Capítulo II
Então lá estava eu, quinze anos de idade, ocupando meu tempo com muito estudo e cursos que me qualificariam para o futuro. Gostava muito de inglês e informática. Deste último, tinha ido além do básico de incluía aprender a usar editores de texto e planilhas. Matriculei-me no curso de montagem e manutenção de computadores, sendo a única menina na minha classe.
Lá também recebia alguma atenção dos meninos – até porque era a única presença feminina na sala. E eu continuava me esquivando, sempre parecendo “educada”. Na igreja os garotos chegavam com aquela conversa fiada de “estou orando por nós”, que no evangeliquês significa “tô a fim de você”; as meninas então respondem “também estou orando”, se estiverem interessadas, ou “não senti/ouvi nada com relação a nós” quando querem dar um fora no sujeito. Daí o então candidato a “Romeu” vai atrás da próxima “Julieta” dizendo que está orando por ela… Era engraçado de ver; se fosse por escrito, bastaria usar “copiar e colar” e apenas mudar o nome da destinatária…
Num dia qualquer estávamos eu, Inês e outras duas amigas conversando descontraidamente na casa de uma delas e lá pelas tantas alguém reclamou que tinha ido ao salão de beleza e a funcionária nova tinha feito uma depilação que deixou muito a desejar, principalmente na área da virilha. Eu, querendo contribuir com a conversa, comentei que tinha lido numa revista que a depilação com cera estava fazendo muito sucesso nos EUA, que a “brazilian wax” tinha virado mania entre as americanas, mas na mesma semana tinha lido outro artigo na internet onde dizia que se livrar de todos os pelos pubianos não era uma boa idéia, pois têm a função de proteger a entrada da vagina, etc. Acabou que cada uma de nós revelou qual seu hábito com relação ao assunto, e compartilhei que apenas aparava o excesso com a tesoura, mas sem nunca ter raspado com lâmina ou usado cera lá embaixo. Outra menina disse que preferia tirar tudo, deixar lisinha tipo “máquina zero”, por considerar mais higiênico, especialmente “naqueles dias” mais complicados do mês. Nada digno de nota aconteceu depois, porém chegando em casa, quando me preparava para tomar banho, lembrei daquela conversa e considerei a possibilidade de experimentar o método. Mas só em pensar na idéia de usar cera já causava arrepios pela suposta dor, sem falar que eu acho que ficaria envergonhada de fazer isso no salão que costumo freqüentar. Logo, a única opção seria a lâmina de barbear, e então decidi que faria no próximo final de semana.
Chegou o sábado, dia de dormir até mais tarde, ajudar nos afazeres da casa pela manhã e relaxar à tarde. O dia transcorrera normalmente e a única diferença seria o fato de que esperava algum momento para ficar sozinha em casa para então ir me depilar, pois desta vez eu levaria mais tempo para terminar o serviço e não queria que ficassem batendo à porta querendo saber a razão da demora. Quando surgiu a oportunidade, dirigi-me ao banheiro e só então me dei conta de que não tinha me atentado a um detalhe básico: não tinha lâminas extras no armarinho exceto aquela que meu pai usava para se barbear, pois minha mãe e eu costumávamos ir ao salão para cuidar dos indesejados pelos.
– Já que só tem uma, o jeito é usá-la –, disse para mim mesma. Tirei toda minha roupa e assentando-me no vaso sanitário comecei aparando com a tesoura, como já estava acostumada. Passei um lencinho umedecido para limpar os pelinhos já cortados e então agitei o frasco de espuma de barbear do meu pai, colocando um bocado daquele creme com aroma mentolado em minha mão e então passei sobre meu sexo, que reagiu ao toque do produto, ficando arrepiado.
Comecei a deslizar o aparelho de barbear com todo o cuidado, com receio de me cortar, principalmente quando chegava próximo às dobrinhas entre os lábios e redobrando a atenção perto do clitóris. Trabalho concluído, limpei com cuidado o banheiro e certifiquei-me que não havia nenhum restinho de pelo no barbeador, afinal como explicar pubianos negros no aparelho que só é utilizado por um homem de barba loira? Percebi que havia também um bálsamo pós-barba do mesmo aroma do creme; apliquei um pouco nas mãos e espalhei no meu sexo agora todo lisinho; achei que fosse arder, mas a sensação foi de frescor, típico da menta. Senti novo arrepio, mais intenso que o primeiro…
Já estava entrando no box para tomar banho, mas a curiosidade era mais forte: acabei colocando um robe e me dirigi ao meu quarto, trancando a porta mesmo sabendo que estava sozinha em casa. Em frente ao grande espelho na porta do guarda-roupas desatei o nó do robe, deixando a peça deslizar sobre meus ombros, revelando meu corpo que exalava aquele aroma mentolado gostoso. Olhei diretamente para meu sexo, agora somente a visão de um risquinho minúsculo que sumia entre minhas coxas. Afastei um pouco as pernas, mas meus lábios vaginais continuavam fechadinhos, parecendo um pequeno pêssego. Só então olhei para minha figura por completo: pele alva, quase pálida. Meus seios eram grandes, pelo menos maiores que os de minha mãe e das outras meninas da minha idade; quadris largos e uma barriguinha um pouco saliente. Hoje até que me achei bonita…
Tornei a olhar meus seios, não só olhar, mas admirar; eram grandes, porém firmes. Meus mamilos estavam eretos e não resisti à vontade de tocá-los, primeiro juntando ambos os seios com as mãos deixando-os repousar como se estivessem sendo aninhados, depois usando os polegares e indicadores para pinçar levemente cada um dos mamilos que já latejavam implorando por uma carícia…
Inclinei minha cabeça um pouco para o lado, depois fiz movimentos circulares com o pescoço sentindo meus cabelos roçarem minhas costas, sempre observando tudo pelo reflexo no espelho. Enquanto usava a mão esquerda para massagear uma das mamas, a direita foi deslizando pelo ventre rumo ao sul, até tocar meu púbis recém-depilado e então chegar lá…
Quando meus lábios vaginais foram envolvidos pela mão não resisti e acabei fechando os olhos; era indescritível a sensação após quase sete meses sem me tocar assim. Afastei os lábios usando os dedos indicador e anelar e deslizei o médio na abertura que estava inundada pelos meus líquidos; ao tocar meu clitóris parecia que uma onda de calor tomara todo meu corpo, enviando pequenos choques elétricos que manavam daquele pedacinho de carne tão delicado. Quando afastei a mão e olhei para meu dedo, havia um fiozinho de líquido viscoso que o ligava a minha vagina, fiozinho que foi esticando à medida que afastava a mão cada vez mais. Olhei uma vez mais para o espelho e percebia o brilho molhado no meu sexo, os mamilos ainda rijos, a pele eriçada e o rosto corado. Retornei rapidamente ao banheiro, desta vez com o robe aberto. Entrei no box e lá encontrei meu velho cúmplice, o chuveirinho…Era demais a minha excitação, e não apenas por ter me tocado no quarto. Enquanto me preparava para me depilar já tinha notado que estava toda molhada pela antecipação; na verdade estava excitada com a idéia desde o dia que tinha conversado com minhas amigas sobre o assunto, nem entendia porque tentava negar isso para mim mesma. Eu queria me tocar, sentir prazer, chegar ao clímax novamente depois de tanto tempo. E de fato não demorou muito – era como se uma represa rompesse de dentro de mim. Aquela sensação única, as pernas bambas, a respiração ofegante… tudo parecia potencializado pela sensação de ter minha intimidade toda lisinha. Quase que fiquei pelo chão do box mesmo, mas reuni as forças que me restaram e retornei ao meu quarto. Queria me deitar nua em minha cama e ali permanecer, mas logo meus pais estariam de volta e eventualmente me procurariam lá. Resolvi então colocar uma roupa confortável e deitar-me no sofá da sala, olhando para o teto, viajando em pensamentos diversos, pernas ligeiramente abertas…
Cochilei por algum tempo despertando já no início da noite. Estava meio entorpecida pela avalanche de sensações dos eventos da tarde. Jantei com meus pais e com a desculpa de estar com dor de cabeça me recolhi mais cedo que de costume. Uma vez em minha cama dei início a mais uma sessão de manipulações; precisava tirar o atraso. Desta vez levou mais tempo, mas o orgasmo foi igualmente recompensador. Pude explorar com mais atenção e delicadeza meu corpo ávido por prazer, fechando a noite de forma esplendorosa. Pela manhã acordei assustada, pois parecia que tinha dormido uma eternidade; minha mãe disse que deixara descansar o quanto quisesse por conta da dor de cabeça da noite anterior e apreciei muito o cuidado dela. Meu pai tinha saído para comprar algo pronto para o almoço e o dia seguiu sem muitos eventos, exceto pela sensação diferente que sentia ao caminhar pela casa com a vagina depilada; parecia mais sensível, fazendo-me sentir o roçar constante do tecido da calcinha. Era gostoso…
Lá pelas tantas estava no sofá vendo TV quando meu pai anunciou que iria se barbear, perguntando se eu queria usar o banheiro antes. Disse que não e então ele se trancou lá, a vez dele de fazer o “serviço“. Nesse momento comecei a recordar as aventuras do dia anterior e logo meu corpo respondeu às lembranças, levando-me a afastar discretamente as pernas e apalpar meu sexo sobre a lingerie que o escondia. Foi então que veio um pensamento para o qual minha mente não estava preparada…
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Enquanto reclinada no sofá ocorreu-me que a poucos metros dali estava meu pai barbeando-se com o mesmo aparelho que eu usara para depilar meu sexo na tarde anterior. Veio a minha mente a imagem dele deslizando a lâmina em seu rosto, contornando os lábios enquanto raspava seu bigode, da mesma forma que contornei meus “lábios” também! Pareceu cômico como duas partes do corpo tão distintas têm nomes iguais, mas o que me deixou perplexa foi a reação do meu próprio corpo: senti como se um choque elétrico trouxesse uma carga instantânea de excitação! Apertei minhas coxas fortemente uma contra outra e percebi a calcinha ficando molhada, o clitóris dando sinais de vida, pulsando feito um coração em miniatura.
– Que é isso, Débora? –, disse a mim mesma, balançando a cabeça na tentativa de me desvencilhar desse pensamento intruso. Muitas coisas emanavam de minha mente durante minhas sessões de prazer solitário, mas a figura paterna definitivamente não era uma delas. Era proibida e ponto final. Por que isso agora? Levantei e saí meio sem rumo dentro da própria casa, tentando excluir do consciente esse “ato falho”, porém não dava para ignorar os sinais em meu corpo – os mamilos querendo perfurar o tecido do sutiã e os líquidos que estavam a ponto de escorrer pelas coxas. Tomei um pouco d’água e saí para a varanda, sentindo certo incômodo ao caminhar devido ao tecido da calcinha com aquela viscosidade toda. Decidi que precisava comprar meu próprio barbeador no dia seguinte.
Com o início de mais uma semana voltei à rotina de estudos e isso fez eu esquecer um pouco do ocorrido, mantendo-me ocupada com outras coisas. Às vezes lembrava do desfecho da minha depilação, mas não sentia aquela culpa de outrora; era no máximo uma consciência pesada daquelas que eu sentia quando iniciava uma dieta mirabolante, ficava a semana toda comendo alface e água mas no sábado ia à pizzaria com as amigas e comia feito uma condenada, para depois recomeçar tudo na segunda-feira. E eu fazia muito isso…
Já quando o pensamento era sobre o lance do barbeador e meu pai as coisas eram diferentes: ficava incomodada e sentia o rosto vermelho. Os dias foram passando e esse episódio foi ficando de lado também. Continuava a me depilar, agora com minha própria lâmina, e basicamente tinha meus momentos de diversão solitária aos finais de semana. Completei 16 anos em novembro e logo viriam as férias; tempo de iniciar mais uma dieta alucinada porque estava chegando o verão e eu continuava fora de forma!