A ESCRITORA DE POEMAS ERÓTICOS - Parte seis
Quando conseguimos normalizar o fôlego, Lia perguntou se eu queria que ela me ajudasse a ir para a cama. Recusei. Eu estava tão bem ali, deitado no corredor do apartamento, com ela enroscada ao meu corpo. De olhos fechados, ouvia a mulata me confessar:
- Sabe, fofo... Eu estive casada, por quase cinco anos, com um cara que não me desejava. Por mais que eu me esforçasse para atiçar-lhe a libido, ele sempre inventava uma desculpa para não foder comigo.
- E por que casou com um panaca desses? - perguntei ainda sem abrir os olhos.
- Porque foi paixão à primeira vista. E confesso que agi por interesse, também. Além de lindo, ele era o dono da clínica onde eu trabalhava. Era cobiçado por todas as outras funcionárias e pelas médicas da clínica. Um dia, com pouco tempo de contratada, convidou-me para jantar. Eu me senti a toda-poderosa em causar inveja às outras mulheres. Daí por diante, minha vida se tornou um inferno. Eu era hostilizada por todas as minhas companheiras de trabalho. Um dia, não aguentei mais e pedi demissão. Ele insistiu em saber o motivo. Quando eu disse, me fez uma proposta inesperada: queria casar comigo. Eu não precisaria mais trabalhar para sobreviver. Como eu viera de dez anos como fisioterapeuta numa outra clínica, achei que era a minha chance de ter meu próprio negócio.
- Você não percebeu logo que ele tinha problemas sexuais? - eu quis saber.
- Não - respondeu-me - no início foi maravilhoso. Ele era até bom de cama. Mas, de uma hora para outra, perdeu o interesse de fazer sexo comigo. Procurei-o várias vezes na clínica, querendo descobrir se tinha outra. Até que um dia, flagrei-o dando o rabo a um garotão, em sua própria sala. Acho que surtei. Daquele dia em diante, passei a disputar os clientes jovens da clínica com ele. Até paguei para ter sexo com alguns. Mas todos preferiam foder meu marido. Diziam que ele tinha o cu muito gostoso. Carente de sexo, ofereci-me em vão. Um dia, meu marido safado me propôs uma gorda pensão para deixá-lo em paz. Havia se apaixonado por um jovem e queria morar com ele. Chorei por dias seguidos. Até que minha irmã me ligou me oferecendo um emprego interessante. Vim para o Rio de Janeiro só com a roupa do couro. Não quis nada do meu ex-marido - concluiu ela.
Eu ouvi apenas pedaços dessa história. Estava sonolento e adormeci ali mesmo no chão. Nem vi quando ela se levantou e afastou-se mim. Quando acordei, ela estava de posse do meu binóculo, em pé diante da janela, olhando em direção ao prédio onde morava a escritora de poemas eróticos. A janela dela continuava com as cortinas fechadas. Depois Lia direcionou a lente em outra direção e deteve-se nesta.
- O que você está bisbilhotando? - Perguntei.
Ela não pareceu ficar surpreendida com a minha presença, como se soubesse que eu estava ali havia algum tempo. Passou-me o binóculo e apontou para o térreo do edifício onde mora a escritora. Foquei-me lá. Foi quando vi uma placa, na entrada do edifício, dizendo que havia um apartamento para alugar.
- Pretende ir embora do meu apartamento? - perguntei sem obter a resposta.
Lia já havia vestido uma roupa e abria a porta de saída do meu apê. Disse de lá:
- Volto já. Então, conversaremos. Não saia de casa - e bateu a porta atrás de si.
Voltei a minha atenção para a portaria do outro edifício. Havia três sujeitos bem vestidos conversando com o porteiro. Depois, uma empregada pegou umas chaves e foi acompanhada pelos caras. Apontei o binóculo para o térreo do meu prédio e não vi Lia sair dele. Dei um tempo e depois apontei as lentes para a janela da escritora. Tomei um susto. Ela havia aberto as cortinas e estava de pé diante da janela, também me apontando um binóculo. Foquei seu rosto e recebi um convidativo sorriso. Sorri também. Ela acenou para mim. Afastou-se um pouco da janela para me mostrar que estava nua. Como eu também estava, fiz o mesmo que ela, deixando-a ver meu pênis em descanso. Ela fez um gesto com a mão livre, imitando o movimento de uma punheta. Só então, percebi que ela estava querendo que eu me masturbasse para que ela visse. Meu pau subiu na hora.
Fiz-lhe sinal para que aguardasse um pouco e fui fechar o trinco de proteção da porta do meu apartamento. Não queria ser flagrado por Lia batendo punheta para outra. Quando passei pelo corredor, dei pela falta da minha pistola. Apenas o cano longo estava lá, no chão. Fiquei com uma pulga atrás da orelha. Para que Lia iria querer sair armada? Voltei para o quarto e a poetisa me aguardava em sua janela. Iniciei a bronha devagar, alisando minha própria glande, querendo mostrar-me sensual para ela. A bela mulher, sem deixar de me focar, levou uma das mãos à racha e começou a se tocar também.
Quando eu apressava os movimentos do punho, ela fazia o mesmo. Foquei em seu rosto e percebi que ela não demoraria muito a gozar. Tinha espasmos, de vez em quando. Apressei a punheta. Ela friccionou a vulva com mais vigor. Depois estremeceu-se toda. Eu estava quase gozando. Logo, um jato de esperma espirrou longe. Ela tirou o binóculo do rosto e tentou depositá-lo no parapeito da sua janela. O objeto resvalou e caiu lá de cima, espatifando-se no chão. Ela nem ligou. Apertou o biquinho do peito com uma das mãos e enfiou profundamente os dedos na racha. Cambaleou. Andou de costas e atirou-se na cama, ficando com a vulva voltada para mim e o rosto virado para o teto. A expressão em sua face era de puro deleite. Então, arqueou o corpo como se estivesse num derradeiro orgasmo. Retirou os dedos da racha. Imediatamente, foi projetado dali um esguicho de líquido esbranquiçado, como se ela estivesse urinando.
Ela estremeceu o corpo por alguns segundos, depois relaxou. Parecia ter adormecido, de pernas arreganhadas para mim.
FIM DO EPISÓDIO.