O preço do silêncio

Um conto erótico de Kherr
Categoria: Homossexual
Contém 17866 palavras
Data: 04/03/2017 21:02:40

O preço do silêncio

Ser dono de uma beleza que atenda a todos os quesitos estéticos pode ser uma faca de dois gumes, eu bem sei disso. Cresci descobrindo as vantagens e as desvantagens de ser muito bonito. Entre as vantagens posso enumerar o fato das pessoas procurarem se aproximar da gente com muita facilidade, de se conseguir as coisas também com menos dificuldade, de você conseguir estabelecer laços de amizade, paixão ou simplesmente afinidade quase que de imediato. Por outro lado, entre as desvantagens estão a inveja dos outros que pode você fazer você se tornar um desafeto de alguém sem nem saber o porquê, das pessoas te usarem em benefício próprio, de você despertar as mais sórdidas imoralidades humanas e, por aí vai.

Ao me candidatar a uma vaga de gerente pleno numa multinacional foi, sem dúvida, a minha beleza que desempatou os excelentes currículos apresentados pelos candidatos que ficaram até o final do processo seletivo. Obviamente eu não teria sido aprovado apenas com minha carinha bonita e meu corpo escultural, a sólida formação contou muito, mas no peso final valeu a empatia que a formosura criou.

Em poucos meses eu já havia angariado um bom círculo de amizades, tanto no meu setor, quanto nos demais departamentos da empresa. Ajudou muito o meu jeito expansivo de ser, o sorriso sempre presente e o carinho com o qual eu tratava todo mundo. Tinha sido assim desde os tempos do colégio, e eu me sentia bem com os amigos que ia incorporando. Em pouco tempo eu notei que o grupinho com o qual eu ia almoçar crescia a cada semana. As garotas se juntaram assim que descobriram que eu era solteiro, e os carinhas por que eu chamava a atenção das garotas e isso aumentava as chances deles conseguirem fisgar alguma. Também acabei fazendo sucesso com as donas e também uns donos dos restaurantes que ficavam próximos da empresa, e isso significava que vira e mexe recebíamos alguma regalia que não era oferecida a outros clientes.

Foi nessas saídas para o almoço que eu reparei num carinha de outro departamento que ficava me encarando a partir de outro grupinho. Não havia dúvida de que ele liderava aquele grupo e, o engraçado, é que eles quase que diariamente, escolhiam o mesmo restaurante que meu grupo havia escolhido. Ele não disfarçava seu interesse por mim, o que me deixava constrangido e um tanto inseguro, temendo que alguém o flagrasse me paquerando. Logo descobri que ele também era gerente e que havia entrado na empresa pouco mais de um ano antes do que eu. Era muito bem conceituado pela diretoria e tinha conquistado sua primeira promoção há pouco tempo. Eu senti uma atração por aqueles olhos incrivelmente verdes que pareciam estar constantemente me vigiando. Eu achei que ele podia ser um pouco mais velho do que eu, mesmo descontando aquela barba de um ou dois dias, aquele corpo enorme e possivelmente peludo, uma vez que os braços tinham pelos grossos e abundantes, e aquela cara de macho dominante. Era bem o tipo que me fazia sentir um friozinho na barriga e uma vontade de me sentir tutelado por aquele tórax largo e viril. No início ele lançava uns sorrisos cuidadosos e discretos na minha direção, poucas semanas depois, junto com os sorrisos vinha uma piscadela do olho direito que continha uma malícia bondosa e brejeira. O fato de me deixar encabulado com isso parecia diverti-lo e aumentar seu interesse por mim. Nunca nos encontramos dentro da empresa e nem havíamos trocado uma única palavra antes de uma reunião com diversos departamentos na qual eu apresentei um projeto para um novo cliente.

- Parabéns, Bruno! Projeto fantástico! O cliente só não aprova se for tonto. – disse, ao término da reunião, quando quase todos já haviam deixado a sala e eu recolhia o material da apresentação. Ele se aproximou de mim com aquele mesmo sorriso cativante que usava nos encontros do almoço. Na pouca distância que nos separava, consegui ter a exata dimensão daquele homem e, o friozinho na barriga voltou com tudo.

- Obrigado! É, eu acho que ele vai ter uma porção de vantagens se optar pelo nosso projeto. Eu sei que dois dos nossos concorrentes não conseguiram despertar o interesse desse cliente. – respondi, procurando não olhar muito para ele para não deixar transparecer meu entusiasmo com sua abordagem.

- Marcelo, muito prazer! Só hoje consegui descobrir seu nome, uma vez que ninguém do meu departamento soube me dizer. Bem que o pessoal me falou das suas qualidades. Parece que você conseguiu conquistar uma porção de fãs dentro da empresa. Não é para menos! – exclamou, o que me deixou um pouco intrigado, pois percebi que ele não estava se referindo apenas ao trabalho.

- Encontrei umas equipes ótimas, foi isso. Por isso fiz questão de mencionar a participação de cada um para que o mérito também seja deles. – retruquei. Estava difícil não me sentir nu diante daquele olhar perfurante.

- Aposto que você já ganhou o cliente também. Dois diretores não tiravam os olhos de você. – sentenciou, denunciando que tinha prestado atenção na maneira como me observavam.

- Da apresentação, você quer dizer? Duvido que aceitem por termos o preço mais elevado, e eu não sei se eles conseguiram captar o diferencial de qualidade da nossa proposta. Em todo caso é esperar para ver. Vou comemorar se isso acontecer. – indaguei, percebendo que já estava com o rosto vermelho.

- Também, é possível! Pois minha aposta continua em pé, se eles fecharem conosco eu pago um jantar no restaurante mais chique da cidade. Apostado? – retorquiu, aumentando meu desconforto.

- A empresa vai faturar, mas você vai falir com essa sua aposta. Olha que minha equipe é grande! – brinquei para descontrair.

- Equipe nada! Só você e eu! Temos um trato! – sentenciou, não me dando tempo de rebater. Ele tinha acabado de me dar uma cantada ou eu estou delirando, pensei com meus botões.

No dia seguinte, sem a menor cerimônia, o Marcelo veio se juntar ao meu grupinho na mesa do restaurante. É bem verdade que ele já conhecia quase todos, se não de nome, pelo menos de vista. Mas seu interesse estava mesmo focado em mim, pois ele monopolizou minha atenção durante todo o almoço. Voltou a afirmar que tínhamos um trato caso meu projeto fosse aprovado, e que ele era do tipo que não admite que se descumpra uma promessa.

- A promessa foi sua, não minha! – lembrei-o, só para ver qual seria sua reação. No fundo, aquele joguinho de gato e rato estava me deixando cada vez mais interessado nele.

- No entanto, você não fez nenhuma objeção ontem, portanto, o trato foi selado. – respondeu, sorrindo como se esse flerte também estivesse sendo muito prazeroso para ele.

Três semanas depois, meu diretor me chamou em sua sala para anunciar que meu projeto tinha sido aprovado pelo cliente e que deveria fazer alguns ajustes na minha apresentação, pois dentro de quatro dias estaríamos seguindo para Boston onde ficava a sede da empresa que tinha adquirido nosso projeto.

- Você deve detalhar nossa proposta mais um pouco para a diretoria geral do cliente. É lá que vai acontecer a assinatura do contrato. Quero você completamente disponível por uma semana. É o tempo que passaremos por lá. – A alegria dele com esse contrato era evidente, principalmente, por que foi a área dele a grande responsável pela façanha. Pela meia hora seguinte e, durante todo o almoço que o cliente fez questão de oferecer naquele dia, ele não parou de tecer elogios sobre mim. Houve momentos em que cheguei a ficar constrangido, pois algumas observações foram completamente dispensáveis. Além do que, eu sempre ficava tímido quando muito exposto, e isso pareceu dar uma satisfação enorme no meu chefe.

Assim que voltei do almoço, havia um buquê multicolorido de alpíneas, callas e lisianthus sobre a minha mesa. Num envelope selado constava apenas o meu nome. Ao abri-lo, um cartão, escrito em letra cursiva quadrada e elegante dizia - Passo na sua casa as nove. Só preciso do endereço. As felicitações prefiro dar pessoalmente. Marcelo – Ao levantar os olhos do papel, vi que todo o escritório estava olhando para mim, fiquei tão encabulado que não sabia o que dizer.

- São do chefe! Agradecendo nosso empenho. Parabéns a todos! – menti, só para tirar aqueles olhares curiosos de mim.

Bem que dizem que mentira tem perna curta. Pouco antes do final do expediente, quando meu chefe veio me passar mais algumas instruções sobre a nossa viagem, acabou elogiando as flores.

- Deve ter alguma garota mais assanhada, dentre as que estão de olho em você, que resolveu aproveitar a deixa para te conquistar. Pelo menos ela tem bom gosto! – disse, naquele seu tom de voz que podia ser ouvido a um quarteirão de distância. A troca de olhares e os cochichos entre os demais começou no mesmo instante. Agora, além de desmascarado, eu tinha caído na boca do povo, tentando adivinhar quem seria o ou a tal admiradora secreta.

O interfone tocou dez minutos antes das nove. O porteiro anunciou o Marcelo e eu fiquei em dúvida se o deixava subir antes de irmos ao restaurante, ou se descia o quanto antes para evitar um encontro a sós com alguém que eu mal conhecia.

- Já estou descendo Salustiano! – respondi. Ao colocar o fone na parede, percebi que estava com as mãos suadas. Aquele jantar era pretexto para segundas intenções, e eu estava entrando no covil de um lobo, disso eu não duvidava.

Mais descontraído e, sem a formalidade que o terno impõe, eu achei o Marcelo ainda mais atraente. Ele era um homem que transpirava sensualidade e isso me deixou mais inseguro. Os dois botões abertos da camisa deixavam ver um pouco dos pelos do peito dele, o sorriso me pareceu ainda mais pornográfico, no entanto, o brilho daqueles olhos castanhos me derreteu todo.

- Hum! Que tipão! É hoje que vou ver a concorrência crescer! – afirmou o Marcelo, assim que o abracei, próximo à guarita do edifício e do olhar bisbilhoteiro do Salustiano, um alagoano de mais ou menos trinta anos que não perdia a oportunidade de examinar a minha bunda toda vez que nos encontrávamos.

- Engraçadinho! – exclamei, tentando fazer a cara mais séria que consegui. Mas o beijo que ele me deu, quase tocando meus lábios, terminou de me deixar ainda mais encabulado. O olhar do Salustiano me fulminou.

O Marcelo havia feito uma reserva no La Tambouille, o que foi providencial, pois o lugar estava lotado, talvez por ser uma sexta-feira de noite agradável, apesar do intenso calor que aqueles últimos dias de verão estavam nos impondo. Me diverti muito com ele. Ele deu-se a conhecer sem ser soberbo. Ele estava ali para me conhecer melhor, fez algumas perguntas para matar sua curiosidade, mas soube não ser invasivo. Ao final do jantar eu já gostava dele e, creio eu, ele de mim.

- Vamos rachar essa conta! – exclamei quando o maitre a trouxe.

- Nada disso! Eu convidei, eu pago! Tínhamos uma aposta, lembra disso? – revidou.

- Aposta que você inventou, não me lembro de ter concordado. – retruquei.

- Você está aqui, não está? Isso é sinal de que aceitou a aposta. – respondeu, não se deixando convencer.

- Não acho justo! Não costumo deixar que me paguem as contas!

- Não seja por isso! O próximo fica por sua conta. – sentenciou, com um sorriso matreiro.

- Combinado! – fiquei contente ao saber que teria mais uma noite tão maravilhosa quanto aquela.

Quando ele estacionou diante do condomínio eu não sabia se o convidava para subir, ou se me despedia por ali mesmo. Percebi que ele deixou a decisão nas minhas mãos, e também que, se o fizesse subir provavelmente acabaríamos na cama. Ele ficou frustrado quando dei o encontro encerado por ali mesmo. Não verbalizou nada, mas sua carinha dizia tudo. Para não parecer ingrato e cruel, fui dar-lhe um beijo, no que ele mais do que depressa se apressou em virar o rosto de tal maneira que nossos lábios se tocaram. Antes que eu pudesse me retrair, ele colocou a mão no meu pescoço e me puxou para junto dele. O beijo foi intenso e demorado.

- Durma bem, e sonhe comigo! – disse, quando o sorriso matreiro voltou ao seu semblante.

- Você também! Obrigado pela noite maravilhosa! – respondi, desconcertado com o sabor de seus lábios que ainda estava na minha boca.

- Eu já venho sonhando com você faz algum tempo. E depois desse beijo preciso fazer um trato com esse sujeito aqui embaixo. Não vai ser fácil convencê-lo a esperar mais um pouco. – declarou, abrindo bem as pernas e me exibindo sua ereção, que deixava delineado debaixo do tecido da calça um membro enorme. Faltaram-me as palavras e eu o encarei com um sorriso tímido e envergonhado. Por dentro eu estava radiante.

Poucos meses depois estávamos namorando. Na verdade, tudo começou poucas semanas depois daquele primeiro jantar. Uma amiga que trabalhava com promoção de eventos tinha me presenteado com duas entradas para o musical Les Misérables que estava estreando. Logo pensei no Marcelo como a companhia ideal para aquele programa, e para retribuir a gentileza do jantar ao término do espetáculo. Fiz o convite durante nosso horário de almoço, que desde aquela noite, passamos a fazer juntos. Ele aceitou de imediato, pois aquilo sinalizava que eu também estava interessado por ele. Como ele sempre fazia questão de ir com o carro dele, acho que para estar no controle da situação, quando foi me deixar em casa, ao invés de me despedir dele na rua, fiz com que entrasse na garagem e levei-o, pela primeira vez, ao meu apartamento.

- Uau! Não sabia que a empresa estava pagando tão bem assim. O meu salário não me permite ter um apê desses! – brincou, examinando tudo a sua volta.

- Nem o meu! Isso foi um presente do meu pai. Quando meus pais decidiram morar numa cidade menor, venderam nossa casa e meu pai me deixou esse presentinho. – respondi.

- Ah! Está explicado! Senão eu já ia pedir um aumento para o meu chefe na segunda-feira mesmo. – retorquiu brincando.

- Você não ganha tão mal assim! A rádio pirata da empresa fez chegar aos meus ouvidos que você é o gerente mais bem pago da companhia. Dizem que é a fera do setor de produção e o futuro diretor da área. – mencionei, evidenciando que sabia que seu nome estava sendo cotado para a vaga do diretor que estava para ser transferido.

- Boatos! Boatos! Você sabe como aquele pessoal fala. – respondeu, discreto. Modesto, não fez alusão à solidez e à ascensão que sua carreira estava tendo. A competência dele já lhe tinha rendido convites para outras empresas, mas até o momento nenhuma havia conseguido cobrir sua remuneração atual.

- Deixei um vinho branco gelando na geladeira, acho que é uma boa maneira de encerrarmos esta noite, o que me diz? – declarei, encaminhando-me até a cozinha.

- Excelente! Só que eu estou pensando em encerrar essa noite de outra maneira. – afirmou, seguindo meus passos e, me agarrando pela cintura no exato momento em que levantei os braços para tirar os copos do armário sobre a bancada da pia.

- E que maneira seria essa? – provoquei, empinando a bunda contra a virilha dele ao mesmo tempo em que ele me encoxava.

- Para começar, assim! – eu segurava uma taça em cada mão e meus braços ainda estavam erguidos quando os lábios úmidos dele tocaram os meus. Senti-o me puxando para junto dele e sua língua ávida entrar na minha boca.

Entreguei-me a sua volúpia. Suas mãos percorreram meu corpo e acabaram por agarrar minhas nádegas, nossas bocas não se desgrudavam, o sabor da saliva dele fazia minhas pernas bambearem e, instantes depois eu já sentia a ereção dele roçando minha coxa. No tempo em que ele me deixou verter o vinho nos copos, ia desabotoando minha camisa, lenta e sensualmente. Tirou-a dos meus ombros e os beijou, percorrendo lentamente um caminho que o levou até o meu pescoço. Inclinei-me para franqueá-lo ao seu desejo, e ele me deu uns chupões que logo deixaram marcas na minha pele muito clara. Enquanto isso, a mão que não segurava o copo estava explorando meus peitinhos. Ele apertava meus biquinhos enrijecidos entre o polegar e o indicador, puxando-os e me torturando com sua sanha. Depois do primeiro gole de vinho eu soltei um gemido, e ele apertou o biquinho com mais força para que eu gemesse novamente.

- Você me deixa louco gemendo assim! – sussurrou no meu ouvido, lambendo-o em seguida com sua língua úmida e faceira.

- E você me tira do sério com essa mãozona e essa rola roçando minha coxa. – gemi condescendente.

- É exatamente essa a minha intenção! Tirar toda essa sobriedade e esse autocontrole de você. Quero-o ver fazendo loucuras por mim. – rosnou ele, voltando a chupar meu pescoço.

A habilidade dele para me despir foi impressionante. Entre um gole e outro, vi minhas roupas sendo tiradas sofregamente e meu corpo nu sendo examinado por seu olhar avaliador.

- Alguém devia estar muito inspirado quanto te fez. Você é um tesão! – murmurejou em meu ouvido.

Mesmo sem saber em que direção ficava o quarto, ele foi me instigando a leva-lo até lá. Uma de suas mãos levou a garrafa e sua taça até o quarto, enquanto a mão que estava livre pousava sobre minhas nádegas, agora nuas e, ao caminhar, elas dançavam sincronizadamente na palma de sua mão indiscreta. Bastou chegarmos ao pé da cama para ele se desvencilhar de sua camisa. O peito mais viril e másculo que eu já tinha visto surgiu cheio de músculos e potência. Não resisti e espalmei a mão aberta fazendo-a deslizar entre os pelos grossos e sedosos. Ele ficou visivelmente feliz com a minha reação diante de seu tronco largo. Fui dando uma porção de beijos sobre aqueles pelos ao redor dos mamilos, ele agarrava minha bunda com o tesão aumentando. Dei um gemido mais perplexo quando um dedo começou a explorar as pregas do meu cuzinho. Ele sorriu para mim, na certeza de que aquele anelzinho apertado seria seu dentro em breve.

- Tenho um presente para você, está ficando um pouco molhado, mas acho que mesmo assim você gostar. – disse ele, começando a abrir os botões da calça que aprisionava sua ereção, e descendo o zíper.

- Vamos ver o que tem aqui! Já que é um presente, eu mesmo quero desembrulhar! – exclamei jocoso, enquanto me ajoelhava diante dele e enfiava sorrateiramente os dedos pela braguilha aberta.

Fiquei fingindo que não conseguia pegar a rola, só para poder ficar acariciando e tocando nela. Assim que meus dedos deslizavam ao longo de seu membro, a ereção se solidificou em questão de segundos. Ele ficou tão afoito, na ânsia de que eu liberasse o caralhão daquele sufoco que estava sendo sentir sua pica crescendo por debaixo daquele tecido apertado, que colocou sua mão sobre a minha como que querendo auxilia-la na tarefa. Ergui meu olhar na direção do dele e esbocei um risinho trocista, mas ao ver a expressão buliçosa de seu semblante, fiquei condoído da tortura que estava lhe impondo. Tirei o pau para fora e baixei um pouco mais as calças dele, para que o sacão também ficasse solto. Engoli em seco quando vi toda a extensão da pica e sua grossura. Por uns instantes tive pena de mim mesmo e principalmente do meu cuzinho. Agora que a brincadeira tinha começado, eu sabia que ele só teria sossego quando sua jeba estivesse cravada no fundo do meu cu. Ela já estava realmente um pouco molhada, especialmente a glande exuberante e arroxeada. Um cheiro adstringente chegou às minhas narinas e, enquanto eu admirava a virilidade daqueles genitais, um fio aquoso e translúcido começou a minar do orifício uretral. Aquilo me pareceu tão apetitoso que eu caí de boca, lambendo avidamente o fluxo que aumentava a cada toque da minha boca morna naquele caralhão. Ele soltou um grunhido rouco que brotou do fundo do peito que ele mantinha tão inflado e soerguido como qualquer macho que faz a corte à fêmea. Eu não desviava o olhar de seu rosto enquanto chupava, lambia e mordiscava sua pica saborosa. Os dedos dele penetraram minha cabeleira e ele segurava minha cabeça junto a seu falo como se fosse um troglodita pré-histórico, um Homo neanderthalensis. A jeba chegou até a minha garganta, mas boa parte ainda estava de fora e, em sua gana aflitiva ele queria ver aquilo tudo dentro de mim. Eu precisava me esforçar para continuar respirando pelo nariz, enquanto engolia aquela pica suculenta e seus eflúvios. De imediato me identifiquei com aquele cheiro másculo, não sentia engulhos, apenas o desejo de ter meu corpo marcado por aquele almíscar maravilhoso. Eu movia aquela pica de um lado para o outro dentro da minha boca, auxiliado pela agilidade da minha língua que se encarregava de deixar aquele macho tão insanamente excitado que ele mal se continha. Seus grunhidos reverberavam pelo quarto como o uivo de um lobo, pelas estepes, numa noite de lua cheia. Ele quase se engasgou com a própria saliva enquanto grunhia no momento em que a ejaculação explodiu na minha boca. E eu, no momento em que aquela porra toda, viscosa e quase tão espessa quanto um creme, começou a descer aos borbotões goela abaixo, também fiz força para não me engasgar. Seus olhos ganharam um brilho de satisfação e alívio quando ele percebeu que eu engolia cada jato de seu sumo viril, com a devoção de um servo e a meiguice de uma criança.

- Caralho! Que boquete foi esse? Mama todo o leitinho, mama! – ronronou, com os dentes cerrados, e um sibilo que saia por entre os lábios contraídos.

Tirei meus lábios do entorno de sua jeba muito a contra gosto. Estava encantado com sabor daquele esperma, e fiquei sofregamente esperando mais algumas gostas daquele néctar, com a mesma sede de alguém que aproxima a boca de uma bica d’água num dia tórrido de verão. Ele me ajudou a ficar em pé e me apertou contra seu corpo com tanto desejo e força que eu pensei que ele fosse me esmagar. Sua mão voltou a tatear minha bunda, acariciando a pele tenra e morna, percorrendo seus contornos como se estivesse escaneando suas curvas e protuberâncias. De vez em quando ele apertava uma nádega com mais firmeza, eu gemia e procurava sua boca para mais um beijo demorado. Aquela impaciência inicial para que nossos corpos se tocassem, havia passado. Ele, agora, tinha a certeza de que ia me ter por completo rendido aos seus caprichos, e isso lhe devolveu a sanidade. Aos poucos ele foi descendo seus beijos pelo meu pescoço e ombros até chegar aos mamilos. Olhou para eles cheio de tesão, estavam com os biquinhos enrijecidos e, o toque, um pouco grosseiro, de seus dedos os deixava doloridos. Eu, para provocar, dava um gemidinho plangente, ele afrouxava a pegada e me dava um beijo úmido no mamilo. Meu tesão subia a mil. Ele tornava a apertar o biquinho como uma forma de tortura, para depois se exculpar com mais beijos gulosos, seguidos de chupadas e lambidas que iam inchando meu peitinho. No fundo do meu rego, meu cuzinho piscava tarado e cheio de tesão. Eu mexia as pernas na vã tentativa de fazê-lo acalmar-se. O Marcelo percebeu que algo estava me incomodando com aquela repetida movimentação de pernas. Colocou outra vez aquele sorriso maroto na face, pois adivinhou de onde vinha tanta inquietude. Sua mão desceu até o inicio do rego e, a partir daí, ele deixou que apenas dois dedos deslizassem para dentro daqueles glúteos polpudos. Enquanto os dedos percorriam lentamente meu rego, minha respiração parou, eu esperei pelo toque dele sobre minha rosca. Um dos dedos a tocou, ele arfou quando sentiu as pregas convulsas e eu soltei um gemido. Aquele macho vinha se aproximando, vinha para alcançar seu objetivo e eu estava pronto para me entregar a ele.

- Ai Marcelo! – tornei a gemer, antes de me enlear em seu pescoço e colar minha boca na dele.

Quando a ponta do dedo dele entrou no meu cuzinho e começou a me anelar fazendo movimentos circulares ao redor dos meus esfíncteres, eu gemi com a língua dele dentro da minha boca, vasculhando e me devorando por inteiro. Nos deitamos na cama e ele logo me fez virar de bruços, abriu minhas pernas e quis explorar aquele cuzinho com seus próprios olhos. Rosado e tão ínfimo quanto um ponto invaginado de onde irradiavam pequenas pregas, o que ele tinha diante de si era a materialização da fissura que ele sentia por um cuzinho. O dedo médio dele entrou mais um pouco, eu gemi e ele constatou radiante que aquele orifício mal deixava passar um lápis, quanto mais o que ele carregava cheio de desejo entre as pernas. Por saber que ia me impingir uma dor, inevitável, que talvez eu nunca tivesse sentido antes, ele começou a lacear as minhas pregas, metendo mais um dedo no meu buraquinho. Meu corpo experimentava um frenesi descontrolado, eu queria o calor, o cheiro, aquela pele ardendo de desejo dentro de mim. Ele sentia a minha disposição, mas acautelava-se para não por tudo a perder. Quando a língua áspera e úmida dele tocou minha rosca eu soltei um bramido agudo. Gemia feito uma cadela no cio enquanto a língua se insinuava entre as minhas pregas. Minhas pernas tremiam e eu só via diante dos meus olhos a imagem daquela jeba que eu acabara de mamar. Queria-a tanto quanto o ar que respiro. Ele começou a pincelá-la no meu rego, encharcando-o com seu pré-gozo. Apontou a chapeleta contra o buraquinho e forçou. A jeba escorregou e não entrou. Apontou mais uma vez, mais outra e mais outra, eu gemia implorando por aquele membro. Na quinta tentativa a cabeçorra varou as pregas, entrou no meu cu, me fez ganir feito uma cadela e se alojou nas minhas entranhas. Foi como se o gume de uma lâmina cortasse minha carne, numa dor aguda e pungente. Ele viu as primeiras gotas de sangue aflorarem daquelas pregas rosadas e, com a paciência de um monge e a perspicácia de um macho que já tinha esgarçado outras dezenas de fendas, esperou até que minha carne se amoldasse ao seu cacete. Eu o idolatrei por isso. Confiei nele como confiava na minha própria sombra. A tensão e os espasmos perderam tônus e eu projetei minha bunda, todo oferecido, contra sua pelve. Bastou uma estocada impetuosa dele, e mais alguns centímetros daquela rola entraram em mim. O gemido que assomou aos meus lábios ainda se parecia mais com um ganido de dor. Mas, a partir do terceiro e quarto, já se podia perceber o prazer contido em cada um daqueles gemidos, e ele meteu a pica até o talo no meu cuzinho. O sacão já batia de encontro ao meu rego e, ele ainda estava no afã de conseguir chegar mais ao fundo daquele casulo que o agasalhava com tanta mansidão, porém, cheio de volúpia. Estocada atrás de estocada eu sentia aquele macho se satisfazendo no meu rabo, o prazer que senti com isso era indescritível. Tive vontade de chorar de felicidade, e me entreguei de corpo e alma àquele que já considerava meu amor e o macho que me completava. O vaivém foi demorado e sevicioso, pois mal fazia meia hora que o Marcelo havia me dado seu leitinho másculo na boca. De tempos em tempos ele se deitava completamente sobre mim, me cobrindo num coito que nos tornava um ser único, com os mesmos desejos e as mesmas necessidades. Nesses momentos ele movia a pelve em círculos com a minha bunda polpuda completamente encaixada em sua virilha, como se ela tivesse sido esculpida para formarmos a metade de um todo, tamanha a perfeição do encaixe. Eu gemia baixinho, segurava minhas mãos encaixadas nas dele, franqueava meu pescoço e minha boca para os beijos libidinosos dele e, me deliciava com aquela pica pulsando dentro de mim. Isso é a felicidade, descobri. Meu corpo também soube identificar esse momento mágico. Minha pica espremida contra a cama liberou toda essa felicidade num gozo demorado que esporrou os lençóis e me fez chorar de prazer. O Marcelo voltou a montar em mim com o tronco erguido, estocou meu cu fazendo a jeba socar minha próstata, eu gritei, mas o urro dele se sobrepôs ao meu ganido e logo a porra entrou no meu cu em jatos que iam aderindo a minha mucosa que ardia feito brasa. A empolgação dele foi tanta que a porra começou a vazar, melando meu rego com sua virilidade. Nossos corpos estavam tensos, nossa respiração afogueada e acelerada, o cheiro do prazer se espalhava pelo ar e, apesar de extenuados, estávamos tão felizes como nunca.

- Esse cuzinho é só meu de agora em diante! Era isso que eu estava esperando a vida toda! Alguém doce e gostoso como você. – balbuciou ele, chupando minha nuca enquanto o suor de seu corpo se espalhava pelo meu.

Acordei escutando a chuva trazida pelo vento batendo nas janelas. Estava com preguiça de me virar e ver as horas no relógio da mesinha ao lado da cama. Por conveniência, decidi que era cedo. Lembrei-me que era sábado. A preguiça voltou com mais força. Mexi as pernas e senti minhas entranhas úmidas e doloridas. Minhas pálpebras pesavam como chumbo e teimavam em não abrir. Tateei com o braço e o lado da cama estava vazio. Uma sequência de flashes irrompeu nas minhas lembranças, o rosto sorridente do Marcelo, o tesão no seu olhar quando nossos rostos não estavam a mais de dez centímetros um do outro, a dor lancinante no meu cuzinho, seguida pelo meu ganido, a pica entrando em mim, devagar e decidida, o beijo, a plenitude, o gozo, aquele corpão pesado em cima de mim, o gozo, o beijo, a plenitude, a felicidade maior, o coração disparado, a respiração ofegante, a constatação de que estava amando aquele homem cuja jeba vibrava nas minhas entranhas.

- Bom dia, dorminhoco! – a voz tronante e doce veio acompanhada do perfume de sabonete e de um beijo molhado.

- Bom dia! – balbuciei, esfregando os olhos que não queriam se acomodar à claridade. Ele estava debruçado sobre mim, usava meu roupão atoalhado que ficava pequeno sobre aqueles músculos todos. Precisei rir daquela imagem engraçada.

- Foi o que encontrei! – justificou-se, sabendo que eu ria de sua figura ridícula.

- Ficou sexy! – exclamei, enfiando a mão pelo vão aberto entre as duas lapelas que não se juntavam sobre aquele peito enorme.

Acariciei provocantemente os pelos ainda molhados, desci para o abdômen, mergulhei os dedos nos pentelhos. O roupão se abriu e eu peguei a rola. Afaguei-a e a coloquei na boca. Ele brincou com os meus cabelos enquanto eu o chupava. A pica cresceu na minha boca e, o pré-gozo salgado e picante se misturou à minha saliva. Fechei os olhos para usufruir de cada nuance daqueles sabores viris. Massageei as bolas do sacão que roçava meu queixo, e percebi que estavam cheias. Puxei-o para cima de mim e abri as pernas instigando-o a me cobrir. Ele se livrou do roupão e se encaixou entre as minhas pernas abertas. O caralhão deslizou no meu rego e eu ergui minha pelve ofertando minha bunda, fazendo com que ele encontrasse meu introito. Os braços dele envolveram meu tronco e ele meteu o caralho no meu cu. Esperou eu gemer para enfiar dois dedos na minha boca. Eu os lambi.

- Estava sentindo falta disso aqui, estava? – rosnou, estocando a jeba enquanto chupava meu pescoço e fazia a rola deslizar nas minhas profundezas.

- Estava! – gemi, ao sentir minha próstata sendo socada.

Primeiro estas noitadas se repetiam quase que exclusivamente aos finais de semana. Depois, tínhamos tanta necessidade um do outro que ele vinha dormir comigo alguns dias durante a semana. Não nos desgrudávamos nem na empresa, cada oportunidade de ficarmos juntos valia qualquer esforço. A paixão cresceu. Meu apartamento já tinha coisas dele espalhadas por todo canto, ele já estava ali e eu gostava daquilo. Quando ele me propôs de morarmos juntos meu coração já o tinha acomodado com tanto carinho que eu não me via mais sem ele. Um ano depois oficializamos nossa união.

- Está sacramentado! Esse papel diz que o senhor deve me obedecer, ser fiel e muito, muito carinhoso comigo na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, me amando um tantão assim e me respeitando por todos os dias da sua vida. – disse ele, abanando a certidão de casamento no ar, e tirando uma com a minha cara.

- Ah é? E o que diz aí que o senhor deve fazer para mim? – questionei, entrando na dele.

- Aqui diz que eu devo pegar você de jeito, dar uns guentos em você e colocar a minha pica no seu cuzinho até você dizer que me ama! – respondeu, fingindo ler essas palavras no documento.

- Muito conveniente para o senhor, não é? Vou pedir para mudarem esse texto! – devolvi, acariciando a barba dele e colando minha boca na dele.

A empresa não admitia que parentes até certo grau de parentesco trabalhassem lá. Por isso, não tornamos pública nossa união e, à exceção de um grande amigo do Marcelo ninguém sabia que estávamos casados e morando juntos. Pautávamos nosso comportamento lá dentro com a maior discrição possível, o que fez com que ninguém imaginasse que tínhamos um caso amoroso e, muito menos, conjugal. Tanto que em determinado dia, após uma reunião, eu estranhei um comportamento muito afetuoso vindo do meu chefe. Ele era casado e tinha a fotografia de dois adolescentes emoldurada sobre sua mesa de trabalho. Apesar de casado ele atraía a atenção da mulherada. Acho até que algumas secretárias, divorciadas ou solteiras de meia idade, sentiam suas vaginas ficarem úmidas na presença dele. Ele tinha mais ou menos os mesmos um metro e oitenta e poucos centímetros que eu, mas era muito mais encorpado, sem chegar a ser obeso. A distribuição dos pelos pelo corpo é que lhe dava aquela aparência máscula e vigorosa. Eu também já tinha percebido que dois viadinhos, bem novinhos, e um pouco espalhafatosos, que trabalhavam para uma empresa terceirizada que prestava serviços dentro da companhia, se derretiam de tesão por ele. Isso chamou a minha atenção por que eu nunca o vi com esses olhos. Para mim era um homem sem charme algum. Macho é verdade, mas um daqueles machos que não chegam a empolgar outro homem com menos testosterona correndo em suas veias. Eu, inclusive, não gostava nem do aperto de mão dele. Parecia que minha pele e a dele não se misturavam como a água e o óleo.

O nome do meu chefe é Carlos, todos o chamam de Carlão. Segundo consegui apurar, foi ele mesmo que se autonomeou assim, como seu porte físico não desmentia o apelido, ficou sendo tratado por Carlão. Eu nunca tive queixas em relação à maneira como ele me tratava. Acho, inclusive, que ele sempre foi muito atencioso e prestativo comigo. Sempre me pontuava muito bem nas avaliações de desempenho e me incumbia dos melhores projetos que apareciam. Fez minha primeira promoção com menos de um ano de casa e, um semestre depois, me promoveu pela segunda vez. Isso gerou um burburinho no departamento. Quem ficou sabendo desse diz-que-me-diz primeiro foi o Marcelo e todo departamento dele.

- Estão dizendo que o Carlão está arrastando uma asa para o seu lado. É por conta dessa última promoção. Ou é dor de cotovelo ou ele está dando em cima de você? – perguntou-me o Marcelo assim que o boato chegou aos seus ouvidos.

- Que absurdo! Esse pessoal não tem o que inventar! Ele me trata com deferência, isso é real, mas daí a supor qualquer outra coisa é pura invencionice. Você sabe que ele confia em mim e me designa os projetos mais importantes. Acho que isso está mexendo com a auto-estima de alguém, por isso inventam bobagens. – afirmei categórico.

- É bom você abrir o olho! Alguém está querendo puxar o seu tapete. – revidou ele.

- É uma canalhice inventar boatos desse naipe! Você só não duvide do amor que eu sinto por você! Isso sim é capaz de arrasar comigo! – retruquei.

- Claro que não é isso, amor! Eu confio em você! Mas não confio em nenhum outro cara. Sei muito bem que tem gavião doidinho para abater meu passarinho! – troçou ele. – Ademais, eu sou o único que tem uma certidão sacramentando os seus deveres. – zombou, de bom humor, antes que eu lhe desse um beliscão na bunda.

O Carlão quase nunca viajava comigo a trabalho. Nas raras ocasiões em que isso aconteceu, ele levou a esposa, pois o protocolo da negociação assim o exigia. Eu estranhei, quando estava prestes a embarcar para um país do leste europeu, que vinha fazendo seguidas aquisições dos nossos produtos, quando uma das secretárias do departamento me comunicou que a minha passagem e a do Carlão já estavam em poder dele, bem como os horários da agenda da viagem.

- O Carlão também vai desta vez? – perguntei perplexo.

- Ele me pediu para fazer duas reservas, a sua e a dele. Também achei estranho. Ele dificilmente vai junto. – sentenciou ela, em tom de segredo.

- Ele não me disse nada. Será que surgiu algum problema com o cliente? – eu fiz a pergunta mais para mim mesmo do que para ela que, evidentemente, não podia me dar estas respostas.

Eu estava um pouco agoniado, pois nunca tinha me afastado tanto tempo do Marcelo desde que nos casamos como estas três semanas previstas para eu estar fora. Eu sentia, antecipadamente, um vazio no meu peito.

- Vou morrer de saudades! – confessei, participando minha carência com ele, quando me deitei em seu torso nu e comecei a brincar com as bolas do sacão dele.

- Também vou morrer de saudades. Vou ficar aqui batendo punheta e pensando em você, daí encapo o bilau, gozo na camisinha e despacho todos os dias pelo Fedex o meu leitinho para você. – gracejou, abrindo bem as pernas para que minha mão tivesse mais espaço para brincar com suas bolonas.

- Não dá para falar nada sério com você! Vou sentir falta de você ao meu lado, não quero ficar longe de você. – afirmei tristonho.

- A vida não podia ter me dado um presente mais lindo do que você! Eu te amo muito, sabia? Vem cá, vem! Deixa teu macho te por no colinho! – disse, me puxando para junto dele. Eu encostei minha cabeça em seu peito e adormeci com as batidas do coração dele ecoando em meu ouvido.

O expediente estava quase terminando na véspera da minha viagem para a Europa quando o Carlão me chamou em sua sala. Precavido, juntei a papelada do projeto e rumei direto para a sala dele, achando que talvez ele estivesse querendo revisar alguns pontos ou preparar um discurso para o cliente no qual nós dois estivéssemos afinados.

- Entre, entre Bruno e tranque a porta, por favor! – exclamou, afastando para o lado alguns papeis que tinha diante de si. – Elza! Me faça um favor, não passe nenhuma ligação para cá e nem nos interrompa. Deixe aqueles documentos que pedi para duplicar sobre a sua mesa, e pode ir quando der o seu horário. Obrigado! – ordenou ao telefone para a sua secretária.

- Eu trouxe tudo referente ao cliente que vamos contatar, acho que você quer dar uma repassada em tudo, não é? – apressei-me a dizer, uma vez que ele tinha me pedido para trancar a porta e deu ordens para não nos interromperem. Todo o projeto estava cercado de certa confidencialidade devido à vultosa grana envolvida no negócio, e uma concorrência que tinha sido bastante acirrada até ali.

- Não, não! Eu sei que você cuidou muito bem de tudo isso. Portanto, não estou preocupado com esses detalhes. – asseverou, levantando-se da cadeira e vindo sentar-se na beirada de sua mesa bem diante da cadeira onde eu estava.

- Não? Pensei que fosse isso. Temos algo novo que você queira me participar? – eu estava tão envolvido com o trabalho que minha ingenuidade devia estar lhe parecendo patética, pois até então eu não tinha reparado naquele olhar enigmático com o qual ele me fitava.

- Você está indo muito bem na empresa, não está? – perguntou, me desconcentrando de vez.

- Sim! Sim, acho que sim. – respondi titubeante.

- Sabe, assim que eu o entrevistei sabia que estava diante de alguém com um grande potencial, por isso o contratamos. – as palavras pareciam ter sido ensaiadas, e a fala dele era vagarosa, cheia de cuidados.

- Obrigado! Eu espero estar correspondendo às suas expectativas. – argumentei.

- Você as está superando em todos os aspectos. E, isso me deixa muito feliz! Foi por isso que o promovi com tanta rapidez. – afirmou.

- Que bom! Também fico feliz por você estar gostando do meu trabalho. – fiquei um pouco encabulado com os elogios, mas eu tinha a certeza de que estava desempenhando minhas funções com muita qualidade.

- Gosto de tudo em você! Aliás, isso não deve ser nenhuma novidade para você. O que circula por aí é que você foi eleito, por unanimidade, o funcionário mais bonito da empresa. Têm um bocado de gente que gostaria de estar no meu lugar, mas não vou permitir que te roubem de mim. – a conversa estava entrando num caminho totalmente inusitado.

- Confesso Carlão, que não estou entendendo essa conversa. Achei que a diretoria fosse alheia aos boatos que correm por aí. – falei, assumindo uma postura mais séria e tirando de vez aquele sorriso que caracterizava meu semblante.

- Engano seu! Ninguém fica alheio a tanta exuberância e, especialmente, a tanta graça. Tenho me desdobrado para manter você no meu departamento. Mas acho que cada esforço está valendo à pena. Eu queria que você tivesse ciência disso, e fosse grato a mim. – sentenciou.

- Bem! Eu nem sei o que dizer, mas muito obrigado pelo que quer que você esteja fazendo. – revidei. Eu queria levantar dali e sair por aquela maldita porta trancada, pois aquele papo não estava relacionado ao trabalho e, eu começava a ficar aflito com o rumo que ele estava tomando.

- Eu estou fazendo muito, pode ter certeza! Você sabe que existem muitas maneiras de se mostrar agradecido a alguém, não sabe? É disso que estou falando. E, é isso que estou esperando de você. – nesse momento ele tirou as mãos que estavam cruzadas a sua frente, e me exibiu uma ereção enorme que se delineava sob suas calças.

- Carlão, me desculpe, acho que esta conversa está ficando esquisita demais. – afirmei, querendo me levantar e, sendo imediatamente contido por ele.

- Fique sentado aí, ainda não terminamos! Você deve compreender que todo homem tem suas necessidades, e você poderia zelar com carinho pelas minhas, uma vez que eu também estou fazendo tanto por você. – as palavras dele começavam a ganhar um tom mais rude e seco.

- Você acabou de dizer que está satisfeito com o meu trabalho. Portanto, não vejo outras necessidades suas a serem supridas! – exclamei, também assumindo uma postura mais agressiva.

- Eu sei que você é bastante ingênuo, esse é um dos seus charmes! Mas, não se faça de tão desentendido. Você sabe muito bem que não estou falando de trabalho. Estou falando disso aqui. – retrucou ele, passando a mão sobre a sua jeba dura.

- Positivamente não temos mais o que conversar! Se você insistir nessa conversa vou me ver obrigado a tomar algumas providências. Mas, apelo para o seu bom senso, e esquecemos que um dia esta conversa existiu, tudo bem? – sentenciei decidido.

- Fique bem calminho aí! Acho que você não percebeu quem dita as regras por aqui. – ameaçou.

- Sei que você é o diretor, mas isso não lhe dá o direito de me abordar dessa maneira. – eu estava tremendo, não sei se de medo ou raiva.

- E isso aqui? Talvez isso o convença de que eu posso te abordar dessa maneira! – questionou, indo tirar um envelope de uma de suas gavetas e o colocando no meu colo.

- O que é isso? Não estou entendo. – perguntei.

- Abra! Além de muito lindo e tesudo, você também é muito fotogênico. Aposto que daria um modelo muito requisitado. – retrucou.

Minhas mãos tremiam quando tirei um bocado de fotografias do envelope. Nelas, o Marcelo e eu aparecíamos em nossas recentes férias num resort do litoral nordestino. Numa praia muito deserta o Marcelo estava com a mão dentro da minha sunga, bolinando minha bunda enquanto nos beijávamos sob um por do sol que tingia tudo com tons dourados. Em outra imagem caminhávamos, de mãos dadas, aos primeiros raios de sol, sobre uma areia muito fina e branca da praia que ficava a pouco mais de um quilômetro do resort. Cada fotografia que eu ia tirando da pilha mostrava momentos íntimos meus e do Marcelo. Até uma transa que foi antecedida por um boquete captado com extrema nitidez de detalhes aparecia numa sequência de fotografias tiradas em nosso apartamento do resort.

- Você é muito competente nisso também, como está aí registrado. Agora me diz se não é de tirar a gente do prumo. Sabe o que mais eu descobri? – ele me encarava com uma altivez e uma soberba que me intimidaram de vez. – Que você e aquele gerentezinho se casaram sem ter ao menos convidados os amigos! Não foi um pouco grosseiro da parte de vocês, não dividirem conosco essa paixão avassaladora? – a ironia dele me irritou.

- Isso não lhe diz respeito! Você mandou nos seguir? Isso é de uma sordidez sem tamanho. Podemos processá-lo por isso e pelo assédio que você está me fazendo. – eu estava disposto a enfrenta-lo.

- Não haja dessa maneira! Pense bem, eu e você podemos ter momentos incríveis. Tudo fica entre nós. Seu marido não precisa ficar sabendo de nada, a empresa não precisa ficar sabendo de nada. Todos ficamos felizes! Não é melhor assim? – ele não alterava a postura e nem seu tom de voz autoritário se esforçando para parecer brando.

- Jamais vou concordar com algo assim! Eu amo e respeito o Marcelo. Sei que ele vai me apoiar em tudo! – afirmei, ciente da força de nosso amor.

-Tolices! Basta eu fazer algumas insinuações e seu marido vai ficar com a pulga atrás da orelha. Nunca mais a relação de vocês será a mesma. E, para que estragar uma coisa que você acha tão bonita? Seja razoável e tudo vai ficar bem!

- Deixei-me sair! Nosso papo acaba aqui! – afirmei.

- Você tem seus pais para dar suporte caso perca esse emprego. Já o seu maridinho não tem tanta sorte. Ele depende desse trabalho. E, você bem sabe que eu posso tornar a vida profissional dele bastante complicada se a empresa decidir demiti-lo por justa causa. É até possível que ele consiga um empreguinho numa empresa modesta, mas a carreira dele pode sofrer um estrago difícil de reparar. – as ameaças iam sendo feitas sem nenhuma alteração de voz, e eu me sentia cada vez mais acuado.

Eu podia abrir mão do meu emprego e seguir no negócio da família, pois meu pai era dono de seis lojas de material de construção em diversas cidades do interior paulista e da capital. Mas a carreira do Marcelo tinha sido conquistada com muito esforço. Os pais dele tiveram que lutar muito para colocar o único filho na faculdade. Eu não podia destruir tudo isso. Fiquei tão perdido que comecei a chorar, diante da impotência na qual me vi aprisionado.

- Vejo que você já está tomando ciência da dimensão que sua recusa pode tomar. Isso é bom! Muito bom! Você vai perceber que concordar comigo vai ser o mais acertado. – eu não tinha me convencido disso, só que, no momento, não conseguia enxergar as coisas com clareza.

- E, o que você quer que eu faça para que nada prejudique o Marcelo? – um sorriso iluminou aquele rosto que, subitamente, passei a odiar.

- Você é um garoto tão doce! As fotografias não deixam dúvidas do quão meigo e carinhoso você sabe ser. Você também viu como me deixa quando sinto seu perfume pairando no ar, quando vejo esse rostinho lisinho e esses lábios tão vermelhos, brilhando a cada sorriso. Sabe que ao final de muitas reuniões, vendo você desempenhar tão graciosamente suas funções, meu caralho não conseguia ficar quieto? Quantas vezes não precisei deixar a sala de reuniões cobrindo o cacete duro feito uma rocha e ir bater uma punheta no banheiro para aliviar o estresse! – confessou. – Vamos passar as próximas três semanas bem juntinhos, eu tenho a certeza que serão dias maravilhosos, não acha? – emendou irônico.

- Eu estou pedindo a minha demissão a partir desse momento! – sentenciei, num último arremedo de coragem.

- Eu não vou aceita-la! Por um simples motivo, se você se demitir vou alegar que você está envolvido com o Marcelo, será justa causa para os dois e, como eu já disse, pode dizer adeus a carreira do seu maridinho. Estamos entendidos? – tornou a ameaçar. – Você estava indo tão bem, volte a ser aquele garotão delicioso que só dá prazer para a gente. Eu vou saber te recompensar muito bem. Você já sabe como sou generoso, não sabe? – acrescentou.

- Você é a pessoa mais vil e nojenta que eu conheço! – desabafei, secando meus olhos.

- Vou relevar suas palavras, pois sei que está sob o impacto de todas essas informações. Mas não vou abrir mão de um pequeno aperitivo do que serão os nossos próximos dias. Vamos lá, recompense meu cacete por tudo que já fiz por você! – exclamou, voltando a sentar-se na beirada da mesa e abrindo sua braguilha bem diante do meu rosto.

O Carlão pegou minha mão que estava apoiada sobre uma perna e a envolveu nas dele. Beijou-a com seus lábios gosmentos antes de coloca-la sobre o caralho, fazendo menção do quão macia ela era. Tirei de dentro da cueca uma rola muito grossa e cabeçuda. Não chegava a ser do tamanho avantajado do Marcelo, mas era uma rola respeitável. Parte da glande estava coberta pelo prepúcio, que ia se retraindo à medida que a jeba ia encorpando com o toque da minha mão. Ele puxou minha cabeça para mais perto da virilha pentelhuda dele, para que eu colocasse seu falo na boca. A proximidade me fez aspirar o cheiro peculiar de urina, pois o desgraçado tinha ido mijar há pouco e aquilo ainda estava impregnado sob o prepúcio. Como eu estava demorando a colocar o membro na boca, ele o pincelou pelo meu rosto. Ordenou que eu abrisse a boca e meteu a rola na minha garganta. A pica ficou tão dura que mais parecia o cabo de uma vassoura na minha goela. Tive engulhos, e ele me desencorajou do que chamou de frescura de viado inexperiente. Fiz força para me controlar, mas o pré-gozo enjoativo que se misturava a minha saliva me provocava náuseas. Mesmo assim comecei a chupar o cacetão molhado, circundei-o pela base com os meus dedos e, ao mesmo tempo em que chupava, ia socando uma punheta. Ele gemeu e mal conseguia ficar parado no lugar. Sempre apertando minha cabeça contra suas pernas, ele tentava fazer a rola entrar todinha na minha garganta. Senti quando a cabeçorra passou pelas cordas vocais e o ar começou a me faltar. Meu rosto ficou vermelho feito um pimentão e eu respirei freneticamente pelo nariz. O bruto fodeu minha garganta por uns cinco minutos antes de gozar. Eu não consegui engolir a porra na velocidade em que ele despejava os jatos na minha boca e, em pouco tempo aquele visgo esbranquiçado escorria pelo canto dos meus lábios. Ele me repreendeu, pois queria que eu engolisse todo seu sêmen. Suspendi a respiração até ter conseguido engolir toda a porra, como faz uma criança a quem se dá um remédio ruim e ela se vê obrigada a deglutir. Ele me fez levantar da cadeira e me abraçou. Ficou bolinando minha bunda enquanto me encarava como se aquilo fosse seu território e ele pudesse se aproveitar como bem desejasse. Isso também era sinal de sua dominação. Ele não queria apenas me humilhar abusando da minha bunda, mas deixar explícito que eu deveria me submeter aos seus caprichos. Pouco depois ele me beijou na boca e meteu a língua nela. Por cima dos ombros largos dele eu via o porta-retratos, sobre sua mesa, com o sorriso ingênuo de seus dois filhos me encarando. Senti as lágrimas quentes descendo pelo meu rosto, enquanto suas mãos apalpavam meus glúteos.

- Que cara é essa? Parece que viu um fantasma! Você está pálido! Não está se sentindo bem? – perguntou o Marcelo, assim que coloquei as chaves do carro sobre o aparador do hall, ao chegar em casa.

- Amo você mais do que tudo! – exclamei, me atirando em seus braços.

- Ei, ei, tudo isso é paixão ou saudade de mim? – perguntou, percebendo que algo estava errado comigo.

- É amor! O maior amor do mundo! – balbuciei, tentando disfarçar os olhos marejados.

- Está tudo bem? Eu também te amo muito, você sabe disso! – afirmou, me abraçando com mais força.

- É que eu viajo amanhã, e você sabe que eu sou uma manteiga derretida. Vou ficar com muitas saudades. – disse, para que ele não desconfiasse de nada.

- Hoje sou eu quem vai preparar o jantar para você. Bem! Quer dizer, eu vou terminar de esquentar o que comprei. Depois vou te embebedar com esse vinho aqui, dá só uma olhada, e a sobremesa vou servir na cama. Garanto que por uma semana você vai se lambuzar com o sabor dela. – anunciou contente.

- Você é o melhor homem do mundo, sabia? – sussurrei, temendo perder aquele amor que tanto me completava.

- Para mim só importa ser o melhor homem para você! Ser o seu macho é tudo que eu quero. – declarou, me beijando com ardor e desejo.

Não preguei o olho à noite toda. Pela minha cabeça só passava a conversa daquela tarde com o Carlão. Eu fiquei imaginando zilhões de possibilidades para me livrar de seu jugo, e não encontrei nenhuma saída que não prejudicasse o Marcelo. Ele dormia ao meu lado, sua respiração tranquila e aquela necessidade que ele tinha de sempre ter alguma parte de seu corpo encostado no meu me fizeram chorar novamente. A aurora ia despontando e, eu continuava sentado na cama, vendo os ponteiros do relógio rodando lentamente em seu caminho infinito. Tirei o braço do Marcelo de cima das minhas coxas e fui tomar uma ducha. Minha mala já estava pronta e eu só precisava colocar documentos, algum dinheiro e pequenos objetos na bagagem de mão, tinha tempo de sobra até que o motorista da empresa viesse me buscar para irmos ao aeroporto. O Marcelo acordou com o despertador. Me encontrou ainda nu sentado na cama.

- Hummm....acho que hoje vou perder a hora! Acordar com meu amorzinho todo cheiroso e peladinho me esperando, está me dando uma porção de maus pensamentos. – disse, me abraçando pelas costas e fungando no meu pescoço.

- Anda, vá tomar a sua ducha para não chegar atrasado! Tenho que ficar mais de onze horas sentado no avião, e ontem à noite você já fez um belo estrago no meu cuzinho! – protestei, embora não estivesse com o menor ânimo de sair daqueles braços músculos e quentes que me amparavam.

O Marcelo saiu para o trabalho antes de o motorista chegar. Nos despedimos com um beijo cheio de ternura e amor. Ele enxugou minhas lágrimas com os polegares dele, e voltou a me questionar se estava tudo bem comigo. Notei que ele saiu preocupando com todos aqueles meus choros das últimas horas, embora eu tivesse tentado tranquiliza-lo. Ao chegar no balcão da companhia aérea para fazer o check-in e despachar minha mala, o Carlão já me esperava recostado a um canto do balcão. Sorriu amavelmente na minha direção assim que me viu aproximando, como se a tarde de ontem não tivesse acontecido. Acomodados lado a lado nas poltronas da classe executiva, ele passou a mão na minha coxa enquanto o avião alçava voo. Faltou-me determinação para afastar aquela mão peluda da minha perna. Eu sabia que aquilo era só o começo de algo muito pior que estava por vir. Resignei-me mergulhando num silêncio sofrido.

Não me surpreendi nem um pouco quando constatei que nossos apartamentos no hotel eram contíguos, e de que havia uma porta de comunicação entre eles. Eu sabia que ela ia se abrir todas as noites, ele passaria por ela e viria me abordar. Eu ia satisfazer todas as taras daquele macho e, pela manhã, com os eflúvios dele encharcando minhas entranhas, eu teria que colocar um sorriso na cara e seguir para o trabalho como um respeitável e dedicado funcionário. Tive ganas de trucidar o Carlão. Cheguei até a ver a primeira página de um jornal local, com o corpo nu e sem vida estirado sobre a cama do hotel, sob a manchete, alto funcionário de uma multinacional é encontrado morto após evidentes sinais de ter participado de uma orgia sexual. Mergulhei numa tristeza profunda, pois não me via como um assassino.

Enquanto os dias transcorriam na mais perfeita ordem, tudo acontecendo conforme o planejado e o cliente cada vez mais satisfeito com nosso projeto, a noite não só o céu se cobria de um negrume lúgubre, como todo o meu ser. O Carlão abria a porta que comunicava nossos apartamentos e já se achegava nu, ou no máximo, usando uma cueca boxer cuja braguilha aberta deixava ver o denso chumaço de pentelhos. Na primeira noite, meu coração disparado quase saiu pela boca quando escutei a maçaneta girando e o ranger da porta se abrindo. O Carlão estava nu. Era um homem imenso com mais de um metro e noventa de altura. Sua envergadura devia ter outro tanto de comprimento. Era um macho peludo, daqueles que já deixavam de ser sensuais pela abundância. Era a primeira vez que eu o via assim como veio ao mundo. Entre suas coxas grossas pendia um sacão imenso, dava para distinguir as bolonas dentro dele. Sobre o sacão repousava o cacetão grosso que eu mamei na véspera. Ele me pareceu mais intimidador agora que nada atrapalhava uma visão mais solta. Era realmente um pouco menor do que o do Marcelo. O que eu mais desejei naquele instante era estar nos braços dele, seguro e protegido. Eu já estava de pijama, pois passava um pouco da meia noite. O Carlão se aproximou e agarrou minha bunda com uma de suas mãos. Apertou-me com força e despejou seu olhar predador sobre mim. Arriou a bermuda do pijama e se deliciou na minha pele lisinha e macia. Com o outro braço ao redor da minha cintura me puxou para junto dele. Seus lábios se juntaram aos meus, ele me beijou esfregando a boca na minha, que permanecia inerte. Senti o sabor dele invadindo minha boca, mas não senti tesão. Ele insistiu no beijo por um bom tempo. Achei que fosse me censurar por não estar correspondendo, mas percebi que isso pouco importava para ele. O Carlão foi me despindo aos poucos, admirava meu corpo, roçava com as costas dos dedos cada curva e cada detalhe que prendia sua atenção.

- Você é mesmo muito tesudo! Seu maridinho deve estar fazendo bom uso disso tudo, não é? – perguntou, cobiçando o alheio.

Ele mandou que eu me deixasse de bruços sobre a cama, abriu minhas pernas e começou a me inspecionar o cuzinho. Apartou minhas nádegas e meteu um dedo no meu cu. Um espasmo involuntário travou minha portinha aprisionando o dedo dele. Era obvio que ele ia perceber as marcas deixadas pelo Marcelo na nossa noite de despedida. Fez uma alusão ao fato, mas eu a ignorei. Minha atenção estava naquele dedo que me vilipendiava as pregas. Ele me virou de costas e colocou a pica na minha boca. Senti o gosto da urina que ainda estava nele. Mamei e lambi a rola como se estivesse cumprindo uma tarefa, mas ela ia enrijecendo sob o estímulo da minha boca aveludada. Ele me ajudou a manter a pica na boca, chegou até a estoca-la algumas vezes até a minha garganta. Logo percebi que ele não ia gozar na minha boca, a intenção dele era ejacular no meu cuzinho. Ele me puxou até a beirada da cama e apoiou minhas pernas sobre seus ombros. Forçou a cabeçorra contra a minha portinha que, de tão travada, não deixava passar um alfinete, isso o excitou ao ponto de eu perceber seus brios de macho sendo desafiados. A pica entrou entre intervalo de um espasmo e outro, bruta e voraz, rasgando minhas pregas e me fazendo gritar. Ele não me deu tempo de me acostumar a sua tora, quando outra estocada já fez escorregar mais um tanto daquele cacetão para dentro de mim. Eu gania e me debatia, mas ele prendia minhas ancas com tamanha força que eu não conseguia escapar. Lágrimas brotaram no canto dos meus olhos, não tanto pela dor, mas pela humilhação de ser forçado a me submeter àquele macho. O Carlão me fodia num ritmo cadenciado e constante, apelidando meu cuzinho de ‘minha xaninha’ enquanto suas bolonas batiam contra meu rego num slap-slap que ecoava pelo silêncio do apartamento.

- Nunca enfiei minha rola num buraquinho tão apertado! Para uma cadelinha gostosa como você, está xaninha ainda está bem justinha e macia! – exclamou, continuando a direcionar aquele caralhão veiúdo e duro para dentro das minhas entranhas.

De repente, percebi que meu pau estava enrijecendo e que meus peitinhos estavam rijos e salientes. Ele não demorou a perceber o mesmo. Abriu um sorriso sarcástico e, inclinando-se sobre mim, começou a torcer meus mamilos entre os dedos me fazendo gemer de dor. Depois, abocanhou um deles e começou a mastiga-lo com energia e tesão. Eu gania como uma verdadeira cadela, estimulando a depravação que ele me impingia. Aos poucos o ritmo das estocadas dele foi diminuindo, mas elas se tornaram mais agressivas e me penetravam mais profunda e dolorosamente. Senti aquele caralho engrossando no meu cu, o Carlão se retesou todo, seu corpo deu uma leve estremecida e um urro aflorou em sua boca, rouco e tosco, enquanto os jatos de porra enchiam minha ampola retal. Assim que terminou de gozar ele sacou o cacetão do meu cu, num único e abrupto golpe, me fazendo gritar quando a cabeçorra distendeu minhas pregas feridas.

- Tesão da porra! Nada melhor do que foder um cuzinho como esse! – rosnou, deixando as últimas gotas de porra caírem sobre a minha coxa. Fechei minhas pernas e me encolhi na minha própria vergonha, não por ter sido usado como uma puta qualquer, mas, principalmente, por ter ejaculado sobre a própria barriga.

Ele não me poupou um único dia sequer durante aquela viagem. Meu receio inicial se transformou em apatia. O Carlão, logo percebi, era pouco criativo na cama. Um típico cara casado, pai de família, que, ao lhe sobrevirem os desejos, procurava a mulher que sempre estava ali, à disposição, usava-a para se satisfazer e, depois de gozar, ou se virava na cama para o outro lado e dormia, ou sacava a rola da buceta dela, como fez comigo, num único e brusco golpe abandonando quem lhe serviu para fazer o que lhe apetecesse. Foi aí que eu vi como a minha vida com o Marcelo era ímpar. Ele se empenhava tanto quanto eu para me satisfazer. Um se dedicava ao outro com tanta vontade que nosso próprio gozo passava a depender do prazer do parceiro. O Marcelo só costumava tirar o caralhão do meu cu quando ele já estava bem flácido, isso quando não o deixava aconchegado no meu casulo anal, enquanto dormíamos abraçados em conchinha. Ficávamos horas conversando depois da transa, nos acariciando e nos beijando, curtindo cada segundo daquela paixão cultivada com muito amor. Éramos cumplices de um segredo, cumplices de um sentimento que só nos tornava seres humanos melhores.

Na sala de espera do aeroporto antes de tomarmos o avião de regresso, uma inquietação começou a me afligir. Aquele cacetão grosso do Carlão, que eu encarava naquele exato momento, pois ele estava sentado bem na minha frente com as pernas bem abertas, tinha deixado sua marca nas minhas preguinhas. Como explicar ao Marcelo que, depois de três semanas sem sentir sua rola no meu cu, aquelas preguinhas que ele conhecia tão bem podiam estar com vestígios de terem sido usadas recentemente? Também não podia inventar uma desculpa para não receber sua rola carente no cuzinho que ele, certamente, estava afoito para meter. Aquilo me atormentou durante todo o voo.

- Ensaiando uma desculpa para o maridinho não perceber que outro macho andou bolinando seu cuzinho? – indagou o Carlão, num sussurro, parecendo ler meus pensamentos, e que um comissário de bordo ouviu encarando-me depois como se eu fosse um crápula.

- Você é desprezível! – devolvi num rosnado.

- Foi uma bela lua-de-mel, não foi? De agora em diante, vamos ter outras. Em breve você estará tão carinhoso comigo como deve ser com seu machinho. – disse, divertindo-se com o meu embaraço pelo comissário de bordo estar espichando os ouvidos para aquela conversa picante e íntima.

Quase chorei diante da carinha frustrada do Marcelo quando ele se resignou com a minha desculpa de um mal estar que surgiu antes mesmo de eu embarcar. Que ser miserável e abjeto eu tinha me tornado? Negar meu amor ao homem que me protegia e me amava acima de tudo, só para esconder os vestígios do meu pecado. Abracei-o com tanta força quando ele se deitou no meu colo e o cobri com meus beijos mais puros, acariciando seus cabelos até ele adormecer. O que estava me matando era o remorso. Nem a justificativa de que eu estava me submetendo a tudo aquilo para protegê-lo, me trazia algum alento.

Eu passei a ir para a empresa com a mesma disposição que teria para ir ao cadafalso. O Marcelo me questionou a respeito algumas vezes, eu sempre alegava uma desculpa qualquer. Os colegas do departamento também notaram a súbita mudança no meu entusiasmo pelo trabalho. O único que ignorava qualquer sinal de que as coisas não iam bem era o Carlão. Sua desfaçatez chegou ao ponto de ele me chamar á sua sala unicamente para que eu lhe fizesse um boquete durante o expediente. Numa ocasião se empolgou tanto que quase me fodeu ali mesmo, não fosse uma interrupção urgente e necessária de sua secretária que, sem o saber, tinha me livrado de uma enrabada em pleno trabalho. Os sinais da minha tristeza começaram a deixar as pessoas mais próximas preocupadas. Não era raro eu me ver dando explicações esdruxulas aos questionamentos que me faziam. Uma forte depressão se instalou mais rapidamente do que eu podia supor. O Marcelo andava tão agoniando quando eu. Nada o convencia de que eu estava seriamente doente, e ele insistia para que eu procurasse um especialista atrás do outro. Aquele homem me amava e o que eu estava fazendo com ele? Toda vez que via sua aflição naqueles olhos mansos e zelosos eu caía em prantos.

- Acabo de saber que o Marcelo vai passar três dias em Nova Iorque naquele curso de gestão, o diretor dele acaba de me confirmar. – disse o Carlão, en passant, enquanto eu estava na pausa do café, e ele me requisitou que o acompanhasse até sua sala. – Você vai ser meu na cama em que teu macho te enraba! Passo na sua casa assim que terminar o expediente, nos encontramos lá! – ordenou.

- Por favor, seja razoável. Não me obrigue a uma coisa dessas. – implorei, sem que isso o demovesse.

O Carlão só me largou no meio da madrugada quando viu que as gotas de sangue que pingavam das minhas pregas arregaçadas mancharam os lençóis. Ele lavou a pica na pia do banheiro da suíte, vestiu as roupas e bateu a porta da frente ao sair. Eu me contorcia com a pelve toda dilacerada num choro convulsivo e desesperado. Aquilo precisava ter um fim.

A esposa do Carlão veio pessoalmente ao escritório para me trazer um convite, muito singelo, impresso em papel refinado, para o seu aniversário. Eu só a tinha visto rapidamente durante uma festa de confraternização de final de ano. Era uma mulher de traços simples, mas via-se que tinha um bom nível intelectual e, certa finesse no modo de agir. Acima de tudo era simpática.

- O Carlão me fala tanto das suas qualidades que eu resolvi te incluir no rol dos nossos amigos mais íntimos, a começar por essa festa. Só não quero que se preocupe com presentes! Meu melhor presente será a sua presença. – disse ela, na ignorância de uma mulher traída. Se ela soubesse do que aquele seu marido perfeito era capaz, não estaria sendo tão gentil.

- Estou lisonjeado com seu convite. Muito obrigado! Mas vejo que a data coincide com um compromisso que já tenho agendado. – disse educadamente.

- Estou certo de que o Bruno vai conseguir conciliar os compromissos querida. Ele é meu braço direito aqui na empresa e o único capaz de entender todas as minhas necessidades. Não é assim, Bruno? – naquele momento tive vontade de jogar tudo para o alto e dizer àquela infeliz quem era seu marido e, que tipo de necessidades dele eu supria, mas a suavidade com que ela tinha insistido na minha presença, me desarmou por completo. Ademais um escândalo no escritório era tudo que não podia acontecer. Mais uma vez me calei, mais uma vez ele me lançou aquele olhar triunfante.

Pouco depois do aniversário dela, ao qual acabei não comparecendo e, por conta disso, tive que aguentar um imenso vibrador no meu cu enquanto eu chupava e lambia as bolonas do Carlão, ele me levou à sua casa pouco depois do horário do almoço. O mesmo fetiche que o instigou a me foder na cama que eu partilhava com o Marcelo, o levou a me enrabar no leito conjugal que partilhava com a esposa. Eu gania debaixo daquele corpo pesado enquanto ele fodia meu cuzinho submisso. Um pérfido devasso que perdera a noção da moral.

O Marcelo estranhou a minha ausência do escritório a tarde toda, bem como o fato de chegar àquela hora em que acabara de entrar enquanto ele me aguardava com ar preocupado estirado sobre o sofá.

- Onde você esteve? Te procurei a tarde toda e ninguém soube me dizer onde você estava. Por que não me ligou dizendo que chegaria mais tarde? Estou te esperando há horas. – desta vez o tom de sua voz não tinha nada de compreensivo e carinhoso. Foi a primeira vez em que ele se dirigiu a mim com tanta aspereza.

- Precisei encontrar um cliente com urgência e não tive tempo de te avisar. – justifiquei, reacendendo aquele remorso que me aniquilava.

- E esse cliente era tão interessante que você ficou dando atenção a ele até essas horas? – era evidente que ele não acreditou em mim, e isso me magoou muito, pois eu estava dando todos os motivos para isso.

- Enfrentei um engarrafamento enorme Marcelo. Estou exausto e só quero cair na cama. Por favor, não brigue comigo. – implorei, com as lágrimas caindo pelo rosto.

- Você sabe que eu não gosto de brigar com você, mas você está muito diferente de uns tempos para cá. Se você tem outro cara na sua vida, me fale. Vamos resolver isso de uma vez. – ele me acompanhou até o quarto e assistiu eu me despindo para entrar na ducha.

- Não diga uma bobagem dessas! Eu nunca vou ter outro homem que não você. Eu te amo Marcelo, entenda isso! – assegurei, com as forças que ainda me restavam para levar aquela história adiante.

- Então me diga o que significa isso, se você não tem outro cara? Qual é a mentira que você vai inventar agora para me justificar isso aqui? – berrou ele, no mesmo instante que em enfiava a mão no meu rego e um dedo no meu cu arregaçado, me fazendo gemer de dor. Quando tirei a cueca não vi que havia uma mancha de sangue nela e que minhas pregas ainda sangravam um pouco.

- Eu não aguento mais! Eu não aguento mais! – exclamei, caindo num choro desesperado.

O Marcelo fez as malas e me deixou naquela mesma noite. A paciência dele tinha chegado ao limite. Nem meus apelos para que ele acreditasse em mim, que tudo o que estava acontecendo era para protegê-lo, serviram para alguma coisa. Ele voltou a almoçar com os colegas do departamento dele e não respondia às minhas mensagens, nem atendia o celular quando identificava minha chamada. Depois de quatro semanas desisti de insistir. Aquele vazio enorme que eu sentia no peito me deu a dimensão do espaço e da importância que ele tinha assumido na minha vida. Pensei que não conseguiria sobreviver sem tê-lo ao meu lado. Uma tristeza profunda se abateu sobre mim. Cada canto do apartamento me pareceu mais sombrio e vazio. A todo o momento, eu tinha a impressão de que ele ia entrar pela porta, largar as coisas dele pelo caminho como era seu costume, só para que eu ralhasse do desleixo dele e, ele pudesse vir me calar com um de seus beijos safados e uma bolinada ou uma encoxada na minha bunda. Mas, os dias se passavam e a porta não se abria. Ele não voltava. Tudo que me fazia sentir sua presença não estava mais lá. Eu estava só como nunca antes estive.

A maior tortura era seguir para o trabalho todas as manhãs. Eu me sentia como se estivesse caminhando para o cadafalso, onde um carrasco, travestido de meu chefe, me esperava, não para me executar, o que seria até um alívio, mas para me martirizar com sua voracidade sexual e seu caralhão insaciável. Os colegas de trabalho não demoraram a perceber a súbita transformação ocorrida comigo. Aquela pessoa jovial, com um sorriso sempre estampado nos lábios, disposto a encarar qualquer novo desafio e qualquer novo cliente cheio de exigências, que levantava o moral dos que achavam que não iam dar conta de algum problema mais sério, tinha desaparecido por completo. Embora o mesmo corpo sensual e desejado estivesse sentado em seu módulo, quem o habitava havia desaparecido. O que se via era uma pessoa amargurada por algum conflito interno desconhecido por todos, mas que visivelmente estava aniquilando aquele antigo Bruno. A simples menção do nome do chefe fazia as feições desse novo Bruno se contraírem e a aflição se instalar nelas. Os mais chegados vieram me questionar sobre essa repentina transformação, chegaram a suspeitar de alguma doença grave, no entanto, se davam por satisfeitos quando eu inventava uma desculpa qualquer.

Foi durante esse estado de ânimo doentio que eu reparei numa das secretárias do setor. Numa tarde, enquanto eu levantava alguns dados no computador dentro do meu módulo, a presença dela no lado oposto da sala me chamou a atenção. Sobre a meia divisória do módulo eu podia ver no rosto dela uma semelhança com os conflitos que me atormentavam. Parecia que eu estava me vendo num espelho. As mesmas linhas sulcadas na testa, os cantos da boca arqueados para baixo, os olhos fundos com uma expressão de dor que não podia ser verbalizada, estavam presentes naquela face agoniada. Discretamente procurei saber se ela estava com algum problema e se podia lhe ser útil em alguma coisa, embora soubesse que nem a mim mesmo eu estava conseguindo ajudar. Ela se esquivou e adotou a mesma postura que eu adotava quando vinham me interpelar. Nesse momento, passou pela minha mente que ela também podia estar sendo molestada. O que me fez chegar a esta conclusão, foi o fato dela ser mãe solteira, com um filho em idade pré-escolar, cujos pais já com certa idade moravam no interior e ela se encontrar praticamente sozinha em São Paulo, sem pelo menos alguém que pudesse zelar por ela e pelo filho. Portanto, uma vítima potencialmente fácil de ser conduzida por algum malfeitor inescrupuloso. Não parei de observá-la. Desde aquele momento, seguia-a com o olhar, quando possível acompanhava seu deslocamento pelo departamento e por toda a empresa, redobrei minha atenção quando ela entrava na sala do Carlão, só para conferir a sua expressão quando ela saia. Não deu outra, em poucas semanas a charada estava decifrada. Ela também estava na mira do Carlão e, provavelmente, sendo tão molestada quanto eu. Eu não tinha um chefe doente, um tarado pervertido, eu era chefiado por um criminoso que precisava ser detido. Todos os meus esforços, a partir dali, foram no sentido de descobrir uma maneira de parar com esse criminoso.

- Minha esposa está fazendo um cruzeiro com os pais para o sul do continente. Resolvi te dar essa notícia logo cedo, pois sabia que você ia gostar. Você sabe muito bem o que isso significa, não sabe? Que teremos todas as noites das próximas duas semanas só para nós. Chego a sentir os culhões cheios e, dá só uma olhada para isso aqui. Ele está todo preparado esperando seus agrados. – disse o Carlão, mal eu tinha chegado ao escritório, me apontando seu cacete duro debaixo das calças.

- Estou inscrito naquele curso cujo prospecto você me apresentou, aconselhando que eu o fizesse. O curso só termina no final do mês e eu saio daqui diretamente para lá. – argumentei, tentando me livrar de sua gana perversa.

- Eu quero que o curso se foda! Outra oportunidade dessas não vai aparecer tão cedo, e meu caralho se acostumou aos teus afagos, viciei. Quero você o tempo todo, chego a melar a cueca pensando nesses lábios suculentos mamando minha pica e tomando meu leite. Você não vai querer que aquele panaca seja demitido, não é? Então trate de ser bem bonzinho e, não me conteste! Que esta seja a última vez que isso acontece. Minha paciência com frescurites de viado tem limite, e você já o alcançou com esse seu mau humor eterno, de uns tempos para cá. – retrucou ele, me encarando enquanto manipulava a jeba.

- Não estou te contestando! Apenas quis lembra-lo do meu compromisso. – revidei, embora fosse exatamente o que eu queria. Eu queria fazê-lo perder a compostura dentro do escritório, diante de testemunhas, para poder desmascará-lo. Mas, o cretino não era um sujeito ingênuo.

- Eu acabei de dizer para você não me contestar e foi isso que você acabou de fazer. Eu não te convidei para ser enrabado, nem sugeri que você viesse dormir comigo na cama da minha mulher, eu mandei. – sentenciou. – Por ter me desafiado, ponha-se de joelhos e chupe isso aqui! Com a boca ocupada no meu caralho não dá tempo de você ficar de trelelê.

Ele tirou a pica de dentro da calça já babando. Um fio viscoso escorria da cabeça da rola quando fechei meus lábios ao redor dela. Ele grunhiu ao sentir meu toque quente e macio. A jeba terminou de endurecer na minha boca e eu a chupava enquanto ele me fodia a garganta. Eu chegava a ficar sem respiração quando ele apertava minha cabeça dentro da virilha pentelhuda dele. O macho estava tão excitado que não demorou nem cinco minutos para gozar na minha boca. Enquanto engolia aquela porra morna e pegajosa a imagem do Marcelo não saía da minha cabeça. Era o semên dele que eu queria engolir. Aquela porra cremosa, esbranquiçada e opalina, alguns dias mais salgada e adstringente, noutras mais doce e amendoada que jorrava do cacetão poderoso do Marcelo como uma dádiva que ele me entregava pelos meus carinhos e meu amor por ele. E, não esta porra que eu deglutia como se estivesse ingerindo um veneno, um castigo que aquele macho me impunha só para satisfazer seus instintos. Eu estava terminando de lamber e limpar a pica dele quando bateram na porta do escritório. Meu rosto afogueado, ainda molhado pelas lágrimas que derramei, tinha a expressão complacente da submissão.

- Que maricagem é essa ultimamente de ficar se debulhando em lágrimas, toda vez que estamos juntos? Você não fazia isso antes e, aposto que também não ficava choramingando quando teu macho te exigia. Enxugue isso da cara e coloque um sorriso nela! – ordenou ele.

Quem trazia uma papelada para o Carlão assinar era a secretária do olhar acabrunhado. Ao nos cruzarmos próximos da porta, ela me encarou e, eu tive a impressão de que ela sacou o que tinha se passado dentro daquela sala, mesmo porque, o cheiro de porra ainda se espalhava pelo ar. Foi como se ela soubesse exatamente a cena protagonizada ali dentro, a mesma da qual ela também havia participado muitas vezes. Desde então, embora nenhum de nós tenha dito nada, pareceu que partilhávamos do mesmo segredo, da mesma angústia, da mesma dor, e ficamos amigos. Talvez a mesma escora, o mesmo ombro amigo que eu procurava, ela também estivesse procurando. Acabamos por encontrar isso um no outro.

Naquela mesma noite eu fui vilipendiado e fodido pelo Carlão no leito conjugal que ele partilhava com a mulher. Ele foi bruto e exigente. Nada parecia satisfazer sua tara, embora eu me subjugasse e cumprisse a risca todos os seus desmandos. Amanheci com o cu arregaçado e dolorido, depois de levar rola quase que ininterruptamente a noite e madrugada toda. Ele chegou a adormecer deitado sobre mim com a pica atolada nas minhas entranhas. Eu gani, gemi e suspirei o tempo todo para deleite dele e de suas fantasias. Quase não consegui andar no dia seguinte. Precisei passar por uma drogaria a caminho do trabalho para comprar absorventes e coloca-los dentro da cueca, pois meu cuzinho expelia o esperma liquefeito daquele macho e, minhas preguinhas derramavam o plasma das feridas abertas. Por ironia do destino, naquela manhã cruzei com o Marcelo no corredor de um dos edifícios da empresa. Tive vontade de me atirar em seus braços e suplicar sua ajuda e seu perdão. Ele identificou aquele caminhar tortuoso e cambaleante. Sabia o que aquilo significava. Tinha me deixado assim algumas vezes, quando parecia que nossos corpos não queriam mais se separar. Quando ele se excedia nos folguedos amorosos, e deixava meu corpo marcado por sua luxúria desmedida.

- Oi! – seu tom de voz era seco, mas não havia rancor nele.

- Oi! – devolvi, num sussurro tão fraco quando o piar de um passarinho.

- Acho que o tempo que ficamos juntos me dá o direito de dizer o que vou falar. Você está horrível, o que aconteceu? Toda vez que você caminhava desse jeito sempre tinha um sorriso de orelha a orelha na sua cara. O que foi que aconteceu agora, para que você esteja com essa cara enquanto entre as pernas ainda se perceba as marcas da ... – ele não conseguiu completar a frase, passou os dedos entre a cabeleira e dava para sentir o quanto aquilo o machucava.

- Você pode me dizer o que quiser e quando quiser, só você tem esse direito. Eu estou bem, não se preocupe! E você, como está? Sinto sua falta. – quase comecei a chorar ali mesmo no meio do corredor.

- Vou indo! Você nunca mentia para mim, por que começou a fazer isso agora? – questionou ele. – Não é preciso ninguém me dizer se você está bem, nem mesmo você, eu sei quando não está, como agora. – emendou.

- Está tudo bem, sim. Você está tomando seu café pela manhã, ou abandonou o hábito outra vez, por preguiça de levar dez minutos mais cedo? – perguntei, pois esse tinha sido um de seus hábitos que o fez sofrer de uma azia que o atormentou durante anos e, que o simples fato de tomar um café equilibrado pela manhã, que eu lhe preparava, curou em poucos meses morando juntos.

- Não tenho estímulo para sentar e tomar café sozinho, você sabe disso! – exclamou.

- Mas deveria! Não seja relapso consigo mesmo, logo, logo vai estar se queixando do estomago. – eu não estava acreditando que estávamos tendo esse tipo de conversa dentro da empresa, enquanto eu ainda sentia a umidade do Carlão dentro de mim e, tudo que eu queria era que aquele homem diante de mim não padecesse de nada.

- Estranho você se preocupar com esse detalhe se não se preocupou com nosso amor! – disse ele.

- Nosso amor e, você é tudo com o que mais me preocupo. Nunca duvide disso! – emendei, enxugando a primeira lágrima.

- Então me explique o que está acontecendo, pois eu não estou entendendo nada! Eu sei que nesse exato instante seu cuzinho está cheio de porra de algum macho, e você me diz que está preocupado como e com o nosso amor. Onde está a lógica disso? Me explique! – ele estava agoniado e furioso ao mesmo tempo.

- Eu não sei como explicar isso! Até sei, mas não sem que você saia prejudicado. – desabafei, achando que já tinha falado demais.

- Eu me prejudicar? Se tudo que me importa é cuidar de você, proteger você! Enquanto me deixa de fora da sua vida, outro cara está fazendo isso. Como você acha que eu me sinto vendo você nesse estado e eu porto de escanteio? – ele começou a elevar o tom da voz e eu me inquietei procurando ver se alguém estava nos vendo.

- Por favor, Marcelo, aqui não. – implorei.

- Lamento não contar com a sua confiança! Que amor pode ser esse que não é capaz de confiar? – perguntou, tentando se acalmar. – Só posso te desejar boa sorte! – acrescentou, afastando-se revoltado.

- Parabéns! Soube engambelar o trouxa direitinho! E é por esse babaca que você se apaixonou? Ele nem sabe perceber que é corno! – disse o Carlão, surgindo detrás de um ressalto de uma coluna, enquanto batia palmas e se aproximava de mim triunfante.

- O Marcelo não é um corno! Muito menos trouxa! Ele é um homem digno, coisa que você não sabe o que significa e que nunca vai conseguir ser. – exclamei irritado.

- É louvável seu esforço para manter o empreguinho dele. Esse cara não chega aos meus pés, muito menos ao meu posto, você deveria saber disso. E, se fosse esperto, aceitaria minha proposta de mantermos um caso. Tenho muito mais a te oferecer! – gabou-se, cheio de presunção.

- Houve um tempo em que eu te respeitava. Nunca cheguei a te admirar, ou achar que você pudesse servir de exemplo para minha carreira, mas respeito eu tinha. Você conseguiu acabar com tudo. Hoje nem minha atenção você tem. Quem será o grande babaca dessa história, o Marcelo ou você? – perguntei, num arroubo de ousadia.

- Você não passa de uma bichinha que precisa de um macho para se orientar! Em troca de proteção e segurança, precisa deixar que te arregacem as pregas do cu. A tua sorte é que têm uma porção de machos querendo ocupar esse posto, dada a sua beleza e seu charme. No dia em que esse cu virar um monte de pelanca, você vai suplicar por uma pica suculenta feito a minha. – revidou sarcástico.

- Nunca precisei de homem para me dar àquilo que eu mesmo sou capaz de conseguir pelo meu esforço! Preciso sim, de um companheiro, de um parceiro, de um cúmplice que queira dividir comigo todo o amor e carinho que tenho para oferecer, em troca de nada mais que um convívio sadio. E você, torça para que essa pica continue a ficar em pé, pois no dia em que ela for incapaz de empinar, você será o corno que acha que o Marcelo é. Um corno de papel passado, que vai apresentar a esposa sorridente e os filhos crescidos para os machos que provavelmente estarão se rindo da sua cara. – proclamei exasperado. O bofetão quase me jogou no chão, fortuitamente foi presenciado por dois gerentes do departamento de TI, que se apressaram a apartar e esfriar os ânimos. Apesar da dor, que menos ardia no rosto do que aquela que me perfurava o peito, eu agora tinha duas testemunhas isentas. Esse era o início da minha vingança e da minha libertação.

O Carlão ficou me esperando naquela noite em sua casa, achando que além de me enrabar, ia à desforra da afronta daquela manhã na empresa. Eu via a tela do meu celular se iluminando com a insistência de suas ligações e, cheio de determinação, tomei a resolução de não ir a casa dele, me submeter ao seu jugo cruel, fossem quais fossem as consequências da minha insubordinação.

- Fiquei te esperando até tarde. Você sabe que preciso de você. Ele está numa penúria só, é muita perversidade sua deixa-lo assim! – exclamou, ao descermos dos carros no estacionamento da empresa no dia seguinte, enquanto acariciava a benga. Não havia nenhum traço da truculência com a qual tinha me tratado no dia anterior.

- Fui ao curso, era um dia importante para eu estar presente. Depois fui para casa, tenho pendências a resolver. – justifiquei, me aborrecendo por estar sendo tão franco.

- Quando termina esse bendito curso? Você vai abrir uma brecha na sua agenda para mim, não vai? Estou louco para entrar nesse cuzinho. – disse, apalpando minha bunda enquanto ainda estávamos encobertos da visão alheia, pelos carros perfilados nas vagas.

- Você sabe que tenho compromissos. Não estou a sua disposição fora do expediente! – retruquei, já sem paciência.

- Na empresa é muito arriscado! Podemos ser flagrados. Você não gostaria de ser pego de calças arriadas com o meu cacete atolado no seu cu, gostaria? – ele continuava risonho e faceiro.

- Não tenho por que ser flagrado se não estiver fazendo nada de comprometedor. – devolvi, de cara fechada.

- Você leva tudo a ferro e fogo! Seja mais maleável! Você gosta de uma pica, eu de um cuzinho, temos tudo para viver momentos felizes e cheios de prazer, para que fazer disso um drama? – questionou.

- A sua cara de pau me deixa perplexo! – revidei.

- Seu macho te largou. Portanto, é natural que você sinta falta de uma rola e de um macho que te dê prazer. Eu estou aqui disposto a satisfazer todos os seus desejos e os seus caprichos, eu já te disse isso inúmeras vezes. Podemos ser amantes a vida toda, eu sou apaixonado por esse seu jeitinho impetuoso e por sua braveza. Enfezadinho você me deixa com mais tesão. – não me restava mais nenhuma dúvida de que sua personalidade era patológica.

Antes do almoço, formou-se um burburinho na porta dos banheiros femininos. Inicialmente, havia o corre-corre de algumas secretárias, perambulando feito galinhas assustadas no corredor que levava até os banheiros. Logo alguns funcionários enfiaram a cara pelas portas do corredor para ver o que estava acontecendo. Instantes depois, uma das secretárias voltou ao departamento aos gritos, pedindo por socorro. A secretária de rosto acabrunhado estava tendo um aborto espontâneo numa das cabines das toaletes. A emergência foi chamada as pressas e duas enfermeiras da própria empresa tinham vindo do ambulatório acudir a mulher em estado de choque. Enquanto se esvaia em sangue, ela dizia coisas desconexas, mas ninguém deixou de ouvir quando ela mencionou que tinha apanhado do Carlão na noite anterior, enquanto ele a estuprava na cama da mulher. Nem quando ela, aos soluços, disse que o que escorria por suas pernas era a desgraça que ele havia implantado nela. Enquanto o escândalo se esparramava feito rastilho de pólvora por toda a empresa, o Carlão não podia ser encontrado nem no celular. Assombrados com o que tinham ouvido, alguns diretores fizeram uma reunião relâmpago e acionaram o departamento jurídico. Dois dias depois, a secretária em licença repouso, declarava em sua casa para o chefe do jurídico e outro advogado da empresa, o assédio que ela vinha sofrendo há mais de dois anos. Nas declarações dela surgiu o meu nome. Por sugestão dela, aconselhou que eu também fosse ouvido por eles. A princípio, acharam que eu talvez também pudesse estar a assediando, mas depois de nossa conversa, ficaram abismados com o monstro que chefiava o departamento de projetos. A demissão sumária e por justa causa aconteceu naquela mesma semana, mesmo o Carlão não tendo mais aparecido na empresa. Por instrução do jurídico, a secretária e eu abrimos um inquérito policial que correu em segredo de justiça. Mesmo minha condição tendo vindo à tona, não me furtei a levar o caso adiante. Foram apenas os dois advogados do jurídico que ficaram sabendo do meu caso, e como o Marcelo e eu estávamos separados, não acharam que fosse relevante mencionar nosso relacionamento e, muito menos, impedir que continuássemos trabalhando na empresa. Durante pouco mais de três meses o departamento ficou acéfalo. Como eu havia sempre me mostrado muito habilidoso na liderança das equipes durante os projetos, o convite para assumir a chefia veio como uma grata surpresa num final de tarde de uma sexta-feira que antecedia a minha saída para gozo de férias.

- Queremos que avalie nossa proposta. Ela pode ser um pouco flexibilizada se você aceitar. Pense durante as suas férias e nos dê sua resposta um dia antes de seu retorno. Queremos fazer o comunicado ao departamento antes de seu regresso oficial como novo chefe do departamento. – disseram o presidente e o vice-presidente, quando me convocaram para a sala da presidência.

- Fico lisonjeado com a proposta e prometo avalia-la com o maior carinho. – respondi, embora no meu íntimo a decisão já estivesse tomada. Eu gostava do meu trabalho, ele me realizava em parte, aquela pequena parte que não dependia do Marcelo. Pois eu só me via plenamente realizado dentro do nosso amor.

Havia tempos que meus pais e eu planejávamos uma viagem juntos. Eles insistiam nela desde que eu saí da faculdade, mas a sequencia de compromissos e novas atribuições sempre postergavam esse sonho. Eu resolvi me dar de presente a eles por um mês inteiro. Partimos para o sul da França para pegar o final do verão, que por aquelas plagas ainda estava agitado e cheio de turistas do mundo inteiro. De regresso de um passeio de barco que durara quase o dia todo, meus pais e eu resolvemos nos sentar sob a sombra das árvores de um restaurante na Plage de Cavalière, em Le Lavandou, para tomar uma taça de vinho branco gelado e contemplar o ir e vir das embarcações, no final da tarde, antes de rumarmos para o hotel.

- Tenho duas coisas para contar a vocês. – disse, inspirado pela tranquilidade daquele por do sol e da brisa morna que varria o boulevard onde estávamos. Minha mãe foi a primeira a fixar sua atenção em mim. Meu pai terminou de deglutir o gole de vinho que estava em sua boca e se virou na minha direção. – No último dia de trabalho antes das férias fui convidado a assumir a chefia do departamento. Vou virar diretor com menos de dois anos na empresa. Dizem que é a primeira vez que isso acontece. – comuniquei, vendo o brilho nos olhos deles se acenderem junto com as primeiras luminárias da rua.

- Fico muito orgulhoso do seu sucesso, filho! Nunca tive dúvida de que você seria recompensado pelo seu esforço. Mesmo que não tenha se engajado nos nossos negócios como seus irmãos. – sentenciou meu pai, com aquele seu jeito ponderado de conduzir uma conversa.

- Que felicidade, Bruno! – exclamou minha mãe, já me tascando um beijo nas bochechas assim que conseguiu me agarrar.

- Eu já expliquei meus motivos, pai, para não ficar atrelado ao que você construiu. Não que eu não dê valor ao que você fez, mas eu queria seguir meu próprio caminho. Depois, você já tem ajuda demais por lá. – afirmei, pois esse assunto sempre voltava às conversas quando se falava sobre os negócios da família.

- Eu sei, Bruno! Mas eu tenho essa mania de querer vocês por perto. – penitenciou-se meu pai.

- Queremos facilitar as coisas para você e seus irmãos. Nós sabemos como é duro começar, por isso queríamos poupar vocês desses problemas. – acrescentou minha mãe, com aquele seu tom sempre conciliador.

- Eu sou muito grato por tudo que vocês sempre fizeram por nós, juro pai, mãe! – exclamei, pegando nas mãos deles. Em ambos surgiu um sorriso resignado, mas era um sorriso de felicidade, e eu soube que eles me compreendiam.

- Bem! São duas coisas você disse. Antes que sua mãe comece a chorar diante deste belo entardecer às margens do Mediterrâneo, acho bom você contar qual é a outra novidade. – sentenciou meu pai, ele mesmo começando a ficar comovido, com aquela rara oportunidade de estarmos juntos num lugar tão maravilhoso.

- A outra coisa é .... Vocês sabem o Marcelo, não é? – eu não encontrava as palavras, e os olhares deles presos em mim me deixavam mais confuso. – O Marcelo, aquele colega lá da empresa. Lembram que eu o levei naquele almoço de aniversário do Felipe. – formar cada uma das frases estava sendo mais difícil do que eu tinha ensaiado.

- Sim, aquele rapaz simpático que passou o final de semana lá em casa! O que tem ele? – era a curiosidade da minha mãe querendo saber de tudo de uma vez.

- Sim, é esse Marcelo. Eu ... ele e eu, ... nós nos casamos no cartório, com certidão e tudo. Eu e ele nos amamos. – finalmente as palavras saíram. Meu pai tinha os olhos arregalados quando tive coragem de encará-lo, e minha mãe parecia ter virado uma estátua.

- Como assim casados? – a pergunta da minha mãe foi retórica, pois em sua mente tudo estava claro como água.

- Eu me apaixonei por ele, e nós casamos! – declarei. Aquele silêncio do meu pai começava a me assustar.

- Por que você fez isso sem nos avisar? – perguntou meu pai, quebrando aquele silêncio. – Se é uma coisa importante na sua vida, por que nos deixou de fora? Acha que não somos dignos de saber que você tomou uma atitude tão importante? – eu jamais esperei essa reação dele.

- Não Pai! Claro que vocês são dignos de tudo que me diz respeito. Eu amo vocês e tenho orgulho dos pais maravilhosos que vocês são. Eu só achei que vocês iam se decepcionar por eu não ser igual aos meus irmãos. Achei que vocês iam se sentir ofendidos se eu os obrigasse a participar da união de dois homens. Ninguém quer isso para o próprio filho, não é assim? – eu procurava justificar meu erro com o preconceito da sociedade, que talvez ainda não tivesse saído completamente de mim mesmo.

- Você acha que eu nunca reparei como os teus amigos dos tempos do colégio, ou os garotos olhavam para você? Acha que eu nunca notei os olhares cheios de cobiça dos homens em cima do seu corpo? Eu sei que você nunca fez nada para que eles agissem assim. Mas, a realidade, é que eles te desejavam. Não foi fácil admitir isso! Mas nós sempre soubemos o filho que tínhamos em casa. No entanto, nosso amor por você nunca foi diferente por conta disso. – eu ouvia meu pai com os olhos marejados.

- Eu sei, pai! Eu sei o quanto vocês me amam. – respondi, engolindo o choro.

- Se a sua felicidade está ao lado do Marcelo, é assim que queremos vê-lo! – acrescentou.

- Você não faz ideia de quantas vezes eu precisei segurar o ímpeto do seu pai quando um garoto ou um homem ficava te cobiçando. Ele queria acabar com eles como se isso fosse tornar você diferente. – confessou minha mãe, entre lágrimas.

- Eu queria poupar vocês de qualquer constrangimento, não queria expô-los à opinião dos outros. – declarei.

- E acabou nos deixando de lado quando deu talvez, o passo mais importante da sua vida! – disse meu pai, ressentido com minha atitude. Aquilo me arrasou.

- Não foi essa a minha intenção, pai, mãe! Perdoem-me por não ter ido procurar vocês e explicar tudo o que estava acontecendo. – me penitenciei.

- E por que ele não está aqui agora, com você? Ou vocês iam continuar escondendo isso da gente? – perguntou minha mãe.

- Não, claro que não! É que não estamos mais juntos. – eu não estava com disposição de contar o motivo de não estar mais com o Marcelo, mas vi que seria inevitável. Se, era a hora de abrir o jogo, que fosse agora.

Relatei tudo o que havia acontecido com o meu chefe, poupando-os apenas de detalhes sórdidos. Contei que estava movendo um processo contra meu ex-chefe e, que a empresa também estava fazendo o mesmo. Contei da secretária e de cada pormenor daquela história. Fui repreendido e interrompido algumas vezes pela minha mãe que não se conformava de só ficar sabendo disso a essas alturas do campeonato. Meu pai foi mais contido e, apesar de também ter feito objeções à maneira como conduzi as coisas, percebeu que fui capaz de me virar sem sua ajuda.

- E quanto a vocês dois? Vão ficar separados ou vão tentar se reconciliar depois disso tudo esclarecido? – quis saber minha mãe.

- Acho que o Marcelo não vai me perdoar por não ter contado tudo o que estava acontecendo para ele. – respondi, sem nenhuma esperança.

- Esse pode ser o preço do seu silêncio! – advertiu meu pai. – Você percebe agora o que significa deixar de fora de sua vida as pessoas que mais te amam? A gente se sente traído! – aquelas palavras do meu pai me levaram a um choro doloroso.

- Me perdoem. Me perdoem. Eu só quis poupar todos vocês. – balbuciei soluçando.

Passei os dias restantes das férias reivindicando o perdão dos meus pais, que já o tinham dado naquela mesma noite, e refletindo sobre o quanto eu estava pagando por não ter dito nada ao Marcelo. Prometi a mim mesmo que, caso ele um dia voltasse para mim, eu percorreria todos aqueles lugares novamente na companhia dele. Seríamos apenas ele e eu, como uma espécie de lua-de-mel que nunca tivemos. Mas, se isso não se concretizasse, eu carregaria todo o meu amor por ele até o último dos meus dias, na solidão do meu erro.

Enquanto o processo judicial corria, acelerado pelos interesses da empresa, o Carlão descobriu, a duras penas, que aquela mulherzinha aparentemente tão recatada e servil que ele mantinha em casa, se transformara numa fera sedenta por vingança. Uma das primeiras coisas que ela esfregou em suas fuças, como um trunfo que vinha trazendo calada durante todos aqueles anos de um casamento por conveniência, foi que o primogênito que o Carlão tanto aguardou e, depois de nascido, fez questão de exibir aos amigos como sendo fruto de sua masculinidade, era, na verdade, filho de um primo dela, com quem se deitou às vésperas do casamento iminente.

Meus pais não queriam ficar mais uma noite em São Paulo quando regressamos da França. Estavam desesperados para encontrar na tranquilidade da casa deles, o primeiro neto que meu irmão mais velho lhes tinha dado, poucos meses antes das nossas férias. Meu pai alugou um carro e seguiu viagem diretamente do aeroporto. Despedimo-nos com a promessa de que eu fosse dentro de, no máximo, dois finais de semana para a casa deles. Coloquei-os no carro e ajudei a acomodar as malas no bagageiro. Recebi um beijo caloroso de cada um deles, e percebi que meus sentimentos estavam à flor da pele. Estava muito mais emotivo e sensível que de costume. Culpei as cidadezinhas ao longo da costa da Riviera francesa pelo meu estado de espírito. Voltei para o saguão do aeroporto para tomar um café e adiar a minha chegada ao apartamento que estaria lá, me esperando, vazio como meu coração.

Mesmo contrariando as ordens do síndico, para não abandonar a guarita, o Salustiano veio me ajudar com as malas assim que me viu descer do taxi. Deixou-as dentro do elevador, e não perdeu a chance de espichar aquele olhar libertino para a minha bunda, como se certificando que continuava tão exuberante e provocativa como sempre.

- Um dia sua mulher arranca esses olhos de arado da sua cara, se é que não vai arrancar outras partes! – exclamei, inconformado com aquela ousadia.

- Que isso, seu Bruno! Fala uma coisas dessas, nem por brincadeira! Deus não os colocou aqui para eu apreciar tudo o que é bonito? – justificou-se em sua simplicidade safada.

- Vai nessa, Salustiano! Vai nessa quando sua mulher te pegar no flagra olhando para o que não deve. Depois você me conta. – zombei. Ele fez o sinal da cruz sobre o peito e beijou a mão. Eu ria sozinho enquanto o elevador subia.

Ao acender as luzes do apartamento mergulhado na escuridão e no silêncio, reparei que o aparador ao lado da porta de entrada estava ornado com flores. Outro arranjo estava sobre a mesa entre os sofás. Mais um enfeitava a mesa da sala de jantar. Lembrei-me que era o dia da Graça, minha arrumadeira, fazer a faxina. Ela não era dada a demonstrações de afeto, as flores não podiam ser ideia dela. Fui levar as malas até meu quarto. Ao tocar no interruptor, percebi que não estava sozinho, a respiração de mais alguém chegava aos meus ouvidos. Mesmo antes das luzes se acenderem, distingui um vulto enorme sentado na cama e recostado na cabeceira. Três rosas de um creme pálido e aveludado estavam amarradas com um laço azul sobre uma caixa de bombons vermelha com inscrições douradas, elas estavam na altura dos joelhos do Marcelo, que me encarava um sorriso. Ele usava uma bermuda desgastada que já tinha sido a causadora de algumas das nossas discussões. Abriu aqueles braços musculosos deixando o peitoral largo exposto, como que dizendo que ali eu teria todo o abrigo e a segurança do mundo. Atirei-me sobre ele no mesmo instante em que as lágrimas começaram a umedecer meus olhos. Beijei-o com todo o amor que carregava no peito, repetidas e prolongadas vezes.

- Me perdoe por ter sido tão insensato! – balbuciei, mas ele logo colou sua boca na minha, e não me deixou prosseguir.

- Perdão, amor! – repeti, assim que paramos para tomar folego.

- Descobri tudo por meio do chefe do jurídico. Foi difícil arrancar a verdade dele, mas contei que isso tinha sido a causa da nossa separação. Ele deve ter ficado com pena da gente. – disse, revelando como ficara a par do processo.

- Eu só queria te proteger! – justifiquei-me.

- Virando boi de piranha? Como você acha que eu me senti quando descobri que você estava dando o rabo para manter meu emprego? Você acha que não sou homem suficiente para dar segurança a quem eu amo? Não se faz isso com um macho! E, eu sou seu macho! Vou até as últimas consequências para defender o que é meu. E, você é meu! Seu cuzinho é meu! Só eu posso me apoderar dele. – ele ia me apertando e me sacudia com força sem perceber que estava se excedendo.

- Eu sei o quão homem você é. Sei que é meu macho, que é o único macho que eu já amei na vida, e vou amar para todo o sempre. Também tive que pedir mil perdões aos meus pais por ter cometido esses erros, por ter me calado quando deveria contar tudo a vocês. Eu sempre contei com a proteção dos meus pais, nunca passei por nada semelhante na vida, não sabia como agir, fiquei perdido. Eu não podia deixar que aquele crápula arruinasse sua carreira! Algo que você e seus pais lutaram tanto para construir. – desabafei, me encaixando em seus braços e afagando seu rosto transtornado.

- Você não existe! Que me importa a minha carreira se o homem que eu amo está sendo enrabado por outro macho? É você que eu quero acima de qualquer outra coisa! Meta isso nessa sua cabecinha linda e ingênua! – ralhou, mais manso.

- A mim você já tem, desde o dia em que te vi pela primeira vez! Não precisa usar toda essa brabeza de macho para conseguir isso. Eu me entrego todinho para você, é só pedir. – sussurrei, enquanto ia beijando a borda de sua mandíbula, coisa que o excitava ao extremo.

- Então prova! Entregue-se e, jure que nunca mais vai deixar outro macho tocar no que é meu. – a rola dele começava a armar a barraca debaixo da bermuda.

- Eu juro! – murmurei, enquanto abria a braguilha e tirava a caralhão para coloca-lo na boca.

Fizemos amor naquela noite de uma maneira que eu jamais me esquecerei. Até nossos corações batiam na mesma cadência quando eu apertava a jeba pulsante dele entre as coxas, travando meu cuzinho. Nossas línguas se acariciavam nas bocas unidas, e respirávamos num ritmo lento e compassado que parecia ser único, como o amor que sentimos um pelo outro.

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Comentários

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Rapaz, li alguns de seus contos recentes e resolvi buscar os mais antigos. Você é daqueles autores pelos quais se anseia por novas publicações. Nos comentários de alguns títulos, vi que um leitor cunhou a expressão "kherrverso" e foi muito apropriado. Não sou de escrever comentários, mas fiquei atento ao desenrolar dessa trama e não consegui apagar um grande desagrado com a figura do Bruno, uma espécie de Marguerite Gautier que se sacrifica pela felicidade e proteção do amado... Mas no século XXI, e vindo de um cara inteligente e culto que, seguramente conhece todas as leis que amparam as vítimas de assédio, principalmente nas grandes corporações (motivadas pelo impacto negativo na mídia, diante de algum escândalo), é difícil entender essa submissão do Bruno. Fico pensando se, inconscientemente, ele não estaria gostando de ser usado, mesmo que justificando sua submissão diante da ameaça ao emprego e carreira do Marcelo. Em último caso, a família do Bruno poderia ajudar o marido. Situação muito diferente da suportada pela secretária, mãe solo e sem uma família rica para a apoiar. O detalhamento do sexo é algo que me leva ao delírio e tenho resolver a situação sozinho, como acabei da fazer. 😇😇😇😇 Parabéns pela escrita, mais uma vez, e já estou na expectativa das próximas leituras. 👏👏👏👏👏👏👏

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Muito obrigado Alguém_Mineiro por seu comentário. É mesmo difícil compreender a atitude do Bruno para salvar a carreira do Marcelo. Não que justifique, pois como você bem menciona, haveria outras soluções. Não creio que ele inconscientemente tenha gostado do abuso do chefe, acho que não encontrou uma solução melhor por puro medo, por ser um cara ingênuo que logo viu tudo por um ângulo muito obscuro. Não é fácil saber que vai na cabeça das pessoas, cada um age segundo seus valores, sua formação, seus medos e, essas foram as bases que levaram o Bruno ao silêncio. Um silêncio que custou caro. Certamente há muitas pessoas mundo afora padecendo por também optarem pelo silêncio. Fico muito grato por se dedicar a fazer um comentário sobre o meu conto, uma vez que diz não ser fã de fazê-los, encaro isso como um privilégio! Super abração!

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Nao e a primeira vez que eu choro com um conto seu mais esse mechei demais comigo

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SUA CAPACIDADE DE CRIAÇÃO DE ROMANCES É IMPRESSIONANTE. LINDO DEMAIS ESTE CONTO.

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Nossa, esse conto foi impactante, forte e deveras doloroso... Mas lindamente escrito!!!!!

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Espetacular! Assim como seus outros contos! A história fluiu e foi muito bem linkada de uma situação a outra! E o tesão que cada trepada despertou? Sem igual! Parabéns mais uma vez por esse trabalho, Kherr! Grande abraço!

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maravilhoso ,mas já fui chantageado ,mas não aceitei a chantagem . maravilhoso tu és mil

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PEQUENOS DETALHES. EXCELENTES ADJETIVOS! CONTO LINDO DEMAIS. INSUPERÁVEL. MARAVILHOSO.

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Mas é nunca na vida que eu me submeteria a tal papel! Mesmo que eu amasse o cara, o meu amor próprio é muito maior. E depois, seria como o próprio Marcelo disse, ele saberia se virar e encontrar outro emprego. Mesmo sendo apenas um conto, é tudo tão incrível que a gente viaja e imagina como seria se algo assim acontecesse na vida real. Simplesmente MAGNIFICO!!! Ansiosa pelo próximo. Nota máxima, obviamente...

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Maravilha de romance. Daria pra fazer um filme, uma minissérie ou até uma novela. Apaixonante. Com certeza está entre os cinco mais belos contos que eu já li aqui, ou em qualquer outro lugar. Parabéns. 1.000.000 de nota

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Na minha opinião foi o melhor conto seu que eu já li.

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