Continuando...
-Meu irmão não...Ah,meu Deus não!-Maia disse ficando de pé e levando as mãos a cabeça,em desespero.
-Eles estavam bem na cadeia...Como foi que isso aconteceu?-Perguntei,com a sensação de que eu havia perdido alguma cena daquela história.
-Eu não sei,Lúcio...Só sei que o pessoal do hospital ligaram lá pra casa e disseram que...que tinham quatro presos feridos e um deles era...era o Gilberto e o outro,o André.-Maia respondeu,as lágrimas ainda escorrendo pelo seu rosto.
-E a mãe do André?Ela já sabe?-Perguntei.
-Não sei...Mais...devem ter ligado pra ela!-Maia respondeu,ficando de costas para mim.
Apesar de querer saber sobre o estado deles,decidi não pressiona-la mais e então fui até a janela,onde me apoiei e fiquei a observar a rua.Minha mente trazendo lembranças antigas de quando conheci o Betão e o André e meu coração apertado dentro do peito.
Eles eram os únicos que eu poderia considerar como amigos,e imaginar que a última vez que os vi foi dentro de uma cela e que talvez nunca mais pudesse ver eles vivos de novo,fez minha carne se rasgar e sangrar por dentro.A dor me invadiu mais forte e mais cruel,e eu não consegui evitar de cair em lágrimas novamente.
-Tenho que ver o Betão e o André...tenho que saber como eles estão.-Disse com firmeza.
-Como Lúcio?...O vizinho foi quem levou a minha mãe...Não tem como a gente chegar lá!-Maia disse baixinho.
-Temos que dar um jeito,Maia.Eu preciso ver os meus amigos!-Rebati,enquanto me afastava da janela.
Ela ficou em silêncio e eu andei de um lado para o outro,a angústia que sentia não me permitia pensar direito e eu não conseguia chegar a uma solução.Tudo que eu sabia era que precisava estar naquele hospital,mais por mais que pensasse,não via outro meio a não ser esperar pelo dia seguinte,e aí poderia ser tarde demais.
Quando o desespero começava a me dominar,a porta se abriu e Noel entrou por ela.Em um ato inesperado fui até ele e o abracei,deixando que as lágrimas caíssem em seu peito.Surpreso,Noel demorou a retribuir o meu gesto,mais logo senti seus braços fortes me envolverem.
-O que aconteceu?-Ele perguntou baixinho,próximo a minha orelha.
-Meus amigos foram esfaqueados,Noel...e eu preciso ver eles,saber que tá tudo bem,mais não sei como.-Respondi enquanto agarrava sua camisa com força.
-Sei que é difícil receber uma notícias dessas,mais espera para amanhã...Durante o dia,têm vários carros e vocês pegam um e vão ver os seus amigos.-Noel disse com carinho,acariciando minhas costas.
-Não,não...tenho que ir agora...Não vou conseguir dormir,sem saber como eles estão.-Disse angustiado,me afastando dele.
-Lúcio já é noite e você não vai conseguir achar um veículo.Então se acalme e amanhã de manhã,prometo que vamos até o ponto e levo os dois lá.-Noel disse pacientemente.
-O Noel tem razão,Lúcio!-Maia resolveu se manifestar.
-NÃO,EU NÃO VOU ESPERAR ATÉ AMANHÃ!-Gritei,olhando incrédulo para dois,afinal como podiam pensar no amanhã,sabendo que o Betão e o André estavam feridos.
-Lúcio,...-Noel,tentou falar.
-SE NÃO PODE ME AJUDAR,ENTÃO NÃO ATRAPALHE.-interrompi,me deixando levar por tudo que estava sentindo.
-Tudo bem Lúcio,eu não me meto mais em seus assuntos.-Noel disse sério,saindo logo em seguida.
-Lúcio,também tô preocupada...O Gilberto é meu irmão e dói não saber o que está acontecendo,mais tu não deveria falar com o Noel assim...Poxa,ele só quer o teu bem.-Maia disse,em tom de quem dá uma bronca.
Senti vontade de lhe dar uma resposta,mais sabia que ela tinha razão e após pedir que ela me esperasse fui até o quarto da minha mãe e bati,chamando por ele.Noel abriu a porta e me encarou em silêncio,seus olhos em um tom frio.
-Desculpa...Não queria falar com tu daquele jeito...Mais me entende também,Noel!-Pedi,desviando o olhar do dele.
-Claro que eu entendo,você...Mais entenda o meu lado também,Lúcio.Já é noite e vai ser difícil arrumar um jeito de chegar até onde os seus amigos estão,sem falar no perigo de enfrentar a estrada uma hora dessa.-Noel,disse após respirar fundo.
-Ainda é cedo...Por favor,eu tenho que ver eles.-Pedi.
-Tudo bem!...Diz a sua amiga que vou ligar pra um parceiro e vê se ele leva nós três.-Noel disse,após algum tempo me observando.
-Espera aí?...Nós três?-Perguntei surpreso.
-Claro,pensou que eu ia deixar você sair sozinho com uma garota que está em um péssimo estado de nervos,a essa hora?-Ele respondeu com um sorriso.
-Mais tu acabou de sair do hospital.-Disse,preocupado.
-Confesso que ainda estou com um pouco de dor e bastante cansado,mais apesar do pouco tempo que te conheço,me preocupo muito com você,então vou te acompanhar.-Ele disse tranquilo porém com firmeza.
Não sabia o que falar,nem o que fazer.Aquilo era diferente pra mim,pois a única pessoa que realmente se preocupou comigo foi o meu pai e desde a morte dele,tinha vivido por minha conta e risco.Vendo a forma como ele estava me tratando,percebi como meu pai fazia falta e quase agradeci por ele estar ali com a gente.
Me virei e sai em direção a sala,onde encontrei Maia encolhida no sofá.Me aproximei lentamente e depois de me sentar próximo,acariciei seus cabelos e contei a decisão que Noel havia tomado.
-Ele até parece que é o seu pai.-Ela disse baixinho.
-Eu tive apenas um pai e apesar de tudo,o lugar dele não pode ser ocupado por ninguém,mais eu gostaria que o Noel ficasse com a gente.-Disse,com sinceridade.
-O único pai que conheci foi o Gilberto...Ele é tudo que eu e minha mãe temos.-Maia disse,voltando a cair no choro.
Eu conhecia a história do pai da Maia e do Betão,ele havia sido um traficante que cansou da vida bandida e resolveu se tornar um homem de bem.Tinha arrumado um emprego numa fábrica e uma mulher pela qual era apaixonado,com ela teve três filhos,mais um morreu de pneumonia.Quando Maia tinha apenas um ano e Betão sete,o pai deles foi assasinado por antigos inimigos em um bar.Betão nunca falava no pai e odiava quando o mencionavam,era um assunto que ainda doía muito dentro dele.
Uma batida na porta me trouxe de volta ao presente e me sentindo esgotado,fiz um esforço e fiquei de pé.Caminhei até lá e a abri,dando de cara com um homem atarracado e moreno que perguntou pelo Noel.Deixei que ele entrasse e fui até o quarto da minha mãe,onde avisei da presença do homem e voltei a sala.Logo Noel veio com minha mãe do lado,e comprimentou o homem.
-Onde é que seus amigos estão internados?-Noel perguntou.
-No hospital da cidade do lado...Eles estão preso no tourão,mais o hospital da cidade tá sem equipamentos e mandaram eles pra lá.-Maia respondeu,antes que eu falasse alguma coisa.
-João pode levar nós três até lá?-Noel perguntou,se virando para o homem.
-Sem problemas...só não garanto poder trazer de volta.-O homem respondeu com um sorriso.
Noel concordou e depois de da um beijo na minha mãe nos acompanhou até o lado de fora.Tive que segurar Maia cujas pernas tremiam de um jeito,que dava a imprensão de que ela ia desmontar.Entramos logo em seguida e o homem deu partida.
O caminho até a cidade ao lado,nunca pareceu tão longo e angustiante como agora e por mais que tentasse pensar em outra coisa,só conseguia imaginar que ia encontrar meus amigos sem vida.Quando o carro parou em frente ao hospital,não pensei duas vezes e desci.Abri a outra porta e ajudei Maia que passou o braço pelo meu pescoço,e entramos juntos no local.Não precisamos procurar muito,pois a mãe dela estava sentada em uma das cadeiras em frente a mesa da recepção.Ela ficou muito surpresa ao nos ver e deu uma bronca em Maia.
-Como tá o Betão e o André?-Perguntei,quando ela finalmente se calou.
-Ainda não sei...Já perguntei do meu filho pra eles,mais só dizem que quando a cirurgia terminar,o médico vem conversar comigo.-A senhora disse com os olhos cheios d'agua.
Observei ao redor e vi a Carla,mãe do André a um canto.Sem falar nada me afastei de dona Socorro e fui até ela,que me lançou um olhar de raiva.
-O que tu quer aqui,seu infeliz?...Veio dar uma de amiguinho,não é seu desgraçado?-Ela perguntou ficando de pé.
-Dona Carla,eu...-Tentei falar,chocado com a reação dela.
-Não se faça de santo...Meu filho estava preso por sua causa,e agora tá lá dentro morrendo,enquanto tu tá aí vivo e desfrutando do bem bom.-Ela interrompeu,o ódio emanando de cada uma de suas palavras.
-Deixe o menino em paz Carla...André assim como o meu filho sabiam o que tava fazendo...Vem Lúcio!-Dona Socorro disse atrás de mim,colocando as mãos em meus ombros.
Sem conseguir entender a reação da mãe do André,me deixei levar e me sentei ao lado de Maia.
-Não ligue...Ela tá muito abalada com o que está acontecendo e é normal que haja desse jeito.-Dona Socorro disse,sua voz me trazendo conforto.
-Vou dar uma volta!-Disse,após ficar de pé.
Sem olhar para as duas sai em direção a porta do hospital e logo cheguei a calçada.Me sentia triste com o que a mãe do André havia dito e não conseguia evitar aquele peso na minha alma.Sem rumo desci para a esquerda e vi Noel encostado ao poste logo mais abaixo e próximo dele um homem alto,de pele branca e bastante musculoso.
Eduardo!!!!
Eles conversavam e gesticulava bastante,como se estivessem discutindo,mais naquele momento esse fato não me importou,pois a sua simples presença fez meu coração acelerar e meu corpo estremecer.Minhas mãos tremeram e minha boca secou e eu comecei a achar que aquilo só podia ser doença.Talvez fosse bom aproveitar o fato de estar em um hospital e me tratar.
Continua...
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Oi gente...
O mundo não acabou,a história também não e olha eu aqui de novo?kkkk
VALTERSÓ Eduardo está aqui no fim do capitulo,TH vai voltar em breve.kkk
Atheno Lúcio sabe que o pai não prestava,mais pelo amor que sente por ele acaba se chateando com quem fale mal dele.
Missy o FBI brasileiro não acham nem a porta da casa deles kkkkk
Martines,Ru/Ruanito,Marcos Costa e Elizalva.c.s obrigado pelos comentários e notas,e espero que gostem desse capítulo.
Gente e vocês quem lêem na moita,também digam se gostaram...kkkkkkkkk
Até a próxima...