
Não conseguia acreditar no que estava ouvindo. Esses rapazes acharam a casa de Francisco!? Como assim? Nem mesmo eu e Emanuel conseguimos! E afinal, por que diabos ele não mantém contato com ninguém? Não consigo entender, talvez, meus questionamentos nunca sejam respondidos.
Levei os garotos em direção à casa do sítio. Mesmo não os conhecendo, achei que eles eram gente boa. Mas, eles poderiam ser psicopatas, sociopatas que me matariam sem pestanejar ou roubar meus órgãos e vender no mercado negro e ganhar alguns dólares... kkkkkkk Tá bom João, para de frescuras.
No caminho JP me contou um pouco mais sobre como encontraram o casebre de Francisco. Ouvia as informações, curioso, e me assustei quando ouvi isso.
João: O que?
JP: É isso mesmo. Na parede, no alpendre, assim quando se chega ao casebre, existe algumas marcas estranhas ali. Não sei o que significam, mas me deu calafrios. Parecia algum tipo de marca que vemos em filmes de terror. Fora que dentro da casa, as paredes tinham grandes marcas nas paredes. Parecia algum tipo de marcas de unhas!
João: Unhas?
JP: Sim, unhas. Quer dizer, pareciam mais garras que unhas. Estavam por toda a parede. Nem gosto de lembrar o tamanho do cachorro do dono do casebre. Ainda bem que ele não estava por ali perto. – respirava, aliviado.
Antonio e Hugo confirmaram o que viram e eu estava cada vez mais sem entender aquela situação. Garras? Símbolos estranhos? Francisco era um cara isolado, antissocial se preferir, mas daí a fazer algum tipo de ritual macabro? Era demais para mim. Eu queria poder ver aquilo com meus próprios olhos.
Enquanto andávamos pude conversar mais com os garotos. Realmente eles não eram psicopatas que queriam me matar, eram apenas jovens que se perderam no caminho para uma festa. É, isso não acontece apenas em filmes americanos, espero que essa não seja uma história de horror para eles.
Hugo era um brincalhão. Um sorriso matador, um jeito galanteador, corpo sarado e uma barba por fazer. Era realmente um homem conquistador. Não parecia ser gay, infelizmente. Cala a boca João, tu é um cara compromissado. Antonio era um rapaz com uma beleza singela. Não era tão lindo como Hugo, mas mesmo assim sua energia contagiava o ambiente. Acho que sua simplicidade era sua maior arma, um corpo malhado, um sorriso alegre no rosto e um sotaque gostoso. JP era o mais novo deles, também o mais baixo, corpo malhado, sorriso lindo e um rosto angelical. E o seu maior atributo era realmente sua bunda. Se parar para pensar, esses três primos realmente era “abundantes” na beleza. Seria pecado pensar em transar com os três?
**NARRADO POR ANTONIO
Quem diria que conseguiríamos ajuda num lugar isolado desses e ainda que fosse um cara tão gente boa como João. Ele é um cara muito legal, que mesmo sem conhecer nós três resolveu dar-nos ajuda e ainda nos levou para sua casa. E por falar em casa, àquela construção no meio de matas verdes exuberantes me assustou, pois estava localizada em meio ao nada. Estávamos muito distantes da civilização ali.
A casa tinha dois andares cercada por uma pequena praça com cubos de concreto a frente do alpendre que rodeava toda a casa e lá no mundo avistávamos o milharal. Isso dava um ar de filme americano sobre ET’s. Tipo Sinais.
Hugo: Uau. Aqui deve ser um local muito bom pra relaxar João. Você tem muita sorte. – falava olhando para tudo ao seu redor.
João: É. Realmente aqui é um lugar muito bonito. Às vezes, me esqueço disso.
JP: Um belo lugar para morar com o amor de sua vida. – falava me segurando.
Antonio: Para conseguirmos um local como este vamos passar a vida juntando grana. – ri. – Deve ser muito caro para manter.
João: E é mesmo, mas eu também não sou rico. Ganhei esse sítio há alguns meses atrás de um tio meu que veio a falecer. Desde esse dia estou a morar aqui com meu esposo. Devido ao isolamento algumas coisas são dificultadas, por exemplo: comida. Estou quase sem estoque aqui em casa e ainda por cima Emanuel sempre chega tarde da noite e nunca me leva para fazer compras na vila vizinha daqui.
Hugo: Então você fica o dia inteiro sozinho aqui?
João: Infelizmente, ou felizmente, sim. É meio que solitário demais para meu gosto, mas pelo menos tenho me dedicado à leitura e a cuidar de minhas plantas. Estou tentando cultivar orquídeas aqui.
Antonio: Por falar em orquídeas, me conta: por que tudo aqui tem um verde exuberante se estamos no meio da caatinga e ainda nem começou o período chuvoso daqui?
João: Ah sim. Tem um pequeno riacho que alimenta o sítio. Esse é o segredo, mas não conta pra ninguém. – falava rindo.
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Entramos na casa e nos deparamos com alguns contrastes. Por fora parecia uma construção de época, de algumas décadas atrás, mas por dentro era tudo como qualquer casa de alguém que tem um poder aquisitivo maior. Uma sala de estar com uma televisão bem grande, com vídeo games e sofás arrodeando uma pequena mesa de vidro no centro. Uma cozinha estilo americana, um banheiro e mais duas portas, além da escada que levava para o segundo andar.
João nos ofereceu para subirmos para nos acomodar um pouco. Deu-nos toalhas de banho para que tomássemos banho. JP atracou a toalha primeiro e correu em direção ao banheiro. Hugo foi para o banheiro do primeiro andar.
João: Antonio, se quiser, pode ir tomar banho no banheiro do meu quarto não tem problemas.
Antonio: Pode deixar. Não estou com muita pressa. Ainda temos muito tempo até a noite.
João: Por falar em tempo, tu sabes pilotar moto?- falava enquanto ia até a despensa.
Antonio: Sei sim. Por que?
João: Por isso. – me chamou.
Antonio: É. Realmente você não estava brincando quando disse que estava faltando comida. – ri.
João: Né!? O Emanuel traz pizza, pastel e coxinha, refrigerante, bolos, e aí esqueço de comprar comida de verdade. Acho que é por isso que estou ficando gordo desse jeito.
Antonio: Que nada, você tá muito bem, João. – E eu não estava fazendo média. João tinha a minha idade, 21 anos. Corpo atlético, sorriso largo e aberto, barba por fazer. Seria alguém ideal para se ter. Emanuel é um cara sortudo.
João: Vamos lá ver a moto. Ah tem uma coisinha que esqueci de dizer: ela é dos modelos antigos. Era do meu tio. – falava sorrindo.
Fomos até uma pequena garagem que ficava numa pequena garagem separada do restante da casa. Tinha várias tranqueiras por lá, acho que era da época que o tio dele morava aqui. Finalmente encontramos a tal moto. Não era tão antiga, mas a poeira que ela tinha dava pra pensar que era da época do Egito Antigo.
João: Caracas, que poeira. – falava tossindo. – Acho que vou gripar.
Antonio: Bom, pelo que eu estou vendo ela não está com nenhum problema grave. Pelo contrário, ela está bem cuidada. Acho que é só o modelo que é antigo, mas a moto em si está com uma boa manutenção.
João: Ainda bem. Pensei que não estava funcionando. Se precisar de gasolina temos em estoque aqui.
João saiu para fazer alguma coisa para comermos antes de sair para as compras enquanto eu fiquei limpando a moto.
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Depois de comermos cuscuz com feijão, macarronada com molho de tomate, carne bovina assada no forno e uma boa vitamina de banana com leite, fomos andar pelo sítio. Sai com o JP, Hugo ficou ajudando João a lavar as louças.
O Sítio Lagoa do Canto era realmente um local muito lindo. O verde exuberante era incrível para uma região seca como essa. Aqui tinha varias plantações, milho, algumas arvores frutíferas como: manga, mamão, bananeiras, cajueiros, dentre outras, mas o que se destacava aqui era o milharal. Era de um tamanho razoável.
Fomos à direção mostrada por João de onde ficava o riacho Malhada Grande. Admirávamos a beleza ao nosso redor, andando de mãos dadas e conversando sobre o que cada um sentiu pela primeira vez quando nos vimos pela primeira vez, lá na rodoviária de Fortaleza.
JP: O que eu senti? Nossa, faz tanto tempo, né?... Mas sei lá, eu gostei de você desde o primeiro momento. Juro que te achei meio estranho, pois sempre foi muito calado, mas quando te conheci e vi que tinha os mesmos gostos musicais que os meus, eu quis me aproximar de você. Ah, seu sotaque também me conquistou. É muito bonitinho de ver alguém com esse sotaque lindo do Cariri.
Antonio: Eu estranho? Por quê? Não entendi.
JP: Para de drama. Drama King. Você perguntou e eu respondi. Pronto. Agora conta pra mim, o que achou de mim?
Antonio: Arrogante, chato, mimado. Tudo isso, mas com um sorriso que apagava todas esses defeitos anteriores. Mas eu ainda prefiro o Miguel. – falei rindo.
JP: Ah, é? Pois tá bom, vou deixar você na seca por duas semanas. – falou rindo.
Antonio: Nós nem transamos ainda. Idiota. – Rimos os dois.
Chegamos ao ponto do riacho que João havia nos dito. Existia uma clareira entre a mata com uma grande concentração de água, uma água cristalina e fria. Parecia uma piscina natural. Ficamos ali por alguns minutos, tomando banho.
JP: Antonio, qual nossa música? Nós temos uma?
Antonio: Não sei, mas eu tenho uma que sempre me lembra nós dois. Quer ouvir?
O nome da música é “Mais pra perto”, da banda Dois de Um. Acho que a letra fala bem da nossa história e condiz que com que eu penso sobre nós dois.
“Bastou você chegar.
Pra eu me encantar e só.
Bastou você me olhar
Pra eu me apaixonar e só.
Se for pra ser que seja.
Se amor que venha mais pra perto.
Se for calor
Se for a dor
Ta tudo certo
Eu vou ser seu som
Eu vou ser a voz no seu edredom
Eu vou ser o abraço que lhe cai bem
Quando a lágrima vem”.
JP: Nossa amor, que linda música. Acho que representa bastante o que eu também sentia quando ti conheci de verdade. Eu sempre quis te ter por perto. – Beijou-me.
(https://www.youtube.com/watch?v=rt7GjN05m5k) – Pra quem quiser ouvir a música.
Passamos cerca de 20 minutos no riacho, tomando banho, nos beijando, curtindo um momento só nosso. E então resolvemos voltar pra casa. Fizemos o caminho de volta, mas quando nos aproximamos havia um animal em um dos caminhos ali. Acho que era um raposa ou cachorro do mato. Quando ele nos viu rosnou e achamos melhor nos afastar dali, pois esses são animais típicos do interior que podem passar raiva, pois são parentes diretos dos cães, além de terem toxinas em sua saliva e não queríamos levar uma mordida.
Antonio: Acho melhor irmos por outro caminho. – JP confirmou sem pestanejar.
E então fomos por uma pequena vereda mato a dentro. Estávamos próximos ao riacho, pois o vento ali estava mais frio, sinal de água por perto. Andamos por cerca de 10 minutos. Quando vimos uma senhora ao longe.
JP: Ué? Quem é aquela mulher ali? – perguntava intrigado.
Antonio: Verdade. João disse que não morava ninguém por aqui.
JP: Acho que o João está nos escondendo algo. Só acho. – fiquei pensativo. E então resolvi chamá-la.
Antonio: Senhora? – gritei. Senhora? – falei novamente, mas nada. Nem sequer olhava pra trás. Continuamos seguindo-a. Meio que ficamos vidrados naquela mulher vestida de preto. Nem percebemos que nos desviamos do caminho.
JP: Além de surda, ela é louca, olha só o que ela tá fazendo!? – falava assustado.
A mulher havia parado próximo de uma mangueira enorme. Parou e começou a dar gritos de agonia. Parecia chorar. Não. Não era isso. Parecia rir. Um riso melancólico e de amargura. Não consigo nem sequer descrever este momento. Apenas observávamos de longe.
Sussurros agora podiam ser ouvidos por nós dois. Era algo assustador de ouvir. Até uns minutos atrás estávamos felizes e agora estamos aqui vendo essa... essa coisa.
Àquela senhora estava rindo em uma mangueira. Depois se levantou num segundo e voltou a andar. Em momento conseguíamos ver seu rosto. Parecia que debaixo do véu que usava havia uma escuridão que tapava seu rosto sombrio.
JP: Vamos Antonio. Não quero ficar aqui. Estou começando a ficar assustado. Por favor.
Antonio: Espera! Só mais pouco. Ali tem uma pequena casa. – no momento em que avistamos a pequena casinha, a senhora de preto desapareceu completamente. Procurávamos por todo canto, mas ali ela não estava. Ficamos impressionados.
Decidi me aproximar da pequena casinha. Não era uma casinha, mas sim uma pequena capela, ou melhor, um pequeno mausoléu. Decidi adentrar ali.
O local estava muito sujo e parecia abandonado há muito tempo. Abri a grade de ferro que ficava na frente do local e adentrei. Lá, estava dois túmulos: E um pequeno altar com a foto de duas pessoas. Não dava para ler o nome do senhor, mas dava para ver o rosto do garotinho. Seu nome era Francisco.
Continua....
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Boa tarde meu povo lindo. Volteiiii.
Depois de um tempo no Limbo, voltei novamente para escrever meus contos. Bom, para esse crossover, só tem mais um capítulo. Esse vai ser postado amanhã, domingão.
O conto PRECISAMOS DE AJUDA já está em sua reta final, provavelmente terá apenas mais dois ou três capítulos. Fiquem de olho também.
Ah, para justificar minha ausência de três meses, ou mais, é que tirei um tempinho para mim. Fiquei de férias do meu curso, me formei quinta feira passada no meu curso superior, estou correndo para ver se arranjo um emprego definitivo. E é isso?
Crescer e virar adulto é assim mesmo. Nem sempre temos tempo para fazer o que amamos.
Pois é isso. Estou de volta. <3
Um grande abraço a todos vocês.