Felipe e Guilherme - Amor em Londres - 10: Pelos Velhos Tempos

Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Homossexual
Contém 5560 palavras
Data: 13/02/2017 01:59:53
Última revisão: 24/09/2024 01:21:16

Após ser herói por uma noite, Dylan, acabou ganhando um prêmio e poderia levar alguns amigos para participar de uma festa de Réveillon que aconteceria em Glasgow. O local era badalado e muitas celebridades participavam. Paris, que não é boba, tratou de garantir um ingresso, ela passou as comemorações de Natal no Brasil e seguiu para a capital da Inglaterra. Todos estavam animados.

GRUPO VIAJANTES

Dylan: - Falei com um amigo, ele vai me emprestar o motorhome da família.

Felipe: (emoji de olhos brilhando) – Sério? Meu sonho era viajar num desses. Parece tão filme americano.

Guilherme: (emoji coração) - Vai ser como uma Lua de Mel, amor. (em português)

Paris: - (emoji careta feia - Só em inglês!!!!

Dylan: - A minha família tem um. Já viajamos por todo os Estados Unidos.

Paris: - Quem serão os convidados da festa? Lady Gaga? Mariah Carey? Avril Lavigne?

Nariko: - Espero que a Gaga.

Wong: - Tem certeza que é de graça, né?

Kaity: - Sim. O pai da Jesse garantiu que era. (foto de sete pulseiras)

***

Após uma semana focado em dois trabalhos, Felipe teria uma oportunidade de respirar em meio ao caos. Ele pensou em um lugar para deixar o seu pet de estimação e lembrou de Lucy, a dona de Dolce e Gabbana.

De imediato, Lucy amou a ideia e pegaria Tchubirubas na sexta-feira. Enquanto isso, Guilherme tentava ligar para o pai, mas uma das ligações quem atendeu foi John.

— Olha só. — disse John de maneira sarcástica. Guilherme revirou os olhos. — Feliz Natal, Guilherme.

— Feliz Natal. Onde está meu pai?

— Ocupado. Ele está resolvendo problemas que você tinha que resolver.

— Assim que ele chegar você avisa que eu liguei, por favor.

— Claro. Aproveitou o Natal ao lado do seu namoradinho? — perguntou John, que já estava enchendo a paciência de Guilherme.

— Demais. E você? — questionou o jovem, usando o sarcasmo para enfurecer John. — Está curtindo o Brasil?

— Eu adoro esse país. Você sabe.

— Você já foi deixar a mala na casa do Felipe?

— Não. Ainda não tive tempo de ir à favela. — respondeu John. — Mas não se preocupe, entregarei em breve. Agora com licença. — desligando o telefone. — Claro que eu vou entregar. — garantiu John, rindo e olhando para a mala de Felipe no chão. — Mas antes... vou passar a ficha completa desse pobretão. Sabia que essa minha vinda ao Brasil serviria de alguma coisa. — suspirando, abrindo a galeria de imagens no Celular. Uma foto de Guilherme e John apareceu na tela. — Ah, Guilherme. Pode não ser hoje, e nem amanhã, mas você vai voltar a ser meu.

Uma verdadeira lua de mel. Felipe e Guilherme estavam aproveitando o momento da melhor maneira possível. A cada novo dia, eles descobrem coisas novas um sobre o outro. Afinal, relação é isso, não é? Crescer. Aprender. Amar.

Uma das coisas que fazia Guilherme amar Felipe era a garra. O intercambista estava cortando um dobrado para enviar dinheiro para a família. Por outro lado, Felipe amava ser paparicado por Guilherme, principalmente quando se tratava de alimentação. Já que Guilherme aprendeu as comidas favoritas do namorado e fazia questão de surpreendê-lo.

— Isso é torta de maçã? — perguntou Felipe ao chegar no dormitório.

— Sim. Você está tão preocupado com a preparação para a viagem. Quis agradar o meu homem. — afirmou Guilherme, deitando na cama ao lado de Tchubirubas.

— Eu falei com o Sr. Omelly's. Esse é meu último dia. Vou poder enviar o dinheiro para a minha mãe.

— Sua mãe deve ter muito orgulho de você. Sempre ajudando, atento. — disse Guilherme, enquanto acariciava Tchubirubas, que começou a abanar o rabo.

— Se eu te falasse as coisas que ela já enfrentou por minha causa. Ela merece todo o meu esforço e dedicação.

— Me conta oras. — soltou Guilherme. — Não temos segredos, certo?

— Não temos, mas isso é algo que eu prefiro falar outra hora.

Guilherme: - Tudo bem, amor. — Guilherme levantou e abraçou o namorado. — Não quero te pressionar.

— Eu te amo, sabia? — declarou Felipe, beijando Guilherme.

Sabe quem era o mais animado com a viagem? Dylan. Ele amava viajar de motorhome e lembrava do pai toda vez que pegava a estrada. Naquela chuvosa tarde, o americano levou Kaity para conhecer o veículo. O local era confortável e daria para todos dormirem, apertados, mas caberia a todos.

Com a ajuda de Kaity, Dylan limpou o motorhome e verificou a parte mecânica. A intercambista russa adorou aquela versão sexy do ficante. A tensão foi tão grande, que Kaity não conseguiu disfarçar.

— O que foi? — perguntou Dylan, depois de sair debaixo do veículo.

— Sei lá. — respondeu Kaity. Toda vez que estava nervosa, a moça esquecia as palavras em inglês. — Te ver assim, tão muchado, digo, músculo. Toda vez que eu te vejo desse jeito másculo, me dá uma coisa. — ela se aproximou de Dylan e o beijou.

— Bem, nós limpamos o motorhome, acho que podemos bagunçar de novo. — afirmou Dylan, pegando Kaity no colo e a levando para dentro do veículo.

Faltavam três dias para o Ano Novo, a viagem para Glasgow levaria quase 10 horas, então eles deveriam se preparar bem. Wong comprou um GPS e traçou várias possibilidades de rotas. Nariko e Guilherme compraram suprimentos, como comida e afins, Paris fez as malas, e Felipe ajudou Dylan.

Antes da viagem, Dylan e Felipe fizeram uma revisão na parte mecânica do carro. De uma maneira gradual, os dois começaram a criar um laço de respeito e amizade.

— Então, como vamos fazer? — perguntou Dylan. — Somos quatro rapazes, e três moças.

— Sobre dormir? Bem, o Guilherme conseguiu uma barraca. Dessa maneira, vocês não precisam dormir no chão e...

— Calma, Don Juan. — brincou Dylan. — Tudo bem. Acho que todo mundo vai ficar bem confortável.

— Cala a boca. — disse um tímido Felipe, pegando algumas peças e colocando dentro da caixa de ferramentas.

— Felipe, agora podemos falar sobre uma coisa séria? — perguntou um misterioso Dylan se aproximando de Felipe.

— O que? — Felipe deu um passo para trás.

— E o álcool? — sorriu Dylan, pegando a caixa de ferramentas e colocando no porta malas do veículo.

— A segunda melhor parte da viagem. — afirmou Felipe, sorrindo e ajudando o amigo a fechar o porta-malas.

— E qual seria a primeira?

— A comida. — ele admitiu rindo. — Não conta para o Guilherme, por favor.

— Só você mesmo.

O Brasil estava com um clima agradável, mas para John, o calor parecia insuportável. Com o auxílio de um motorista particular, o secretário de Leopold decidiu ir até a casa de Felipe. Para não perder nenhum detalhe, ele contratou uma tradutora.

O primeiro impacto de John? A rua onde estava localizada a casa de Felipe não era asfaltada. O carro destoava de toda a simplicidade do bairro das Alfazemas. O segundo choque? A simplicidade da casa de Felipe.

Era uma casa de madeira e muito simples. Aparentava ser pintada recentemente, pois a tinta azul reluzia por causa do sol. O motorista tirou uma grande mala do carro, enquanto John batia à porta de Dona Maria.

A mulher ficou toda sem graça quando viu a comitiva que chegou junto a John. Ele entrou, tirou os óculos escuros e analisou cada detalhe.

— Vocês aceitam alguma coisa? Tem café, suco e água. — ofereceu dona Maria.

— Ela perguntou se você deseja algo? Água, café ou suco. — traduziu a intérprete, que era uma moça magra e com a voz enjoativa.

— Não. — respondeu John, colocando os óculos escuros e soltando uma risada abafada. — Já tomamos café da manhã no hotel.

— Ele disse que agradece a gentileza, mas que não precisa se incomodar. — traduziu a moça.

— Diga que o Felipe enviou os presentes para os irmãos. Ah, que o Felipe está se destacando na escola. — pediu John, querendo encontrar um espaço para saber mais sobre a vida de Felipe.

— O Sr. John falou que o Felipe está se saindo muito bem na escola. É um dos melhores. — disse a moça. — E que na mala estão alguns presentes que o seu filho mandou. — sorrindo.

— Ah, obrigada. — agradeceu a mulher, que não conteve as lágrimas. — Ele é um bom menino, apesar de tudo que passou.

— Ela disse que Felipe é um bom menino, apesar de tudo que passou. — a tradutora contou para John, que sentou no sofá à frente de Dona Maria.

— Tudo que passou? — perguntou John, pegando na mão de Maria. Olhando para a tradutora. — Fale que o Felipe é um grande amigo, e eu sei de toda a história dele.

— Felipe e John são melhores amigos, por isso o seu filho pediu para ele trazer essas coisas, o Felipe confia muito no John e já conversaram sobre o ocorrido.

— Sim. Não é fácil para um adolescente ser preso na Febem.

— Senhor John. — a moça sorriu. — Tenho algo que você vai gostar de saber.

De volta a Londres, os jovens se preparam para a grande viagem. Naquela noite, Lucy chegou para pegar Tchubirubas, o cachorro de Felipe e Guilherme passaria o Ano Novo com seus amigos Dolce & Gabbana. Felipe sentiu muito por deixar o animal, mas sabia que aquela era uma oportunidade única.

— O meu amor ficou triste? — questionou Guilherme ao ver Felipe cabisbaixo.

— Um pouco. — respondeu. — Deixar ele sozinho e no nosso primeiro ano novo.

— Ele vai tá entre amigos. Tenho certeza que o Tchubis vai se divertir bastante. Fora que nós precisamos aproveitar esses ingressos do Dylan. — ressaltou Guilherme, abraçando o namorado e o beijando na bochecha.

— O Dylan é um cara legal, né?

— Hum, — soltou Guilherme. — devo ficar com ciúmes?

— Não. — disse Felipe. — Sei lá. Faz tempo que não tenho um amigo de verdade. Quer dizer, você é o meu amigo, mas um amigo que posso conversar e...

— Eu entendi, amor. Eu confio em você. Todos precisamos de amigos. Não sou um namorado controlador, quer dizer... — jogando Felipe na cama e o beijando.

O grupo partiria numa quinta-feira, dia 29 de dezembro. Eles teriam dois dias para chegar. Na conta de todos, o tempo era suficiente. Guilherme, Felipe, Nariko e Wong se encontraram na frente da Escola de Intercâmbio, depois de um tempo, Dylan chegou com Kaity.

A animação tomou conta dos amigos, mas uma pessoa ainda faltava - Paris. Os rapazes acomodaram todas as bolsas dentro do motorhome, organizaram as bebidas e a comida extra.

De repente, uma limusine parou ao lado do motorhome. Paris saiu e cumprimentou os amigos. E pediu ajuda para colocar suas quatro malas dentro do automóvel para o desespero de Dylan, que já havia colocado tudo em seu devido lugar.

— Desculpa, pessoal. A Stella demorou um século para entregar meu vestido, ainda precisei fazer uma parada na sapataria. — explicou Paris.

— A Stella McCartney?! — questionou Kaity, pois adorava o trabalho da estilista.

— Quem? — questionou Felipe, pois não fazia ideia de quem era Stella McCartney.

— A Stella McCartney? A estilista? Filha do tio Paul? — Paris fez várias caretas e todos riram.

— Gente. Que tudo. Os designer dela são os melhores. Inclusive, na minha formatura pedi para uma costureira fazer uma versão de um dos seus vestidos. — contou Kaity, mostrando as fotos para Paris.

— Menina, ficou ótimo. Essa costureira é muito talentosa. Eu até tentei fazer uns vestidos, mas não consegui. — lamentou Paris. — Ah, Guilherme. Ela mandou para você. —entregando uma caixa preta para Guilherme.

— Mesmo? — Guilherme pegou e abriu a caixa. Havia um lindo relógio prateado. — Nossa, que lindo.

— Você acabou de receber um relógio da Stella McCartney? — perguntou Kaity, antes de sentar no chão.

— Ela é quase uma tia. — revelou Guilherme.

— Pessoal, temos que ir. Precisamos chegar a Glasgow dentro do tempo. — anunciou Dylan.

Dylan, Wong e Guilherme seriam os responsáveis por levar o carro. Paris aproveitou que todos estavam interagindo e foi dormir na cama. Eles iam cantando e conversando durante o trajeto. Depois de duas horas, Felipe viu um cenário lindo e pediu para tirar uma foto com os amigos.

Depois de algumas horas de estrada, o grupo chegou em uma cidade no litoral da Escócia e que ficava a apenas duas horas de Glasgow. O frio estava intenso, então eles decidiram acender uma fogueira, mais um dos talentos de Dylan. Ele realmente era especialista em viagens de trailer.

Já a janta ficou por conta de Guilherme, Nariko e Kaity. Para Felipe sobrou a missão de subir a barraca.

— Tem certeza que é uma boa dormir aqui fora? — quis saber Dylan, ajudando Felipe a colocar a estrutura da barraca.

— Sim. Dessa maneira ninguém precisa dormir apertado. A gente trouxe um cobertor com aquecedor. — disse Felipe se atrapalhando com o tecido da barraca.

— Calma. — pediu Wong o ajudando. — Você é muito atrapalhado. — rindo de Felipe.

— Quase isso. — Felipe riu, coçando a cabeça e respirando fundo. — Mas eu não sabia que era tão difícil montar uma barraca.

Todos se reuniram ao redor da fogueira para comer a janta. Dylan aproveitou para mostrar seus dotes musicais. Felipe adorou a refeição, repetiu 3 vezes. Depois de comer, eles continuaram a cantar e conversar. Paris entrou e pegou as bebidas para esquentar um pouco.

— Então, vocês estão animados com o ano novo? É a primeira vez que vou passar longe de casa. — afirmou Nariko, que aquecia a mão na fogueira.

— Demais. — disse Kaity, olhando para Dylan e sorrindo. — É a primeira vez que vou passar o ano novo assim...

— Com um namorado gato? — Paris questionou com um tom irônico.

— Com amigos. Com amigos! — exclamou a intercambista da Rússia. Dylan aproveitou e cantou uma canção para a amada.

Aos poucos, o frio aumentou e os jovens decidiram dormir. A área de camping escolhida para a pernoite era agradável e com poucas pessoas. Felipe e Guilherme seguiram para a barraca. Eles tiveram um certo trabalho para ligar o cobertor térmico, mas com a ajuda de Dylan conseguiram.

— Você está feliz? — perguntou Guilherme, enquanto abraçava Felipe debaixo das cobertas.

— Sim. É uma viagem incrível. — respondeu Felipe usando o calor do corpo do namorado para se manter aquecido.

— Sei lá. Você não contou na fogueira. — soltou Guilherme.

— Eu não canto, amor. Nunca gostei de cantar. A minha voz é horrível. — revelou Felipe, rindo, pois adorava quando Guilherme se preocupava. — Essa viagem é a realização de um sonho, Guilherme. Lá no Brasil, por exemplo, eu não tinha tantos amigos e nunca saí de Porto Estrela.

— Tudo bem, bebê. O importante é aproveitar cada momento, viu. Você é merecedor. Agora, por favor, aumente a temperatura desse cobertor. — implorou Guilherme, pois tinha certeza que não sentia mais os pés.

No dia seguinte, todos acordaram com uma surpresa: neve. Nevou bastante durante a madrugada. Felipe teve mais trabalho para desamarrar a barraca. Devido a nevasca, o GPS indicou um novo caminho, porque algumas estradas estavam bloqueadas.

Mesmo temeroso, Dylan seguiu a indicação do GPS e pegou as estradas paralelas. Porém, em uma das ruas íngremes, o veículo perdeu a força e deslizou para trás. Sem opção, o jovem americano acabou descendo um morro e torceu para o motorhome não capotar.

Paris que estava deitada na cama foi lançada para cima, enquanto o resto tentava se segurar em algum objeto.

— Nós vamos morrer! — gritou Guilherme assustado.

— Calma, amor. — pediu Felipe, tentando alcançar Guilherme, mas sem sucesso. Com o solavanco, Felipe foi lançado para o lado oposto e bateu a cabeça em um móvel.

— Felipe! — exclamou Guilherme, rastejando na direção do namorado e o abraçando.

O motorhome estremeceu violentamente antes de deslizar pelo barranco, girando em um ângulo impossível de controlar. Dylan sentiu seu coração acelerar enquanto o veículo descia, rasgando a vegetação e levantando neve ao redor. O impacto final foi abrupto, deixando todos dentro atordoados e desorientados.

A neve cercava o veículo, criando uma barreira branca e silenciosa. Aos poucos, os ocupantes começaram a se mover, verificando se estavam inteiros. Dylan foi o primeiro a desatar o cinto de segurança e ajudar os amigos. Kaity estava ao seu lado, esfregando a testa onde um hematoma começava a se formar. Ela olhou para ele, seus olhos cheios de preocupação, mas sem lágrimas.

— Todos estão bem?! — perguntou Dylan em voz alta.

Felipe, sentado ao lado de Guilherme, pressionava uma mão contra a cabeça, enquanto piscava os olhos para ajustar a visão.

— Estamos bem. — anunciou Nariko, que continuava segurando em uma mesa.

— Diga isso por você. — uma descabelada Paris saiu do quarto. — Me agarrei nesse colchão e perdi uma unha. — lamentou.

— Vem, Nariko. — Wong a ajudou a ficar em pé.

Dylan saiu do veículo e olhou em volta. "Estamos atolados. E não tem sinal de internet aqui," ele anunciou, segurando o celular no ar como se isso pudesse magicamente trazer uma conexão. Aos poucos, os outros foram saindo do veículo e se depararam com um lugar cercado de neve.

— Merda! — gritou Dylan, ao ver parte do veículo enterrado dentro da neve.

— Por pouco não batemos nessa árvore. — disse Nariko.

— Uau. — soltou Wong, olhando para o morro. — Foi uma descida e tanto.

— E agora? Será que conseguimos sair por ali? — questionou Felipe apontando para a direita.

— Eu vou procurar ajuda. — Dylan deu uma olhada no horizonte, onde as árvores se erguiam, sombrias e imponentes. — Vocês fiquem aqui, se mantenham aquecidos. Vou tentar encontrar alguma cabana ou estrada próxima.

— Não é seguro ir sozinho. — protestou Wong, mas Dylan já estava se afastando, com passos firmes na neve.

— Ele está certo. — disse Kaity, apertando o casaco ao redor do corpo. — Temos que confiar nele. Vamos fazer o possível para nos mantermos aquecidos até ele voltar.

— Eu também vou. — afirmou Wong, correndo atrás de Dylan.

— Eu vou. — Felipe colocou um gorro e beijou Guilherme.

— Mas e a sua cabeça? — quis saber Guilherme preocupado.

— Estou ótimo. E vou me sentir melhor se ajudar. Você me conhece, né? Eu vou buscar ajuda para o meu príncipe. — garantiu, antes de correr na direção de Wong e Dylan.

Os rapazes se prepararam para a caminhada, mas não precisaram ir longe. Eles encontraram uma casa humilde e decidiram pedir ajuda. Uma senhora atendeu e pediu para eles entrarem. Eles usaram o telefone da mulher, mas não havia nenhum serviço aberto. Wong voltou para o trailer para pegar o resto do grupo, eles conseguiram um táxi.

O trabalho foi para Paris. Ela deveria escolher apenas algumas roupas para levar. Os outros foram rápidos e conseguiram escolher algumas peças para colocar na mala. Eles seguiram para a casa da senhora. O nome dela era Cindy. Ela aguardava o esposo e o neto.

— Oh, sejam bem-vindos. — a mulher sorriu quando viu os jovens. — Entrem. Está muito frio. — o grupo entrou na humilde residência.

— Oi, gente. — Felipe cumprimentou os amigos, enquanto tomava uma sopa quente. No meio tempo, Cindy tinha cuidado de seu machucado na cabeça.

— Novidade. — Dylan soltou uma risada ao ver Felipe comendo.

A casa era pequena, com uma sala de estar modesta e uma cozinha anexa. As paredes eram decoradas com fotos antigas e lembranças de uma vida simples, mas cheia de amor. Uma mesa de madeira desgastada pelo tempo ocupava o centro da sala, cercada por cadeiras de diferentes estilos, todas gastas pelo uso, mas robustas.

Cindy rapidamente começou a distribuir tigelas de sopa quente. De repente, um homem baixinho e trajando uma roupa engraçada entrou pela porta da cozinha. De início, os jovens se assustaram, mas logo Cindy explicou que se tratava de ser o seu marido, Elliot, que trabalhava produzindo mel.

— Olá? — cumprimentando o grupo, enquanto tirava o traje. — Tudo certo?

— Oh, sim. Esse grupo adorável está precisando de ajuda. O carro deles quebrou.

— Vovô, esqueceu o seu chapéu. — disse um jovem entrando pela mesma porta. Ele também trajava uma roupa de apicultor. — Esse pessoal é um coral de fim de ano?

— Não, não. Eles ficaram presos na estrada e estão aguardando o táxi. — explicou a idosa, ajudando o marido a tirar o traje.

— Acho meio difícil, ouvi dizer que está vindo uma nevasca. Por isso, colocamos as abelhas dentro do estábulo. — contou o idoso. — Acho que vocês vão ficar presos aqui conosco.

— Nevasca? — perguntou Paris, correndo até a janela e gritando. — Nããããããããããããããoooooooooooo!!!!!!

Presos. A palavra ecoou na cabeça de todos. De repente, uma confusão se instaurou na casa. Ninguém queria ficar preso em uma nevasca no meio do nada. Guilherme percebeu que eles estavam criando uma confusão desnecessária e chamou a atenção dos amigos.

— Respeito. — pediu Guilherme, olhando para Cindy e Elliot, que estavam atentos ao caos.

— Vamos conversar lá fora. — disse Felipe, levantando e colocando um gorro.

Sim. Eles estavam presos naquele lugar. Faltavam apenas seis horas para o início da festa e não havia uma maneira de chegar até Glasgow. Elliot permitiu que o grupo usasse o quarto de hóspede para pernoitar, mas não haviam camas o suficiente. Dylan sugeriu que alguém voltasse até o motorhome para pegar alguns colchões.

Preocupada, Cindy levou o marido até um canto do casebre e afirmou que não haveria comida suficiente para todos. Elliot até tentou fazer compras no mercado local, mas estava com o nome sujo no estabelecimento.

Cindy e Elliot afirmaram para os jovens que eles poderiam esperar o quanto quisessem. Eles sentaram na sala, meio desanimados. Elliot e a esposa foram conversar na cozinha, enquanto Robert saiu para pegar lenha. O casebre era grande, mas muito antigo. O interior da casa continuava frio, mesmo com a lareira acesa.

Atento a tudo estava Robert, um rapaz de 15 anos. Ele era neto de Cindy e Elliot. Os pais do jovem faleceram em um incêndio e a guarda dele ficou para os avós maternos. Apesar dos sacrifícios e obstáculos, os três se amavam e viviam como uma verdadeira família.

Sim. A nevasca atrapalhou os planos de todos, mas eles não ficariam de braços cruzados. Se sentindo culpado, Dylan meio que assumiu a liderança e bolou um plano para salvar o réveillon de todos. A única que ainda tinha esperança de chegar até Glasgow era Paris, porém, o clima do lado de fora só piorava.

Para ajudar na ceia, o grupo decidiu comprar alimentos. Guilherme, Robert, Wong e Kaity seguiram para o mercado do vilarejo. Enquanto Felipe e Dylan decidiram ir até o motorhome para pegar os colchões.

Nariko se ofereceu para ajudar Cindy nos afazeres domésticos, Paris ficou sentada na sala se lamentando por perder o show de Ano Novo.

— A senhora não vai fazer Peru? — questionou Nariko, enquanto ajudava Cindy a descascar cebolas.

— Não temos. Vou fazer uma sopa de cebola.

Sabe quem estava tendo um ótimo Reveillon? John. Isso mesmo. No Brasil, o braço direito de Leopold aproveitou para investigar a vida de Felipe. E para a sua alegria, um documento chegou às suas mãos. Aquele pedaço de papel poderia colocar em xeque a relação de Felipe e Guilherme.

— Você tem certeza disso? — perguntou Nick, enquanto fazia uma chamada de vídeo com John.

— O pobretão está com os dias contados, cara. Eu só preciso que você me ajude. — pediu John.

— Cara, depende do que vai cair na minha conta. — jogou Nick, querendo se aproveitar da situação para faturar.

— Se for um bom menino, com certeza vai sair ganhando. — afirmou John rindo, antes de encerrar a chamada.

Depois de alguns minutos jovens chegaram ao supermercado. O local, na verdade, era uma bagunça total, mas não havia outra opção. Com medo do dono, Robert achou melhor esperar o grupo do lado de fora.

— Ei, o que o neto do Elliot está fazendo do lado de fora? — questionou um rapaz que estava guardando alguns alimentos nas prateleiras.

— Sei lá. — respondeu um senhor. — Será que veio implorar por comida?

Guilherme olhou para Wong, que engoliu seco. Eles conseguiram comprar vários ingredientes para fazer um jantar decente. Guilherme aproveitou para comprar outras coisas também. Felipe chegou no motorhome e a neve parecia ainda mais espessa. Com dificuldade, ele abriu a porta e tentou dar a partida, sem sucesso.

— Se a gente não conseguir ligar...

— Calma. — Felipe tentou tranquilizar o amigo. — Vamos dar um jeito. Acho melhor a gente voltar para a casa da Dona Cindy.

— Será que fazemos a ceia lá? — perguntou um ansioso Dylan. Ele se sentia culpado pela situação.

— Acho que não vai ter problemas, né?

— Espero que não. — torceu Felipe.

Guilherme, Wong e Robert chegaram com várias sacolas. Cindy e Elliot se impressionaram com a quantidade de alimento. Paris começou a reclamar que ficaria presa naquele lugar. Não demorou muito para Felipe e Dylan retornarem.

— Pessoal, não tem como cozinhar no motorhome. — contou Felipe para a decepção dos amigos.

— Puxa, sinto muito.

— Dona Cindy, Sr. Elliott. — Guilherme chamou a atenção dos idosos. — Será que podemos fazer a ceia aqui?

— Compramos ingredientes para fazer um mega jantar de ano novo, então vocês não vão ter trabalho. — disse Nariko.

— Querida. — Paris se aproximou de Cindy. — Onde fica o banheiro?

— Robert, — pediu a idosa. — Leve a moça até o banheiro.

— Venha comigo. — Robert apontou para o lado de fora.

— Com licença. — Paris pegou uma mala no chão e seguiu o rapaz.

Paris não podia acreditar na sua sorte naquela noite. Uma patricinha acostumada com o luxo e o conforto, agora estava presa em uma fazenda humilde no meio de uma tempestade de neve.

O banheiro ficava do lado de fora, um pensamento que a deixava desconfortável e um tanto quanto assustada. A tempestade de neve estava se aproximando rapidamente, tornando a situação ainda mais desesperadora.

Eles saíram da cabana, e Paris foi imediatamente atingida pelo frio cortante. Ela sentiu os pés afundarem na neve macia, cada passo numa luta contra o vento gelado. Robert caminhava ao seu lado, segurando uma lanterna para iluminar o caminho.

O banheiro era uma pequena construção de madeira, bem diferente dos banheiros luxuosos da mansão da família de Paris. A patricinha decidiu usar o seu vestido de réveillon. Apesar do cansaço, Paris acionou o registro e a água desceu de uma única vez. O problema? A água estava muito gelada.

— AAAAAAAAHHHHHHHHHHHHH!!!!!!! — gritou Paris. Sua voz ecoou por toda a vila.

— Puxa vida! — exclamou Cindy, dando uma risada sem graça. — Esqueci de avisá-la. Estamos sem água quente.

Do lado de dentro, parte do grupo se reuniu com o Sr. Elliott. O idoso contou diversas histórias sobre sua família e os trabalhos que realizou nos últimos anos. Kaity notou que havia um enorme piano na sala.

— Seu Elliot, o senhor toca? — quis saber a intercambista russa.

— Não. — respondeu o idoso, que deu uma risada abafada. — É do Robert, essa é uma das poucas lembranças que ele tem dos pais.

— O nosso amigo Guilherme também toca piano. — disse a moça, dedilhando algumas notas.

— Quem sabe eles não fazem um show hoje a noite. — sugeriu o idoso, voltando a contar suas histórias.

Cindy pegou Robert olhando algumas fotos antigas de seus pais. A avó do jovem pegou em seu ombro e depois lhe deu um abraço bem forte. Ele disse que estava feliz por ter a presença dos avós, mas sentia muita falta dos pais.

— Acho que a nossa vida seria mais fácil. — lamentou o rapaz. — Desde quando cheguei aqui, vó, eu só trouxe problemas.

— Não diga isso. Esses problemas financeiros passarão. — disse a idosa.

O banquete ficou pronto. Realmente, os cozinheiros se superaram e conseguiram fazer coisas deliciosas para a ceia de Ano Novo. Robert estava sentado no sofá quando Paris desceu da escada. O coração do jovem acelerou e ele viu a cena toda em câmera lenta.

— Gostou do vestido? — perguntou Paris, fazendo uma pose modelo e sorrindo.

— S...s...s...siiiiim. Ad-ado-adorei. — gaguejou Robert, ficando nervoso e limpando a água que estava saindo da boca.

— Veste melhor em mim do que na Rihanna, né?

— Claro. Veste sim. — respondeu o jovem.

— Gente! — Guilherme chamou a atenção de todos. — A janta está pronta. Vamos?

O jantar correu de forma satisfatória. Felipe comeu mais do que os outros. Paris passou a noite chorando por causa do show. Cindy e Elliot agradeceram pela janta. A senhora perguntou aos jovens quais eram suas resoluções de ano novo.

— Bem. — Guilherme foi o primeiro a se manifestar. — Espero começar a faculdade de direito e continuar ao lado da pessoa que amo. — olhando para Felipe. — levantando a taça.

— Eu quero continuar morando em Londres e ter essas oportunidades de desbravar a Europa. — desejou Dylan, levantando a taça e sorrindo. — E quem sabe pedir a Kaity em namoro. — tomando o champanhe.

— Arrasou! — gritou Paris.

— Quero concluir meus estudos e continuar também em Londres. Quero ser a primeira engenheira eletrônica da minha família. — disse Nariko.

— Esse ano já foi muito bom para mim. — Felipe afirmou, chamando a atenção dos amigos. — Não sou o tipo de cara que gosta de planejar as coisas, mas no futuro quero fazer uma faculdade de medicina. E continuar amando a pessoa que eu amo. — rindo e piscando para Guilherme.

— Eu quero tudo! Quero mais dinheiro, mais sucesso e mais festas! — Paris não se fez de humilde e desejou todas as coisas boas da vida.

— Quero mais momentos como esses. — desejou Wong, que foi zoado pelos amigos pelo seu jeito calado e direto.

— Boa noite. — Kaity andou na direção de Dylan e se ajoelhou. — Quer namorar comigo? — a pergunta surpreende a todos, que ficaram na expectativa da resposta.

— Eu... eu... quer dizer... eu... eu...

— Aceita meu jovem. — orientou o Sr. Elliot.

— Eu aceito, claro que aceito. — respondeu Dylan se ajoelhando e beijando Kaity.

— Que fofo. — suspirou Paris ficando emocionada.

— E você Robert? — questiona Cindy, tentando inserir o neto na conversa. — Qual sua resolução de Ano Novo?

— Essa coisa é bobeira. — respondeu Robert saindo da cozinha.

— Desculpem. Essa época do ano o deixa muito sensível. Os pais dele morreram em um acidente de carro na época de ano novo.

Robert seguiu para sala e começou a dedilhar algumas notas no piano. De repente, o telefone tocou. Quem atendeu foi Cindy. Ela explicou que era a empresa de táxi avisando que um carro foi liberado para levar o grupo para a festa. Os idosos agradeceram pela janta. Paris arrumou a mala em cinco segundos, mas encontrou todos tristes na sala.

— Gente, é o show do século. Preciso ser vista. — Paris tentou chamar a atenção dos amigos, mas ninguém topou. — Ahhh, não! Vocês não vão querer desistir. Isso é tudo culpa do Dylan.

— Minha?!

— Isso é verdade. — soltou Nariko. — Você ligou o GPS e deu a ideia de acampar.

Todos começam a falar alto. Robert continua tocando e Kaity reconheceu a melodia. Cindy e Elliot sentaram perto da lareira, eles ficaram rindo dos jovens discutindo. Kaity cantou baixo, mas aumentou o tom de voz e chamou a atenção dos amigos.

***

Kaity:

Os antigos conhecidos deveriam ser esquecidos

e nunca relembrados?

Os antigos conhecidos deveriam ser esquecidos

e os velhos tempos*!

Pelos velhos tempos, minha querida

Pelos velhos tempos

Ainda tomaremos uma xícara de bondade

Pelos velhos tempos

***

Felipe e Guilherme se olharam com cumplicidade. Nariko e Wong sentaram no chão. Dylan ficou perto de Kaity. Eles realmente não sentiram vontade de ir embora. Paris se despediu de todos e seguiu para o táxi. De longe, ela viu fogos de artifício vindo de Glasgow. Ela entrou no veículo, olhando para a casa de Elliot e Cindy.

— Vai só você mesmo? — perguntou o taxista.

— Sim.

— Ok. — saindo com o carro.

— Espera. Espera. Essa festa não vale tanto. — disse Paris, pegando o celular e tirando uma foto. — Só pra lembrar da minha expressão de bondade.

— Sério? — perguntou o motorista.

— A minha expressão de bondade é muito bonita. — respondeu Paris.

— Você me faz vir lá do outro vilarejo para cá e não vai comigo.

— Querido, por favor, me desculpe. — lamentou Paris, tirando algumas notas de sua bolsa. — Pegue. — Tenha um feliz ano novo. — saindo do carro e voltando para a casa de Cindy.

— Moça, aqui tem muito dinheiro. — o motorista tentou protestar, mas Paris gritou.

— Feliz Ano Novo, moço! — desejou a patricinha.

=======

Paris: (entra na casa cantando):

E certamente, você pagará pela sua e eu pela minha

Ainda tomaremos uma xícara de bondade

Pelos velhos tempos

Paris e Kaity:

Nós dois já corremos pelas colinas

E colhemos margaridas

Mas já vagamos cansados por muitos lugares

Desde os velhos tempos

***

No Brasil, o Réveillon bombava e as famílias se reuniam para celebrar. John aproveitou a oportunidade e levou uma ceia para a família de Felipe. Aos poucos, ele conquistou a confiança de dona Maria e investigou toda a vida do seu inimigo.

— Eu quero conhecer mais o Felipe. — disse John, olhando para a tradutora e sorrindo. — Preciso saber sobre o passado do Felipe nesse lugar. Preciso de documentos.

— O senhor John precisa de alguns documentos do Felipe. — disse a tradutora. — Ele se preocupa muito com o bem-estar de seus funcionários. E o John acha que o Felipe tem um grande futuro em Londres, mas precisa saber sobre o trauma que o seu filho esconde.

— Bem, é uma história bem longa.

— Ela disse que é uma história bem longa. — a tradutora contou para John.

— Eu tenho todo o tempo do mundo. Todo o tempo do mundo.

***

Paris:

Pelos velhos tempos, minha querida

Pelos velhos tempos

Ainda tomaremos uma xícara de bondade

Pelos velhos tempos

Kaity:

Nós dois remamos na corrente

Do Sol da manhã até a noite

Mas os mares entre nós já bravejaram muito

Desde os velhos tempos

***

— Feliz Ano Novo. — Felipe desejou ao namorado, antes de o beijar.

— Feliz Ano Novo, amor.

— Quem diria que a casa estaria cheia em uma noite de Ano Novo. — disse Cindy, pegando na mão do esposo e acariciando. — Como nos velhos tempos.

— Como nos velhos tempos. — respondeu Elliott.

Paris e Kaity:

Pelos velhos tempos, minha querida

Pelos velhos tempos

Ainda tomaremos uma xícara de bondade

Pelos velhos tempos

Ainda tomaremos uma xícara de bondade

Pelos velhos tempos

***

Sim. Felipe e Guilherme aproveitaram muito esse momento, mas deveriam ter aproveitado mais. O início do Ano para os dois vai trazer muita dor e decepções. Ah, se eles pudessem voltar no tempo.

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Comentários

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Que fofo apoio a Paris com o Richard e o jhon tem que tomar no cu pq ele tá muito saidinho.

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MARAVILHA. MAS DESEJO UM FINAL DESESPERADOR PARA JOHN E NICK.

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