Continua...
-Pois não deveria desconfiar,porque uma hora isso fica chato.-Disse sem ânimo.
-Por acaso,não gosta mais da minha presença?-Fred perguntou surpreso.
-O que eu não gosto é dessa sua nova mania...tudo tu enfia o Eduardo no meio!-Respondi,começando a me irritar com aquela conversa.
-Desculpe meu anjo!-Ele pediu,sem olhar pra mim.
-Olha depois a gente conversa mais,tá legal?-Perguntei,olhando por cima do ombro dele.
-Lúcio,é impressão minha ou você está me tratando diferente?-Fred,perguntou após alguns minutos em silêncio.
-Só tô preocupado com as minhas notas e a minha colega deve tá quase por aí e...-Tentei falar.
-Eu entendi...Você quer que eu vá embora...Mais eu não vou desistir e vou descobrir o que está acontecendo com você.-Ele disse,sua expressão demonstrando profunda tristeza.
Não consegui evitar de me sentir mal por ele,mais também não conseguia me sentir confortável depois da forma como o vi agir,e nessa confusão,o observei ir até o carro e entrar.Fechei a porta com cuidado e voltei ao sofá,onde me deitei e encarei o teto pensativo.Não demorou muito e Noel entrou pela porta,então me levantei e o acompanhei.Na cozinha lembrei das compras que tinha feito e o que tinha tudo para ser um almoço bem simples,se tornou mais variado o que agradou a nós dois.Enquanto o ajudava,começamos a conversar sobre a minha escola e a minha infância,logo depois falamos sobre a minha avó e os meus tios.
-E tu Noel,não tem família?-Perguntei,após contar tudo o que sabia sobre a família da minha mãe.
-Apenas um irmão,que é casado com uma moça filha de um velho militar e é advogado...Mais ele não gosta de mim,odeia o caminho que segui.-Ele respondeu com sinceridade.
-E seus pais?-Perguntei,curioso.
-Minha mãe faleceu de câncer quando eu tinha nove anos e meu pai sofreu um infarto quando completei dezenove.Fora eles eu tinha mais uma irmã,só que ela também faleceu vítima de doença.-Noel respondeu,após um minuto em silêncio.
-E como era o teu pai?-Perguntei.
-Um homem analfabeto na escola dos homens mais formado na escola da vida.Era muito trabalhador e honesto,dava tudo que podia e o que não podia a nós três...Só queria ter lhe dado mais valor.-Noel respondeu,seus olhos escurecendo de tristeza.
-Por que?-Perguntei sem entender,cortando o que havia sobrado das verduras para fazer uma salada.
-Perder minha mãe cedo e logo depois a minha irmã não foi fácil para mim Lúcio,principalmente quando entrei na adolescência.Eu e meu pai a gente começou a não se entender mais e eu tinha vontade de quebrar,de gritar ou até mesmo de bater em alguém.Qualquer coisa me irritava e as brigas com meu pai não ajudava e assim comecei a passar mais tempo fora de casa,e acabei conhecendo uns garotos e através deles a droga.Comecei a usar e usar,quando vi já estava sendo soldado do traficante da boca,para conseguir mais.-Noel contou lentamente,parecendo distante.
-Nossa!-Disse sem saber o que falar.
-Meu pai sofreu muito comigo,Lúcio!...Tantas vezes ele tentou sentar e conversar,mais eu não queria escutar.Pra mim ele era um velho burro e idiota que vivia no século passado e não podia me entender...Hoje eu vejo,como eu estava errado.-Noel disse,terminando de me mexer a última panela ao fogo e então a desligar.
-Sinto muito pela morte dele.-Disse,enquanto levava as facas até a pia.
-Depois que eu perdi o meu pai Lúcio,fui viver com umas putas e reencontrei os parceiros das antigas,mais a vida me ensinou da forma mais dura que nenhum deles faria por mim o que aquele velho tinha feito.Me ensinou que nenhum deles,seria capaz derramar uma das lágrimas que o meu pai derramou por mim...Eu achava que tinha o mundo nas mãos e acabei descobrindo que eu era o burro da história.Sofri o pão que o diabo amassou e apanhei muito nessa vida.-Noel disse,seus olhos cheios d'agua.
Ele sempre tinha algo para me dizer quando me encontrava triste,mais eu não sabia o que falar e fiquei de cabeça baixa,olhando o tampo da mesa.Percebendo minha reação,Noel pegou os pratos e o colocou em cima da mesa,trazendo as panelas logo em seguida.
-Você foi um bom ajudante,agora vamos ver se ficou bom.-Ele disse com um sorriso.
Retribuí o sorriso e nos servimos,comendo em silêncio.Ao terminar me ofereci para lavar os pratos e Noel disse que ia descansar um pouco.A pia estava lotada como se tivéssemos feito comida para um exército e demorou algum tempo até que tudo estivesse limpo e guardado em seu devido lugar.Lavei as mãos e após enxugar,fui em direção ao meu quarto,mais ao passar em frente ao quarto da minha mãe,notei a porta entreaberta e me aproximei,dando uma pancada de leve.
Ouvi a voz de Noel vindo de dentro,pedindo que eu entrasse e eu exitei,pois minha mãe havia me proibido de entrar em seu quarto e sempre o mantinha fechado.Mais como ela não estava ali decidi entrar e empurrei a porta,dando de cara com o Noel sentado na cama e uma caixa na mão.
-O ruim de se levar alguns tiros nessa vida,é que as vezes fica alguma sequela.-Ele disse enquanto me mostrava a mão aberta e exibia quatro comprimidos enormes.
Em silêncio,olhei a minha volta e percebi como o quarto da minha mãe estava cheio,pois além da cama e guarda-roupa havia várias caixas de papelão a um canto e encostado a elas,um baú antigo e enorme.Tambem havia uma cômoda com espelho,um rack e dezena de coisas amontoadas a um canto.
-O quarto da minha mãe parece um deposito.-Disse por fim.
-Nunca havia entrado aqui?-Noel perguntou.
-Não!...Ela nunca deixou.-Disse.
O baú era o que havia me interessado,não entendia porque minha mãe tinha algo tão antigo e então me aproximei dele.Notei que ele tinha uma bela pintura e que estava um pouco afastado da parede.Ao olhar aquela pequena brecha,vi algo vermelho e estendi a mão e o apanhei,era um livro de capa dura.
Curioso,o abri com dificuldade e percebi que ele estava bem rabiscado mais apesar do esforço,pouca coisa dava para se entender pois a maioria das palavras eram apenas borrões,resultado da umidade da parede.Na terceira página encontrei uma assinatura e quando a consegui ler,fui até o Noel e lhe mostrei o livro.
-É a assinatura do meu pai...Esse livro era dele.-Disse entusiasmado.
-Estranho,a sua mãe disse,que havia queimado tudo que tinha do seu pai.-Noel disse surpreso.
-Ele estava escondido atrás do baú e só dava pra ver se chegasse bem perto.-Expliquei.
-Então fique com ele!-Noel disse com um bocejo.
Após desejar um bom descanso a ele,sai quase correndo do quarto e entrei no meu,aonde me deitei no colchão e passei a revirar o livro para ver se descobria mais alguma coisa.Quando já estava quase perdendo a esperança e achando que dali não sairia nada,notei que uma das capas estava descolada e que havia alguma coisa entre o papelão e revestimento.Com muito esforço e cuidado para não danificar ainda mais a o livro,consegui puxar e percebi que era o pedaço de uma fotografia.
Nela havia dois homens e o braço de um terceiro.O primeiro era um loiro que depois de alguns minutos,reconheci como sendo o mesmo da foto que vi no dia que minha mãe estava revirando uns papéis,seu nome era Carlos.Já o outro era o TH bem mais jovem e bem mais feliz do que ele era agora.
Já havia pensado várias coisas sobre o TH,mais nunca teria imaginado ele vestido na roupa que agora via ele usando na foto,afinal o TH era um matador de aluguel.O vilão,o bandido,o lado ruim da história.
Coloquei o pedaço de fotografia em cima do livro e o alisei,em seguida trouxe mais perto dos meus olhos e tentei analisar aquele braço nos ombros do TH,mais cheguei a conclusão de que não era do meu pai e curioso para saber se ele estava naquela fotografia,me perguntei aonde estava o resto da foto.
Abri o livro e passei as páginas rapidamente,olhei bem as capas mais era óbvio que não estava ali e poderia até ter sido destruído,mais eu não ia desistir,precisava saber se o meu pai assim como o Carlos e o TH naquela foto,também usava uma farda da polícia militar.
Eu precisava de respostas e nesse momento apenas duas pessoas poderiam me dar,minha mãe e o TH.Após refletir percebi que o TH era a melhor escolha,o difícil agora era encontra-lo.
Continua...
¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤
Olá gente!
Estive doente esses dias e acabei sumindo,mais melhorei e para vossa alegria...Voltei!
Tô me achando olha!kkkkk
Martines não tem como o Lúcio desconfiar de que Sônia não seja a mãe dele,pois ele têm a certidão de nascimento e outros papéis que ainda não foram citados,então ele acredita que ela realmente é isso.O que mais você descobriu?kkkk
Theus.tins não sei como o Eduardo vai voltar,mais eu vim com a corda toda.kkk
Atheno,Elizalva.c.s,Missy,impact,VALTERSÓ,Ru/Ruanito,amordestinados2,BRUNO NEGAO,Alíne 33 e Marcos Costa obrigado pelos comentários e notas.
Espero que gostem desse capítulo e
até a próxima...
Isso se o mundo não acabar dia 16 kkkkkkk