Continuando...
-Tava aqui pensando!...Conheci vocês a dois dias,mais ainda não sei nada sobre nenhum.-Alice disse lentamente,me trazendo de volta a terra.
-Não têm nada pra saber não...A gente é isso que você tá vendo!-Lion disse sério,após engolir sua água em poucos goles.
-Ah,eu contei tudo sobre mim e de onde eu vim...E eu gostaria de saber qual é a história de vocês.-Alice disse em tôm manhoso.
-Por mim não tem problema...Eu me chamo Victoria,mais todos me chamam de Vicky e eu gosto.Não conheço a minha mãe...Ela me jogou no lixo assim que eu nasci,e aí uma senhora me encontrou e cuidou de mim até os meus doze anos,e aí ela morreu e me mandaram para o orfanato.Fugi e tô na rua desde então.-Vicky falou com naturalidade,abrindo um sorriso triste ao terminar.
-E você,Otávio?-Alice perguntou.
-A minha mamãe morreu quando eu tinha cinco anos,nem lembro do rosto dela.O meu papai ficou muito triste e um dia me chamou para dar uma volta.Ele me levou até uma casa enorme e disse que voltaria para me buscar...Aí descobri que a casa era um lugar para meninos sem família.Nunca entendi porque o papai me abandonou!-Otávio disse choroso.
Uma pausa antes de continuar a minha história,para falar um pouco sobre Otávio.Ele era o que poderíamos chamar de bebê grandalhão,pois apesar do tamanho,ele ainda possuía a inocência de uma criança.Negro e com ar de retardado,Otávio tinha que enfrentar todos os dias o preconceito,xingamentos e as vezes até violência.Incapaz de machucar a uma mosca,ele suportava a tudo calado e apesar de me tirar do sério várias vezes,eu ficava revoltado pelo que as pessoas faziam com ele.Agora continua...
-Você também fugiu do orfanato?-Alice perguntou com tristeza.
-Lá não era legal,os meninos não gostavam de mim porque eu sou dessa cor e batiam muito,roubava a minha comida e faziam eu dormir no frio.-Otávio respondeu com os olhos cheios d'agua.
-E você Lion?-Alice perguntou,parecendo desconfortável.
-Me chamo Lionel,nasci em uma favela,fruto de uma drogada e um vagabundo qualquer.Minha mãe me odiava,me obrigava a roubar pra manter o vício dela,até que um dia o conselho bateu lá em casa e me levaram pra um abrigo.Fugi poucos meses depois e é isso.-Ele respondeu sem demonstrar nenhuma emoção.
-Ah,sim...e você Miguel?-Ela perguntou,após se virar e me encarar.
-O que têm eu?-Respondi na defensiva.
-Qual é a sua história?-Ele respondeu,como se fosse óbvio.
-Conta aí Miguel,que nós também queremos saber.-Vicky disse entusiasmada.
-Não têm nada pra saber...Já contei pra vocês,que meus pais estão mortos.-Disse,não gostando do rumo que aquela conversa estava tomando.
-É,só que a gente quer saber quando eles morreram,como tu foi parar no orfanato,quanto tempo tá na rua.-Vicky disse em tôm de provocação.
-Concordo com a Vicky...Você tá com a gente há um tempão,mais nunca falou da sua vida antes daqui.-Lion disse.
-Por que não têm nada pra falar,agora vão dormir e não me encham o saco.-Disse irritado.
-Então por que você não nós conta seus sonhos?...Quais são suas esperanças?-Otávio perguntou como quem não quer nada.
-Não há esperança Otávio,não há futuro e muito menos,não existe um Deus que irá nos proteger...Esqueçam seus sonhos inúteis e sem sentido,porque a vida é essa aqui e o fim todos nós já conhecemos.Agora parem de me atormentar e vão dormir.-Respondi,ardendo de raiva por dentro.
-Calma Miguel,não precisa falar com a gente assim...Se não quer contar sobre o seu passado,tudo bem.-Vicky disse,enquanto me olhava surpresa.
-Tá!-Disse enquanto ficava de pé.
-Ei,pra onde vai?...A primeira vigília é sua!-Lion disse.
-Vigia você,que eu não tô com saco pra isso.-Rebati irritado.
Sem olhar para trás,sai do beco e peguei a rua.Em passos rápidos caminhei até uma ponte que cortava a cidade ao meio e me escorei na murada,olhando fixo o rio lá em baixo.
Aos poucos minha irritação foi diminuindo e percebi que tinha exagerado um pouco com a turma,mais eles tinham que entender que algumas coisas não se divide com ninguém e as minhas cicatrizes,eram uma delas.Não que eu não confiasse neles ou quisesse bancar o misterioso,mais a minha história era como uma cruz pesada que eu não podia colocar no chão,uma cruz que só cabia a mim carregar.
Um grito de socorro e o barulho de briga invadiram o ar,e eu fui expulso do momento de tranquilidade que tinha vindo buscar.Xingando,caminhei por toda extensão da ponte e logo achei de onde o barulho insuportável vinha.Logo mais abaixo,próximo ao rio,a turma do Vava;que nada mais era do que um grupo de drogados,expancava alguém com vontade.
Continua...
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Olá pessoal!
O segundo capítulo demorou,mais saiu.
Elizalva.c.s,Dant,Lenajs,Suara,impact,Marcos Costa e Thitop obrigado pelas notas e comentários.
Ru/Ruanito pode deixar,sem cena de estrupo.
Espero que gostem e até a próxima!